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domingo, 18 de março de 2012

Sustentabilidade sob duas rodas

Arquiteto cria projeto de ciclovia elevada e contribui com a mobilidade urbana

A falta de estrutura para que ciclistas se locomovam em espaços urbanos os obriga a dividirem o mesmo espaço com carros, ônibus e motos. Hábito que pode ser bem perigoso e até fatal. São cada vez mais comuns as notícias sobre acidentes envolvendo ciclistas e automóveis em todo o Brasil. Somente em Curitiba, de acordo com dados do Corpo de Bombeiros, de janeiro a agosto de 2011, 121 pessoas ficaram feridas em 146 acidentes envolvendo ônibus e bicicletas em Curitiba.

Diante desta situação alarmante imagine poder andar de bicicleta sem se preocupar com a movimentação dos carros nas regiões mais movimentadas da cidade. Agora pense como seria bom poder fazer isso contemplando belas paisagens. Esses são apenas alguns dos benefícios proporcionados pela ciclovia sustentável projetada pelo arquiteto e urbanista Gilmar Lima.

Lima é proprietário da empresa Atmosfera2 (http://www.atmosfera2.com.br/), que existe há mais de 12 anos e tem como foco desenvolver planos estratégicos municipais voltados ao incremento do turismo. Além disso, grande parte dos projetos é sustentável. A Ciclovia Elevada começou a ser planejada há dois anos e pode ser implantada em qualquer região ou cidade. “É um projeto-conceito, que poder ser aplicado em qualquer lugar, no entanto, gostaria que Curitiba fosse a primeira cidade a receber um presente como este”, declara Lima.

A ciclovia proposta por Gilmar de Lima é elevada, como se fosse uma passarela que acompanha a linha dos canteiros centrais, onde estão instaladas as estações tubo, que se integram à ciclovia por meio de elevadores e escadas adaptadas para bikes. O projeto piloto teve como base a cidade de Curitiba em razão de o arquiteto viver nesta cidade.

Se fosse contemplada a ciclovia, deveria cobrir toda a Linha Verde com integração para as linhas Boqueirão e Pinheirinho - Centro. “Esses foram os locais escolhidos para o projeto piloto pelo grande fluxo de trabalhadores que utilizam essas linhas e por serem regiões mais planas”, explica. O arquiteto lembra que a ciclovia precisa ser encarada como forma de transporte, não só como lazer domingueiro.


O problema da mobilidade nas cidades

Gilmar é um crítico da mobilidade urbana. Segundo ele, as cidades cresceram de forma desordenada e desequilibrada. “Os carros aumentaram significativamente sua frota nas últimas décadas, sem investimentos compatíveis na infraestrutura urbana, no entanto, em termos de sustentabilidade, esse tipo de locomoção já deixou a desejar”, ressalta.

O arquiteto destaca fatores preocupantes, como o uso individual do automóvel e o pouco hábito de caronas. “Incomum é encontrarmos mais de uma pessoa nos carros. Além disso, o grande número de automóveis gera poluição, estresse e ruas incompatíveis. Mobilidade urbana é, hoje, questão de saúde pública”, enfatiza Lima.


Ideia inédita

O maior problema para a mobilidade urbana é também a falta de educação no trânsito. “Por isso, projetar ciclovias que fiquem no mesmo nível dos carros não é mais seguro. O trânsito anda tenso e perigoso, e isso nos inspirou na ideia de criar um projeto inédito, tirando a ciclovia do chão”, explica o arquiteto.

As estações tubo, conforme mostram as imagens, seriam interligadas a essa ciclovia por meio de elevadores, rampas e escadas. O projeto também prevê que na estação seja construída uma plataforma elevatória para possibilitar o acesso à ciclovia tanto para ciclistas como cadeirantes.
A criação de estacionamentos (bicicletários), acoplados às estações tubo, também está prevista no projeto. “Nesses locais, também seria interessante que a prefeitura disponibilizasse bicicletas para uso público, assim como já acontece em diversas cidades europeias, no Rio de Janeiro e até no interior do Paraná. A bicicleta pode ser utilizada como meio de condução de um trajeto completo ou por lazer, como apenas para completar o caminho que muitas vezes o ônibus não faz”, sugere Gilmar.


Sustentabilidade e acessibilidade

A ciclovia elevada possui vários requisitos que a tornam sustentável. Segundo o arquiteto, há condições para que o piso dela seja gerador de energia em alguns trechos, energia que poderia ser transformada em iluminação de baixo consumo. Uma opção seriam os balizadores de LED. Portanto, a iluminação da ciclovia seria gerada por ela mesma por meio da movimentação dos ciclistas.

As características do projeto também o tornam capaz de resolver um problema que poderia ser considerado barreira à implantação da ciclovia. “A estrutura poderia acoplar parte das tubulações urbanas, que hoje são enterradas, o que causa grandes custos de manutenção e intervenção. Se essas tubulações fossem acopladas na ciclovia, seus custos de implantação e manutenção seriam barateados, assim como seria possível criar mais jardins e liberar passagem de pedestres no solo. Solução integrada, viável e sustentável”, ressalta o arquiteto.

Como coordenador nacional do Fórum Internacional de acessibilidade e cidadania, que será realizado em junho deste ano em Foz do Iguaçu (PR), Gilmar de Lima também prevê a utilização da ciclovia para pessoas com deficiência. “A condução para cadeirantes não é uma atividade muito fácil diante do trânsito caótico e da falta de estrutura em muitas calçadas. Por esses e outros motivos, essa ciclovia teria condições de agregar uma parte de comunicação visual e tátil importante e integrada à sua acessibilidade”, conta Lima.


Natureza e segurança

Uma ciclovia elevada permite a contemplação de paisagens urbanas com o benefício de estar no nível da copa de algumas árvores. Além das possibilidades naturais, o arquiteto prevê a plantio de espécies nativas que “abraçariam” a ciclovia. “Dessa forma, além de proporcionar um passeio agradável e sombreamento aos que pedalam, o projeto também promove o embelezamento da cidade, ao mesmo tempo em que é sustentável”.

Outra utilização da ciclovia poderia ser a de policiamento. “Já temos policiais que se locomovem de bicicleta, e essa ciclovia também beneficiaria o policiamento, já que a visão periférica tornar-se-ia abrangente, assim como a de um mirante”. O arquiteto destaca, porém, que a ciclovia proposta “é um projeto único, que deve concorrer a prêmios de mobilidade urbana pela inovação que se apresenta, mas sem cunho político. É um conceito exclusivo que pode e deve ser replicado, apesar de já ter registrado seus direitos autorais”.


Arquitetura sustentável

Gilmar, que possui quase 30 anos de profissão, já tem em sua trajetória diversos projetos sustentáveis aprovados, implantados e bem-sucedidos em muitas cidades do Brasil. O principal foco do arquiteto é o planejamento de parques, praças, ciclovias que, além de sustentáveis, sejam atrativos para potencializar o turismo em locais degradados.

As obras são sustentáveis pelo tipo de material utilizado, que são de preferência ecoprodutos e matéria-prima local. Outros requisitos que caracterizam a sustentabilidade são o reuso de água, a economia de energia e a capacitação de quem executa os projetos para evitar o desperdício e gerar baixo custo de manutenção futura.

Como exemplo de projetos já produzidos, Gilmar cita as “Paragens temáticas da Estrada da Graciosa”, no município de Quatro Barras, o “Parque do Rio Timbu”, em Campina Grande do Sul, e o “Polo Náutico Cambirela”, no município de Palhoça, em Santa Catarina, além do Parque Linear S. Francisco, entre outros.

Na estrada da Graciosa, as paragens temáticas “contam” a história de Dom Pedro II e promovem uma viagem no tempo com muita interatividade e utilização de materiais reciclados e alternativos. As paragens também são benéficas para os ciclistas que por ali passeiam.

**Matéria publicada originalmente na edição 27 da revista Geração Sustentável - jornalista Bruna Robassa


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Saiba mais sobre o FAC - Forúm de Acessibilidade e Cidadania

Evento que acontece em junho na cidade de Foz do Iguaçu/PR

Veja também os seminários regionais programados para as cidades:

23/mar em Socorro/SP
19/abril de Curitiba/PR
24/maio em Porto Alegre/RS




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Veja outros conteúdos dessa edição:

Matérias:
Entrevista: Osires Silva
Capa: Pensamento Sistêmico e Visão Estratégica
Tecnologia & Sustentabilidade: Sustentabilidade comprovada em rótulo (Sustentax)
Visão Sustentável: Excesso de iimpostos e importações ameaça a indústria têxtil brasileira
Responsabilidade Social: Pelo Futuro das Empresas
Empreendedorismo: Iniciativa de inclusão transforma a vida das pessoas por meio do empreendedorismo


Artigos:
Julianna Antunes: A sustentabilidade corportaiva ainda é uma escolha?
Daniella MacDowell: Quem é o profisisonal de sustentabilidade?
Jeronimo Mendes: O que é ser sustentável

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