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quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Reciclagem: Ideias que visam proteger o futuro

Soluções em reciclagem e tecnologias ambientais visam preservar a biodiversidade e manter a sustentabilidade dos negócios

Imagine um mundo sem lixo. Sem cheiro ruim, sem aquele aspecto de destruição, nada de poluição. Este pensamento, que – à primeira vista pode paracer utópico – deve ser o ideal a ser perseguido pelas sociedades de toda a Terra, para que ela continue a ser chamada de Planeta Azul. “O ideal é que no futuro não precisemos conviver com a reciclagem. A ideia é reduzir, romper o paradigma. As indústrias têm que passar a oferecer coisas que não virem lixo depois”, defende o engenheiro químico Cláudio Barretto.

Ele destaca que é preciso, também, consumir menos e gerar menos lixo, mas aí trata-se de uma questão comportamental. “Consciência ambiental é um problema sério, o Brasil não investe em educação, pois isso não traz retorno a curto prazo. É preciso implantar a educação ambiental transversalizada na educação básica”, comenta Barretto. Com 37 anos de experiência na área ambiental, Baretto ressalta que não tem dúvida de que a pior coisa que o homem inventou foi o lixo. “O lixo vai vencer o homem”, comenta o engenheiro químico, mencionando o consumismo, que surgiu em meados do século 18 com o sistema industrial. “O sistema produtivo deve prever o início, o meio e o fim de um produto”, ressalta.

Outra preocupação de Barretto é que o lixo não seja visto como fonte de renda, já que a lógica é exatamente inversa. Para ter uma visão mais completa sobre o assunto, ele sugere atenção aos temas norteadores da Agenda 21, principal documento da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento Humano, a Rio-92. Este documento foi assinado por 179 países, inclusive o Brasil, anfitrião da conferência, e busca alcançar o desenvolvimento sustentável a partir da ação conjunta. Este instrumento de planejamento para a construção de sociedades sustentáveis, em diferentes bases geográficas, busca conciliar métodos de proteção ambiental, justiça social e eficiência econômica. Em seu capítulo 4, a Agenda 21 aponta para a mudança dos padrões de consumo, que, segundo o documento, provocam o agravamento da pobreza e dos desequilíbrios.

Para Barretto – que integra o Fórum Permanente da Agenda 21 Paraná e é um dos incentivadores da Feira Brasileira de Reciclagem, Preservação e Tecnologia Ambiental – Reciclação (que teve sua quinta edição realizada em junho, em Curitiba) – a Agenda 21 é a melhor ferramenta global para atingir o desenvolvimento sustentável.


Para construir o amanhã: novas tecnologias na produção de cimento
A administradora Luciane Flores Queiroz, que é sócia-gerente da Ação Consultoria Empresarial, destaca que a maior preocupação dos empresários é, ainda, adequar a atividade produtiva à legislação ambiental, mas a preservação e a criação de tecnologias ambientais têm avançado.
Ela tem buscado conscientizar os empresários sobre a relação que existe entre a implantação de uma tecnologia ambiental e a competitividade, como utilizar resíduos como fonte de energia para se manter no mercado, por exemplo. “É preciso reduzir o desperdício na fonte, investir no reuso e o aspecto ambiental entra neste gancho”, comenta.

Barretto também enfatiza que as empresas precisam reprojetar seus sistemas produtivos, principalmente quando se trata de matéria-prima e economia de energia. Ele comenta sobre as alternativas para a gestão do lixo: o aterro sanitário (que é um investimento caro e ainda deixa passivos ambientais); a incineração (usada para destinação final de resíduos de alta periculosidade) e o co-processamento (realizado em fornos industriais de clinquerização). Neste processo, inerente às atividades da indústria do cimento, inclusive a cinza se incorpora ao produto.

Em tempos de alta nos investimentos em infraestrutura – com a proximidade de grandes eventos esportivos, como a Copa do Mundo e as Olimpíadas – o co-processamento ganha mais simpatizantes. A tecnologia de origem europeia gera economia e minimiza o impacto ambiental. Com ela, a indústria cimenteira aproveita resíduos como substitutos de combustível ou matéria-prima. O procedimento, que passou a ser usado no final do século 20, permite que resíduos como pneus, óleos usados, plásticos, tintas ou biomassa (moinho de carvão vegetal, casca de arroz, bagaço de cana) tenham um destino final adequado.

O processo permite ainda parcialment, reduzir o uso de combustíveis tradicionais não-renováveis, como o coque de petróleo, o óleo combustível e o carvão mineral. De acordo com o Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (Snic), pouco mais da metade da emissão de CO2 na indústria do cimento é inerente ao processo de produção e ocorre durante a transformação físico-química do calcário em clínquer (principal componente do cimento), reação denominada descarbonatação. A outra parcela é predominantemente resultante da queima de combustíveis no forno de clínquer, cuja chama atinge uma temperatura de até 2.000°C.

Barretto salienta que o co-processamento oferece algumas vantagens na destinação de resíduos, elencadas em 3 “T”s: alta temperatura, tempo de dissidência dos gases e alta turbulência. “Os fornos de cimento são os únicos equipamentos do mundo que têm esta tecnologia. Na Bélgica, 70% dos compostos das cimenteiras são altenativos. Há economia do petróleo e o resíduo vira energia”, conta.
Ele destaca que este processo fez com que a participação da indústria cimenteira na poluição apresentasse queda 16% para 4%. Esta tecnologia é utilizada para dar destinação final pela Ambisol, empresa especializada em soluções ambientais, da qual Barretto é responsável técnico na região sul. A Ambisol oferece manuseio, acondicionamento, trasporte, preparo e tratamento final de resíduos industrais. A Estre Ambiental, empresa do segmento de gerenciamento e disposição final de resíduos, também utiliza o sistema para tratar resíduos industriais por meio da destruição térmica e recuperação energética, visando à substituição do carvão natural na geração de energia nos fornos de cimento.

A Resincontrol – que integra o grupo Estre Ambiental – implantou o sistema para preparação de resíduos perigosos e sua recuperação energética para posterior destruição térmica como combustível de alto poder calorífico, em duas de suas plantas localizadas em Sorocaba (SP) e Balsa Nova (PR). “Essa solução para a destinação correta dos resíduos industriais apresenta alta capacidade de eliminação, contribuindo para a redução do consumo de recursos naturais. Graças a essa tecnologia, tornou-se possível gerar uma atividade econômica e preservar a natureza ao mesmo tempo”, comenta Aurelio Santos, do departamento comercial da Resincontrol.


Biotecnologia: o “invisível” por trás dos processos

A química ambiental Silvia Mara Haluch, da Teclab Tecnologia em Análises Ambientais, que oferece, entre outros serviços, análises para co-processamento, ressalta que uma das novidades em testes laboratoriais ambientais são as análises ecotoxicológicas, que utilizam organismos para análises em laboratório. Enquanto os testes fisico-químico e biológico sejam dos anos 70, a ecotoxicologia tem apenas três anos, mas já demonstra resultados rápidos e confiáveis. Silvia explica que na Alemanha, as multas são aplicadas de acordo com a quantidade de bactérias que morrem nestes testes, em casos de desastres ambientais, por exemplo. A Organosafra também tem utilizado a biotecnologia (bactérias e fungos) como ferramenta de produção. Seu adubo orgânico é produzido a partir de compostagem acelerada a céu aberto, como explica o engenheiro agrônomo José Carlos Maria. O processo é o destino final de residuos agrícolas e agroindustriais. “É uma solução ambiental para inúmeros geradores”, comenta.

Lixo eletrônico dá origem a centros de pesquisa
Você sabe o que fazer com o seu e-lixo? Celulares, computadores, impressoras, televisores, rádios, pilhas, baterias, eletrodomésticos, vídeos, filmadoras, ferramentas elétricas, DVDs, lâmpadas fluorescentes, brinquedos eletrônicos e materiais de escritório. A lista infindável de lixo eletrônico que estava sem um destino correto, agora tem uma solução.

Em Curitiba estes materiais estão sendo separados e serão encaminhados para reciclagem no Instituto Brasileiro de EcoTecnologia (Biet) – Brazilian Institute of EcoTechnology. Além deste serviço, o Biet desenvolve projetos com instituições de ensino superior, como conta o engenheiro civil Maurício Beltrão Fraletti, idealizador do instituto. O instituto está implantando, em várias cidades paranaenses, Centros de Educação, Estudos e Pesquisas Ecotecnológicas por meio de parceriais. Nestes locais, pretende-se que jovens convivam com idosos, para que funcionem como centros socioeducacionais, de estudos ou pesquisas e de desenvolvimento regional e humano. Oficinas serão oferecidas a partir de agosto.
Fraletti destaca que o objetivo é de que tais atividades aconteçam de forma autossuntentável, visando a coleta, o armazenamento, o processamento e a busca de soluções para a correta destinação final de resíduos da indústria mineral e do lixo eletrônico, com geração de empregos e renda.

O Biet – que recebeu este nome pela associação com o byte – recebe materiais no bairro Sítio Cercado, em um barracão de cerca de 200 metros quadrados, cedido pela prefeitura. Pessoas físicas e jurídicas podem fazer a entrega de lixo eletrônico no local, basta fazer um agendamento pelo e-mail falecom@biet.org.br. Odilon Jacobi, da empresa Action Color, distribuidora de insumos para remanufatura de cartuchos e toners, comenta que atualmente, menos de 20% do mercado é composto por cartuchos remanufaturados. “Se todos os cartuchos fossem usados apenas uma vez e jogados fora, teríamos outro aterro do Caximba com lixo tóxico”, explica.

Um cartucho de impressora jato de tinta, por exemplo, pode ser remanufaturado de três a cinco vezes, pois existem mais de 300 tipos de tinta. Já o cartucho de toner pode ser reutilizado até 15 vezes, já que há cerca de 200 modelos de tinta. Entretanto, ele ressalta que muitas pessoas “descartam” a ideia de usar cartuchos remanufaturados porque, em muitos casos, não há qualidade no produto. Isso acontece, segundo ele, porque não há mão de obra capacitada. Jacobi garante que quando a remanufatura é realizada por uma empresa especializada, a qualidade do cartucho é igual ao produto em seu primeiro uso. Por isso, Jacobi recomenda que, antes de ficar insatisfeito com a má qualidade de um cartucho remanufaturado, é preciso atentar para o local onde se fez a compra, pois este precisa ter profissionais capacitados especificamente para esta função. Para reverter este panorama, a Action Color deve oferecer, em breve, cursos para trazer qualidade para esta área.


Tecnologias ambientais e desenvolvimento sustentável

O desenvolvimento e a aplicação de tecnologias ambientais é uma tendência cada vez mais forte no mundo atual, segundo Mauro Banderali, da Ag Solve, empresa especializada em projetos, venda, locação e manutenção de instrumentos para monitoramento ambiental. Banderali destaca que as indústrias precisam produzir e serem sustentáveis ao mesmo tempo, dando um retorno positivo para os órgãos públicos de fiscalização, consumidores e para a sociedade em geral. “O planeta não comportará mais o desenvolvimento econômico nos moldes aplicados até então. Somente o desenvolvimento sustentável poderá garantir a qualidade de vida da população durante os próximos anos. Isto aumenta a demanda por tecnologias ambientais, gerando também um maior comprometimento de todos os atores envolvidos no processo de prevenção e gestão de áreas contaminadas”, ressalta. Uma destas tecnologias é uma bomba para a retirada do chorume em aterros sanitários ajuda na descontaminação da área e ainda oferece a possibilidade gerar energia com o gás proveniente do aterro. Sua vazão é de até 36 litros por minuto e suporta temperaturas de até 125ºC em operação.

A estação meteorológica automática, com telemetria, tem como vantagem a possibilidade de verificação das condições meteorológicas no local de trabalho, facilitando o estudo para a descontaminação da área. Um exemplo disto é a averiguação da tendência de ventos e chuvas na região que, acrescido do pluviômetro, permite a leitura do volume de chuvas e a verificação de infiltrações no lençol freático em áreas de aterros sanitários e outras. Os detectores de gases são utilizados para determinação de gases nocivos ou explosivos em aterros sanitários. Eles visam atender às necessidades de monitoramento de gases para as áreas de investigação e remediação ambiental, segurança patrimonial e pessoal.

Matéria publicada originalmente na edição 18 - Revista Geração Sustentável(Criselli Montipó) Clique na imagem e tenha acesso às últimas edições

CO2: Uma questão de controle

Empresas investem no controle de emissão de gases para atingir certificação 14001

Dentro das principais questões ambientais discutidas para buscar uma vida melhor nos centros urbanos está a questão da qualidade do ar. Hoje, a preocupação vai além do grande aumento de números de casos de doenças respiratórias em pacientes da área urbana. Além da saúde humana, a questão da preservação do ar para garantir o equilíbrio ambiental tem grande destaque principalmente entre as empresas.
Segundo dados do monitoramento da qualidade do ar realizado pelo Instituto Ambiental do Paraná (IAP), em 2008 a região central de Curitiba apresentou uma média de 69,9 μg/m3 de partículas em suspensão no ar, uma média considerada boa para centros urbanos, mas que sofre alterações significativas nos meses de inverno, em que a poluição tem muitos fatores a seu favor, como a falta de chuvas e a baixa umidade do ar, causando danos à saúde e ao meio ambiente.

Além dos automóveis, responsáveis por parte das emissões de gases poluentes registrados, as indústrias têm grande parcela de contribuição para o aumento da concentração de gases poluentes no ar, entre eles o CO2. Preocupadas em se desprender do rótulo de poluidoras e dispostas a assumir novas condutas ambientais, as empresas têm apostado na melhoria de seus processos dando ênfase à questão da poluição do ar. As metas a serem atingidas pelas indústrias para estarem dentro de um padrão sustentável estão dispostas na ISO 14001, série de normas desenvolvidas pela Internacional Organization for Standardization (ISO), em que estão determinadas as diretrizes relativas à área de gestão ambiental dentro de empresas.

De acordo com Giuliano Moretti, engenheiro químico consultor de operações sustentáveis da Preserva Ambiental Consultoria, a ISO 14001 determina que sejam obedecidas todas as leis ambientais aplicáveis à organização que busca a certificação, mas não prescreve os requisitos específicos de desempenho ambiental a serem atingidos pelas organizações. “A empresa que deseja certificar seus processos com a adoção da ISO 14001 deverá respeitar as leis ambientais como um dos requisitos da norma a serem cumpridos”, explica Moretti.


ISO 14001 e o controle de gases poluentes

A busca pela certificação ISO 14001 tem levado as indústrias a investirem, entre outros aspectos, no controle de emissão de gases poluentes em seus processos de produção. Segundo Moretti, “esse controle serve para que as empresas possam avaliar e reduzir sistematicamente os seus impactos reais e/ou potenciais negativos decorrentes de seus processos principais e de apoio. Desta forma, as empresas podem estabelecer procedimentos para a melhoria contínua referente à redução de suas emissões, rumo a uma economia de baixo carbono”. Para o engenheiro, a melhor maneira de encontrar os números de emissão de gases poluentes em uma empresa é realizar um balanço material do carbono envolvendo todo o ciclo de fabricação de produtos ou execução de serviços, considerando as entradas e saídas de carbono nesses processos. “O balanço de massa permite compreender o quanto de carbono se insere na cadeia produtiva e o quanto é liberado, seja na forma do próprio dióxido, seja na forma de outros gases de efeito estufa, como o metano”, explica o engenheiro da Preserva Ambiental Consultoria. De acordo com Moretti, muitas empresas vêm investindo nessa técnica, aliada a outra, a amostragem analítica sistemática de vazões e concentrações. Realizadas periodicamente e com processo facilitado, elas muitas vezes também são usadas isoladas para determinar a emissão de gases de efeito estufa (GEE). “As empresas que usam essas duas técnicas podem dispor de uma série histórica das suas saídas de GEEs, o que permite o delinear estratégias para o seu gerenciamento e ações para a redução dos fluxos gasosos, cumprindo determinações da ISO 14001”, afirma.

Os controles de emissão de gases poluentes, no entanto, não têm comprovado grau de exatidão nas suas medições. Isso porque, explica Moretti, com as diferenças de uso das técnicas de controle, não é possível estabelecer um percentual de acerto nos números obtidos na emissão de gases. “As empresas que adotam sistemas de controle da emissão de gases em geral estão preocupadas com a questão como um todo, mais engajadas à questão ambiental e não apenas buscando uma certificação”, comenta.


O controle de emissões e o governo

Quando a empresa assume o compromisso de atender a legislação ambiental e regular sua emissão de gases, o controle dessa emissão é feito pela própria empresa. De acordo com Manuy Chang, coordenadora de mudanças climáticas da Secretaria Estadual do Meio Ambiente, o governo não faz um controle direto e periódico nas empresas. “Ao governo cabe a fiscalização no período da liberação e renovação das licenças ambientais. É ali que o governo deve identificar os problemas com relação à emissão de gases, se as determinações da lei estão ou não sendo cumpridas. Além da observação e inspeção, os relatórios das empresas nessas áreas são usados como fonte de informação para o controle”, explica Manuy. Hoje, com relação à emissão de CO2 no meio ambiente, o governo ainda não tem nenhum trabalho específico junto às empresas. “As especificações de controle do ar ainda não tem incluído o controle do dióxido de carbono. Ocorrendo mudanças nas leis ambientais, iniciaremos um trabalho de conscientização e exigência dessa necessidade, mas isso não deve acontecer tão rápido. Hoje, o que fazemos é trabalhar com o incentivo as empresas para que façam a adesão a essa necessidade de forma voluntária”, completa Manuy.


Gases poluentes na mira do IAP

Desde 2001, o IAP publica relatórios anuais sobre o controle de emissão de gases poluentes em Curitiba e região metropolitana. Seis estações de captação estão em funcionamento na capital e região, localizados em pontos estratégicos para detectar os principais gases e partículas encontrados no ar da cidade, em especial próximo a regiões consideradas críticas. O objetivo desse monitoramento, de acordo com Manuy Chang, coordenadora de mudanças climáticas da Secretaria Estadual do Meio Ambiente, é conhecer a poluição do ar e determinar os números dessa poluição. “Identificamos os períodos mais críticos, quais os gases em cada região e a quantidade de cada um deles. Isso vai determinar o trabalho nessa área para nivelar os níveis de poluição e criar estratégias para o cuidado da qualidade do ar pela população com apoio do governo”, comenta Manuy.

Matéria publicada originalmente na edição 18 - Revista Geração Sustentável(Lyane Martinelli) Clique na imagem e tenha acesso às últimas edições

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Nova lei para destino do lixo

Política Nacional de Resíduos Sólidos: quem não obedecer novas regras de responsabilidade pelo lixo vai cometer crime federal

O Brasil agora tem uma lei para dar tratamento adequado às mais de 150 mil toneladas de lixo que são produzidas diariamente nas cidades brasileiras. Há pouco tempo, foi sancionada a Política Nacional de Resíduos Sólidos, que promete mudar a rotina das pessoas, empresas e governos. A partir de agora, quem lançar resíduos perigosos na natureza de forma incorreta pode ir parar na cadeia, afinal não cuidar do próprio lixo agora é crime federal. Com a novidade, quem também sai ganhando são os profissionais da reciclagem e os projetos de aproveitamento energético do lixo.

De acordo com dados que embasaram o projeto, do lixo produzido no Brasil, 59% vão para os chamados lixões. Apenas 13% do lixo têm destinação correta, em aterros sanitários. Dos 5.564 municípios brasileiros, apenas 405 tinham serviço de coleta seletiva em 2008. Apesar do problema ser latente, esse projeto que regulamenta a questão foi apresentada na Câmara dos Deputados em 1989 e só começou a ser analisado em 1991. E foi somente em 2010 que foi aprovado e sancionado.

Com a nova lei, o que muda principalmente é que o projeto estabelece a responsabilidade compartilhada entre governo, indústria, comércio e consumidor final no gerenciamento e na gestão dos resíduos sólidos.


O que muda

O consumidor comum, pela lógica da responsabilidade compartilhada, terá que acondicionar de forma adequada o lixo para ser encaminhado à coleta, fazendo inclusive a separação onde houver coleta seletiva. Todos estão proibidos de descartar resíduos sólidos em praias, no mar, em rios e em lagos.

O cenário também muda para o poder público. Os municípios terão um prazo de quatro anos para fazer um plano de manejo dos resíduos sólidos em conformidade com as novas diretrizes. Todas as entidades estão proibidas de manter ou criar lixões. As prefeituras deverão construir aterros sanitários adequados, onde só poderão ser depositados os resíduos sem qualquer possibilidade de reaproveitamento ou compostagem. A União, os Estados e os municípios são obrigados a elaborar planos para tratar de resíduos sólidos, estabelecendo metas e programas de reciclagem. Os municípios só receberão dinheiro do governo federal para projetos de limpeza pública e manejo de resíduos sólidos depois de aprovarem planos de gestão. Os consórcios intermunicipais para a área de lixo terão prioridade no financiamento federal. O texto trata também da possibilidade de incineração de lixo para evitar o acúmulo de resíduos.

Comerciantes também vão ter que andar na linha. A nova lei obriga fabricantes, importadores, distribuidores e vendedores a criar mecanismos para recolher as embalagens após o uso. A medida valeria para o setor de agrotóxicos, pilhas e baterias, pneus, óleos lubrificantes, eletroeletrônicos e para todos os tipos de lâmpadas. Depois de usados pelo consumidor final, os produtos deverão retornar para as empresas, que darão a destinação ambiental adequada.
Outra mudança importante é que as cooperativas e associações de catadores e de reciclagem vão passar a receber incentivos por meio de linhas de financiamento.

O infrator que desrespeitar a nova lei estará cometendo um crime federal, que prevê pena máxima de cinco anos de reclusão e multa, de acordo com as sanções previstas para crimes ambientais relacionados à poluição. A pena, no entanto, não se aplica no caso do lixo doméstico.

Matéria publicada originalmente na edição 19 - Revista Geração Sustentável(Juliana Sartori) Clique na imagem e tenha acesso às últimas edições

Prateleiras mais saudáveis e também lucrativas

Maior acesso aos bens de consumo leva indústrias alimentícias a atender novas classes de consumidores

O aumento da renda do brasileiro e a alta na venda de produtos de varejo, impulsionada pela indústria alimentícia, estão ampliando a variedade de produtos e mudando a forma como as empresas se relacionam com o cliente no setor de alimentos. Essa nova relação entre a indústria alimentícia e consumidor também trouxe mudanças na legislação brasileira. Quem antes oferecia o que bem entendia nas prateleiras, hoje precisa repensar seu papel na sociedade para poder continuar em crescimento.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), órgão responsável pela formulação e fiscalização das normas de produção e venda de alimentos no Brasil, vem pressionando cada vez mais as empresas para garantir as boas práticas de fabricação. Em junho, a Anvisa se envolveu numa polêmica com o setor produtivo, ao publicar uma portaria que obriga as empresas a vincular em suas peças publicitárias alertas sobre os prejuízos que o excesso de sal, gordura e açúcar podem causar à saúde. Ou seja, obrigando as empresas que não respeitarem os limites do que é considerado saudável a “autocondenarem” em suas próprias embalagens. A decisão está suspensa por recomendação da Advocacia Geral da União para análise da competência da agência em regular a publicidade de alimentos, que é questionada pelos fabricantes.

A Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação (Abia) informou, em nota oficial, ser contra a resolução da Anvisa que obriga as empresas do setor a colocar alertas nas propagandas sobre os riscos à saúde do consumo excessivo dos alimentos muito doces, salgados ou gordurosos. Para a entidade, o que deve ser respeitado é a própria mudança de hábitos do seu consumidor e que esse processo já acontece naturalmente. “Essa preocupação é muito mais reflexo dos hábitos alimentares da população do que da composição dos produtos industrializados”, opina em nota.

Além disso, a associação argumenta que a medida da Anvisa apresenta “impropriedades constitucionais e técnicas”. Uma delas, segundo a Abia, é de que alimentos e bebidas não alcoólicas não integram a lista de produtos que devem ter advertência definida pela Constituição Federal – que inclui, tabaco, remédios e agrotóxicos. No entanto, caso a decisão da Anvisa passe a valer, os fabricantes têm seis meses para se adequar às novas regras. Quem descumprir as exigências sofrerá sanções – desde notificação, interdição a pagamento de multa, que poderá variar de R$ 2 mil a R$ 1,5 milhão.

Mercado emergente

A preocupação do Governo com o que a população anda consumindo não é à toa. O volume de vendas no varejo brasileiro subiu 11,5% no primeiro semestre. E este é o melhor resultado para o período desde o início da série calculada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2001. E o grande responsável pela alta foi o consumo nos supermercados, de produtos alimentícios, bebidas e fumo, que refletem um volume de vendas que subiu 10,4% no primeiro semestre.

No entanto, ao mesmo tempo em que os números mostram que a população consome cada vez mais, muitas empresas já perceberam que as pessoas também buscam maior qualidade no que é produzido. A população quer cada vez mais alimentos saudáveis e que se adequem à correria do dia-a-dia. Um exemplo é o aumento do consumo dos alimentos light e diet nos supermercados, representando que a população quer de alguma forma diminuir a quantidade de gorduras e açúcares dos alimentos consumidos.
Essas variedades consideradas mais saudáveis são também as mais rentáveis. Pesquisa realizada pela Associação Brasileira das Indústrias de Alimentos Dietéticos para Fins Especiais e Suplementos Alimentares (Abiadsa) revelou que alimentos diet e light são consumidos em cerca de 35% dos domicílios, com um crescimento do faturamento de quase 900% dessa indústria.

Pensando nesse lucrativo filão, os supermercados Pão de Açúcar, por exemplo, lançaram já há alguns anos a linha Taeq. O nome já diz tudo: une duas palavras de origem oriental: TAO (equilíbrio) + EKI (energia vital). De acordo com o grupo, a marca Taeq oferece soluções que ajudam a manter o equilíbrio do corpo e da mente do consumidor. São mais de 1200 produtos divididos em cinco diferentes seções: Nutrição, Orgânico, Beleza, Casa e Esporte.
Na Taeq Nutrição, por exemplo, a ideia é oferecer ao consumidor dos supermercados uma opção de alimentação balanceada, que também ser pode ser rápida e prática também, como qualquer bom industrializado. De acordo com a marca, a diferença está nos ingredientes. “São opções leves e equilibradas, com baixos teores de gordura e muito saborosas”, garante o texto da assessoria de imprensa da marca.

No caso das cooperativas, a procura por atender as necessidades do consumidor cada vez mais exigente se deu por meio dos investimentos no valor agregado, como diferentes cortes de carne e produtos previamente temperados, conforme explica o assessor da gerência técnica e comercial da Ocepar (Organização das Cooperativas do Estado do Paraná), Robson Mafioletti. Para ele, o crescimento dessas exigências teve início nos anos 1990, com a criação do Código de Defesa do Consumidor, e se ampliou com a concorrência e o maior acesso da população aos bens de consumo.

A necessidade de atender ao crescente mercado brasileiro foi tanta que a Ocepar criou em 2006 uma assessoria comercial específica para o varejo, com o intuito de orientar as cooperativas a explorarem o seu potencial competitivo. “As cooperativas estão investindo mais na agroindústria, por isso instituímos em 2006 o Fórum do Varejo, que possui várias ações para ampliar a participação no mercado”, ressalta Mafioletti. Entre as ações da assessoria estão a orientação dos associados para o melhor uso do potencial de imagem da gestão responsável das cooperativas, como a rastreabilidade da produção e os benefícios ao pequeno produtor, como forma de atrair mais consumidores.

Já a Nutrimental procurou fortalecer o portfólio de produtos para atender às classes emergentes. Para isso, lançou novas opções de mingau, barras de cereal e aveia, segundo o gerente de marketing e vendas da empresa, Rodrigo Motta. Além disso, a Nutrimental procurou investir em novas plataformas de comunicação, como a internet, para ampliar o relacionamento com o cliente.

Na opinião da Nestlé, o mercado atual possui uma maior demanda por alimentos saudáveis, motivo pelo qual vem ampliando os investimentos em pesquisas nas áreas de nutrição, saúde, qualidade e segurança alimentícia. E a gigante mundial de alimentos industrializados tem bons planos para o consumidor brasileiro, afinal o país já é quase o terceiro maior mercado da Nestlé, superando até mesmo o tradicional mercado da Alemanha. A multinacional indica que está de olho num mercado extra de 1 bilhão de potenciais novos consumidores nos países emergentes em dez
anos.

Mercado exterior

Para o assessor da gerência técnica e comercial da Ocepar, outro fator importante para a melhora na qualidade e no aumento das exigência internas foram as exportações e as necessidades do mercado exterior. “A exportação aumenta a competitividade. Se você não obedecer as exigências, está fora. Isso influenciou a produção no mercado interno, que acabou se beneficiando”, avalia Mafioletti.

Por outro lado, o gerente de marketing da Nutrimental lembra que as exigências da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), responsável pela fiscalização e regulação do segmento, se baseia em normas internacionais, e que embora cada país tenha suas características, sempre se aprende com a relações com o exterior. Entre as referências da agência brasileira para a qualidade dos produtos estão as normas estabelecidas pela União Europeia, pelo comitê da FAO – Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação – e pelo Mercosul.


O novo perfil do mercado consumidor

Segundo estudo do Ministério da Fazendo divulgado em agosto, a classe média no Brasil terá 113 milhões de pessoas até 2014, representando 56% da população no país. O dado foi apontado pelo relatório “Economia Brasileira em Perspectiva”, que indica um aumento de 9,7% da classe C em quatro anos.
Composta por 103 milhões de brasileiros com rendas entre R$ 2.040 e R$ 5.100, a classe C registrou um salto de 56% de 2003 para cá. Conforme o estudo, nesses sete anos cerca de 37 milhões de brasileiros saíram da base da pirâmide social. O poder de compra das classes C e D evoluiu e houve aumento de participação no ranking de potencial de consumo. É um novo mercado que as empresas devem ficar de olho.

Matérias publicadas originalmente na edição 19 - Revista Geração Sustentável(Fábio Cherubini) Clique na imagem e tenha acesso às últimas edições!

Notas Curtas: Sustentando


Sorte para as árvores
Os bilhetes da Mega-Sena passarão de 14 centímetros de comprimento para 12 centímetros. A redução de dois centímetros de papel pretende evitar a derrubada de árvores. De acordo com a Caixa Econômica Federal, em dias de muita movimentação, as mais de 10 mil lotéricas do Brasil movimentam até 20 milhões de apostas. O volume de papel gasto nos jogos chega a 3 milhões de metros. Com a economia dos dois centímetros, em um ano, a Caixa vai evitar que 2,2 mil árvores sejam derrubadas.

Pequenos grandes gestos
Um estudo divulgado pelo Grantham Institute for Climate Change do Imperial College de Londres mostra que simples gestos como apagar as luzes, desligar a televisão ou reduzir o uso de água aquecida nas máquinas de lavar pode ter muito mais resultado na redução das emissões de gases de efeito estufa do que se esperava. O estudo mostra que a economia energética dos consumidores pessoa física pode ser maior do que 60% e o impacto é grande. O estudo recomenda que os governos continuem estimulando essas mudanças de comportamento, ao mesmo tempo que apoiam a adoção de fontes renováveis.

Construção verde na web
A Even, uma das maiores construtoras e incorporadoras do Brasil, está lançando o jogo on-line Construtor Verde. Pioneira na área, a iniciativa visa disseminar as práticas de responsabilidade socioambiental. O objetivo do jogo é construir um bairro ecologicamente sustentável, a partir da instalação de prédios com características de preservação do meio ambiente. A escolha dos materiais e o posicionamento dos cômodos, por exemplo, são fatores que podem promover o jogador entre os 20 níveis de dificuldade e fazer com que ele acumule "experiência verde". Destinado a jovens e adultos, o jogo pode ser acessado gratuitamente pelo site http://www.construtorverde.com.br/.

Copo de gelatina
O escritório de design The Way I See the World lançou copos ambientalmente corretos e também bastante divertidos. Trata-se do Jelloware, copo comestível feito de um tipo especial de gelatina de algas. A invenção ecológica vem em três sabores: limão e manjericão, gengibre e hortelã e alecrim e beterraba. Diferentemente dos copos feitos de vidro ou plástico, que podem ser guardados no armário da cozinha, os de gelatina devem ser armazenados na geladeira. Mas, quando em uso, eles podem ser manuseados como qualquer copo. E quem não quiser comer, pode jogar o recipiente fora no lixo comum ou na grama de casa, sem culpa na consciência. Diferente dos copos de plásticos descartáveis, o Jelloware é biodegradável e ainda serve como nutriente para plantas.

Lenta mudança
A pesquisa 2010 Gibbs & Soell Sense & Sustainability Study entrevistou executivos das 1000 maiores empresas americanas listadas pela revista Fortune para revelar que apenas 29% deles e 16% dos consumidores sentem que a maioria das companhias está adotando práticas ambientáveis mais saudáveis. A percepção de que práticas de negócios verdes são agradáveis e não uma necessidade é evidente na pesquisa, com 78% citando uma falta de retorno de investimentos como uma forte barreira para a adoção de práticas mais sustentáveis. Cerca de 70% dos executivos disseram que a pouca disposição dos consumidores de pagar mais por produtos verdes é a segunda maior barreira, e 45% acham que a dificuldade de avaliar a sustentabilidade no ciclo de vida de um produto é um grande desafio.

Mar virando sertão
A ONU lançou em Fortaleza a Campanha da Década dos Desertos e da Desertificação. O objetivo é atrair a atenção e a sensibilidade das autoridades e da população em defesa de medidas de proteção e gestão adequada das regiões atingidas pela seca. A degradação da terra ameaça a subsistência de mais de 1 bilhão de pessoas em cerca de 100 países. As informações são das Nações Unidas. Os principais problemas são causados pela degradação contínua do solo devido às mudanças climáticas, à exploração agrícola desenfreada e à má gestão dos recursos hídricos. Este conjunto de dificuldades provoca ameaça para a segurança alimentar e pode levar à fome das comunidades afetadas, além de gerar a degradação de solo produtivo. Dados do Programa de Meio Ambiente da ONU (Pnuma) apontam que um terço da população mundial vive em regiões atingidas pelos desertos, o que na prática provoca ameaças econômicas e ambientais. A desertificação abrange mais de 3,5 milhões de hectares, que representam 25% do mundo. (Fonte Agência Brasil)

Acordo de preservação
Brasil e Estados Unidos assinaram em agosto um acordo na área de meio ambiente para conversão da dívida brasileira com a Agência Internacional de Cooperação dos Estados Unidos (Usaid – sigla em inglês) em investimentos na preservação e conservação de florestas tropicais. O acordo prevê que serão destinados US$ 21 milhões para projetos nas áreas de conservação, manejo e monitoramento. O acordo só foi possível porque os Estados Unidos aprovaram em 1998 uma lei que permite a troca de dívida por investimentos no meio ambiente. A ministra do Meio Ambiente, Isabela Teixeira, disse que o primeiro edital para projetos relativos ao acordo deve sair até o fim do ano. A expectativa é investir em biodiversidade, conservação, áreas protegidas, manejo, populações tradicionais por meio de projetos de desenvolvimento local, em monitoramento e vigilância. Segundo a ministra, os recursos deverão ser destinados à preservação e conservação da Mata Atlântica, do Cerrado e da Caatinga.

Por que pisos de madeira?
A questão de utilizar ou não pisos de madeira sempre levantou algumas dúvidas. O fato de utilizar madeira nobre não quer dizer que o produto não respeita o meio ambiente. Ao contrário, sua extração controlada e certificada garante que o consumidor utilize um produto de qualidade, que tenha uma durabilidade muito maior, evitando assim, a troca constante do material. Pelo lado estético e de bem estar, o piso de madeira agrega aconchego e bem estar a qualquer ambiente, isso porque, ele consegue transmitir a vida e a receptividade característica da madeira, que não está presente em produtos industriais que imitam apenas a questão visual da matéria-prima. Para Roseli Karam, gerente de marketing da Cikel Brasil Verde, “Extraída de forma sustentável e atestada ambientalmente, a madeira se torna uma matéria-prima altamente viável e utilizável. São produtos provenientes de florestas certificadas pelo FSC – Forest Stewardship Council e aprovados em todas as leis ambientais de preservação.


Matérias publicadas originalmente na edição 19 - Revista Geração Sustentável
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terça-feira, 28 de setembro de 2010

Braskem inaugura fábrica de eteno verde em Triunfo-RS e assume a liderança global em biopolímeros

A Braskem inaugurou no Pólo Petroquímico de Triunfo (RS), a maior unidade industrial de eteno derivado de etanol do planeta, que vai permitir a produção de 200 mil toneladas de polietileno verde por ano. Com o início das operações, a empresa passa a fornecer ao mundo resina de origem renovável e avança em sua estratégia de tonar-se líder mundial em química sustentável, com diversificação das suas fontes de matéria-prima competitiva. Foram investidos cerca de R$ 500 milhões no projeto, concebido com tecnologia própria da companhia.

“A realização desse projeto constitui um marco histórico para a Braskem, e materializa um sonho partilhado com nossos Clientes, que passam a contar com a opção de um produto ainda mais sustentável”, afirma o presidente da empresa, Bernardo Gradin. Isso porque o plástico verde apresenta um balanço ambiental muito favorável, ao retirar até 2,5 toneladas de carbono da atmosfera para cada tonelada produzida de polietileno desde a origem da matéria-prima. “Pode-se dizer que o plástico verde da Braskem é feito de CO2, capturado da atmosfera na fotossíntese da cana-de-açúcar. É ainda o mais competitivo entre todos os plásticos de origem renovável, e isso tem sido amplamente reconhecido pelo mercado, que registrou demanda para 3 vezes a capacidade da planta”, acrescenta Gradin.

Desde o ano passado, a Braskem estabeleceu uma série de parcerias para fornecimento de polietileno verde a Clientes nacionais e internacionais que adotam o desenvolvimento sustentável como pilar de sua estratégia de mercado. Desse grupo pioneiro de empresas fazem parte Tetra Pak, Toyota Tsusho, Shiseido, Natura, Acinplas, Johnson&Johnson, Procter&Gamble e Petropack, entre outras. Produtos destinados à higiene pessoal e limpeza doméstica, embalagens de alimentos, brinquedos, utilidades domésticas estão entre as primeiras aplicações do plástico de origem renovável.

A unidade de eteno verde teve o prazo de construção antecipado para 16 meses, abaixo do orçamento, sem acidentes com afastamento. A Braskem colocou como desafio à sua equipe executar o projeto no menor tempo possível com segurança máxima pela sua extrema relevância. “A decisão de antecipar a compra de equipamentos críticos, o esforço da área logística para acelerar a sua chegada e o perfeito entrosamento entre as equipes de tecnologia, engenharias básica, de detalhamento e de produção foram essenciais para alcançar essa meta”, afirma Manoel Carnaúba, vice-presidente da Unidade de Petroquímicos Básicos.

A especificação do eteno ocorreu 12 horas após a partida da unidade, em 3 de setembro, e a produção de polietileno verde começou uma semana depois. O processo de polimerização, que converte eteno em resina, utiliza unidades já existentes da Braskem no Polo de Triunfo. O produto final tem exatamente as mesmas propriedades e características do polietileno tradicional, podendo ser processado nos equipamentos dos Clientes sem necessidade de adaptações.

A construção e a montagem foram executadas pela Construtora Norberto Odebrecht. A Genpro, mesma empresa do projeto da unidade de polipropileno de Paulínia, atuou com a expertise em engenharia, a OPI com o suprimento internacional, e a Braskem com a tecnologia, o Projeto Conceitual e Básico, além do gerenciamento da aliança.

Mais de 2.200 trabalhadores atuaram na construção da planta, dos quais mais de 700 eram moradores de Triunfo e arredores. Desse total, 174 formados pelo Programa Acreditar, que capacitou, durante oito meses, cerca de 250 moradores de Triunfo nos cursos de eletricista, montador de estruturas, encanador, carpinteiro e soldador.

O projeto do PE Verde consumirá cerca de 462 milhões de litros de etanol/ano, volume que inicialmente será adquirido em regiões como São Paulo, Minas Gerais e Paraná. Com a partida da planta de eteno verde, a Braskem passará a consumir 570 milhões de litros de etanol em suas unidades no RS, praticamente o mesmo volume do consumo total do Rio Grande do Sul (600 milhões). Destes, 150 milhões correspondem ao utilizado na planta de ETBE.

O etanol será fornecido mediante contratos já firmados com alguns dos principais produtores nacionais. A relação com esses fornecedores será regida por um Código de Conduta específico que prevê critérios de sustentabilidade, como cumprimento das diretrizes ambientais – especialmente as relacionadas no Protocolo Ambiental do Estado de São Paulo, da legislação trabalhista e da regulamentação que trata da redução de emissão de gases de efeito estufa. Grande parte da matéria-prima chegará por via hidroviária e ferroviária e apenas uma pequena parte circulará por rodovias.

Em linha com sua estratégia de consolidar-se como a líder global da química sustentável, a Braskem tem intensificado suas pesquisas no desenvolvimento de outros biopolímeros, especialmente do polipropileno verde. Recentemente, acertou uma parceria com o Laboratório Nacional de Biociências (LNBio), em Campinas, no interior de São Paulo, para instalação de um laboratório a ser utilizado pela equipe de pesquisadores da empresa na área de biotecnologia.

A Braskem já avalia a possibilidade de implantar uma nova unidade de eteno verde diante do interesse demonstrado pelo mercado. “Os investimentos em biopolímeros confirmam a confiança da Braskem no crescimento do país e no potencial de que ele dispõe para liderar o desenvolvimento de produtos de origem renovável a partir do seu diferencial competitivo”, conclui Gradin.

Fonte: Braskem
(Blog do Plástico)

Sustentabilidade: O triunfo do verde

A sustentabilidade deixou de ser uma moda passageira para fazer parte do ADN das marcas e produtos, em todas as etapas do seu ciclo de vida

Primeiro, descobrimos que o verde era bom. Depois, ficamos a saber que também podia ser bonito. A trendsetter Li Edelkoort antecipou há pelo menos uma década aquilo que hoje é uma realidade: a imagem estereotipada que associava a "onda" ecológica a produtos pouco atraentes, rudimentares e de segunda escolha deixou de fazer sentido. O que faz sentido, e muito, é que os produtos sejam desenhados para serem 'verdes', sim, mas também belos, apetecíveis e sedutores. E não é por acaso que o seminário de tendências de Edelkoort para o verão de 2012, aplicado a indústrias tão diferentes como a moda e a alimentação se intitula, precisamente, "Earth Matters" (a terra importa).

Hoje, os produtos sustentáveis que inundam os mercados estão seguramente na primeira linha. São bio, eco, e tudo o que quisermos, mas são sobretudo cool, não apenas porque dizem muito sobre a consciência ambiental de quem os compra mas também porque se tornaram visual e emocionalmente atraentes.

Esta mudança deve-se, em grande parte, ao trabalho dos designers, que respondem às novas exigências dos consumidores com produtos inovadores, eficientes e de baixo impacto ecológico, sem sacrificar - antes pelo contrário - o seu apelo estético.Para se diferenciar e atrair a atenção do consumidor num mercado, que, apesar de 'verde', não deixa de ser feroz, não basta que um produto seja biodegradável. É preciso que seja bioagradável, isto é, que seja visual, sensorial e emocionalmente apelativo e atraente.

A emergência de um novo tipo de consumidor, informado e exigente, que para além da performance, das funcionalidades e da estética de um determinado produto, se interessa pela sua pegada ambiental (que materiais são usados, quais os métodos de produção, que energia consome, que desperdícios gera, qual o seu tempo de vida) empurra a questão da sustentabilidade para o núcleo de cada vez mais empresas. E os designers respondem com produtos à altura do novo contexto.

Acompanhando este movimento, a Taschen acaba de editar o livro "O Design de Produto na Era da Sustentabilidade", que recolhe mais de 100 projetos inovadores - muitos deles premiados - oriundos de mais de 20 países. A sustentabilidade está inscrita no ADN destes produtos desenvolvidos por alguns dos mais destacados ateliês de design do mundo, como a IDEO, a FuseProject, a Frog Design e a NewDealDesign. O livro, que contém fichas explicativas para cada produto, está organizado por áreas (eletrónica, energia, mobiliário, alimentação, vestuário, etc.) que dão conta da transversalidade da "onda verde". Assim, descobrimos chocolates com um impacto ambiental reduzido, computadores energeticamente eficientes, ténis com uma pegada ambiental quase invisível e até caixões de cartão, totalmente biodegradáveis, a metáfora perfeita para a ecologia no fim de vida de um produto.


Sustentável ou não, eis a questão


A definição de "design sustentável" não é consensual, até porque a própria sustentabilidade assume várias formas e não é facilmente mensurável. Em princípio, para ser verdadeiramente sustentável, um produto deve ser amigo do ambiente em todas as etapas do seu ciclo de vida: na conceção, no fabrico, na distribuição, na utilização (estima-se que 80% da pegada ambiental de um produto é gerada durante o uso) e na eliminação. Mas a realidade é que isso raramente acontece. Assim, a célebre máxima "Reduce, Reuse, Recycle" é muitas vezes posta em prática colocando a ênfase em apenas um dos três erres. Alguns optam por reduzir (produzindo menos ou consumindo menos), outros encontram novos usos para produtos antigos (mas até aqui parece haver um paradoxo, pois às vezes reutilizar é mais prejudicial do que fazer de novo) e outros ainda escolhem reciclar.

A verdade é que a questão da sustentabilidade passa de tendência - colada, muitas vezes a posteriori, ao produto - à própria essência do objeto.

No planeta design, assistimos a uma transferência das preocupações de sustentabilidade das margens para o núcleo do projeto. A revolução tecnológica acompanha o movimento, com a descoberta de novos materiais e soluções energéticas mais eficientes. Também no plano estético existem mudanças, e a neossustentabilidade surge como um encontro entre a nostalgia e o futuro, um diálogo entre mundos aparentemente distantes (o rural e o urbano, o artesanal e o industrial, o local e o global), consumado, muitas vezes, em linhas suaves e intuitivas, equilibradas e não contrastadas.

Todos querem subir ao barco. Das grandes empresas, como a norte-americana Emeco, que este ano lançou a 111 Navy Chair, uma cadeira feita a partir da reciclagem de 111 garrafas PET de Coca-Cola, atualizando um clássico dos anos 1940, aos designers independentes, como o Studio FormaFantasma, criador de uma coleção de objetos feita a partir da terra, com materiais orgânicos e improváveis, como farinha, ovo e canela. A onda verde cobre o planeta azul, mostrando como, nos dias que correm, o "estilo de vida" é também, e muito, uma questão de "ciclo de vida".


FONTE: Madalena Galamba (http://www.expresso.pt/)

Voluntários da "Casa do Contador de Histórias" doam tempo e sensibilidade para semear vida

Uma casa que guarda (e espalha) a força do imaginário

“Havia um contador de histórias que vivia feliz a espalhar seus contos para as pessoas. Histórias que faziam todas as gentes despertarem a força do imaginário. Ele contava suas histórias para duas, três, muitas pessoas. Até que um dia, alguém o viu contando uma história para o vazio e o indagou sobre aquele ato solitário. O contador respondeu:- Antes eu contava histórias para mudar o mundo, hoje conto histórias para que o mundo não mude a mim.”

Era uma vez um lugar dedicado à contação de histórias com pessoas que acreditam neste conto, citado acima. Este lugar é real: a Casa do Contador de Histórias, entidade de Curitiba, que surgiu oficialmente em 2003, pela vontade de pessoas de diversas áreas, que já no final da década de 90 usavam o imaginário para transformar. Martha Teixeira da Cunha e seu marido José Mauro dos Santos estão entre os fundadores da casa. Martha, que é psicóloga, já usava a metodologia da contação de histórias com cunho terapêutico e desenvolveu trabalhos nesta área em instituições, antes da fundação da casa. Mauro, filho do ator José Maria Santos, teve contato desde criança com as histórias, as narrativas. Atuou no teatro amador e aliou os contos ao seu trabalho de educador municipal.

Os dois amantes das histórias se conheceram em 1997 durante um sarau na casa de Martha. Mauro queria conhecer aquela contadora de histórias que a todos encantava. Tornaram-se amigos e depois, amores. Ela, com uma memória emotiva familiar: a avó materna, Cenira, que cozinhava e costurava em meio aos contos, e a avó paterna, Zulmira, nordestina conhecedora do folclore brasileiro. Ele, além do pai ator, teve contato com a vida simples do campo, e com o caseiro Timóteo e sua esposa Sebastiana, cheios de bons causos para contar. Tais refenciais de simplicidade fundamentam o trabalho destes contadores. “Cada um tem uma história para contar e isso é bom, pois é o que liga as pessoas”, acredita Martha.

A ideia de criar uma entidade para desenvolver o trabalho social contou com o apoio de amigos. Hoje, a Casa do Contador de Histórias – que é uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Ocip), reconhecida como de Utilidade Pública Municipal desde 2008 – reúne 55 voluntários, que revezam-se semanal ou quinzenalmente, para contarem histórias em onze instituições. Os espaços sociais atendidos abrangem instituições de saúde, de educação e de correção. A missão da casa é resgatar o ato milenar de contar histórias. Os contadores acreditam que é possível ajudar as pessoas a se conectarem aos seus sonhos e ao amor pela vida, despertando a consciência dos valores universais para a construção de um mundo melhor. A formação dos contadores se dá nas oficinas A Arte de Contar Histórias, que são oferecidas periodicamente.

A metodologia utilizada baseia-se no pensar, no sentir e no agir que explica as três pontas do chapéu usado pelos contadores. As contação baseia-se na experiência emotiva das imagens, no conteúdo afetivo da história. O foco é a história e não o contador. “Na narrativa oral há o senso de pertencimento: todo ser humano quer ser aceito. A história diz que você tem um espaço”, explica Martha. Os fundadores acreditam que a história resgata os processos essenciais, como a vontade de viver, de pertencer, de realizar seus sonhos. Por isso, os voluntários as levam para quem precisa: pessoas que se encontram em situação de risco social, doentes ou em situação de confinamento (pela doença, pela violência, pela idade, ou pela dor).

A intenção é de que cada ouvinte experimente nas histórias uma forma de liberdade, seja por meio de um depoimento, de um olhar, uma emoção. Inclusive, a cada roda – em que a fogueira dos antigos contadores está presente, simbolizada pela vela – os voluntários relatam as reações dos ouvintes, que de distantes e ausentes, passam, a cada palavra, a estarem mais presentes e atentos. “Melhorando a condição física e emocional das pessoas”, acrescenta Martha.

Ela ressalta que o imaginário cotidiano, contido nas histórias, é rico em valores, como a amorosidade, a simplicidade, que enfatizam a necessidade de cuidar do outro de forma carinhosa. Mauro lembra que o imaginário liberta. “Quem tem imaginação tem curiosidade, se não sabe de algo, corre atrás”, exemplifica o contador de histórias.

“As pessoas estão com medo de se apoderarem novamente de suas forças do imaginário. Perderam a noção do poder que têm para decisão, para suas escolhas. Isso aconteceu porque se afastaram de seu ritmo simples e natural de viver a vida”, comenta Martha, que esforça-se para, juntamente com os voluntários da casa, recuperar a força do imaginário de cada um, para que ninguém esqueça da magia concreta de um “Era uma vez...”. Esta história é real, mas entrou por uma porta e saiu por outra. Quem quiser, que conte, pense, sinta e faça outra!

Serviço: A Casa do Contador de Histórias recebeu uma sede para suas atividades no Centro Histórico de Curitiba, que está sendo reformada e deve ser aberta em dezembro. Saiba mais, acesse http://www.casadocontadordehistorias.org.br/. Telefone: (41) 9116-0587, e-mail: contato@casadocontadordehistorias.org.br.


Matéria publicada na Edição 19 - Revista Geração Sustentável (Criselli Montipo) Adicionar imagem
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Sustentabilidade e inovação são apontados como principais características nos perfis profissionais

Pensar na carreira hoje é uma preocupação que vai muito além dos antigos guias de vestibular, que certamente foram folheados por muitos profissionais da atualidade, quando ainda na adolescência estavam na dúvida sobre qual carreira seguir. Quem pára hoje para analisar que tipo de profissional quer ser no futuro vai encontrar um caminho um tanto quanto nebuloso. Um guia comprado na banca de jornal pouco vai ajudar a resolver essa questão. Afinal, o período atual é de transformação.

No entanto, há pelo menos uma grande certeza: o profissional do futuro, independente da área em que vai atuar, é aquele que sabe bem o que significa responsabilidade socioambiental e inovação. Pelo menos, é isso o que apontam todos os estudos de mercado e carreiras do futuro, a partir do cenário que se desenvolve no presente. Entre as pesquisas mais recentes, uma vem sendo elaborada de forma bem minuciosa no Paraná. Trata-se do projeto Perfis Profissionais do Futuro, que é um trabalho em conjunto feito por pesquisadores que fazem parte do Observatório de Prospecção e Difusão de Iniciativas Sociais do SESI/PR e o Observatório de Prospecção e Difusão de Tecnologia do SENAI/PR, e que ainda conta com a cooperação técnico-científica da Fundação OPTI – Observatório de Prospectiva Tecnológica Industrial, sediada em Madrid. O objetivo principal desse trabalho é identificar os perfis profissionais que serão demandados no futuro pelas empresas e pela sociedade, a partir dos sinais de mudança que o mercado já mostra no momento.

Segundo o coordenador do projeto, Sidarta Ruthes, o estudo é o resultado do Projeto Rotas Estratégicas para o Futuro da Indústria Paranaense, iniciado há alguns anos, que mostrou a necessidade urgente de formação profissional alinhada com as visões e as novas tecnologias para alavancar o desenvolvimento no Paraná. “Foram apontados doze setores estratégicos e quais os perfis profissionais que devem atuar nessas áreas daqui alguns anos. São cerca de 15 ou 20 perfis para cada setor”, aponta Ruthes.

Segundo coordenador, o que ficou evidente na pesquisa que deve ser finalizada e publicada até o final do ano é a importância da sustentabilidade em todos os setores e a preocupação com a inovação. “O que se vê nos perfis é a necessidade de um profissional capaz de inovar com inteligência, que saiba pensar de forma global e refletir as consequências de suas ações. Não é a inovação somente pela inovação”, analisa.

De acordo com Sidarta, a sustentabilidade , em alguns setores, apresenta-se como tendência mais forte, orientando um maior número de perfis profissionais, enquanto em outros impacta com menor intensidade. O setor que apresenta o maior número de perfis profissionais, por exemplo, é o de Biotecnologia, porém outros apresentam o maior número de perfis impactados pela tendência de sustentabilidade, como o de Meio Ambiente e o de Turismo. “No Turismo, o desenvolvimento sustentável já é debatido há mais de 20 anos, com o objetivo de reduzir os impactos causados pelas atividades turísticas e impulsionar o desenvolvimento local”, explica. Os setores contemplados na pesquisa de perfis profissionais do futuro são: Biotecnologia, Saúde, Turismo, Agroalimentar, Energia, Produtos de Consumo, Papel e Celulose, Metal Mecânico, Plásticos, Meio Ambiente, Construção Civil e TICs (Tecnologias da Informação e Comunicação).

“Este projeto não tem como objetivo criar novas carreiras, mas apontar os perfis profissionais. Muitas vezes, uma mesma pessoa pode acumular três ou quatro desses perfis na sua área de atuação”, explica. Assim que o projeto for concluído, ele será para as instituições de Ensino Tecnológico e Superior no Estado, para poder orientar os cursos a seguirem o rumo da formação desse novo profissional. “As escolas ligadas ao Sistema Fiep serão as primeiras a se atualizarem”, afirma.


Meio ambiente no escritório

Outra pesquisa que aponta quais são as novas carreiras que devem surgir na próxima década é o projeto chamado Carreiras do Futuro, realizado pelo Programa de Estudos Futuros (Proturo) da Fundação Instituto de Administração (FIA), que faz parte da Universidade de São Paulo (USP). O estudo, coordenado pelo professor James Wright, aponta as áreas mais promissoras e onde estarão as oportunidades de negócios para empreendedores até o ano de 2020. Segundo os especialistas consultados, a ênfase crescente na inovação, a busca por qualidade de vida e a preocupação com o meio ambiente estarão entre os fatores mais relevantes no delineamento das carreiras mais promissoras.

Os negócios potenciais estarão no setor de serviços, em áreas como saúde e qualidade de vida, turismo e lazer, alimentação, serviços para a terceira idade e consultorias especializadas (tais como sustentabilidade, desenvolvimento de carreira, consultoria pessoal e planejamento financeiro). Entre as novas carreiras mais promissoras apontadas, há pelo menos uma que chama bastante atenção: é o gerente eco-relações.

A pesquisa, que consultou 112 executivos e líderes empresariais, mostra que a carreira mais promissora no futuro será a do profissional capaz de melhorar o relacionamento entre os grupos envolvidos com a empresa, como entidades não governamentais, poder público, sociedade e meio ambiente. Ele também será responsável por ressaltar os impactos positivos dessa nova relação que empresa deve criar com seu entorno. Segundo Wright, essa atividade já vem surgindo nas empresas, mas não há ainda uma pessoa destacada para essa função. No entanto, setores de uma empresa ou lideranças dentro da empresa já se responsabilizam por atividades similares. Em algumas corporações, por exemplo, que faz essa função são os líderes em sustentabilidade, executivos de médio escalão ligados aos departamentos ou áreas de responsabilidade socioambiental.

De acordo com o estudo Carreiras do Futuro, prevê-se que a ascensão da sustentabilidade nos negócios além de fazer surgir novas carreiras transformará as profissões já existentes. As carreiras, especialmente as ligadas à gestão precisarão incorporar uma visão mais sistêmica, já que serão necessários profissionais capazes de enxergar o todo e não somente uma parte interessada, reavaliando valores e atitudes.


Quem é o profissional do futuro

O profissional do futuro, preocupado com sustentabilidade e inovação, é sem dúvida alguém que pode atuar nas mais diversas áreas. O importante é tentar identificar qual é o modelo desse profissional, como ele pensa e qual o seu poder transformador. E é exatamente isso o que analisa a empresária e psicóloga com MBA em Gestão Empresarial, Marilda Wilczek Morschel, que tem experiência de 28 anos na área de Gestão de Pessoas e Recursos Humanos.

“O perfil do profissional preocupado com a sustentabilidade é bastante interessante. É uma pessoa de bons relacionamentos, com amplo e efetivo network, que pensa no negócio como um todo, que sabe fazer conexões entre todos os públicos envolvidos no negócio da empresa, tem grandes conhecimentos em programas internos, endomarketing e envolvimento do público interno para o engajamento e mobilização para as ações de Sustentabilidade”, aponta. Segundo a psicóloga, que é sócia-diretora da empresa Nossa Gestão de Pessoas e Serviços, esse profissional não só conhece programas de Gestão de Pessoas, mas tem muita informação e habilidade para sintonizar tanto acionistas quanto comunidade para o bem comum, gerando resultados sustentáveis para as organizações. “Ele deve ter boa habilidade em tratar e analisar Indicadores de Resultados e Gerenciamento de Projetos, adaptando-os para os objetivos estratégicos da organização e alinhados com estes a todo tempo”, diz.

Segundo a empresária, vive-se hoje o tempo em que a própria maneira de se relacionar com o outro ganha novo enfoque. “As pessoas estão se preocupando mais com suas ações, com a ética, com a responsabilidade sob todos os aspectos, seja consigo mesma, com os outros ou com o planeta. E estes conceitos já são repassados em muitas escolas. Nossas crianças e jovens já têm contato com isso desde muito cedo, diferente das gerações anteriores”, analisa a psicóloga ao falar dos valores que o profissional do futuro ligado à sustentabilidade carrega.

Esse profissional, a psicóloga explica, é muito mais do que alguém que implanta um programa de reciclagem de papéis, por exemplo. Ele tem uma tarefa muito mais consistente a cumprir. “Já passamos da fase das preocupações com questões de reciclagem, cuidados e ações meramente sociais. Estamos no Brasil no momento de gerar resultados e mobilizar as lideranças das organizações para conduzirem-nas com este outro foco, mais amplo”, analisa.

Marilda também aponta alguns casos de carreira que hoje já exigem esse perfil de profissional: “alguns cargos que podemos encontrar hoje com essas características são os analistas, gestores e diretores de sustentabilidade ou de responsabilidade social. Outros ligados a Comunicação Interna e Desenvolvimento de Pessoas com foco em Sustentabilidade, sendo implícito nas atribuições e nas descrições de cargo destes”, diz. De acordo com a empresária, existem hoje várias posições ligadas à Sustentabilidade nas organizações e que estão à procura desse profissional. “Na maioria dos casos são cargos vinculados a área de Gestão de Pessoas/RH e também posições ligadas a Fundações e Institutos, que também se ampliaram muito nos últimos dez anos”.

Segundo ela, o que tem sido bastante comum, principalmente nas empresas de grande porte, ao recrutarem seus funcionários, é a procura por profissionais mais jovens, com pouca experiência, mas com uma visão alinhada a este propósito. “Muitas vezes a empresa busca contratar este profissional, que já tem muitos conceitos internos de Sustentabilidade e treiná-lo de acordo com suas políticas e seu modelo de gestão”, conta. “É uma nova carreira que está surgindo e crescendo vertiginosamente no Brasil, principalmente com boas oportunidades tanto em empresas nacionais como estrangeiras”, afirma.


Áreas Promissoras

Gestão de Resíduos
- Desenvolver tecnologias de separação, classificação e separação de resíduos;
- Promover parcerias entre produtores, transportadores e receptores de resíduos e subprodutos;
- Desenvolver indicadores qualitativos de resíduos

Recursos Hídricos
- Desenvolver tecnologias de controle on-line de redes de distribuição;
- Avaliar sistemas de detecção de vazamentos;
- Otimizar os sistemas de irrigação;
- Criar tecnologias para tratamento de efluente

Gestão de GEE - Gases Efeito Estufa
- Desenvolver tecnologias para captura dos GEE;
- Aprimorar as técnicas existentes de separação de GEE dos resíduos gasosos;
- Viabilizar novas técnicas para substituição da injeção dos gases no subsolo;

Biotecnologia
- Desenvolver processos biotecnológicos para tratamento de resíduos;
- Desenvolver técnicas para redução do potencial poluidor e da toxicidade de resíduos;
- Aplicar processos biotecnológicos no contexto industrial, visando a produção mais limpa;

Eficiência Energética
- Prospectar tecnologias que otimizem o uso da energia em máquinas e equipamentos;
- Desenvolver recursos que aumentem a eficiência energética de equipamentos obsoletos;
- Criar tecnologias que permitam a geração distribuída de energia;
- Desenvolver sistemas de baixo custo para geração distribuída;

Mobilidade Urbana
- Desenvolver um plano urbanístico sustentável integrando conhecimentos de planejamento urbano;
- Planejar iniciativas para melhorar proteção nas zonas urbanas;
- Promover mudanças com o objetivo de melhorar uma dada comunidade

Ecodesign e Ciclo de Vida de produtos
- Desenvolver produtos com facilidades para reciclagem
- Orientar os demais profissionais envolvidos com o produto quanto às implicações ambientais;
- Implementar e controlar ações viáveis para a gestão do ciclo de vida do produto;
- Incentivar a logística reversa


Matéria de Capa: Edição 19 - Revista Geração Sustentável (Juliana Sartori)
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Artigo: Será que o Brasil decola?

A edição de 12.11.2009 da Revista The Economist foi recebida com euforia pela Comunidade Econômica Internacional e, principalmente pelo Governo Brasileiro, capitaneado pelo Presidente Luis Inácio “Lula” da Silva. Com a capa estampada sob o título “Brazil takes off”, ou seja, “O Brasil decola”, o editorial faz elogios rasgados ao recente desenvolvimento do país, entretanto, sem meias palavras, afirma também que o maior risco para o grande sucesso da América Latina é a prepotência.
O artigo começa com a história da formação do acrônimo BRIC, constituído pelas iniciais de Brasil, Rússia, Índia e China. O termo foi concebido e utilizado sabiamente pelo economista Jim O’Neill, chefe de pesquisa em economia global do grupo financeiro Goldman Sachs, em 2001. A sigla em inglês também pode significar tijolo em alusão à formação de uma nova comunidade com elevado potencial de desenvolvimento econômico.
No início, os críticos foram reticentes à presença da letra B, representada pelo Brasil, entretanto, oito anos depois da sua concepção, “o ceticismo parece fora do lugar”, descreve a publicação. De acordo com as previsões, em algum lugar na década, depois de 2014, muito antes do que o Goldman Sachs foi capaz de prever, o Brasil deve passar a ocupar o lugar de 5ª maior economia mundial, ultrapassando a França e a Inglaterra com relativa facilidade.
A publicação ressalta que o Brasil já fez sua entrada no palco mundial, mencionando a campanha vitoriosa do Rio de Janeiro como sede das Olimpíadas de 2016, dois anos após a realização da Copa do Mundo de 2014. Essas duas conquistas já seriam suficientes para referendar o país na lista dos mais desenvolvidos e atraentes do planeta em termos econômicos, entretanto, ainda há muito chão pela frente.
Embora o crescimento do país tenha sido considerado não repentino, mas consistente e contínuo, o que torna a decolagem brasileira muito mais admirável é o fato de ter sido alcançada através de reformas e decisões democráticas que antecederam ao Governo Lula, porém continuaram a ser respeitadas por ele.
Independentemente dos discursos políticos inflamados e da reivindicação da paternidade, o fato é que, em algum tempo, um novo plano econômico e uma nova filosofia de governo foi capaz de domar a inflação, conceder autonomia ao Banco Central, privatizar empresas de interesse muito mais político do que público e privado e, principalmente, abrir a economia para a entrada do capital e do investimento estrangeiro.
Ao contrário da China, considerado o país mais promissor do mundo atual, somos uma democracia com todos os seus defeitos e suas qualidades, o que nos ajuda e ao mesmo tempo nos prejudica. Se, por um lado, podemos discutir, criticar, participar de alguma forma nas decisões políticas através da eleição dos nossos legítimos representantes na Câmara e no Senado, por outro, os resquícios do colonialismo, da politicagem, da falta de senso crítico, da inversão de valores e da “ilusão das massas” ainda nos incomoda.
Não existe modelo econômico e político ideal. Países desenvolvidos como os Estados Unidos, Japão, Dinamarca e Suécia, além de vários países da Europa enfrentam os sérios problemas para sustentar modelos econômicos e políticos adotados como referência mundial e que, durante a crise de 2008, foram afetados pela crise econômica mundial.
Acreditar que o Brasil decola passa por uma questão de fé no sistema, nas pessoas, na economia, na educação e na política. Isso é fruto da conscientização acelerada em relação aos tipos de governantes que queremos eleger, ao país que queremos construir ao legado que pretendemos deixar para nossos filhos e netos.
Ser a quinta potência econômica mundial é um fator relativo se concluirmos que isso não poderá reduzir a desigualdade e proporcionar chances de crescimento pessoal e profissional para todos. O fato de o Brasil decolar é um grande avanço em termos de desenvolvimento econômico, mas o que garante a sustentabilidade do vôo é a consciência de que a turbulência é cíclica e a habilidade do piloto é fundamental.
** Artigo Publicado originalmente na edição 19 da Revista GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

Jerônimo Mendes
Administrador, Consultor, Escritor e Mestre em Organizações e Desenvolvimento.

Junior Achivement - Nova Geração Empreendedora

Nascidos na era da abundância dos recursos naturais, os jovens da geração Y e seus antepassados não tinham o hábito de conversar sobre sustentabilidade em sala de aula, muitos conheceram esta palavra após entrar no mercado de trabalho. Mas esta nova geração de empreendedores sabe muito bem o que isto significa e agora estão prontos para criar negócios que contribuam para o crescimento sustentável de nossa sociedade. Um indicador dessa mudança de comportamento é percebido claramente nos estudantes que participam do Programa Miniempresa, um projeto da Associação Junior Achievement.

No Programa Miniempresa os alunos do ensino médio, da rede pública e privada, aprendem na prática o funcionamento do mundo dos negócios através da criação e administração de uma Miniempresa Estudantil. Durante o projeto os estudantes vendem ações para compor o capital inicial da organização, escolhem um produto, compram matéria-prima, produzem e comercializam, pagam salários, impostos, aluguel e encerram as atividades da Miniempresa distribuindo os dividendos aos seus acionistas. Entre tantas preocupações que nossos jovens empreendedores têm ao longo das atividades, a sustentabilidade é sem dúvida a mais evidente, permeando todas as decisões estratégicas, ela é trabalhada naturalmente por uma geração que entende a importância do tema para o sucesso de qualquer empreendimento.

A Junior Achievement Paraná realiza uma Formatura para os miniempresários que concluíram o programa, durante o evento são entregues premiações às equipes que se destacaram, um dos prêmios é chamado “Produto Destaque”. A Miniempresa vencedora do prêmio Produto Destaque é eleita através do voto de empresários de renome no cenário paranaense. Os produtos premiados refletem a preocupação dos nossos jovens com o planeta, no ano de 2008 quem recebeu o prêmio foi a Miniempresa SER - Ser Ecologicamente Responsável, que comercializava bolsas ecológicas produzidas com sacolas plásticas descartáveis, em 2009 os vencedores foram os miniempresários da LumiLIFE, eles produziram luminárias com garrafas pet e latas de alumínio, já neste ano de 2010 os premiados foram os alunos da Eco Case, com os estojos e nécessaire confeccionados com chapa de Raio X e garrafa pet, todas as matérias-primas citadas seriam descartadas na natureza e por isso a preocupação dos estudantes em transformá-las em novas mercadorias.

Se você tem o desejo de acompanhar de perto o trabalho desta nova geração de empreendedores pode enviar seu cadastro através do nosso site: http://www.japr.org.br/ e participar de nossos treinamentos.


Matéria publicada originalmente na edição 19 - Revista Geração Sustentável

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Mineração e a busca da sustentabilidade

Setor que está presente no cotidiano de todos está em busca da redução de impacto ambiental

Em cada produto ou material comercializado no Brasil, há uma porcentagem dos produtos provenientes da extração de minerais no país. Desde o material que faz parte das paredes das casas, até as tintas que colorem roupas e dão vida as letras dessa revista, os papéis e móveis, passando pelas embalagens e até alimentos. Todos esses produtos contêm minerais em sua composição ou são gerados a partir de minérios, evidenciando a importância da mineração na vida do planeta. Cerca de 80% do que se utiliza nos dias de hoje tem a presença de minerais e isso faz com que o setor seja responsável por uma grande movimentação econômica. Só no Brasil, um terço do PIB vem da mineração, incluindo a questão de comercialização e empregos relacionados à área.

O Brasil, por sua grande extensão territorial, tem um grande potencial na área de mineração. Estados como Minas Gerais, Pará e Bahia são depósitos desses materiais e sustentam as necessidades do Brasil e do exterior na questão de extração de minerais. No Brasil, as grandes quantidades de minérios disponíveis para extração fazem do país um pólo na produção e grande fornecedor de minerais para a indústria mundial.

O Paraná é um estado potencial dentro do setor de mineração. Hoje, de acordo com dados da Mineropar, o estado é o segundo maior produtor de cimento do país, com a maior planta individual do Brasil na área cimenteira. A produção do Paraná hoje tem como destaques a produção do calcário agrícola, da cal, areias, britas, água mineral, argilas para a indústria cerâmica, minerais não metálicos, cimento, ouro, diamantes, pedras semi-preciosas, xisto e carvão. De acordo com Eduardo Salamuni, diretor presidente da Mineropar, “a produção mineral do Paraná atende toda a necessidade do estado, principalmente nas atividades que necessitam de produtos minerais na sua produção. É o caso da produção agrícola. Hoje, a produção de calcário agrícola do Paraná é toda consumida dentro do estado. Isso garante, inclusive, a competitividade de preços dos produtos agrícolas diante a produção de outros estados.”

Para o Coordenador do Conselho Setorial da Indústria Mineral da FIEP, Cláudio Grochowicz, o setor de mineração no Paraná tem crescido muito nos últimos anos e tem ainda potencial de crescimento elevado. “Hoje o Paraná produz mais de 20 milhões de toneladas anuais de minérios. Os salários e a busca por profissionais qualificados vêm crescendo no setor, que está se transformando em um excelente ambiente para a carreira de novos profissionais em diversas áreas. Para ter uma ideia, o Paraná produz 11,8% de todo o cimento produzido no Brasil. Além disso, são produzidos aqui 4% dos pisos e revestimentos, 24% do calcário agrícola de todo o Brasil e 28% da cal brasileira”, comenta Grochowicz.


Questões ambientais na mineração

Além da produção com níveis considerados bons diante do cenário brasileiro, a indústria mineradora do Paraná está caminhando dentro das questões ambientais na produção. De acordo com Salamuni, algumas empresas do Paraná já estão preocupadas com a correção do solo após esterilização das minas. “Temos alguns bons exemplos de cuidado com a extração e a manutenção dos espaços após a retirada de material, como a Petrobrás em São Mateus do Sul e a extração de areia no Rio Paraná”, comenta Salamuni. Buscando melhorar as questões ambientais nas empresas mineradoras paranaenses, a Mineropar tem estabelecido um programa de aconselhamento técnico às empresas mineradoras do estado. Com isso, tem feito uma ponte entre os produtores e os órgãos fiscalizadores, favorecendo o cumprimento da legislação.

O engenheiro civil Fauáz Abdul-Hak, presidente da Associação Nacional das Entidades de Produtores de Agregados para Construção Civil (Anepac) e responsável pela empresa paranaense Pedrapar, é um dos apoiadores da questão da sustentabilidade na atividade de mineração. “Existem inúmeros exemplos de mineração muito próxima de grandes centros e que coexistem harmoniosamente. A sustentabilidade é um conceito muito amplo, porém se olhado pelo lado prático, uma mineração gera emprego e renda, tributos e o próprio minério, essencial para o desenvolvimento. Então é sustentável”, afirma Hak.

Para Grochowicz, o futuro da mineração em harmonia com o meio ambiente vem do alinhamento de projetos na área. “Os planejamentos estratégicos, contemplando a inovação, a sustentabilidade e a agregação de valor nas suas plantas de industrialização são a forma de encontrar o equilíbrio no crescimento no setor com responsabilidade ambiental. Para o futuro, será preciso controlar o aumento racional das lavras, através da melhoria da qualificação de sua mão-de-obra e do uso de técnicas que permitam um melhor aproveitamento das jazidas a um menor custo”, afirma.


Lyane Martinelli (revista GERAÇÃO SUSTENTÁVEL)

O lugar do desenvolvimento sustentável nas eleições

Levantamento da Geração Sustentável entre presidenciáveis constata mais diretrizes que programas para sustentabilidade

Qual é o destaque que o assunto desenvolvimento sustentável possui nos programas de governo dos principais candidatos à presidência do Brasil? A partir dessa pergunta, a Geração Sustentável procurou nos materiais de divulgação das campanhas as propostas dos três concorrentes ao cargo com as maiores intenções de voto, de acordo com as mais recentes pesquisas eleitorais: Dilma Roussef (PT), José Serra (PSDB) e Marina Silva (PV).

A análise, apesar de pontual, se faz mais do que necessária. Afinal, o momento eleitoral é decisivo para um país que será o centro das atenções nos próximos anos, como sede da próxima Copa do Mundo e em seguida dos Jogos Olímpicos. É agora o momento em que os eleitores vão escolher quem estará à frente na missão de mostrar ao restante do planeta se o Brasil realmente é o grande destaque do desenvolvimento mundial, apesar de todas suas limitações socioambientais e de infra-estrutura energética.

A partir da pesquisa realizada nos principais meios de divulgação das campanhas eleitorais dos candidatos, a Geração Sustentável constatou que, por enquanto, há mais diretrizes que planos concretos no setor. A alegação dos partidos é de que os programas estão em desenvolvimento com a participação popular, mas algumas propostas já são conhecidas pelos discursos, notícias e diretrizes lançadas nas páginas da internet dos presidenciáveis.

A seguir, é possível verificar diretrizes e os tópicos dos programas de governo dos três candidatos para o desenvolvimento sustentável. Além de Dilma, Serra e Marina, também participam do pleito Ivan Pinehiro (PCB), José Maria Eymael (PSDC), Levy Fidelix (PRTB), Plínio de Arruda Sampaio (PSOL), Rui Costa Pimenta (PCO) e Zé Maria (PSTU).

Dilma Roussef (PT)
Diretrizes: Desenvolvimento social e econômico a partir de um modelo sustentável. Destaque para as conquistas do governo Lula na área do meio ambiente, como redução e controle da devastação da região amazônica, política de incentivo aos biocombustíveis e exigências ambientais para o financiamento empresarial por vias públicas. Há outros pontos citados no programa de governo que incidem na sustentabilidade, como a promessa de destinação de 2% do PIB (Produto Interno Bruto) para pesquisas científicas e tecnológicas. No documento “13 compromissos de Dilma com o Brasil”, discutido entre o PT e partidos aliados, a candidatura ressalta a defesa do meio ambiente e garantia do desenvolvimento sustentável como uma das metas do eventual governo.
Propostas: Não há propostas específicas para o setor.

José Serra (PSDB)
Diretrizes: Apontam para ações realizadas nos mandatos à frente do Executivo da cidade e do estado de São Paulo. Ênfase na política de resíduos sólidos adotada pelo estado, arborização e criação de parques lineares e na política estadual de controle das mudanças climáticas, as quais promete ampliar ao país. Propõe ainda mais investimento em pesquisa e tecnologia. O PSDB está apresentando gradativamente os termos do programa ao longo das visitas do candidato.
Propostas: Execução da atual política de resíduos sólidos do governo federal, fiscalização via satélite do desmatamento em áreas de floresta e do serrado brasileiro, criação de um modelo de desenvolvimento sustentável para a Amazônia e execução de ações ambientais conjuntas com os municípios.

Marina Silva (PV)
Diretrizes: Pelo fato de ser do Partido Verde, que possui maior direcionamento para as políticas sustentáveis, e pelo histórico de ex-seringueira e ex-ministra do meio ambiente, as diretrizes da candidata têm maior destaque para a área. . O direcionamento dentro do programa está presente nos tópicos “economia para uma sociedade sustentável” e “política cidadã baseada em princípios e valores”. Cita o estimulo a criação de empregos verdes, ao turismo rural e a agricultura sustentável. Também defende investimentos em tecnologia e inovação.
Propostas: Novos padrões de produção e consumo, baseados no incentivo a empresas sustentáveis, planejamento da infraestrutura com base em iniciativas que promovam a redução de carbono, caso dos meios de transporte não poluentes, e maior diversificação nas fontes de geração de energia renovável.


A sustentabilidade para os demais candidatos
Não são só os três candidatos com mais intenções de voto que possuem propostas para o desenvolvimento sustentável. O concorrente José Maria Eymael (PSDC) prevê em seu programa a criação de metas de emissão de carbono, o incentivo a produção agrícola sustentável, a diminuição e erradicação do desmatamento na Amazônia, o incentivo ao reflorestamento, o apoio a iniciativas sustentáveis e a criação de políticas que garantam uma cultura de consumo consciente e responsável.
Plínio de Arruda Sampaio (PSOL) propõe o fim do desmatamento, a realização de uma auditoria do que chama da “dívida ecológica” criada pelos passivos ambientais das grandes indústrias e do agronegócio, e a utilização do dinheiro do resgate dessa dívida para a pesquisa e transição de matrizes. O candidato ainda se posiciona contra a transposição do rio São Francisco, os transgênicos e a construção da usina de Belo Monte (PA), pontos também defendidos por Zé Maria (PSTU). O concorrente pelo PSTU é favorável à revogação das licenças ambientais que atentam contra a natureza e das matrizes de energia renovável.
O socialista Ivan Pinheiro (PCB) é outro entusiasta da energia limpa. Ele defende ainda a aceleração do programa de utilização do etanol, as pesquisas para biomassa e energias eólica e solar, o reinvestimento das receitas do petróleo para pesquisas em novas fontes, a criação de áreas de desenvolvimento para um modelo autossustentado, a proibição da ocupação de áreas de preservação pela pecuária, a formulação de um projeto para a exploração econômica racional, programas de controle e redução da poluição do ar e incentivo aos transportes ferroviário e aquaviário.
Já o candidato Levy Fidelix (PRTB) carrega a sustentabilidade no carro chefe da campanha: o aerotrem, meio de transporte semelhante ao metrô de superfície com propulsão magnética.
O desenvolvimento sustentável não é citado nos meios de divulgação da candidatura do candidato do PCO, Rui da Costa Pimenta.

Ferramenta de cobrança
Os candidatos às eleições deste ano e os eleitores brasileiros contam com uma ferramenta especial com a qual podem apontar as causas ambientais que deverão ser prioridade no próximo governo. Trata-se da Plataforma Ambiental para o Brasil, lançada pela Fundação SOS Mata Atlântica. De acordo com a ONG, o eleitor poderá cobrar do seu candidato os compromissos que forem registrados no site da entidade. Das cerca de 400 leis ligadas ao meio ambiente que tramitam no Congresso Nacional, a fundação selecionou as mais importantes, envolvendo questões como água e saneamento, Código Florestal, resíduos sólidos e biodiversidade. O trabalho de seleção das leis contou com a participação dos deputados da Frente Ambientalista, na Câmara Federal.
A plataforma estabelece como fundamental que não haja retrocesso na legislação ambiental do Brasil. O país é, atualmente, signatário de quase todos os compromissos internacionais sobre preservação da natureza, como as convenções do Clima e da Biodiversidade. Outro ponto prioritário visa a garantir a participação do cidadão na gestão das águas, por meio de processos transparentes nos comitês de bacias. O Brasil precisa também garantir o cumprimento da agenda de mudanças climáticas, reduzindo as emissões de gases causadores de efeito estufa na atmosfera até 2020, assinalou o ambientalista. Com esse objetivo, deve proceder à efetivação da economia de baixo carbono no país. O documento sinaliza ainda para a necessidade de garantia dos orçamentos de estados e municípios para a questão dos efeitos das mudanças climáticas. O objetivo da iniciativa é dar garantias aos brasileiros de que os problemas ambientais não serão esquecidos no próximo governo, ao mesmo tempo em que estimula nos candidatos a necessidade de dar atenção a esses temas.


Publicado por: Fábio Cherubini - Revista Geração Sustentável - edição 19