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quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Curso de Formação Docente em Educação na Sustentabilidade







Paraná Educando na Sustentabilidade lança o primeiro curso de formação

Lançado em agosto, o Movimento Paraná Educando na Sustentabilidade inciativa do Conselho Paranaense de Cidadania Empresarial (CPCE) por meio do Núcleo de Instituições Educacionais (IED) abre inscrições para o primeiro curso de capacitação de professores, com objetivo de disseminar nos diversos níveis de ensino a cultura de educação voltada à sustentabilidade.

São 50 vagas destinadas a coordenadores pedagógicos de ensino fundamental, médio e superior ou um representante indicado pela instituição de ensino, que encaminharem a documentação. Segundo a vice-coordenadora do Núcleo IED, Mari Anastácio o intuito é "sensibilizar os educadores para a importância de seu papel como agentes de transformação no sentido de criação de uma nova cultura que privilegie os aspectos relacionadas à sustentabilidade planetária", destaca.

Os participantes serão acompanhados durante os módulos teóricos e grande parte das oficinas ofertadas por um mesmo profissional, que deverá auxiliar no estabelecimento das conexões e das correlações importantes entre as diversas abordagens vistas no curso. "Com isso será possível trabalhar uma perspectiva sistêmica do processo e atendendo às dúvidas e elaborações que porventura surgirem no decorrer dos trabalhos", explica Mari.

O presente curso prevê ainda, uma atividade - paralela aos módulos - de estudo conjunto e elaboração de proposições a serem apresentadas e discutidas no último módulo. "Os aprendizes contarão com a tutoria durante os encontros e também via internet garantindo assim a orientação teórico-metodológica necessária à realização das atividades de encerramento do curso", ressalta.

O curso acontecerá nos dias 5, 8, 22 e 29 de outubro e 5 e 19 de novembro de 2011, das 8h30 às 17h30, na sala 202 - Senai, no CIETEP/FIEP, Av. Comendador Franco n.1341, Jardim Botânico, Curitiba.

Certificados serão emitidos aos participantes com 85% de frequência.





terça-feira, 27 de setembro de 2011

Envio de artigo com tema - Economia Sustentável

Responsabilidade & Reciprocidade

Encerra no dia 30 de setembro o prazo para envio de artigos científicos para o congresso Responsabilidade & Reciprocidade: Valores Sociais para uma Economia Sustentável, que integra o calendário internacional de eventos preparatórios para a Rio+20. Os trabalhos devem ser pertinentes a um dos cinco eixos temáticos do encontro: Educação para Economia Verde e para o Desenvolvimento Sustentável; Gestão e Empreendedorismo no Terceiro Setor; Ciência, Tecnologia, Inovação e Sociedade; Objetivos do Milênio e Global Compact; Humanismo & Complexidade. Envio através do site www.reciprocidade.org.br.

Promovido pela Fundação Antonio Meneghetti e pela Antonio Meneghetti Faculdade, o congresso será realizado nos dias 4 e 5 de novembro no distrito Recanto Maestro, em Restinga Seca (aproximadamente 30 km de Santa Maria – RS). Um dos objetivos do encontro é reunir instituições preocupadas e atuantes na área da Responsabilidade Social para promover maior compreensão sobre os efeitos dessas práticas na construção de uma sociedade mais humana, pautada na economia verde e na mentalidade sustentável.


SERVIÇO:

O que: Inscrições de artigos para o Congresso Responsabilidade & Reciprocidade: Valores Sociais para uma Economia Sustentável
Quando: Até 30 de setembro (sexta-feira). O Congresso ocorre dias 4 e 5 de novembro.
Como enviar os artigos: Através do site http://www.reciprocidade.org.br

Crescimento da economia gera alerta para escassez de recursos naturais

Economista diz que, ao contrário da Europa e Estados Unidos, crise do Brasil pode ser ambiental

Ricardo Amorim passou por Curitiba, na última semana, para falar sobre um assunto ainda pouco debatido na área econômica: sustentabilidade. Comentarista e colunista de grandes veículos nacionais e internacionais na área de economia e presidente da RICAM Consultoria, Amorim veio à capital paranaense para encerrar a 11ª Feira de Gestão da FAE.

Antes disso, em Paris e Londres, o economista proferiu palestra para um público qualificado e ansioso para saber sobre a visão da América sobre a situação da Europa. Sem esperança, ele afirmou: "a crise européia vai ser pior que a dos Estados Unidos".

Segundo ele, o endividamento de países como a Grécia, Itália, Portugal, Irlanda e Espanha é apenas o começo de uma crise que já começa a preocupar as grandes potências, como França, Inglaterra e Alemanha. "Um quarto dos jovens ingleses estão desempregados e revoltados", alerta Amorim. E não é só: "infelizmente, ainda tem muito problema para aparecer nos países ricos". Para ele, a Europa é uma grande candidata a um calote generalizado.

Por outro lado, todas as oportunidades se voltam para o Brasil. Com um discurso simples e bem-humorado, o economista afirma que o País está "condenado" a dar certo: "para dar errado, só importando o Hugo Chavez ou entrando em uma guerra civil", brinca. E completa: "só não crescemos mais, até agora, porque não fizemos a nossa lição de casa", referindo-se a políticas de saúde, educação, infraestrutura, tributação, entre outras.

Amorim lembra que, entre 1980 e 2003, o ritmo de crescimento médio do Brasil foi bem modesto, de apenas 2,4%. De 2004 para cá, a média foi de 4,9%. "E, na pior das hipóteses, esse patamar deve se manter. Ou seja, assumindo que nenhuma das reformas necessárias será feita nos próximos anos. Se algumas delas saírem do papel, aí pode ser que o País cresça em média uns 6%, 7% ao ano", diz o economista. "Em suma, o Brasil vai crescer, apesar dele mesmo", reforça.

A boa notícia, segundo o economista, é que tanto economicamente, quanto socialmente, as coisas estão melhorando muito no Brasil: "nos últimos cinco anos, 45 milhões de brasileiros emergiram da zona de pobreza. Basicamente, uma Espanha inteira". Porém, como Newton dizia, "toda ação gera uma reação". Nesse sentido, Amorim faz um alerta para a sociedade, governo e setor produtivo: "à medida que grandes parcelas da população mais carente do Brasil e do mundo melhorarem a condição econômica e consumirem mais, a pressão sobre o meio ambiente aumentará".

Para o economista, a importância da educação ambiental nunca foi tão grande no Brasil. "Para lidar com esta pressão, o desenvolvimento de novas tecnologias menos poluidoras deve ser incentivado tanto por políticas de governo quanto, principalmente, por todos nós, através de um estilo de consumo mais preocupado com a sustentabilidade socioambiental", afirma Amorim.



Os Perigos do Crescimento Brasileiro

O principal motivo que "condena" o Brasil a crescer, segundo Amorim, é a pressão que os preços das commodities devem continuar a sofrer nos próximos anos. O economista lembra que produzir manufaturados que incorporem tecnologia já não é mais garantia de diferencial. "Tecnologia também vira commodity. Ela passa a ser reproduzida e se torna mais barata", diz. As matérias primas, por outro lado, nunca estiveram tão caras. O petróleo, por exemplo, vai continuar encarecendo, segundo ele.

Pressão semelhante será sentida sobre os preços dos alimentos, sendo que a área cultivável do País, que já é a maior do mundo, pode se expandir ainda mais. "Por outro lado, o aumento exponencial da utilização de recursos naturais nas próximas décadas vai dificultar o equilíbrio ecológico", alerta. O crescimento espantoso do agronegócio, desde 2001, também chama atenção para a inversão dos fluxos migratórios do Brasil: "faz dez anos que as cidades que mais crescem no País são do interior e a isso atribuímos o início do processo de interiorização da população", avalia Amorim, que sugere ao varejo que volte as atenções para este mercado em expansão.

No setor produtivo, o economista garante que os líderes globais mudaram. "Empresas como Petrobras, Vale, Itaú, Bradesco, Banco do Brasil, JBS e InBev ocupam posições entre as maiores e mais valiosas do mundo, em seus segmentos". As corporações brasileiras deixaram de ser as compradas para se tornarem as compradoras. Ao mesmo tempo, com o consumo em baixa nos países ricos, as multinacionais aqui instaladas passaram a se beneficiar mais do mercado interno que do mercado de seus países. "Para a Fiat, o mercado brasileiro já é mais importante que o italiano; para o espanhol Santander, a maior parte do lucro vem hoje do Brasil", exemplifica o economista.

Nos últimos anos, o Brasil experimentou a estabilização econômica, na forma do controle da inflação e do câmbio e no fortalecimento do sistema financeiro. Para a população, as mudanças se manifestaram na forma de aumento da renda, do nível de emprego e da oferta de crédito, que conferiram aos brasileiros um poder de consumo nunca experimentado antes. Para Amorim, esse poder de fogo vai continuar crescendo: "as classes A, B e C ainda vão engordar mais - a previsão é que as duas primeiras cresçam mais 50%, e que a terceira aumente em 20% até 2014", afirma.

Amorim observa também que os brasileiros que estavam trabalhando em outros países estão retornando e que o Brasil começa a receber estrangeiros no mercado de trabalho. Segundo ele, nos últimos três anos, 400 mil brasileiros retornaram ao País e o número de vistos de trabalho para estrangeiros triplicou nesse período. "Hoje, a vantagem competitiva para um país crescer é a oferta de gente para trabalhar", conta, citando como exemplo a volta de profissionais como modelos e jogadores de futebol - que antes eram mais valorizados no exterior e agora encontram melhores oportunidades no Brasil.

Impulsionada pela oferta de crédito - que, segundo Amorim, ainda deve ser ampliada -, a população brasileira nunca teve tanto poder de consumo. Em termos de sustentabilidade, há dois fatores a considerar: o primeiro é um alerta em relação ao endividamento da população - que, para o economista, está ligado à sustentabilidade financeira. O segundo é em relação ao consumo consciente: "com o poder de compra, está nas mãos do consumidor direcionar seu consumo para produtos sustentáveis e evitar o desperdício", sugere.

Para citar um exemplo, Amorim conta que o Brasil já é o quarto lugar onde mais se vende automóveis no mundo. Ótimo para a economia, mas muito prejudicial para a mobilidade urbana, com o aumento de problemas no trânsito, e para o meio ambiente, com o crescimento da poluição e de sucatas em ferros-velhos.

O economista lembrou que a realização de dois grandes eventos no Brasil - a Copa do Mundo, em 2014, e as Olimpíadas, em 2016, são as maiores oportunidades que o País possui de aplicar e difundir o conceito de sustentabilidade mundial. "Podemos ser os primeiros a adotar a emissão zero de carbono nesses eventos - só depende da população pressionar o governo para isso", incentiva.

Ricardo Amorim estudou e trabalhou no Brasil, Europa e Estados Unidos. Ele atua no mercado financeiro desde 1992, tendo passado por instituições financeiras como BankBoston, Itaú, Banco Société Générale, BNP Paribas e WestLB, como diretor-executivo. A sustentabilidade está na pauta do economista desde 1993, quando foi vencedor de um concurso de monografias, com o trabalho "A Tecnologia e o Meio Ambiente".

Fonte: Central Press

Espanhol revela dez pontos-chave para aliar sustentabilidade e negócios

Tema será debatido durante palestra no dia 28 de setembro, na FAE Centro, em Curitiba

Nesta quarta-feira (28), a Pós-Graduação da FAE Centro Universitário, em parceria com a Esade Business School - quinta melhor escola de educação executiva do mundo, de acordo com o ranking do Financial Times - traz a Curitiba (PR) o conceituado biólogo e especialista em Sustentabilidade Francisco Lozano Winterhalder. O espanhol já foi membro do Conselho Diretivo das Nações Unidas na Espanha e vem ao Brasil para ministrar a palestra "Sustentabilidade e Empresa - 10 pontos-chave para compreender o futuro". O encontro é voltado para empresários e executivos que atuam em cargos de alta direção e tem vagas limitadas. O evento acontece a partir das 19h30 no Anfiteatro da FAE Centro (Rua 24 de Maio, 135 - 7º andar).

Francisco Winterhalder é mestre em Ciências Humanas e professor de Sustentabilidade e Meio Ambiente. Além de realizar palestras sobre Gestão Ambiental em vários países europeus, estuda o impacto das alterações climáticas no mundo dos negócios. O especialista acredita que os objetivos dos empresários podem ser ajustados às melhores práticas sustentáveis no ambiente corporativo. Para isso, o especialista defende uma maior participação das empresas em ações voltadas a responsabilidade social.

Alguns dos requisitos, apontados por Francisco Winterhalder, para o sucesso no mundo dos negócios são, por exemplo, a criação de soluções inovadoras para os problemas da gestão dos resíduos, a reciclagem, a produção de produtos não contaminados, a redução de consumo de energias e a exploração de energias alternativas. Durante a palestra, o professor espanhol também vai revelar alguns pontos-chave para aliar o universo organizacional ao sustentável para, desta forma, gerar resultados positivos tanto para as empresas quanto para a sociedade.

Mais informações sobre como participar do evento pelo e-mail: aline@fae.edu.

Serviço:
"Sustentabilidade e Empresa - 10 pontos-chave para compreender o futuro"
Quando: 28 de setembro, a partir das 19h30
Onde: Anfiteatro da FAE Centro Universitário (7º andar) - Rua 24 de Maio, 135 - Curitiba - PR
Palestrante: Francisco Lozano Winterhalder - mestre em Ciências Humanas e professor de Sustentabilidade e Meio Ambiente
Informações: aline@fae.edu
Vagas limitadas

Transformando entulho da construção civil em novos produtos

Reciclagem de resíduo da construção civil contempla o tripé da sustentabilidade: gera economia, proteção ambiental e desenvolvimento social

Toda obra, seja ela de pequeno ou grande porte, gera entulhos da construção civil. Tijolos, areia, restos de blocos cerâmicos e de concreto, pedras, entre outros, são materiais que podem ser reaproveitados em outras obras. Preocupado com a grande geração de resíduos pela construção civil, o Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) emitiu a resolução Nº 307, de 5 de julho de 2002, que estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos da construção civil. Segundo o texto da resolução, “os geradores deverão ter como objetivo prioritário a não geração de resíduos e, secundariamente, a redução, a reutilização, a reciclagem e a destinação final”.

Há pouco mais de um ano foi editada a Lei 12.305, de 2 de agosto de 2010, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos. A lei reforça diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos sólidos, como os da construção civil. Afinal, os entulhos podem gerar riscos sanitários, ambientais e econômicos. No caso da reciclagem, por exemplo, os ganhos são inúmeros. Desde a redução da utilização de áreas públicas destinadas ao depósito desses entulhos ou o descarte em áreas irregulares que propiciam a procriação de animais transmissores de doenças, até a diminuição da extração de pedras, minério de ferro e outras matérias-primas utilizadas na construção civil.

“Com a nova lei as empresas precisam criar um plano de gerenciamento desses resíduos. Um processo de reciclagem irá propiciar a geração de empregos, o recolhimento de impostos, propiciando assim que negócios sejam viáveis do ponto de vista social-econômico-ambiental.", comenta o promotor Edson Luiz Peters (foto ao lado), da Promotoria de Justiça do Meio Ambiente de Curitiba. E completa: “Não podemos permitir que esses resíduos ainda sejam jogados em rios, beira de estradas ou em outros locais impróprios”.

Para o promotor, o assunto deve ser tratado com as principais entidades envolvidas, como o Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado (Sinduscon/PR) que representa o setor, com a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMMA) que fiscaliza e outras entidades como a Acertar (Associação dos Transportes de Resíduos de Curitiba e Região). “Quero envolver também o Estado como um todo. O Estado é um grande agente que demanda construções. E no momento atual com a Copa e outros projetos de infraestrutura, projeto Minha Casa, Minha Vida (por exemplo), é importante envolver entidades como a Cohapar e a Cohab nesse processo”, comenta.

O intuito é incluir nos processos de licitação que materiais reciclados façam parte dos editais. “Incluir que a pavimentação (calçadas e blocos de cimento para calçadas) sejam feitos com material reciclado). Essas calçadas ficarão mais seguras, pois serão mais abrasivas e evitarão alguns acidentes comuns nas calçadas de Curitiba. Solicitei também um estudo para a ABNT sobre o uso desses materiais. Temos que perceber que podemos reduzir a mineração e a extração de materiais da natureza e reutilizar materiais reciclados”, salienta o promotor.

Vale lembrar que a atividade da construção civil gera quatro qualidades de lixo e cada uma deve ser destinada de forma diferente. A bióloga Cláudia Regina Boscardin, da Coordenação Técnica de Recursos Hídricos da Secretaria Municipal do Meio Ambiente explica que o Programa de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil deve ser elaborado e implementado pelo município para estabelecer diretrizes técnicas e procedimentos para o exercício das responsabilidades dos pequenos geradores.

No Plano Integrado de Curitiba, foram definidos dois tipos de pequenos geradores. “Aqueles que descartam uma única vez a quantidade total de meio metro cúbico de resíduo de construção e demolição (RCD) Classe A e C, previamente segregados, num intervalo não inferior a dois meses; e aqueles que geram a quantidade máxima total de dois metros cúbicos e meio de RCD Classe A e C, num intervalo não inferior a dois meses. Para os primeiros, o município realiza a coleta pública no local, mediante solicitação ao serviço 156; para os últimos, o município prevê a implantação de áreas de transbordo para armazenamento temporário e posterior destinação final”, conta Cláudia.

A prefeitura oferece também a coleta pública de RCD Classe B no local até a quantidade de zero vírgula seis metros cúbicos por semana, respeitada a freqüência de coleta no local, e a coleta especial de resíduos tóxicos nos terminais de transporte, para os resíduos classe D.


Grandes geradores

Já os entulhos proveninetes de obras maiores são de responsabilidade dos geradores. A Resolução 307 do Conama também determina a elaboração de plano integrado de gerenciamento de resíduos (PIGRCC), de responsabilidade dos municípios.

O Plano Integrado de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil de Curitiba (Decreto 1.068/2004) disciplina o manuseio e disposição dos vários tipos de resíduos produzidos nos canteiros de obras. Conforme o Sinduscon/PR, os Projetos de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil (PGRCC) deverão ser elaborados e implementados pelos geradores e terão como objetivo estabelecer os procedimentos necessários para o manejo e destinação ambientalmente adequada dos resíduos.

A Portaria da SMMA 07/2008 instituiu o Relatório de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil a ser apresentado pelas empreiteiras e construtoras no momento da conclusão das obras. “O Plano Integrado de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil define os geradores destes resíduos como responsáveis pelo seu gerenciamento, cuja prioridade deve ser a não geração e, secundariamente, a redução, a reutilização, a reciclagem e a adequada destinação final”, comenta Cláudia.

Além da reciclagem, os grandes geradores também dispõem os entulhos em Aterros de Resíduos da Construção Civil licenciados para este fim. De acordo com dados de 2010, citados no Plano de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos de Curitiba, são geradas cerca de 2,4 mil toneladas de resíduos da construção civil por dia na capital paranaense, correspondente a aproximadamente 65% do montante de resíduo gerado no município.

O Decreto 1.120/1997 regulamenta o transporte e a disposição de resíduos de construção civil. De acordo com o decreto, o transporte das caçambas carregadas deverá ser acompanhado por um Manifesto de Transporte de Resíduos (MTR), expedido pela empresa transportadora, além de outros dados, como endereço da destinação do resíduo e número da autorização da área expedida pela SMMA. Na Secretaria Municipal do Meio Ambiente há 75 empresas cadastradas e licenciadas para transporte de resíduos da construção civil, principalmente para Classe A, e 97 empresas ativas com cadastro ou licença em transição de renovação de licença.


Usina recicla entulho da construção civil

Inaugurada em abril e em funcionamento desde junho deste ano na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), em Almirante Tamandaré, a Usina de Recicláveis Sólidos Paraná (Usipar) atua na reciclagem de sobra de materiais de construção civil de Curitiba e Região Metropolitana. A usina ocupa uma área de 54 mil metros quadrados e teve um investimento inicial de R$7 milhões.

A Usipar recicla resíduos classe A, que inclui a caliça das obras de construção civil - como restos de material cerâmico, concreto e argamassa. Após separar os materiais de acordo com sua classificação, a Usipar tritura a caliça transformando-a em areia, brita, pedrisco e rachão, que são comercializados para nova utilização na construção civil.

O diretor presidente do grupo que implantou a Usipar, Adonai Aires de Arruda, explica que a usina visa atender 15% do mercado de Curitiba e RMC até o final do ano, inclusive ampliando o projeto com a construção de novas unidades em outras regiões. De acordo com ele, o segmento da construção civil, um dos mais aquecidos do país principalmente pela proximidade da Copa do Mundo a ser realizada no Brasil, aumentará ainda mais a procura por estes produtos e, por consequência, sua destinação correta.

Arruda também destaca as vantagens competitivas da reutilização como a preservação ambiental com a redução da extração de areias e pedreiras. “Além de propiciar o não acúmulo deste tipo de material, podemos reciclá-lo e dar a destinação adequada. Somos grandes geradores de lixo, pois a densidade demográfica cresce em progressão geométrica. Por isso precisamos dar atenção à preservação das matérias-primas, principalmente à água. Nesse boom da construção civil, em que cada esquina tem uma obra, se não construirmos alternativas, no futuro teremos problemas sérios”, lembra Arruda.

Sua holding tem foco em limpeza e conservação. “Há anos tenho convivido com pessoas do meio que vivenciam o problema de destinação de resíduos de construção civil”, comenta. Foi então que, juntamente com outros profissionais, vislumbrou a oportunidade de negócio. O grupo contratou uma consultoria técnica e iniciou as pesquisas para a implantação da usina há cerca de quatro anos.

Após o período para a obtenção de todas as licenças ambientais e a adequação do projeto às necessidades regionais, a empresa começou sua operação com a capacidade média de 8 mil toneladas de resíduos ao mês, com a possibilidade de alcançar em médio prazo a demanda de 20 mil toneladas ao mês.

Atualmente são 30 colaboradores, que atuam em diversos processos: da classificação até a trituração da matéria-prima que pode ser reutilizada na construção civil com preço até 25% mais baixo.

A bióloga Priscilla Marques, responsável pelo Programa de gestão ambiental interno da holding destaca que a criação da usina representa um salto estratégico com foco na sustentabilidade. “Não podemos achar que os recursos naturais são infinitos, é preciso preservar para as futuras gerações”, ressalta.


O processo de reciclagem

O gerente comercial e operacional da Usipar, Adilson Penteado, que é também presidente da Acertar e do Sindiresíduos, comenta que a usina busca destinar o material inerte de forma adequada. “Muitas vezes este material acaba sendo descartado em locais impróprios e agride rios”, lembra.

Ele explica que o processo de reciclagem dos materiais oriundos da construção civil começa no canteiro de obras, quando ocorre uma primeira separação dos materiais. Depois, o gerador contrata um transportador de resíduos que os leva até a usina. “O gerador deve contratar o destinador final. A Usipar pode fazer o transporte e o laudo de destinação adequada. Pagamos R$5,00 o metro cúbico de caliça, desde que os materiais de concreto tenham espessura máxima de 60 centímetros”, explica.

Alexandre Graeser Blaszezyk, sócio administrador da usina, comenta que o processo de reciclagem é simples: ocorre a triagem, a trituração e a separação dos materiais de acordo com a granulometria. O processo gera cinco produtos: bica corrida, rachão, brita 2, pedrisco e pó de pedra que podem ser usados em bases asfálticas e de pisos. Penteado ressalta que o material, após ser reciclado, pode ser comprado 25% mais barato com material agregado: cal e cimento que geram economia desses materiais.

O resíduo da construção civil é um dos mais heterogêneos resíduos industriais. Ele é constituído de restos de praticamente todos os materiais de construção (argamassa, areia, cerâmicas, concretos, madeira, metais, papéis, plásticos, pedras, tijolos, tintas) e sua composição química está vinculada à composição de cada um de seus constituintes. No entanto, a maior fração de sua massa é formada por material não mineral (madeira, papel, plásticos, metais e matéria orgânica).

Por isso, na Usipar, todo o material reciclado que é separado na triagem e não serve para a construção civil, como o plástico e o papelão, são prensados e encaminhados às empresas licenciadas para o destino correto destes produtos. O material excedente como aço e madeira é destinado para a reciclagem específica. “Cerca de 10% é rejeito (tapetes, roupas) que são encaminhados para aterro industrial”, conta Blaszezyk.

A engenheira Livia Ferreira, da 3R Ambiental – empresa que, juntamente com o Instituto de Ecologia Terrestre atuou nos estudos preliminares desde o início do projeto – destaca que a Usipar é uma planta desenvolvida especificamente para o processamento de resíduos sólidos da construção, e não uma planta de britagem adaptada como muitas instaladas no Brasil. “Logo, a qualidade do agregado produzido pela planta é excelente”, comenta.

Ela ressalta que a reciclagem de resíduos é fundamental para implementar um modelo de desenvolvimento sustentável, capaz de satisfazer as necessidades do conjunto da população do presente sem comprometer a capacidade de sobrevivência das relações futuras. “O processo de reciclagem de resíduos da construção civil é simples, econômico e principalmente eficiente”, salienta.


Logística inteligente

Penteado salienta que a Usipar desburocratiza a relação entre poder público e os geradores, por meio da contratação direta do gerador com o destinador final. “Facilitando assim, a fiscalização do descarte dos resíduos, com a emissão de laudos de destinação, contemplando os números dos MTRS, números das caçambas e quantitativos em metros cúbicos”.

Ele também destaca a redução no transporte, ou seja, otimização de itinerários. “Pois o mesmo caminhão que levar os resíduos na usina, poderá retornar para a origem carregado com o material agregado a ser utilizado na obra”.

Apesar de todo o trabalho de triagem prestado nas dependências da Usipar, direcionando para outros recicladores resíduos como plástico e papelão, é imprescindível que seja feita uma melhor separação já nos canteiros de obras. Nesse sentido a empresa atua também na orientação aos geradores para que façam a separação desses outros materiais. Assim, a Usipar contribui para essa mudança cultural na gestão dos resíduos da construção civil.

"Nosso objetivo é mostrar que a reciclagem destes materiais é importante para o meio ambiente, por isso precisamos conscientizar que a separação de lixo tem que ser efetuada desde o começo do processo, como fazemos em casa", afirma a engenheira Livia Ferreira.

O engenheiro civil Leonardo Almeida, sócio proprietário da AN Sistemas Construtivos, há sete anos no mercado, também enfatiza que a separação no canteiro de obra facilita o processo. Ele está usando a brita reciclada para a base da rede de esgoto e água em um condomínio residencial de Piraquara com 42 residências. “A Caixa Econômica Federal, financiadora da obra, dá prioridade a projetos que visem a sustentabilidade”, explica Almeida.

Ele destaca que os benefícios são ambientais e econômicos, entretanto, é necessário que sejam abertas mais unidades de usinas como esta, pois há locais que inviabilizam a compra do material devido ao longo percurso de transporte.

Foto: (da esquerda para direita) Vice-Presidente da FECOMÉRCIO: Paulo César Nauiack, Diretor Administrativo Financeiro da COHAPAR: Agostinho Creplive Filho, Prefeito de Almirante Tamandaré: Vilson Goinski, Sócio Usipar: Adonai Aires de Arruda, Sócio Usipar: Alexandre Graeser Blaszezyk,Secretário Municipal de Administração e Previdência de Almirante Tamandaré: Gerson Denilson Colodel, Sócio Usipar: Adilson Orlando Penteado,Diretor da Nortec: Artur Granato



Reciclagem – Processo realizado pela Usipar

a) Todo material a ser reciclado é depositado em área de triagem onde são selecionados os materiais que não poderão ser processados na usina, tais, papel, ferro, madeira, vidro, entre outros. Após previamente separados o material resultante passará pelo processo de reciclagem.

b) Esses rejeitos (pedras, terra, resto de concreto) são levados por caminhão ou pás carregadeiras até um alimentador vibratório que alimentará mecanicamente um britador que fará a redução destes materiais a tamanhos compatíveis a sua reutilização.

c) O resultado desta britagem é recolhido por um transportador de correia que levará o produto até uma peneira vibratória onde se realizará a separação dos materiais que podem chegar a cinco produtos: bica corrida, pedra 1, pedra 2, pedrisco e pó.

Fonte: 3R Ambiental

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Veja os outros conteúdos dessa edição!

Matérias:
Responsabilidade Ambiental: Composteiras Industrializadas
Visão Sustentável: Os projetos florestais do Grupo Ecoverdi
Responsabilidade Social: Ações e Projetos CPCE
Qualidade de Vida: Academias ao ar livre (Curitiba)
Desenvolvimento Local: Os desafios da Construção Civil


Artigos:
Fabrício Campos: Círculo Virtuoso e os Caminhos da Sustentabilidade
Gastão F. da Luz: De cógidos, fatos e acontecimentos
Jeronimo Mendes: A nova Ordem Econômica
Evandro Razzoto: Marketing Verde como ferramenta estratégica de negócio

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A Semana Brasileira das PME 2011 - Programe-se

A Semana Brasileira das PME 2011 é um evento dedicado aos empresários e executivos das pequenas e médias empresas, inclusive aquelas que integram a cadeia produtiva das grandes corporações. Esta iniciativa tem como objetivo principal melhorar o ambiente de negócios do país por meio do fomento de atitudes empresariais éticas, socialmente responsáveis e ecologicamente corretas para se trilhar o caminho da Sustentabilidade e também contribuir com o desenvolvimento econômico empresarial em função dos temas que serão abordados nas palestras ministradas por profissionais renomados do mercado e nos workshops/mini-cursos que estão sob a responsabilidade dos nossos Parceiros Acadêmicos.

A Comissão Européia incentiva os países do Velho Continente a participarem da Semana Européia das PME e realizar iniciativas - nacionais, regionais ou mesmo locais - junto aos pequenos e médios empresários. No ano passado, aconteceram 1.500 eventos em 37 nações participantes.

Como o Instituto Brasileiro de Ética nos Negócios atua também junto as pequenas e médias empresas, inclusive disponibiliza o Programa REE Brasil em nosso web site, decidimos realizar em nosso país a Semana Brasileira das PME e para isto, obtivemos a devida autorização da Coordenadoria da European SME Week, departamento ligado ao Enterprise and Industry Directorate-General, para que pudéssemos utilizar a belíssima logomarca desta louvável iniciativa européia.

A Semana Brasileira das PME é um evento focado nos empresários e executivos das pequenas e médias empresas, inclusive aquelas que integram a cadeia produtiva das grandes corporações, será composto por palestras, workshops e mini-cursos, e acontecerá na capital paulista, nos dias 18, 19 e 20 de outubro de 2011, nos auditórios da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing) - apoiadora da 1ª edição ao lado do Estadão PME e do CEBDS (Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável).

O objetivo principal desta edição de lançamento é, não apenas contribuir com a melhoria do ambiente de negócios do país por meio do fomento de atitudes empresariais éticas, socialmente responsáveis e ecologicamente corretas que conduzirão proprietários e executivos no caminho da Sustentabilidade, mas também com vistas a melhorar o desenvolvimento econômico destas empresas em função dos temas que serão abordados por nossos palestrantes e Parceiros Acadêmicos e que vão de encontro com as reais necessidades das pequenas e médias empresas nacionais.

Saiba mais: www.semanapme.org.br/2011/

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Fórum de Liderança EBS - Programe-se!

Durante 3 noites Curitiba receberá importantes nomes nacionais e internacionais ligados à Liderança.

A Estação Business School – uma das melhores escolas de MBAs do país, atualmente tricampeã do Sul entre os melhores MBAs do Brasil no ranking da Revista Você S/A (2008, 2009 e 2010), única instituição do Sul do Brasil membro da AACSB – Association to Advance Collegiate Schools of Business – USA, promove nos dias 18, 19 e 20 de Outubro a 4ª edição do Fórum Global de Liderança.

O Fórum Global de Liderança tornou-se uma tradição na cidade, principalmente pela qualidade dos palestrantes, sendo eles grandes executivos e pensadores mundiais do tema Liderança, todos profissionais de sucesso nos temas: liderança, estratégia, criatividade, inovação, área comportamental e gestão organizacional.

Este ano o evento contará com renomados palestrantes como: Alberto Cardoso, Gérson Schmitt, João Palmeira, Laércio Cosentino, Ulisses Tapajós e o palestrante internacional – o português João Alberto Catalão.




Saiba mais:

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Reciclagem e Meio Ambiente Industrial será o tema da RECICLAÇÃO 2012 em Curitiba.

O Tema reciclagem e meio ambiente industrial estará em pauta na sétima edição do evento RECICLAÇÃO - Feira Brasileira de Reciclagem, Tecnologia e Meio ambiente Industrial que em 2012 acontecerá no período de 27 a 30 de junho, no centro de eventos Expo Unimed Curitiba.

Evento apoiado e patrocinado por empresas e instituições como Banco do Brasil e AMBISOL Soluções Ambientais com apoio institucional da AEAPR-Curitiba. Promete mais uma vez cumprir o objetivo de promover o desenvolvimento sustentável a geração de negócios e a integração entre a comunidade científica e empresas privadas atuantes no segmento, industrial, ambiental e de reciclagem. Com a retomada do crescimento após a superação da crise internacional que prejudicou a economia em 2010, a organização estima um crescimento em relação a edição anterior, pois as indústrias voltam a se preocupar com as normas ambientais, investir e incentivar visando se adequar a nova lei de resíduos sólidos aprovada em 2010.

Procurando cada vez mais ser um evento completo para o setor da reciclagem e meio ambiente industrial, além da feira e exposições de maquinários, equipamentos e serviços que visam à promoção e geração de negócios para o setor, a RECICLAÇÃO 2012 será composta por vários eventos técnico científicos que visam à capacitação de profissionais atuantes no segmento, assim como a multiplicação da consciência necessária para a formação e educação sócio ambiental.

Entre os eventos simultâneos da RECICLAÇÃO 2012, esta o quinto Seminário de Saneamento e Gestão Ambiental e o quarto Curso Introdução ao Mercado de Reciclagem, promovidos pela 3R ambiental e portal RECICLAVEIS.COM.

Mais de 80 estandes serão disponibilizados e estarão abrigando empresas e instituições vindas de varias regiões do Brasil. Elas virão a Curitiba participar da RECICLAÇÃO 2012 e apresentar alternativas, tecnologias e soluções aos problemas ambientais encontrados por parte das cidades brasileiras, empresas, indústrias e instituições que buscam soluções cientificas e mercadológicas aos seus resíduos e recuperáveis industriais.


Negócios:

A organização acredita que a feira contribui de forma decisiva para a aproximação entre comunidade científica e o setor empresarial, no sentido de estimular a geração de negócios no ambiente industrial e o desenvolvimento sustentável.

“Com a realização da copa de 2014 e sendo Curitiba uma sede importante, a RECICLAÇÃO tem também como objetivo contribuir na implantação da infra estrutura ambiental necessária visando os preparativos para o evento”.

MonteBello Feiras e Eventos.
Fone: (41) 3203-1189
E-mail: montebello@montebelloeventos.com.br.
Viste o site: www.montebelloeventos.com.br/reciclacao

Sustentabilidade é palavra de ordem nas empresas de sucesso

Feira de Gestão em Curitiba apresenta exemplos bem-sucedidos de organizações que caminham em direção do modelo ideal de sustentabilidade

A sustentabilidade está entre os cinco temas mais importantes das empresas líderes de mercado no Brasil. Para debater o tema na Feira de Gestão da FAE foram convidados o jornalista Ricardo Voltolini e o gerente de sustentabilidade da Alcoa, Fabio Abdala.



O jornalista levou ao público do evento um contexto histórico da responsabilidade social no Brasil e no mundo. Segundo ele, o Brasil passa hoje por uma mudança no foco da economia. "As discussões sobre sustentabilidade na Europa começaram há 15 anos, com a iniciativa dos governos. Já no Brasil, há 10 anos, as empresas tomaram a frente e iniciaram as discussões sobre responsabilidade social e, há três ou quatro anos, vem se falando no conceito mais amplo de sustentabilidade. A diferença é que, aqui, estamos vendo uma velocidade muito intensa de mudança para uma economia verde, que visa um equilíbrio de resultados financeiros, sociais e ambientais", comparou.

No livro "Conversas com Líderes Sustentáveis", Voltolini apresenta entrevistas inéditas com dez dos mais importantes empresários que atuam no país. São eles: Guilherme Peirão Leal, Fábio Barbosa, Luiz Ernesto Gemignani, Franklin Feder, Paulo Nigro, Kees Kruythoff, Héctor Núñez, José Luciano Penido, Miguel Krigsner e José Luiz Alquéres. "Temos hoje uma elite de líderes sustentáveis no Brasil. São poucos, mas já estão internacionalizados pelas suas posturas e valores", revelou. "Esses são os líderes da nova economia, que se consagraram porque (e não apesar de) adotaram uma postura sustentável", contou.


Sustentabilidade na Mineração

Um dos exemplos citados é a Alcoa. A palestra magna da Feira de Gestão 2011 mostrou o case de sucesso de uma das líderes em produção de alumínio, eleita Empresa Sustentável do Ano pelo Guia Exame de Sustentabilidade e integrante do Índice Dow Jones de Sustentabilidade por nove anos consecutivos. No evento realizado em Curitiba, o gerente de sustentabilidade da empresa, Fábio Abdala, apresentou a experiência do Projeto Juruti Sustentável, impulsionada pela implantação do empreendimento de mineração da Alcoa em Juruti, cidade localizada no Oeste do Estado do Pará, no coração da Amazônia.

De acordo com Abdala, a Mina de Juruti foi idealizada para conviver em total integração com a comunidade, contando com estratégias de sustentabilidade. "A mineração no Norte do País tem experiências muito negativas. Acreditamos que se pudermos fazer de Juruti uma referência será bom não só para o município, como também para a região Norte, para o setor mineral, para o Brasil e também para a Alcoa", ponderou.

O Projeto Juruti Sustentável visa atender aos três aspectos do tripé de sustentabilidade, vislumbrando o desenvolvimento regional: respeito ao meio ambiente, responsabilidade social e sucesso econômico. Desde o início das atividades do empreendimento, várias reuniões preliminares e audiências públicas foram realizadas com lideranças comunitárias, instituições públicas e privadas e outras partes interessadas, em Juruti, Santarém e Belém, das quais participaram até seis mil pessoas. Essas ações deram origem aos Planos de Controle Ambiental (PCAs) e à Agenda Positiva.

São 35 programas que integram os PCAs, abrangendo ações de monitoramentos do clima, ar, ruídos, águas, conservação da flora e fauna, produção de mudas, educação ambiental, atendimento médico-sanitário e educacional, segurança pública, valorização e resgate da cultura local, apoio à elaboração do Plano Diretor do Município de Juruti, entre outras.

A Agenda Positiva - ações complementares voluntárias da companhia que beneficiam diretamente a comunidade local - atende aos principais anseios manifestados pelos próprios jurutienses e assegura melhorias nas áreas de saúde, educação, cultura, meio ambiente, infraestrutura urbana e rural, segurança e justiça, e assistência social. São iniciativas implementadas mediante parcerias com o poder público, organizações não governamentais e a própria comunidade.

Parcerias institucionais garantem o desenvolvimento de projetos estratégicos, como a criação do Conselho Juruti Sustentável, os indicadores regionais de sustentabilidade e estudos para a criação do futuro fundo pelo desenvolvimento de Juruti. É um empreendimento que protege ao máximo possível o meio ambiente. Todas as áreas de construção passam pela devida recuperação, mediante modernas técnicas de revegetação - hidrossemeadura e biomantas - além do plantio de 80 mil mudas de árvores nativas da região, produzidas em viveiros próprios e comunitários, para revegetação das áreas mineradas. Graças a essa técnica, em 1990 a Alcoa foi incluída no Rol de Honra Global 500 do Programa de Meio Ambiente da ONU - a única mineradora que o integra - por sua atuação na Austrália. O mesmo trabalho, realizado em Poços de Caldas (MG), antecedeu a legislação brasileira nesse sentido e é considerado modelo no Brasil e no mundo.

"O retorno deste investimento é ser parte legítima e integrante dessa comunidade", disse Abdala. Mas essa atitude de responsabilidade socioambiental tem um retorno para além da capacidade de funcionar localmente de forma pacífica: "é só ver as carteiras de investimento das empresas consideradas sustentáveis", argumentou. A Alcoa foi reconhecida no Guia de Boa Cidadania Corporativa da revista Exame, nas áreas de "Valores e Transparência" e de "Governo e Sociedade". Além disso, a Alcoa foi incluída nove vezes entre as "Melhores Empresas para se Trabalhar no Brasil", pelo Instituto Great Place to Work e Revista Época. Pesquisa da revista Carta Capital já consagrou a Alcoa como uma das empresas mais admiradas do Brasil, e a companhia foi também considerada uma "Empresa do Bem" pela revista Dinheiro.


O evento

A 11ª Feira de Gestão aconteceu de 20 a 22 de setembro, na FAE Centro, em Curitiba. O evento trouxe modelos inovadores e soluções de gestão para as áreas de saúde, habitação, mobilidade, inclusão e energia - alguns dos Desafios do Milênio propostos pela Organização das Nações Unidas (ONU). Além de três palestras magnas e cinco painéis temáticos, a Feira de Gestão apresentou os melhores trabalhos acadêmicos dentro dos cinco Desafios do Milênio propostos.



Fonte: Central Press

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Artigo: Círculo virtuoso e os caminhos da sustentabilidade

Todos os dias temos a responsabilidade de dar continuidade ao que já iniciamos, sempre contando com recursos que restaram disponíveis depois do dia anterior. Sejam eles naturais, financeiros ou humanos, a vida nos leva a refletir sobre a questão da sustentabilidade. É preciso inteligência nessa equação para que os resultados que pretendemos não consumam esses recursos de forma que não seja equilibrada ou responsável.

Mas a esperança de que essa equação possa ser resolvida reside no fato de que isso depende somente da vontade do ser humano. Às vezes, temos a sensação de que não há nada a fazer, que tudo o que estava ao alcance já foi realizado e que cabe ao outro o poder de decisão. Mas precisamos refletir se realmente estamos fazendo a nossa parte.

Em minha trajetória profissional, tive a felicidade de trabalhar na Amana-Key diretamente com diretores, gerentes e supervisores de organizações que, em programas de desenvolvimento em gestão para executivos, buscavam ir além do próprio benefício profissional, porque coordenavam equipes e áreas e precisavam encontrar uma forma mais refinada e sutil de tratar com as pessoas com quem conviviam. Dessa maneira, foram entendendo e respeitando o outro e deixaram transparecer como efeito comum ao final dos programas, que essa forma de ver o mundo contribuiu para que se sentissem melhores ao final do processo. E seu lado profissional ganhou com isso, pois pessoas mais equilibradas, conscientes de seu papel e importância na liderança das organizações desempenham suas tarefas com muito mais qualidade e dão melhores resultados.

Hoje estou na direção da Associação Junior Achievement Paraná, uma organização que trabalha para beneficiar jovens, adolescentes e crianças, um público maravilhoso e empolgante, que nos motiva ainda mais a realizar todas as coisas, pois fazem parte do ciclo natural da vida, afinal, todos nós um dia tivemos sonhos e esperança semelhantes.

Ao receber o convite, lembro que a primeira coisa que imaginei foi a sustentabilidade desse modelo praticado pela associação, em que empresas socialmente responsáveis financiam os projetos para que seus colaboradores possam compartilhar voluntariamente suas experiências em sala de aula com jovens estudantes. São aqueles gestores que tiveram a oportunidade de um dia aprender nas universidades, ou em cursos e programas de desenvolvimento, ou em literatura de ponta em gestão, e que, através de uma ação de voluntariado, podem contribuir para a transformação da vida de outros, mais novos, que os observam como referências do que sonham ser um dia, profissionais de sucesso, com conhecimento e generosidade suficiente para oferecer essa parte importante de suas vidas a fim de que eles possam ter uma chance de ter o espírito empreendedor despertado. Seja para acreditar que podem estudar um pouco mais além do que estariam normalmente dispostos, ou conhecer outras profissões que poderão lhes trazer muito mais realização do que as haviam se limitado a imaginar, ou, em alguns casos, jovens que passam a sonhar por terem sido tão bem impactados por essa experiência e buscam arquitetar os seus caminhos após a inspiração daqueles voluntários que um dia lhes ofereceram um pouco de seu tempo e fizeram funcionar esse grande círculo virtuoso do bem.

São coisas como essas, tão simples e que dependem de tão pouca coisa para acontecer, no caso a vontade de alguém de compartilhar aquilo que tem e que ainda continuará consigo depois, que me fazem acreditar que a sustentabilidade está cada vez mais encontrando espaço em nossas vidas, nossas crenças e nossas ações. Visto que não há mais outro caminho a trilhar que não seja esse, buscando o que é melhor para todos.


FABRÍCIO CARDOSO CAMPOS

Publicitário, especialista em Administração de Marketing, Gestão Avançada de Pessoas e Estratégica da Inovação

(Artigo publicado originalmente na edição 24 - Revista Geração Sustentável)
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Acesse outros conteúdos dessa edição:

Matérias:
Editorial

Entrevista: Almir de Miranda Perru
Matéria de Capa: Usipar
Responsabilidade Ambiental: Composteiras Industrializadas
Visão Sustentável: Os projetos florestais do Grupo Ecoverdi
Responsabilidade Social: Ações e Projetos CPCE
Qualidade de Vida: Academias ao ar livre (Curitiba)
Desenvolvimento Local: Os desafios da Construção Civil


Artigos:
Gastão F. da Luz: De cógidos, fatos e acontecimentos
Jeronimo Mendes: A nova Ordem Econômica
Evandro Razzoto: Marketing Verde como ferramenta estratégica de negócio

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Indústria de guardanapo inova ao retirar o plástico do guardanapo embalado

Uma indústria paranaense, líder na fabricação de guardanapos, coloca no mercado um produto inovador e sustentável. Trata-se do guardanapo embalado em papel, que substitui as embalagens plásticas.

A novidade levou um ano para ser desenvolvida e entrou no mercado brasileiro recentemente, através do McDonald’s, seu principal cliente. As principais vantagens do produto é ser 100% reciclável, ecologicamente correto e provido de fontes renováveis. "Produzimos 3.600 toneladas de guardanapos embalados por ano. Isso significa que com o novo produto, 480 toneladas de plástico deixarão de ser depositados na natureza nesse período", explica o diretor Hildebrando Tuca Reinert.

A Guardanapos Leal tem mais de dois mil clientes, entre restaurantes, redes de fast-food, lanchonetes, hotéis e padarias, em todo o país. Entre as empresas que consomem os produtos produzidos pela Leal existem algumas que exigem que seus fornecedores tenham responsabilidade ambiental. "São empresas, assim como a Leal, que cada vez mais se preocupam com a origem dos produtos que levam a sua marca. O mercado brasileiro está se sensibilizando com as questões ambientais e as marcas precisam estar atentas, principalmente porque o consumidor já encara a sustentabilidade como uma obrigação. Desta forma, procuramos criar um material que atendesse às exigências do público e que, ao mesmo tempo, fosse sustentável", ressalta.

Com dois meses no mercado, o novo produto tem tido boa adesão entre os clientes da empresa. Além do Mc Donald´s, a rede de cinemas Kinoplex, Burger King, Subway, Spoleto e Au Au estão em processo de substituição do antigo pelo novo produto. "A aceitação está cada vez maior. Nossa meta é que até o inicio de 2012 o plástico seja eliminado da nossa cadeia produtiva. Acredito que conseguiremos cumpri-la, pois além do preço continuar o mesmo, nossos clientes terão a mesma economia do guardanapo embalado individualmente, acrescido da vantagem de oferecer um produto sustentável ao consumidor final", explica.

A Guardanapos Leal indústria com sede em Piraquara, Paraná, atua no desenvolvimento, industrialização e comercialização de produtos descartáveis de papel voltados para alimentação e higiene como: guardanapos, embalagem para talheres, cartuchos, papéis toalha, cupons fiscais, lâminas de bandejas e higiênicos. A responsabilidade com o meio ambiente sempre andou junto ao crescimento da empresa. A Guardanapos Leal disponibiliza dois sistemas de tratamento de água contribuindo para a preservação dos mananciais. A empresa busca, por práticas de gestão ambiental modernas, adoção de processos produtivos racionais e com poucas perdas e conscientização de seus colaboradores sobre a necessidade de preservação dos recursos naturais.

Fonte: M5 Comunicação Integrada

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Sustentábil: um novo conceito em Construções Sustentáveis

Entrevista edição 24 - Almir de Mirando Perru - Sinduscon/PR

Empreendimentos Verdes: construindo um mundo mais sustentável

A Construção Civil é um dos setores mais promissores para as próximas décadas e também um dos mais preocupados em reduzir seus impactos socioambientais. Encontrar alternativas sistêmicas e que envolve todas as etapas do processo, mantendo a viabilidade dos empreendimentos, é o grande desafio desse segmento. Para abordar esses pontos e outros assuntos relacionados a sustentabilidade, Almir de Miranda Perru, vice-presidente da área técnica de Meio Ambiente do SInduscon/PR falou com exclusividade para a revista GERAÇÃO SUSTENTÁVEL. Almir é empresário do setor atuando desde 2003 à frente da CTBA Construtora. Em seu currículo, conta com aproximadamente 90 mil metros quadrados de área de construção em obras em andamento e de empreendimentos já concluídos.



Almir de Miranda Perru
Vice-presidente da área de Meio Ambiente do Sinduscon/PR


Construção e Sustentabilidade caminham juntas?
Sim, cada vez mais empresas de construção civil têm se sensibilizado com o tema sustentabilidade, por uma questão de sobrevivência, sob aspecto econômico, social, político e ambiental. A indústria da construção tem participado ativamente de discussões sobre este assunto com agentes de todas as esferas do setor produtivo, institutos de pesquisa e desenvolvimento, universidades, fabricantes de materiais, recicladores, e principalmente com o poder público, a fim de que o tema seja tratado de forma adequada e igualmente ‘sustentável’.
Vale ressaltar aqui a importância de estimular a inovação tecnológica eco-eficiente no País, como uma ferramenta para reformulação de práticas e atitudes, pois toda mudança requer primordialmente políticas de incentivos.

Que etapas do processo de uma construção são mais críticas e que geram os maiores impactos ambientais?
Não existe uma fase mais crítica que outra. Tudo começa com um bom processo de gestão do negócio, desde a fase de desenho do projeto, até a fase de execução. Com planejamento eficiente, os materiais são empregados de forma racional, sem desperdício, o que significa economia de dinheiro e tempo, além de poupar o meio ambiente. As novas tecnologias têm contribuído com a redução do impacto ambiental. Os processos industrializados minimizam a geração de resíduos.
As construtoras têm utilizado tintas sem solvente, materiais menos agressivos, têm adotado medidas que diminuem os desperdícios com água e energia, utilizado sistemas com aproveitamento da energia solar, inibição do uso desnecessário e simultâneo dos elevadores e ares condicionados, dentre outros elementos e atitudes que visam a saúde e qualidade de vida dos usuários e preservação do meio ambiente.
Em termos construtivos, muito se evoluiu também. Hoje em dia muitas empresas não empregam apenas o sistema convencional de construção, de empilhar tijolo sobre tijolo. Existem vários métodos construtivos, tais como, alvenaria estrutural, construções pré- moldadas, pré-fabricadas, dentre outros que permitem um processo mais controlado, visando sempre a diminuição do desperdício, aumento da velocidade de produção e conseqüente diminuição do impacto ambiental nos canteiros de obras.

Certificações verdes para construções são diferenciais para construtoras e investidores?
Sim, com certeza. No Brasil existem duas certificações que indicam os empreendimentos verdes, o selo LEED e o Aqua. Investir em um projeto sustentável é sem dúvidas um excelente negócio, mostra a consciência ambiental da empresa, e o consumidor está cada vez mais atento a estas questões. Vale ressaltar que um prédio construído com foco na certificação beneficia não apenas o meio ambiente, mas as pessoas envolvidas na obras, nos chamados empregos verdes, as pessoas que irão conviver naquele empreendimento, bem como o seu entorno.

Considerando que uma grande obra nunca está sozinha, como promover efetivamente o desenvolvimento do seu entorno?
Alguns empreendimentos são construídos em localizações estratégicas, onde os futuros moradores contam com um leque de serviços muito grande, escolas, mercados, enfim, com estabelecimentos comerciais próximos, possibilitando que o carro fique na garagem, estimulando as pessoas a caminharem. Há empreendimentos que contribuem com o desenvolvimento da região onde são construídos, que acabam atraindo comércio e serviços, beneficiando todos que moram ou circulam no local.

Será possível superar o gargalo de infraestrutura nos próximos anos, diante das exigências dos eventos esportivos (copa e olimpíadas)?
Curitiba é uma cidade modelo, é reconhecida por desenvolver excelentes projetos para o desenvolvimento da cidade e região metropolitana. Temos certeza de que é possível vencer os gargalos existentes e que a capital paranaense fará bonito na copa do mundo de 2014. É lógico que para isso existem alguns desafios, como vencer a burocracia, a morosidade da administração pública, bem como atribuir transparência a este processo de preparação para os eventos esportivos.

O setor da construção civil é um dos mais promissores para as próximas décadas, quais são as principais tendências socioambientais que influenciam o segmento?
Os prédios verdes, que atendem a uma série de critérios e exigências para se tornarem sustentáveis, como valorização da iluminação natural e lâmpadas mais econômicas para poupar energia, captação da água da chuva, emprego de materiais de fácil manutenção, também para economizar água, dentre tantos outros exemplos. Outra tendência são os empreendimentos Home Working, que congregam salas comerciais inteligentes, apartamentos, e espaços comerciais, como shoppings, tudo para dar maior comodidade aos moradores. Num prédio misto como este, o cidadão não precisa pegar o carro e enfrentar o trânsito para trabalhar ou para ir às compras. Poupa tempo, energia e o meio ambiente.
De forma geral, a industrialização dos sistemas construtivos é também um caminho sem volta. Para dar conta da demanda por novas moradias, até mesmo por conta do Programa Minha Casa, Minha Vida 2, o setor terá de modernizar os canteiros de obras, investir em maquinários, novos equipamentos e processos construtivos, bem como em qualificação profissional.

Quais ações o Sinduscon-PR vem desenvolvendo para o fortalecimento e sustentabilidade do setor?
A entidade tem promovido uma série de cursos e eventos para debater com os empresários da construção civil e demais atores da sociedade organizada temas relevantes, como o da sustentabilidade. Para assuntos mais técnicos o Sinduscon-PR disponibiliza também um serviço especializado para os associados, onde engenheiro e arquitetos orientam as empresas quanto a procedimentos adequados, legislação urbana e normas técnicas, por exemplo.
A entidade participa ativamente das discussões que envolvem o setor na FIEP, na esfera pública e em todos os níveis de governo, por que sabemos que a construção civil é a grande parceira do desenvolvimento do País.

Que mensagem final gostaria de deixar para os leitores da Revista Geração Sustentável?
Durante longos anos o País deixou de tratar a habitação de interesse social com a atenção necessária, situação que culminou em um déficit habitacional de aproximadamente sete milhões de unidades.
Este problema transcende a questão física-estrutural. A falta de moradia desagrega a família, dificulta a educação, favorece o acesso à criminalidade, reduz as chances de inserção do indivíduo na sociedade, dentre outras consequências igualmente graves.
E não é possível falar em construção sustentável, isolando-se apenas o empreendimento, desconsiderando o entorno. É fundamental prover à totalidade da população brasileira de serviços adequados de saneamento básico, para evitar que mais de 500 crianças morram, por dia, vítimas de doenças provocadas pela falta ou pela insuficiência deste serviço público tão importante e vital.
Só com moradia digna o trabalhador renderá mais no emprego, a criança estudará melhor e a família passará mais tempo em casa, beneficiando e potencializando, por conseqüência, os investimentos públicos em saúde, educação, mobilidade urbana e segurança pública. Sociedade mais feliz e educada está é a fórmula para um mundo Sustentável.


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Matérias:
Editorial (acesse)
Matéria de Capa: Usipar
Responsabilidade Ambiental: Composteiras Industrializadas
Visão Sustentável: Os projetos florestais do Grupo Ecoverdi
Responsabilidade Social: Ações e Projetos CPCE
Qualidade de Vida: Academias ao ar livre (Curitiba)
Desenvolvimento Local: Os desafios da Construção Civil


Artigos:
Fabrício Campos: Círculo Virtuoso e os Caminhos da Sustentabilidade
Gastão F. da Luz: De cógidos, fatos e acontecimentos
Jeronimo Mendes: A nova Ordem Econômica
Evandro Razzoto: Marketing Verde como ferramenta estratégica de negócio

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quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Feira provoca debates sobre mobilidade e tecnologia



De 20 a 22 de setembro, a FAE Centro Universitário realiza a 11ª edição da Feira de Gestão, em Curitiba (PR). O evento traz modelos inovadores e soluções de gestão para as áreas de saúde, habitação, mobilidade, inclusão e energia - alguns dos Desafios do Milênio propostos pela Organização das Nações Unidas (ONU).

O painel Mobilidade acontece no dia 21, às 19h15 e tem como debatedores o doutor em Desenvolvimento e professor do Programa de Mestrado em Organizações e Desenvolvimento (PMOD) da FAE, Lafaiete Neves, e o diretor territorial Paraná e Santa Catarina da Vivo, Josué Freitas.

Segundo Neves, Curitiba se posiciona como a cidade com a maior proporção de carros por habitante do País, atingindo a marca de um veículo automotor para cada 1,96 habitantes. Em números aproximados, a capital paranaense possui uma frota de 1,1 milhão de carros para 1,750 milhão de pessoas. "Esta estatística reflete diretamente na questão da mobilidade urbana, ocasionando trânsito caótico nos horários de pico e o aumento no número de acidentes, além do desconforto para a população que utiliza o transporte coletivo", afirma o professor. Os participantes do evento terão acesso às pesquisas realizadas pelo especialista, que remontam a estrutura urbana na capital paranaense do final da década de 60 até os dias atuais.

O painel abrange também a utilização da tecnologia para diminuir as distâncias e levar serviços de qualidade à população. Sob este ponto de vista, Freitas vai mostrar como a Vivo chegou à liderança do mercado de telecomunicações móveis no Brasil e também abordará os projetos da empresa nas áreas de inclusão digital e difusão da educação e de novas formas de aprendizagem por meio da tecnologia de comunicação em rede.

A programação completa do evento e mais informações estão no site www.fae.edu/feira.

Serviço:
O quê: 11ª Feira de Gestão da FAE - Desafios do Milênio
Quando: de 20 a 22 de setembro de 2011
Onde: FAE Centro Universitário - Rua 24 de Maio, 135 - Centro - Curitiba - PR
Mais informações e inscrições pelo site www.fae.edu/feiradegestao2011


Programação

20 de setembro
19h15 - Painéis simultâneos - Energia (Usiminas e Volvo), Saúde (Philips e Hospital Pequeno Príncipe) e Habitação (Thá e Curadores da Terra)
20h30 - Palestra Magna - Jovens Empreendedores de Sucesso, com o presidente da Cacau Show, Alexandre Tadeu Costa, e o fundador da Bematech, Marcel Malczewski.

21 de setembro
19h15 - Painéis simultâneos - Mobilidade (Vivo) e Inclusão (BRDE, Microsoft e O Boticário)
20h30 - Palestra Magna - Responsabilidade Social e Desenvolvimento, com o autor do livro Líderes Sustentáveis, Ricardo Voltolini, e o gerente de sustentabilidade da Alcoa Alumínio S.A, Fabio Abdala.

22 de setembro
19h30 - Palestra Magna - Desafios de Sustentabilidade em um Mundo em Transição, com o economista Ricardo Amorim.
21h - Cerimônia de premiação FAE Desafios do Milênio


Fonte: Central Press

domingo, 4 de setembro de 2011

Prêmio Zilda Arns - inscrições até 11 de setembro



LÍDERES E ENTIDADES QUE DESENVOLVEM TRABALHOS SOCIOAMBIENTAIS PODEM SER PREMIADOS COM R$ 50 MIL PARA SEUS PROJETOS.

Até o dia 11 de setembro, estão abertas as inscrições para a edição 2011 do Prêmio Instituto HSBC Solidariedade - Troféu Dra. Zilda Arns Neumann, que vai reconhecer e premiar lideranças comunitárias que atuam nas áreas de Educação e Meio Ambiente, no Paraná.

Os vencedores das duas categorias receberão R$ 50 mil cada um, que serão destinados a apoiar o trabalho da instituição e também para a realização de cursos de aperfeiçoamento dos líderes indicados. O Regulamento está disponível no site www.hsbc.com.br/premioihs.

Para participar, basta preencher a ficha de inscrição e enviar por e-mail para inscricao@premioihs.com.br.

sábado, 3 de setembro de 2011

CONFERÊNCIA MOSTRA COMO UTILIZAR O DESIGN PARA SOLUCIONAR PROBLEMAS DE GESTÃO

Durante o Global Fórum, pesquisadores e especialistas do Brasil e do mundo discutiram como utilizar o design thinking para a construção de um mundo mais sustentável

O design é capaz de fornecer respostas criativas e soluções inovadoras para os problemas das organizações. A afirmação é de Fred Collopy, diretor associado da Escola de Gerenciamento Weatherhead na Universidade de Case Western Reserve, que participou do Global Forum América Latina nesta terça-feira (30). Colloppy falou aos participantes da conferência diretamente dos Estados Unidos, através de videoconferência.

“Sustentabilidade, design e gestão são conceitos que precisamos dominar à medida que os desafios do mundo se tornam mais evidentes”, afirmou Collopy, destacando que é preciso pensar de forma mais holística e sistêmica. “O design viabiliza isso. Ele não é apenas a forma, mas sim uma série de atitudes e métodos que podem ser aproveitados pelos gestores”.

Durante toda a terça-feira, pesquisadores e especialistas participantes do evento discutiram como utilizar o design thinking - processo de construção coletiva capaz para a solução de problemas – para a construção de um mundo mais sustentável.

Kleber Puchaski, diretor da Feel The Future, consultoria de inovação e design, compartilha da opinião de Collopy e acredita que o design é considerado um dos principais diferenciais competitivos para a inovação. “É necessário olhar o design como um processo. Hoje, o design de ser diferencial e passou a ser pré-requisito para empresas que querem inovar”, disse.

Segundo Puchaski, o design transcende a definição de forma e função e atua como um elemento holístico para a inovação. “É uma maneira diferente de pensar, que envolve principalmente a colaboração entre diferentes áreas e a experimentação. O importante é a forma de pen­­­sar. É utilizar a criatividade com foco nas necessidades do consumidor”.

Collopy afirmou que o design não é uma atividade privilegiada dos artistas, mas que todos deveriam ver o mundo sob a ótica do designer, ou seja, sob um ponto de vista diferente. “Os designers agregam estruturas, métodos e atitudes que habilitam aumentar as possibilidades de se encontrar soluções inovadoras para os problemas das organizações”, ressaltando que todos somos designers. “O desafio é sermos tão bons como designers como somos nas outras funções”, disse.

Fonte: FIEP

A crise e a aposta de Ignacy Sachs para a Rio+20

A crise e a aposta de Ignacy Sachs para a Rio+20

Há cinco anos, o mundo quase não encontra tempo para respirar. Manchetes em cascata regurgitam evidências de um magma em erupção. Desde a eclosão da crise imobiliária nos EUA, a partir de 2007, os fatos se precipitam a uma velocidade que não deixa dúvida: a história apertou o passo. Na ventania desordenada surgem os contornos de uma crise sistêmica . Restrita aos seus próprios termos, a engrenagem das finanças desreguladas não dispõe de uma alternativa para o próprio colapso. Uma crise se desdobra em outra. Iniciativas convencionais e cúpulas decisivas adquirem a validade de um pote de iogurte.

A desigualdade construída em 30 anos de supremacia dos mercados sobre o escrutínio da sociedade cobra sua fatura. Populações asfixiadas acodem às ruas. Governos se escudam em mais arrocho. Conquistar a confiança dos capitais semeia a desconfiança na política e o descrédito na democracia.

Nessa rota de colisão, a urgência ambiental tem um encontro marcado no Brasil em 2012: o país sediará a Cúpula da Terra, o mais importante fórum da ONU sobre as agendas, compromissos e diretrizes para reconciliar o desenvolvimento e o meio ambiente.

O que a sustentabilidade do século XXI pode esperar de Estados inabilitados para sustentar a própria contabilidade? Ou de governantes incapazes de se equilibrar sobre os próprios compromissos com os eleitores?

O professor Ignacy Sachs, economista e sociólogo, nascido na Polônia, naturalizado francês, brasileiro de coração não se impressiona com a metralhadora giratória dos impasses. ‘Digo que vivemos hoje uma dinâmica distinta daquela da Eco-Rio 92. E por incrível que pareça, talvez mais favorável ’, sentencia num claro desafio ao senso comum do desespero.

Governo, movimentos, partidos e entidades civis dispõem de pouco tempo, até outubro, para entregar a contribuição brasileira à conferência da ONU.

É aconselhável ouvir o que Sachs tem a dizer. Não é a voz de um personalismo. Mas o testemunho de um trunfo histórico: Sachs encarna o elo entre forças e agendas ainda desencontradas, mas de cuja afinidade depende em grande parte o êxito ou o fracasso da intervenção brasileira na Rio-2012 e, por que não, da própria cúpula.

O diálogo nem sempre fácil entre desenvolvimentistas, ambientalistas e a esquerda encontra na história desse workaholic de 84 anos, que vive entre o Brasil e a França, um idioma de pontos de convergência. Ele mistura desassombro e pragmatismo ancorados na experiência que adensa valores, em vez de descartá-los.

Sachs aportou no Brasil pela primeira vez em janeiro de 1941. Era o último navio de rota que saía de Portugal antes da interdição bélica dos oceanos ocupados por submarinos, minas e mísseis. Menino ainda, fugitivo de uma Polônia invadida pelo alemães, viu com encantamento o amanhecer na baia da Guanabara. “Contei os edifícios do navio, eram 42; em Varsóvia tínhamos apenas um. O Rio era o oposto daquele país atrasado que nos diziam, onde os macacos andavam pela rua. Era muito mais avançado que Varsóvia’.

O desassombro diante da vida moldou a sua inserção na história e as suas intervenções no mundo.

Neto de um avô banqueiro, alfabetizado numa Polônia nacionalista que se orgulhava de sua imbatível cavalaria, tão inexpugnável quanto a linha Marginaux, viu a família evadir-se de Varsóvia em 5 de setembro de 1939 levando apenas a bagagem de mão. “Deixamos para trás até o cachorro, Trol’. Seria um retiro de alguns semanas no campo, dizia o avô confiante –até que a valorosa cavalaria polonesa vencesse os tanques alemães. “O intervalo foi maior. Meu avô era um homem das finanças, portanto, bem informado, mas a história quando se move o faz com uma velocidade espantosa. Para o bem e para o mal. Sua capacidade de surpreender é impressionante ”, pondera Sachs.

Para atualizar os mais jovens, os muito céticos e, ao mesmo tempo, os cegos de otimismo ele explica: “Dias antes, talvez uma semana antes de Hitler invadir a Polônia, Molotov e Ribbentrop , respectivamente chanceleres russo e alemão, haviam assinado o pacto de não agressão. Deu-se o oposto: Hitler a invadiria a Polônia e dezesseis dias depois a Rússia ocuparia o país. Saímos de casa para um breve retorno, com base nos fatos e informações de 1º de setembro. A guerra mundial estendeu-se por anos; matou 40 milhões de pessoas’.

Ignacy Sachs voltaria a Polônia em 1954 para comprovar que a história de fato não se submete a roteiros lineares. Em 1960, o neto de banqueiros trabalhava no planejamento socialista do país liderado pelo economista Michael Kalecki, hoje reconhecido como um precursor de Keynes. De novo, a história fez das suas. Kalecki escrevia em polonês, não em inglês. Quem ficou famoso com as mesmas idéias foi Keynes.

Sachs trabalhou com Kalecki de 1960 a 1968. Dois anos depois ele estava em Osaka, no Japão, ao lado do economista Shigeto Tsuru, estudioso japones do marxismo. Testemunhou e discutiu ali um dos mais emblemáticos acidentes ecológicos do século XX: o desastre de Minamata. A contaminação por mercúrio industrial na baía com aquele nome matou 900 pessoas. Afetaria mais de dois milhões de japoneses que se alimentaram de peixes do lugar.

Desde então Sachs participaria ativamente dos eventos divisores da agenda ambiental, como a reunião de Estocolmo, em 1972 e, naturalmente, da Rio-92.

O que o torna uma ponte importante para certos impasses da agenda ambiental, é que – ao contrário de muitos – ele não renunciou a uma formação ecumênica.

Desenvolvimentista, como Celso Furtado, aliou à agenda do crescimento os valores da justiça social. Adepto do planejamento, renovou essa ferramenta despindo-a do autoritarismo tecnocrático para vesti-la com o diálogo entre as vozes da cidadania, mediadas pela harmonização do poder público. Ao conjunto adicionou o que denomina ‘imperativo do equilíbrio ambiental’.

De certa forma sua biografia realiza a fusão de que se ressentem tanto os desenvolvimentistas, a esquerda e os ambientalistas na busca de uma convergência capaz de renovar a plataforma da luta política em nosso tempo.

É dessa arquitetura histórica que ele critica o ressurgimento malthusiano que contamina certo ambientalismo, adepto do decrescimento para dizer: ‘se acham que a humanidade passou do ponto, tirem as consequências disso: como será feita a eliminação do excesso?’.

A seguir, os principais trechos da conversa de Carta Maior com Ignacy Sachs:

Carta Maior – Em 1992, a Cúpula da Terra, no Rio, foi atropelada pela emergência do ciclo neoliberal. A Cúpula de 2012 acontece em meio a maior crise do capitalismo desde 1929. De novo vamos na contramão?

Ignacy Sachs – De fato, a Rio-92 foi uma grande conferência com uma agenda bastante razoável, mas que coincidiu com o fim da União Soviética e a emergência da onda neoliberal que varreu o mundo. O resultado é que de lá para cá nós não avançamos, nós recuamos.

CM – Que marcos o senhor destacaria nesse retrocesso?

IS – Bom, tivemos Bush! A guerra do Iraque… e tudo o que se originou dessa correlação de forças em termos de consequências ambientais. A Rio-92 aconteceu na contramão da história.

CM – Agora, a cúpula de 2012 será atropelada pela crise?

IS – Embora o tempo para prepará-la seja muito, muito pequeno e isso condicione o que podemos pensar em termos de agenda brasileira, talvez ela ocorra num porvir histórico mais favorável.

CM – Mas a crise atual acua governos e muitos se aferram à radicalização dos mesmos princípios que a originaram…

IS – A crise é a evidência contundente de que a receita neoliberal fracassou. E isso com certeza amplia o campo para se propor uma outra visão do futuro.

CM – Qual visão?

IS – Comecemos pelo que se pode querer da conferência. Em primeiro lugar, a Rio-2012 deve ser um ponto de ordenação de agendas. Os países membros das Nações Unidas devem sair dela comprometidos a trazer, num prazo de dois anos, seus planos de desenvolvimento sustentável e socialmente inclusivos. Ao mesmo tempo, é imprescindível reconstruir ferramentas institucionais. É preciso reposicionar a velha casa das Nações Unidas para as gigantescas tarefas que temos diante de nós.

CM – O que isso significa em termos práticos?

IS – Significa que sem dinheiro não iremos a lugar algum, muito menos a um mundo sustentável. É necessário resgatar a agenda de construção de um fundo para o desenvolvimento inclusivo e sustentável dos países mais pobres. Não cumprimos essa etapa no passado, ela sempre volta; terá que ser enfrentada agora. Nos anos 60/70 tínhamos a meta do famoso ‘1%’ dos países ricos para financiar a emancipação das nações pobres. Acho imprescindível retomá-la.

CM – Mas nem para a fome no Chifre da África há recursos …

IS – Nunca chegamos perto desse 1%. No melhor dos momentos apenas alguns países escandinavos se aproximaram de 0,8%, algo assim.

CM – Em pleno florescer do arrocho fiscal é viável resgatar essa agenda?

IS – Arrocho fiscal diante de uma crise como essa é um despropósito. Um náufrago agarra qualquer coisa que tenha pela frente, o que não significa que irá se salvar. O que estamos vendo é o oposto do que recomenda o bom senso e o keynesianismo. Não terá êxito. Vejo cinco portas de abertura para a criação de um financiamento adequado às metas de Rio-2012. A primeira, retomar a agenda do famoso 1% dos ricos; a segunda, criar uma taxa sobre emissão de carbono; a terceira, e creio que o momento é muito favorável, retomar a campanha pela taxa Tobin sobre transações financeiras; a quarta, e essa é uma sugestão minha: instituir pedágios sobre oceanos e ares, um percentual mínimo sobre passagens aéreas e marítimas; a quinta, multiplicar acordos plurianuais de comércio internacional, sobretudo de commodities, para estabilizar fluxos e preços e reduzir as flutuações especulativas que causam inflação e fome. Aqui abre-se espaço para resgatar uma proposta de autoria do Kalecki, feita na primeira Unctad, em 1964.

CM – Qual?

IS – A idéia é que nesses acordos comerciais de longo prazo, os preços das commodities tenham cláusula de reajuste bianual. As correções baseadas em médias de bolsas sofreriam um abate de 50% para cima e para baixo: se aumentar 10%, só aumenta 5%; se cai 10% só cai 5%. Com isso se atinge o objetivo de atenuar as flutuações.

CM – Isso tudo pode ser a proposta brasileira na Rio-2012?

IS – Poderia. Mas não acho que teremos um consenso no curto tempo disponível. Não é o fundamental. Insisto que a cúpula do Rio tenha uma natureza deflagradora e organizadora. Que seja capaz de fomentar planos a serem debatidos numa segunda rodada. Os americanos quando fizeram a Aliança para o Progresso, cujo objetivo era combater a Revolução Cubana, acabaram fomentando planos de desenvolvimento local. É um pouco esse efeito que devemos buscar agora para recolocar a agenda ambiental numa mesa ocupada exclusivamente pelas urgências da crise econômica.

CM – O grande ponto de divergência hoje, que divide inclusive esquerda e ambientalistas – e estes e os desenvolvimentistas – é quem vai arcar com o sacrifício do desenvolvimento sustentável. Ou seja, quem vai cortar emissões e quanto?

IS – A resposta é o conceito de pegada ecológica (per capita). Alguns povos, sobretudo países pobres e em desenvolvimento, ainda tem espaço potencial para expandir a pegada; outros, os ricos, terão que reduzi-la. A criação de emprego digno e decente deve pautar tanto a expansão quanto a geração de vagas alternativas no esforço para reduzir a pegada ecológica. Esses elementos devem pautar a formulação dos planos de desenvolvimento sustentáveis e inclusivos em esfera nacional. Posteriormente, eles seriam harmonizados em dimensão global.

CM – Além de afrontar a lógica neoliberal, recolocando o planejamento, a sustentabilidade e a justiça social na mesa da crise, que outra marca política forte terá a Rio-2012?

IS – Será a 1º conferência do Antropoceno assumido.

CM – Como assim?

IS – Ao contrário do passado, quando ainda se discutia a influência ou não do homem no metabolismo planetário, agora não há mais dúvidas. Grupos científicos consolidarão até 2012 a evidencia irrefutável – para quem ainda duvida – de que vivemos no Antropoceno. Ou seja, a influência humana pesa de maneira decisiva no comportamento do ambiente terrestre. É o reconhecimento tardio, com dois séculos de atraso, de algo que ocorre desde a Revolução industrial. Mas é um divisor político com desdobramentos importantes.

CM – Por exemplo?

IS – Uma conferência com esse escopo deve ir necessariamente à raiz dos desafios e das responsabilidades. Temos que assumir essa responsabilidade com humildade. Nossa influência é preponderante, mas não somos deuses. Não temos o poder de governar a natureza.

CM – A aceitação do marco antropocênico não pode, ao mesmo tempo, fortalecer catastrofistas, neomalthusianos e similares; enfim, aqueles que recusam o desenvolvimento?

IS – Nós não estamos vivendo uma catástrofe irreversível. Podemos planejar o desenvolvimento sustentável e inclusivo. O catastrofismo e o malthusianismo não se justificam.

CM – A agenda da descarbonização, por exemplo, frequentemente soa como um pedido de renúncia ao crescimento.

IS – Minha posição é muito firme. As teses do decrescimento não procedem. Podemos e devemos crescer. O que é preciso é mudar os rumos do desenvolvimento para que ele seja inclusivo socialmente; e, número dois, tenha baixo impacto ambiental. Para isso é necessário planejamento, com ampla participação da sociedade.

CM – Falar em decrescer significa, por exemplo, deixar fora da discussão ambiental a China, que hoje é a fábrica do mundo…

IS – Descarbonizar a dieta de um camponês chinês e deixar livre o dono de um iate, que se desloca de jatinho de Nova Iorque para velejar na Flórida, é um absurdo. Ademais, não se trata de descarbonizar genericamente. Mas, sim, de renovar a agenda do desenvolvimentismo com base em inclusão e baixo impacto ecológico. A descarbonização será a decorrência desse processo. Não uma restrição antecedente que esmaga quem ainda vive na pobreza.

CM – A ressurgência neomalthusiana forma uma corrente cada vez mais forte; que riscos acarreta ao ambientalismo?

IS – Minha resposta a quem diz que não dá mais, ou seja, que o planeta ficará inviável com 9 bilhões de habitantes é a seguinte: extraia as consequências desse postulado.

CM – Quais são elas?

IS – Estão na obra de Jonathan Swift (*Em 1729, o escritor Jonathan Swift, autor das ‘Viagens de Gulliver, apresentou o que chamou de “modesta proposta” para resolver o problema da infância abandonada no seu país. Famílias pobres venderiam seus filhos para serem degustados como fina iguaria pelas famílias ricas. Segundo ele, sua “modesta proposta” daria renda aos pobres e uma nova delícia gastronômica à nobreza, criaria empregos na rede hoteleira e tiraria da rua a infância abandonada).

CM – Esse é o cardápio oculto do neomalthusianismo?

IS – Sim, e se o diagnostico é esse, vamos dar-lhe as devidas consequências: será por sorteio, por meio de uma guerra nuclear ou através da modesta proposta de Swift? Qual será o método de eliminação do excesso? Infelizmente, há muita gente que pensa de forma malthusiana. Tive uma discussão desse tipo com o oceanógrafo Jacques-Yves Cousteau; Lovelock também pensa assim.

CM – A tese da descarbonização embute esse risco?

IS – Temos que encarar esse debate seriamente. Mesmo porque a população vai a 9 bilhões, isso está escrito no mapa de percurso da humanidade. Está dado. A pergunta é: podemos ter uma vida razoável com 9 bilhões? Eu acredito que sim, dentro dos parâmetros com os quais qualificamos a nova agenda do desenvolvimento. Agora, podemos ter a mesma qualidade ambiental e social com 90 bilhões de pessoas? Não. Mas a verdade é que uma multiplicação descontrolada como essa apenas evidenciaria a síndrome de um desequilíbrio. A miséria é uma de suas características. A estabilidade demográfica, em contrapartida, ocorre progressivamente desde que outras variáveis estejam presentes, entre elas eliminação da pobreza.

CM – A Europa que já foi importante aliada da agenda ambiental vive um trágico crepúsculo da social-democracia, colonizada pelo neoliberalismo. Isso vai atrapalhar a Rio-2012?

IS – Não vejo a Europa à beira de uma guerra como no final dos anos 30, mas vejo-a, entristecido, perder sua aderência política à idéia de solidariedade. O que ocorre dentro da próprio UE, com os ricos se afastando os mais pobres. Assistimos à emergência de um perigoso egoísmo social. Até prova em contrário, acredito que a solidariedade é um sentimento intrínseco ao fato humano. Ou então teríamos que abraçar a teoria de Hobbes: o homem é o lobo do homem. O capitalismo puro e duro sim, é isso. Daí a necessidade de organizar os contrapesos.

CM – A social-democracia européia renunciou ao social e ao ambiental?

IS – A social-democracia perdeu o rumo há muito tempo. Eles não entenderam o neoliberalismo, quiseram surfar na onda, agora estão encrencados e muitos divididos. As respostas que deram à crise não foram pela esquerda.

CM – Diante da tarefa imensa que é planejar o Antropoceno esse acanhamento europeu não o deixa pessimista?

IS – É muito difícil prever o desfecho político de uma crise dessas proporções. É verdade que ela nos pega despreparados. Não tivemos êxito em reconstruir uma verdadeira organização cooperativa mundial, por exemplo. Pior, regredimos em inúmeras frentes. Estamos muito longe, também, do paradigma fiscal introduzido por Roosevelt nos EUA. Enfim, vivemos uma crise sem um New Deal. No entanto, as coisas mudam muito rapidamente. Veja a crise de 29. Em 36, tivemos a vitória da Frente Popular, na França; em 38, tivemos o acordo de Munique entre França Alemanha e Inglaterra. Em 39 a invasão da Polônia… Ao mesmo tempo, quem teria acreditado em 1987 que dois anos depois a União Soviética desmoronaria? A história quando se movimenta o faz com rapidez e de forma muito distinta dos modelos preconcebidos. Há um espaço para a Eco-2012 e ele pode se ampliar rapidamente. É necessário estar preparado.

Por Saul Leblon, da Carta Maior
Fonte: Instituo Ethos