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quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Saneamento: um sonho possível

A situação do saneamento brasileiro é trágica. De acordo com o IBGE, somente 44% da população brasileira tem acesso à rede de esgotamento sanitário e 79% tem acesso a água tratada. Do total de esgoto gerado, apenas 29% é tratado.

Cento e sete milhões de brasileiros não têm acesso à rede de esgotamento sanitário, 134 milhões não têm os esgotos de suas casas tratados e 40 milhões não têm acesso a água tratada. Oito milhões não têm nem sequer banheiro. Como mudar este quadro? Como e quando será possível universalizar os serviços de saneamento?

A universalização do saneamento é um sonho possível, mas para o conjunto do país não é realizável da noite para o dia. Não é para a Copa de 2014, nem para as Olimpíadas de 2016. Mas dá para fazer em menos de 15 anos. Isso representaria uma das maiores contribuições deste século para a saúde e para o meio ambiente. Estimamos que o investimento total para a universalização seja da ordem de R$ 255 bilhões. Colocamos quatro cenários para a universalização do saneamento no Brasil sob diferentes hipóteses.

Num primeiro cenário, a hipótese de manutenção do atual nível de investimento. De acordo com dados oficiais, o investimento em saneamento caiu a partir de 1999 e se manteve entre R$ 4 bilhões e R$ 6 bilhões até 2008, último ano disponível da série. Mantidos os atuais patamares de investimentos e de produtividade, a universalização da água ocorreria em 2039 e do esgoto (coleta e tratamento) apenas em 2060. É inaceitável esperar mais meio século para serviços básicos, disponíveis em vários países desenvolvidos desde meados do o século passado!

Num segundo cenário, supõe-se a duplicação do atual patamar de investimentos sem aumentar a produtividade. O horizonte de tempo para a universalização do saneamento ainda é muito distante: 2031.

Numa terceira situação, trabalha-se com a manutenção do investimento, mas introduz o aumento da produtividade. Isto é, o mesmo real passa a gerar mais ligações de água e esgoto mediante melhores projetos e técnicas. Estudos recentes sugerem que um aumento de 30% na produtividade é ambicioso, porém factível. Mas só o aumento da produtividade ainda não permite obter prazo aceitável para a universalização. Neste cenário, a universalização de água se daria em 2028 e a de esgoto em 2042.

E uma última hipótese serve de referência para a formulação de metas de saneamento. Para universalizar em um intervalo de tempo aceitável (até 2024) será preciso ambos: mais investimento (duplicar os valores atuais) e maior produtividade (30% a mais). A universalização não ocorrerá simultaneamente em todas as regiões do Brasil. A cobertura de saneamento varia muito conforme nas unidades da federação. As únicas com mais da metade dos domicílios atendidos em coleta de esgotos são Distrito Federal (86,3%), São Paulo (82,1%), e Minas Gerais (68,9%); as menores coberturas são Amapá (3,5%), Pará (1,7%) e Rondônia (1,6%).

O último cenário citado só será possível com mudanças macro e microeconômicas. Do ponto de vista macro, destaquem-se três aspectos. Em primeiro lugar, é preciso reduzir a tributação. Os prestadores de serviços de água e esgoto pagam cerca de R$ 2 bilhões em PIS/PASEP-COFINS por ano, quase um terço do investimento do setor!

Essa situação foi agravada a partir de 2003 com a elevação do PIS/PASEP-COFINS. O projeto original da Lei do Saneamento previa a isenção deste tributo para investimentos, mas o artigo foi vetado pelo Executivo. Em segundo lugar, é preciso resgatar o planejamento do setor. A Lei do Saneamento obriga o Governo Federal a editar um Plano Nacional de Saneamento Básico. Passados quase quatro anos da aprovação da norma, tal plano ainda não existe.

Em terceiro lugar, é preciso estimular as parcerias, tanto as Parcerias Público-Privadas (PPP), como as Parcerias Público-Público e outras modalidades, como a locação de ativos. O modelo de Parcerias Público-Público vem sendo aplicado, por exemplo, em transferência de tecnologia e conhecimento na formatação de editais e modelagens contratuais entre empresas estaduais de saneamento.

Do ponto de vista microeconômico, também três aspectos podem ser destacados. Em primeiro lugar, as empresas devem ter um planejamento voltado para a geração de valor. Em segundo lugar, é indispensável reduzir as perdas de água. De acordo com o Ministério das Cidades, a perda média brasileira é próxima a 40%. O combate às perdas de água posterga a necessidade de investimentos em novos sistemas e aumenta a receita das companhias. Além disso, reduz custos operacionais, uma vez que é possível atender a mesma quantidade de pessoas, sem ampliar a produção de água.

Em terceiro lugar, é importante melhorar a gestão de projetos de forma a reduzir o tempo e o custo dos empreendimentos. Por fim, a pesquisa, o desenvolvimento e a inovação devem ser incorporados tanto como estratégia empresarial, quanto como política pública no saneamento. A universalização do saneamento constitui grande desafio. O binômio investimento e inovação pode torná-la realidade para a atual geração. Um sonho possível.

Gesner Oliveira, presidente da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), economista e professor da FGV-SP
Fernando S. Marcato, secretário-executivo de Novos Negócios da Sabesp, advogado
Pedro Scazufca, assistente executivo da Presidência da Sabesp, economista.

Este artigo faz parte de trabalho inédito mais amplo apresentado no Encontro Nacional de Economia de 2010.
Fonte: http://www.agendasustentavel.com.br/

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Edição 21 - Entrevistado Victor Barbosa Presidente do CPCE

Histórias de cidadania empresarial para compartilhar

O presidente do Conselho Paranaense de Cidadania Empresarial, empresário Victor Barbosa, conta suas experiências de trabalho com a Responsabilidade Social Corporativa.

Com 31 anos de experiência empresarial e em ações de responsabilidade social, o empresário Victor Barbosa tornou-se em 2010 o presidente do Conselho Paranaense de Cidadania Empresarial (CPCE) do Sistema Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep). É alguém que sabe na prática a importância e o valor da preocupação com o bem comum. Afinal, quando foi presidente do Grupo Novo Nordisk e Novozymes para a América Latina, entre 1977 e 2008, Barbosa desenvolveu uma série de atividades de responsabilidade social corporativa. Em sua gestão, a Novozymes foi considerada empresa líder no índice Dow Jones de Sustentabilidade.

Agora, o empresário está à frente de um órgão que conta com 240 integrantes de todos os setores da sociedade e atua para estimular boas práticas de responsabilidade social corporativa. O CPCE desenvolve uma série de ações que colaboram com o Pacto Global e com o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) no Paraná, além de influenciar políticas públicas que promovem o desenvolvimento sustentável. E é sobre esse trabalho que ele fala com exclusividade para a revista Geração Sustentável:

Ao assumir a direção do Conselho Paranaense de Cidadania Empresarial, chegou a afirmar que gostaria de ajudar o empresário trocar a obrigação pelo compromisso com a sociedade. Acha que o empresariado paranaense ainda está muito longe dessa troca? Por quê?
A FIEP na sua magnífica estrutura, com sua gente operosa, profissional e dedicada, têm dado provas de grande eficiência, sobretudo nos últimos anos graças a um modelo de Governança Corporativa inovador com sustentabilidade. No seu bojo, o Conselho Paranaense de Cidadania Empresarial encontra o palco favorável para, em conjunto com os Núcleos, criar “Cases de Sucesso” de responsabilidade Social os quais adequadamente divulgados às empresas paranaenses – e não só – permitirá que as empresas ou qualquer instituição se inspire e aplique o modelo que deu certo se assim o desejarem nas suas atividades sócio-filantrópicas ou mais adequadamente de Responsabilidade Social. Sabemos através de material estatístico, mas a informação está muito dispersa e confusa, da participação das empresas paranaenses em atividades sociais de grande significado e valor; sejam ligadas à proteção do meio ambiente, à instrução da camada mais jovem da nossa sociedade ou outras. Falta em minha opinião um movimento de valorização dessas atividades dispersas e o CPCE pode ser o parceiro e representar o mediador para que essas atividades tenham maior impacto e maior retorno para os seus empreendedores e criadores. Queremos ser os parceiros desses empreendedores sociais oferecendo alternativas e parcerias desses projetos proporcionando massa critica e divulgação. A empresa socialmente responsável conhecida e inserida obtém a preferência dos consumidores, representando ganhos nos negócio. No Estado do Paraná o investimento social corporativo ainda é uma atividade muito recente, porém algumas empresas vêm investindo em projetos sociais nos moldes que devem ser reconhecidos, até internacionalmente. No mundo globalizado de hoje, não se pode deixar o Paraná e o Brasil sem as ferramentas adequadas ao bom exercício e defesa da cidadania para demonstração de maturidade empresarial alcançada e para influir positivamente na imagem do Paraná perante o mercado. Estou absolutamente certo de que o Conselho Paranaense de Cidadania Empresarial sabe como fazer isso.

Na sua opinião, qual é o perfil do empresário do terceiro milênio?
Foco-me particularmente no Brasil de “agora”. As últimas estatísticas sobre o Brasil quer mundiais ou nacionais nos dão conta que apesar dos promissores níveis de desenvolvimento industrial em um ambiente de pleno emprego os índices educacionais são pobres e figuram ainda entre os mais baixos do mundo pondo em risco a almejada sustentabilidade. Torna-se então necessário, diria fundamental, a interação da escola e da universidade com a empresa. Portanto, na minha visão atual, é necessário quebrar os paradigmas e desafiar o empresário moderno a enfrentar a formação acadêmica dos futuros profissionais do nosso país como uma verdadeira necessidade, sem a qual tudo o que dissemos anteriormente sobre a visão da liderança, do comportamento social, da sensibilidade com o meio ambiente e a justeza financeira e econômica são pura utopia... Quimeras que nunca se realizarão.

** Divulgado apenas esse trecho da entrevista. A matéria completa estará disponível aqui no BLOG no mês de janeiro/2011 ou solicite o seu exemplar através do email: contato@geracaosustentavel.com.br


Estudo aponta os dez melhores relatórios de sustentabilidade do Brasil

Dois anos após a primeira pesquisa da Global Reporters realizada no Brasil, a SustainAbility e a Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável (FBDS) publicaram a edição de 2010 do estudo Rumo à Credibilidade. A pesquisa aponta os melhores relatórios de sustentabilidade no país, verificando quesitos como Valores, princípios e políticas para desenvolvimento sustentável, Engajamento de stakeholders, Responsabilidades e estruturas de governança e Padrões para relatório.

Na edição 2010,a vencedora foi a Natura, com pontuação de 65 em 100 pontos possíveis. Em seguida, vieram Sabesp (51%), Celulose Irani (50%), EDP (49%), Vale (46%), Coelce (45%), Itaú (44%), Ampla (43%), Even (42%) e Light (42%).

De acordo com a diretora executiva do FBDS, Clarissa Lins, o Rumo à Credibilidade se baseia em lógica e consistência . Confira, a seguir entrevista com Clarissa:

Report Comunicação: O Rumo à Credibilidade avalia pontos como engajamento, governança e gestão. Ou seja, avalia o modelo de gestão relatado. Portanto, aponta não os melhores relatórios, mas os dez melhores processos de integração da sustentabilidade ao negócio. É isso mesmo?

Clarissa Lins: O Rumo à credibilidade aponta os melhores relatórios de acordo com uma metodologia que se baseia na lógica e na consistência da estratégia, governança, gestão avaliação de desempenho e verificação que as empresas possuem. Ou seja, os melhores relatórios são aqueles que se baseiam em um processo de integração entre as áreas da empresa.

RC: Por que os relatórios brasileiros não evoluíram?
CL: Na realidade, tivemos uma melhora, já que o décimo colocado saiu de 35 pontos percentuais para 42. Entretanto, outros pioraram um pouco, o que fez com que a média (47%) só tivesse melhora de um ponto percentual.
O que está faltando para as empresas é entender que um relatório não pode ser uma peça de comunicação. Ele deve ser fruto de um processo de gestão, integrado a esse processo de comunicação. Percebemos que os relatórios carecem de alguns pontos chaves de gestão: quantificação, business cases, deixar claro a integração da sustentabilidade na gestão de negócios. Além disso, falta uma abordagem mais inovadora e mais ousada na questão da acessibilidade e verificação.

RC: Como você acha que as empresas podem trabalhar para conseguir melhorar?
CL: Deve haver uma integração de times. Por exemplo: o relatório não deve ser responsabilidade apenas da área de comunicação de empresas. Deve ser um trabalho de times, com a total integração com a área de RI (relações com investidores). À medida que o relatório passa a ser cada vez mais vinculado às áreas financeiras e presidência, isso vai gerar uma evolução natural nos relatórios.

RC: As avaliações dos outros 19 relatórios são públicas?
CL: Não são públicas, mas estão disponíveis para as empresas numa relação comercial com a FBDS. Elas podem solicitar a avaliação, que entregamos mediante um custo.

RC: Teremos um terceiro Rumo à Credibilidade? Quando?
CL: Ainda não é certo, pois a pesquisa depende de recursos, já que é extensa e publicada em duas línguas. Nós normalmente só avaliamos isso no ano de pausa, então vamos avaliar isso em 2011.

Fonte: Report

Braskem mostra que é possível crescer nos negócios e ainda ser sustentável

Para a Braskem, a sustentabilidade é uma forma de condução e desenvolvimento dos negócios.

Desde agosto de 2002, a Braskem, maior empresa petroquímica das Américas e a terceira maior produtora de polipropileno do mundo assumiu um Compromisso Público, sob os princípios e valores focados em “Atuar de acordo com os princípios do desenvolvimento sustentável”. Nessa jornada, o papel dos líderes é o de buscar uma caminhada conjunta, em que a responsabilidade por um mundo melhor e mais sustentável deve ser dividida.

Para Jorge Soto, diretor de Desenvolvimento Sustentável da Braskem, esse preceito está incorporado ao dia a dia da empresa. “Estamos a serviço da sociedade e queremos continuar crescendo assim, pois entendemos que a sustentabilidade é uma forma de condução e desenvolvimento dos negócios, em que consideramos o atendimento das necessidades de todas as partes interessadas, hoje e no futuro”, afirma Soto.

Deste modo, a empresa entende que as ações sustentáveis devem estar centradas nos seguintes pontos:

- Entender o tamanho do problema.
- Enxergar-se como parte da solução.
- Focar na melhoria incremental (uso eficiente de recursos etc) e na melhoria revolucionária (que promove um salto e mudança de patamar), além de atuar com a gestão operacional e estratégica do negócio mirando o lucro sustentável.
- Assumir compromissos voluntários, sem demagogia, com ênfase na credibilidade.
- Assumir compromissos abrangentes que fortalecem todo o potencial da cadeia de valor e mudam o patamar de consumo.

Experiências e resultados

Conforme frisa Jorge Soto, a Braskem tem conseguido resultados de negócio expressivos, em termos de uso de recursos, ecoeficiência, saúde, segurança e produtos diferenciados. Além de continuar investindo em tecnologia para reforçar os relacionamentos.

A empresa passou de 45,7 milhões de m³ de água consumida no ano de 2002 para 40,8 milhões de m³ em 2009, mesmo com o aumento de produção.

Outro caso de diferenciação é o chamado “plástico verde”. Lançado em julho de 2007, o polietileno verde da Braskem foi o primeiro a ser feito integralmente a partir de fontes renováveis no mundo, com validação do laboratório internacional Beta Analytic. Em 2010, a Braskem transformou esse projeto em realidade, ao inaugurar sua primeira planta de “eteno verde”.

Localizada em Triunfo, Rio Grande do Sul, a planta será base para a produção de uma gama variada de materiais e para atender à crescente demanda por produtos cada vez mais sustentáveis.

Foram investidos cerca de R$ 500 milhões para a produção anual de 200 mil toneladas de polietileno de etanol a partir da cana-de-açúcar. Para cada tonelada de polietileno verde produzido, são capturadas e fixadas até 2,5 toneladas de CO2 da atmosfera. “Com isso, estamos passando de emissores para sequestradores de emissões”, ressalta Jorge Soto.

Sete macro-objetivos

Para Soto, as ações da empresa promovem uma integração estratégica. “Queremos ser a líder mundial da química sustentável, inovando para servir as pessoas”, conclui Jorge Soto. Ele salienta a preocupação da empresa em ações que reduzem a emissão de gases poluentes, promovam o uso racional de água e energia e promovam e reforcem o processo de reciclagem. Para isso, destaca os sete macro-objetivos da empresa, que são:

1) Gases de Efeito Estufa (GEEs). Alcançar a intensidade e gestão de emissões das melhores empresas químicas do mundo;
2) Eficiência energética;
3) Matérias-primas. A Braskem almeja ser a maior empresa produtora química do mundo;
4) Eficiência hídrica;
5) Pós-consumo. A reciclagem mecânica dos plásticos atinge os índices de países desenvolvidos (35%), com justiça social, e a reciclagem energética de resíduos sólidos urbanos se torna realidade, aproveitando-se a energia de 10% dos resíduos. Foco também no incentivo ao mercado de plástico reciclado;
6) Segurança química. A Braskem quer ser referência em segurança até 2020, e não produzir nenhum produto que esteja na chamada “lista negra”;
7) Pessoas. A Braskem que ser percebida como referência, em termos de lugar para se trabalhar, pela sociedade em geral.

“Pensando no futuro, estamos trabalhando no fortalecimento de nossa estratégia, a fim de buscarmos alta satisfação dos acionistas e alta satisfação da sociedade”, conclui o diretor da Braskem.

Sobre a Brasken:

Resinas termoplásticas como polietileno, polipropileno e PVC são os principais produtos da Braskem. A empresa que produz matérias-primas de primeira geração e também produtos de segunda geração (matéria-prima com valor adicionado), para uso de indústrias, possui um dos maiores centros tecnológicos do mundo.

Seus materiais são usados em diversos produtos de nosso dia a dia, tais como peças de computadores, componentes automotivos, embalagens, mochilas, utensílios domésticos, mamadeiras, escovas de dente, sacolas, fios, escovas de cabelo, cabos, esquadrias de janelas e outros.

Fonte: HSM

As qualidades de um líder sustentável

Expressar-se por completo requer necessariamente ter o que expressar. Talvez a idéia mais urgente para os líderes empresariais atuais seja defender a sustentabilidade e gerir uma empresa sustentável com sucesso. As empresas estão prestes a enfrentar um futuro com recursos mais escassos e caros. A pressão dos acionistas em Main Street, Wall Street e K Street irá moldar como uma empresa realiza seus negócios e é percebida pelo público.

Certamente, à medida que as pessoas começam a entender a magnitude e a velocidade de mudança necessárias para lidar com os problemas ambientais, sociais e econômicos que enfrentamos, há uma necessidade crescente por líderes que nos levem “longe e rápido”, como dito por Al Gore em um discurso recente.

Levar as organizações “longe e rápido” requer um novo tipo de pessoas que tenham o conhecimento, a capacidade e a coragem de conduzir iniciativas de sustentabilidade amplas que aprimorem o desempenho e agreguem valor aos lucros líquidos. Esse tipo de liderança será essencial para as empresas que desejam adotar estratégias sustentáveis eficazes e competitivas.

O Que é Necessário para Ser um Líder da Sustentabilidade

As equipes de gestão encarregadas de levar as organizações nessa nova direção precisam ser capazes de navegar por desafios imprevisíveis e compreender como transformá-los em oportunidades. Líderes com conhecimento sobre a sustentabilidade aprendem e se adaptam rapidamente, conseguem o comprometimento de pessoas e recursos de modo confiante e inspiram os outros. Em troca, elas são chamadas para liderar empresas que são inovadoras, capazes de atrair e reter funcionários talentosos, e são recompensadas com o aumento do valor atribuído pelos acionistas e outros benefícios financeiros.

Ray Anderson, fundador e presidente da Interface Inc., é um exemplo desse tipo de líder. Ele teve uma epifania há 15 anos. Desde então, transformou sua empresa de fabricação de tapetes em um dos principais negócios sustentáveis do país. Ele ajudou a Interface a aumentar os lucros de maneira significativa (o preço das ações subiu 550% nos últimos cinco anos) e suas ações levaram a indústria dos tapetes a modificar suas práticas. Atualmente, a Interface possui uma fatia de mercado considerável e já percorreu metade do caminho para atingir seus objetivos de utilizar 0% de recursos não renováveis e produzir 0% de lixo e emissões de carbono até 2020.

Como uma pessoa pode se tornar um líder da sustentabilidade de sucesso? Primeiro, adquirindo as habilidades práticas e o conhecimento. Os melhores sabem:
• Utilizar os princípios e estruturas de gestão sustentável para ajudar a orientar, entender e guiar a estratégia de negócios;
• Defender a sustentabilidade e estabelecer critérios para a alteração de modelos de negócios, produtos e serviços;
• Aprender como aplicar as ferramentas de gestão emergentes como a “receita líquida integrada”, análise e participação dos envolvidos, análise do ciclo de vida, contabilidade dos custos totais e relatório de sustentabilidade.
Os líderes empresariais podem aprender essas habilidades ao longo de anos de trabalho. Outra opção cada vez mais popular é acelerar o aprendizado participando de um dos programas de MBA ou executivos existentes nos EUA cujo foco é a sustentabilidade. Os melhores entre esses programas são conduzidos por especialistas reconhecidos que compartilham não apenas seu conhecimento, mas também sua experiência para auxiliar outros profissionais a desenvolverem suas competências de modo a conseguirem navegar pelas complexidades sociais, ambientais e econômicas de nosso tempo.

Mais do que Simplesmente Habilidade, É Preciso Coragem

Embora as habilidades e conhecimento sobre sustentabilidade sejam pré-requisitos, a capacidade de defender a sustentabilidade requer a capacidade de unir essas habilidades a outras menos tangíveis, incluindo ser capaz de inspirar e desenvolver outras pessoas e garantir que a cultura, os sistemas e a estratégia da empresa estejam alinhados.

A capacidade de prestar atenção a intangíveis e agir em determinados momentos requer coragem. E a coragem é uma virtude que poucas empresas ou escolas de administração discutem. Mas deveria ser um tema central dos cursos de sustentabilidade nos negócios. Ela pode ser ensinada através do desenvolvimento dos atributos de um aluno pragmático, um bom comunicador e um colaborador eficaz.

A adoção da postura de um aprendiz ajuda os líderes a se perguntarem e a agirem em desafios difíceis como a sustentabilidade de maneira contínua. A reflexão disciplinada sobre a experiência adquirida ajuda os líderes a aprenderem mais rapidamente com seus erros e a re-programar um novo trajeto que seja fundamentado nos objetivos e valores da organização.

Um colaborador competente facilita as mudanças, alinha as expectativas e conduz a soluções que satisfazem todos os envolvidos. Obter o comprometimento de todos os envolvidos no processo de ouvir, aprender e construir compromissos compartilhados é a parte central da liderança eficaz.

Ao “se expressarem de maneira completa" através da competência, capacidade e coragem, os líderes de negócios podem convencer seus acionistas, reguladores, clientes, funcionários e fornecedores de que a sustentabilidade faz bem aos negócios e à sociedade. E esses são os líderes que podem nos ajudar a chegar "longe e rápido".

Fonte: Agenda Sustentável (www.agendasustentavel.com.br)

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Seja assinante da Geração Sustentável e ganhe o livro Eco Sustentabilidade


A revista Geração Sustentável faz uma promoção especial para você leitor que busca novos conhecimentos sobre o tema sustentabilidade corporativa.

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Sobre o livro:
A publicação apresenta estratégias voltadas ao setor empresarial, sobre como aliar o desenvolvimento econômico, a preservação ambiental e a responsabilidade social. “O marketing verde é uma ferramenta estratégica para crescimento e visibilidade do setor empresarial. Investir em meio ambiente é investir no futuro e na qualidade de vida da população, o que comprovadamente agrega valor à marca”, explica o escritor e consultor em gestão empresarial e ambiental, Evandro Razzoto. No livro, ainda podem ser encontradas dicas como a definição do grau de sustentabilidade da empresa, a divulgação dos resultados do marketing verde e como a empresa pode se tornar autossustentável. Saiba mais pelo site http://www.razzoto.com/

Sobre a revista:
A revista foi idealizada por empreendedores que acreditam que as questões voltadas ao tema sustentabilidade, farão, cada vez mais, parte da vida das pessoas como influenciarão nas estratégias empresariais. O foco é o desenvolvimento sustentável, através do qual busca-se constantemente conquistar um espaço estratégico junto ao ambiente empresarial. Entre os objetivos está a divulgação das iniciativas, atitudes, ações e experiências bem sucedidas e aplicadas de forma sustentável nas atividades organizacionais. Saiba mais acessando: www.geracaosustentavel.com.br/

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Rindspeed Bamboo: carro elétrico e charmoso

Este é a mais nova aposta ecológica da marca de carros mais conceitual do planeta - a suíça Rinspeed, comandada por Frank M. Rinderknecht -, que será lançado em março de 2011

Todos os anos a marca suíça de carros conceituais Rinspeed* apresenta uma novidade ao mercado automobilístico. O grande lançamento sempre acontece durante o Salão Internacional do Automóvel em Genebra, no qual a Rinspeed já exibiu modelos inesquecíveis como o SQuba, em 2008. O carro, inspirado nos filmes de James Bond, andava embaixo d’água. E com emissão zero de poluentes, ou seja, sem poluir o ar ou a água.

Nos últimos anos, a empresa comandada pelo visionário Frank M. Rinderknecht tem investido em carros ecológicos, desenvolvidos com material reciclável e sustentável e movidos com energia limpa.

Para o Salão de Genebra do ano que vem, que será realizado entre 3 e 13 de março de 2011, a Rinspeed acaba de anunciar o próximo lançamento: o BamBoo. O design do protótipo lembra um carrinho de golfe em proporções um pouco maiores.

Como o próprio nome revela, grande parte dos componentes internos são feitos de fibra de bambu. O carro de quatro lugares e foi inspirado nos verões da década de 70 no sul da França, por isso a parte traseira aberta é perfeita para os dias quentes e ensolarados. O design do BamBoo privilegia a simplicidade. “É a estética na sua mais pura forma”, destaca Rinderknecht.
O Rinspeed BamBoo é um veículo elétrico que utiliza bateria LiFe PO4. Pesa aproximadamente uma tonelada, tem 1.60 metro de altura e atinge uma velocidade máxima de 120 km/h.
Fonte: planetasustentável

Izabella Teixeira continua como ministra do Meio Ambiente

Ministra do Meio Ambiente desde abril de 2010 – em substituição a Carlos Minc, de quem foi secretária executiva desde 2008, Izabella Teixeira continuará no comando da pasta no governo de Dilma Rousseff.

Brasiliense e formada em biologia pela Universidade de Brasília, em 1983, Izabella Teixeira fez mestrado em planejamento energético e doutorado em planejamento ambiental pela Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Izabella Teixeira é funcionária de carreira do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) desde 1984, onde chegou a ocupar cargo de direção. Ocupou cargos de direção também no Ministério do Meio Ambiente e no governo do Rio de Janeiro, de onde foi subsecretária de estado do Meio Ambiente.

Especialista em avaliação ambiental estratégica, conduziu a gerência executiva de projetos e programas ambientais de cooperação internacional, como o Programa Piloto para a Proteção das Florestas Tropicais do Brasil, o Programa Nacional do Meio Ambiente, Programa de Despoluição da Baía de Guanabara; e o Projeto Meio Ambiente e Comunidades Indígenas.
Fonte: planetasustentável

Protocolo de inventário de emissões de carbono é questionado

A Associação Brasileira das Empresas do Mercado de Carbono (ABEMC) questiona o Protocolo de Intenções assinado (em novembro) pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) e pelo Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getúlio Vargas (GVces) para criação de uma plataforma de registro de inventários de emissão de Gases de Efeito Estufa (GEE).

O documento foi assinado durante evento de divulgação do 1º Inventário de Gases de Efeito Estufa do Estado de São Paulo. Pelo Protocolo, a GVces ficará responsável pela criação da plataforma, recebendo e registrando todos os inventários de carbono produzidos no Estado por empresas ou entidades públicas e privadas. “Não houve consulta pública ou abertura de concorrência para a escolha da consultoria”, alerta o presidente da ABEMC, Flávio Rufino Gazani. “A ABEMC se manifesta veementemente contra a falta de transparência na escolha da GVces”.

Outro ponto questionado pela Associação refere-se ao conflito de interesse gerado pela escolha da GVces. A consultoria presta serviços para empresas nessa área e não teria isenção suficiente para exercer papel de registro público das emissões.



Sobre a Abemc

A Associação Brasileira das Empresas do Mercado de Carbono (ABEMC) foi criada no final de 2008 com a missão de promover e desenvolver o mercado de carbono, tanto o regulado pelo Protocolo de Kyoto como o Voluntário, por todo o território brasileiro. É uma associação civil, de âmbito nacional, sem fins lucrativos, com a finalidade de congregar pessoas jurídicas atuantes no mercado de carbono, estabelecidas no país ou no exterior. Atua junto ao setor público e a ONGs, universidades e outras entidades da sociedade civil, principalmente por meio do patrocínio a estudos e debates a respeito de temas relevantes relacionados a esse mercado.

A ABEMC também representa os pontos de vista e os interesses de seus associados nas questões relativas a esses assuntos. A Associação conta com a participação, em seu corpo consultivo e fiscal, de membros e empresas notórios, e tem como sócias e fundadoras algumas das principais empresas atuantes no mercado de carbono, assim como grandes organizações participantes de investimentos em projetos de redução de emissões de gases de efeito estufa.

Fonte: Agenda sustentável

SPVS realiza campanha de orientação para turistas no litoral

Principal objetivo é proteger o papagaio-de-cara-roxa

Profissionais da Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS), Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e voluntários irão visitar pousadas, estabelecimentos comerciais e barcos de turismo na Área de Proteção Ambiental (APA) de Guaraqueçaba e no entorno do Parque Nacional do Superagui para orientar turistas sobre condutas de visitação mais conscientes e condizentes com as características naturais e culturais da região, principalmente no entorno da Baía dos Pinheiros, local reconhecido como refúgio do papagaio-de-cara-roxa, e muito freqüentado por turistas.

A ação ocorrerá na última semana de dezembro (dias 27 e 28) e nos quatro finais de semana de janeiro. Os profissionais pretendem conscientizar os visitantes sobre os impactos negativos que um comportamento inadequado pode trazer ao meio ambiente. A Ilha do Pinheiro, na região, é o principal dormitório do papagaio que está ameaçado de extinção e atrai visitantes para acompanhar a revoada que ocorre diariamente ao amanhecer e ao entardecer. Hoje, cerca de duas mil aves dormem todos os dias no local. É importante a orientação correta quanto à distância que deve ser mantida da ilha, pois ela não é aberta à visitação. Além disso, a utilização de luzes ou a propagação de sons altos pode incomodar esses animais.

A equipe distribuirá panfletos e ficará a disposição para tirar dúvidas dos turistas quanto à forma ideal de visitação. O objetivo é alertar a população, de forma pacífica, para que a área continue sendo um refúgio da espécie. A responsável da SPVS pela campanha, Elenise Sipinski, salientou: “não somos fiscais, queremos apenas orientar os visitantes”. A distribuição dos panfletos tem ainda outra utilidade: “nós fizemos esse material de forma que ele fosse também um mapa para servir como um guia de localização para o turista que visita a região”, finalizou Elenise.

Fonte: pg1

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Medida simples que resolve entupimento da rede de esgoto e protege o meio ambiente

Depois de instalar tambores para a coleta de óleo usado nos condomínios Belmar, as reclamações de obstrução da rede acabaram

Há pouco mais de um ano, a CAB Águas de Paranaguá propôs aos moradores dos condomínios Belmar I e Belmar III, em Paranaguá, uma ação conjunta para reduzir os danos ambientais e acabar com o problema de obstrução na rede coletora de esgoto causado pelo despejo de óleo de cozinha nos ralos. A empresa então instalou tambores plásticos no terreno dos condomínios para que os moradores depositassem neles o óleo de cozinha usado, em vez de descartá-los na rede. A operação foi um sucesso: os chamados de serviço por entupimento acabaram. E o material que é retirado pela CAB vai para uma fábrica de detergente e sabão.

Nos dois conjuntos, onde moram cerca de 360 famílias, o problema de entupimento da rede coletora de esgoto era constante. Depois da implantação do programa de coleta, a situação é outra. “Uma atitude simples pode ajudar a melhorar o tratamento de esgoto da cidade”, diz o diretor geral da CAB Águas de Paranaguá, Mário Müller. “É fundamental que a comunidade tenha consciência dos riscos de jogar óleo diretamente nos ralos”.

Além de entupir a rede e provocar o refluxo do esgoto para dentro das residências, o óleo despejado em ralos, sem nenhum tratamento, causa graves problemas ambientais. “Uma gota de óleo jogado na água contamina aproximadamente 25 litros de água. Todo o óleo que coletamos neste período deixou de poluir mais de 650 milhões de litros de água. O óleo despejado nas pias prejudica também as estações de tratamento de esgoto”, explica a engenheira química da CAB Águas de Paranaguá, Ludmila Teixeira.


Expansão

Os produtos de limpeza fabricados com o óleo coletado são distribuídos para os próprios moradores dos conjuntos. E em breve, novas localidades também serão beneficiadas pelo programa de coleta seletiva do óleo de cozinha, idealizado pela CAB Águas de Paranaguá.

Ecoeficiência: uma forma inteligente de se fazer negócios

Coordenador da Comissão de Estudos de Sustentabilidade para Empresas do IBGC afirma que é possível uma empresa produzir mais, poluir menos e ainda tomar melhores decisões baseadas nos aspectos ambientais.

Mais do que um diferencial para as empresas, a preocupação com o meio ambiente virou uma necessidade. Não é à toa que um dos quatro princípios básicos do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) é a responsabilidade corporativa que engloba os aspectos sociais e ambientais.

O coordenador da Comissão de Estudos de Sustentabilidade para as Empresas e conselheiro de administração do IBGC, Carlos Eduardo Lessa Brandão, observa que tal preocupação vem aumentando nos últimos cinco anos. Segundo ele, as empresas não devem avaliar só o resultado econômico. “O desenvolvimento sustentável não deve ser encarado como um custo pelas empresas e sim como uma inspiração estratégica para o próprio negócio e para a sociedade”, explica.

O ideal, afirma Brandão, é que os negócios das empresas sejam desenvolvidos levando em conta os impactos sociais e ambientais. Outro aspecto importante é a constante avaliação desses impactos. “Isso aumenta as chances de as empresas se conscientizarem e se tornarem ecoeficientes – produzindo mais, com menos material e gerando menos resíduos. Hoje, há clientes, por exemplo, que querem saber de onde vêm as matérias-primas dos produtos que estão comprando. Se a empresa não estiver respeitando o meio ambiente, corre sério risco de perder contratos.”

De acordo com Brandão, a ação não se restringe às empresas de grande porte e com alto valor de capital. “Uma empresa média ou pequena deve estar atenta à responsabilidade corporativa e, consequentemente, com os aspectos ambientais e sociais dos seus negócios. Se ela fabrica algo, deve conhecer bem seu fornecedor, se ele respeita a legislação e o meio ambiente. Medidas como essa também fazem a diferença”, exemplifica.

Em alguns países da Europa, a indicação desses aspectos ambientais é obrigatória e reportada em relatórios não-financeiros, como é o caso da GRI, que provê diretrizes para esse tipo de relatório. Alguns investidores participam da iniciativa Carbon Disclosure Project (CDP), que identifica o impacto em termos de carbono das atividades das empresas investidas.

Organizações com tendência a estarem mais atentas à economia de recursos naturais observam como retorno inúmeros benefícios tangíveis e intangíveis, de curto a longo prazo, além de consolidarem boa reputação e credibilidade, aponta Brandão. “Empresas com boas iniciativas ambientais acabam estimulando outras instituições, fornecedores e clientes, a desenvolverem esse mesmo tipo de ação.”

O caminho para a prática, em termos de Governança Corporativa, está sob a responsabilidade do conselho de administração, que deve estabelecer uma aproximação entre a responsabilidade corporativa e a estratégia dos negócios. “É papel dos conselheiros considerarem os aspectos ambientais na estratégia e cobrarem da diretoria o que está sendo feito com relação a isso”, conclui.



Sobre o IBGC - Instituto Brasileiro de Governança Corporativa

Fundado em 27 de novembro de 1995, o IBGC - Instituto Brasileiro de Governança Corporativa é a principal referência do Brasil para o desenvolvimento das melhores práticas em Governança Corporativa. Com mais de 1.500 associados, o IBGC é uma entidade sem fins lucrativos de atuação nacional. Promove palestras, fórum de debates e acadêmicos, conferências, treinamentos e networking entre profissionais, além de produzir publicações e materiais. As atividades têm por objetivo disseminar o conceito de Governança e incentivar o melhor desempenho das organizações. O IBGC contribui assim para o desempenho sustentável das organizações e influencia os agentes da sociedade no sentido de mais transparência, justiça e responsabilidade.

Para mais informações, consulte o site http://www.ibgc.org.br/.
Fonte: Vanessa Yumi Hirata(http://www.pg1com.com/)

Akatu divulga pesquisa que mostra relação entre consumidor e sustentabilidade

A pesquisa “O Consumidor Brasileiro e a Sustentabilidade: Atitudes e Comportamentos frente ao Consumo Consciente, Percepção e Expectativas sobre a Responsabilidade Social Empresarial”, lançada na última terça-feira (14) pelos institutos Akatu e Ethos, mostra hábitos dos consumidores e como eles encaram as ações empresariais relacionadas à sustentabilidade.

Entre os diversos pontos analisados pela pesquisa, dez conclusões merecem destaque. O primeiro ponto é a pequena quantidade de consumidores considerados conscientes. O percentual de pessoas que se enquadram dentro deste perfil ficou em somente 5%, número equivalente a 500 mil consumidores. Outro fator negativo dentro dessa mesma análise é a quantidade de pessoas indiferentes a esse assunto, que chega a 37%.

A segunda conclusão de destaque é um pouco mais positiva e está diretamente relacionada aos consumidores mais conscientes. O resultado da pesquisa mostra que eles são um em cada três consumidores. O dado mais relevante das pessoas que têm esse perfil é o fato de serem ativos e dispostos a influenciar outras pessoas e empresas.

A sustentabilidade ainda é um tema distante da maior parte dos brasileiros. A comprovação disso está no fato de que, mesmo entre a população com altos graus de escolaridade, o percentual de pessoas informadas sobre sustentabilidade não chega nem a 50%. O número aumenta ainda mais quando considera como parte desse grupo as pessoas com baixo envolvimento, chegando a um somatório de 60%.

Mais da metade dos consumidores, de todas as classes, faixas etárias e escolaridade, nunca ouviram falar do termo sustentabilidade. Isso mostra que por ser algo abstrato, o termo ainda é de difícil compreensão e prática.

Uma das áreas relacionadas à sustentabilidade, a Responsabilidade Social Empresarial (RSE), desperta mais preocupação entre os universitários e consumidores das classes A e B. Mesmo assim, ainda tem um percentual pequeno, apenas 16% dos entrevistados afirmaram buscar informações sobre a RSE.

No entanto, mesmo sem uma busca contínua em relação às ações empresariais, os consumidores assumiram que as empresas mais responsáveis têm mais prestígio que as outras. O ponto apontado como uma das ações empresariais mais importantes é em relação aos direitos e ações trabalhistas.

Uma das maneiras apontadas para que essas exigências dos consumidores sejam colocadas em prática é a criação de políticas públicas que direcionem a sociedade para um perfil mais sustentável.

Os locais mais usados para buscar informações sobre sustentabilidade são internet e televisão. No entanto, o primeiro fica para trás quando o quesito é credibilidade, em que se destacam a televisão e os jornais impressos.

Existe um imenso desafio a ser vencido, a dissociação entre consumo e felicidade. A ideia que elevou o crescimento da sociedade de consumo não condiz com os objetivos de “inclusão social e sustentabilidade”. A proposta para chegar a um “final feliz” é transformar esse conceito em práticas concretas, que atinjam diretamente a vida das pessoas.

Para baixar a pesquisa completa acesse o site da Akatu.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Artigo: OS AMBIENTES E AS “VISIBILIDADES”. Quando a Educação faz a diferença.

OS AMBIENTES E AS “VISIBILIDADES”. Quando a Educação faz a diferença.

Há uma parábola que é recorrente em relação a vários aspectos e temáticas contemporâneos. Trata-se da que ficou conhecida como Os seis cegos e o elefante e que se transmite no tempo, aproximadamente assim.

Era uma vez seis amigos indianos que estavam em casa a conversar, quando, da rua, vem um urro. Um deles proclama: “É um elefante! Eis a nossa oportunidade de saber como é este bicho.” Todos já na via pública, de pronto cercam o animal, cada um tocando-lhe uma parte do corpo (pernas, abdômen, orelhas, tromba, calda, presas). Começaram então a “definir” um elefante: “É algo que possui quatro colunas.”. “Não: é como uma parede.”. “Em absoluto! É um animal com o formato de uma ventarola.”. “É longo e roliço como uma serpente.”. “Para mim, é exatamente como uma corda.”. “Todos vocês são mesmo cegos: um elefante é idêntico a uma lança!”.

Quando se ouve ou lê, por exemplo, sobre as concepções de empresários, políticos, pesquisadores, ruralistas, estudantes e ambientalistas, em relação a “meio ambiente”, não é muito diferente. Cada um percebe o mesmo assunto por partes, de acordo com seus referenciais e/ou centros de interesse. E essa incapacidade de ver o todo em todas as suas implicações, se reflete nas relações sociedade-natureza, nas tomadas de decisão no dia-a-dia e, mais grave, nas Políticas Públicas. A revisão do Código Florestal Brasileiro, sob tutela da Câmara Federal, nos tem propiciado uma panorâmica da Babel conceitual ao redor do tema, bem como a convicção de que, na falta de um Projeto Sócio-Ambiental Nacional, corremos o risco de herdarmos um “elefante” teratológico e, como sempre, branco.

Por outro lado, no Brasil há iniciativas de tomadas de decisão dignas de registro e que nos colocam à altura de similares internacionais. Assim, também, por exemplo, no final da década de 1970, a partir da mobilização de jovens acadêmicos da Faculdade de Oceanografia da Universidade do Rio Grande, RS, surge o Projeto Tamar, cuja pauta de trabalhos se dava com base em observar, descobrir, conhecer e intervir em prol de recuperação e preservação da Natureza. Tudo isso em uma época em que o “desenvolvimento a qualquer custo” era a tônica e pouco ou nada se veiculava sobre uma teoria-e-prática sócio-ambiental responsável. Hoje, presente em nove Estados Brasileiros, cobrindo cerca de 1.100 quilômetros de praias através de 23 Bases Científicas, o Projeto é um marco referencial de fôlego a ser mantido e reproduzido.

Porém, o sucesso do Tamar não se restringe à sua missão, tão somente: o ânimo daquela juventude de então, contagiou parceiros importantes e igualmente relevantes – de saída, os pescadores e suas famílias; depois, a Marinha do Brasil, a Petrobras e o Ministério do Meio Ambiente que lhe constituem hoje o tripé essencial onde a sabedoria ancestral, dos primeiros, se coaduna com os demais por meio de tombamento e financiamento, numa comunhão virtuosa que continua atraindo Universidades, Prefeituras Municipais, instituições privadas, ..., em cada um dos Estados em que se faz presente! Ou seja: é possível!

Então, os “cegos” podem se tornar videntes. O “elefante” pode ser interpretado por inteiro (além de bem-cuidado e preservado), quando os gestores emprestam seus olhos, uns aos outros em prol de um plano comum e que se torna, de fato, sustentável. E ainda ajudam a dar visibilidade a outras organizações, como o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade/ICMBio, criado em 2007 e que, além de ser co-partícipe nas ações do Projeto Tamar, assume, como Autarquia do Ministério do Meio Ambiente, tarefas que exigem o reconhecimento e o apoio nacionais.

Há pouco, Saramago partiu. Em seu último grande trabalho, deixou um alerta, aqui registrado num breve diálogo, conforme seu estilo e compasso:

“Por que foi que cegámos, Não sei, talvez um dia se chegue a conhecer a razão, Queres que te diga o que penso, Diz, Penso que não cegámos, penso que estamos cegos, Cegos que veem, Cegos que, vendo, não veem”. (Excerto de Ensaio sobre a cegueira, 1995).
Penso (ou, quero crer), que os autores (o indiano e o português) gostariam de saber que, nos idos dos 1970, no Rio Grande do Sul, um grupo de Jovens Brasileiros, viu! E viram, a partir e de dentro de uma Escola. O restante é História.

** Gastão Octávio Franco da Luz: Biólogo, Doutor em Meio Ambiente e Desenvolvimento e Consultor em Sustentabilidade


Artigo sobre Meio Ambiente publicado originalmente na edição 18 da revista Geração Sustentável

Acesse aqui as edições da revista Geração Sustentável!

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Boas ideias embaladas para o futuro

Se você pretende dar um presente para as próximas gerações, conheça maneiras criativas de embalar os produtos, que podem minimizar a criação de lixo

As embalagens fazem parte do dia-a-dia da humanidade pois conservam, acomodam e divulgam uma infinidade de tipos de produtos. Imagine quais dos produtos consumidos por você diariamente que não possuem uma embalagem, pois este exercício é mais fácil do que pensar nos que têm.

Saiba que as primeiras embalagens surgiram há mais de 10 mil anos, de acordo com a Associação Brasileira de Embalagens (Abre). Elas serviam como simples recipientes para beber ou estocar, como cascas de coco ou conchas do mar, usados em estado natural, sem qualquer beneficiamento. Depois, tais recipientes passaram a ser obtidos a partir da habilidade manual do homem. Aí surgiram tigelas de madeira, cestas de fibras naturais, bolsas de peles de animais e potes de barro.

Segundo a Abre, a primeira matéria-prima usada em maior escala para a produção de embalagens foi o vidro, criada pelos artesãos sírios já no primeiro século depois de Cristo. No início do século 19, a Marinha Inglesa utilizava as latas de estanho e os enlatados de alimentos começaram a aparecer nas lojas inglesas por volta de 1830. Após a Segunda Guerra Mundial, a vida urbana conheceu novos elementos. Um deles foi o supermercado e com ele, a necessidade de transporte e armazenamento de produtos. Foi aí que surgiram as embalagens de papel e papelão. É também do pós-guerra o aparecimento do plástico.

Hoje é possível afirmar que o uso de embalagens é inevitável. É aí que vão quilos e quilos de resíduos sólidos. Estima-se que um brasileiro gera, em média, um quilo de lixo por dia. Pode ter certeza que grande parte é composta por embalagens. Por isso, empresários e pesquisadores começaram a pensar em novas formas de acomodar e conservar os produtos. Boas iniciativas estão surgindo nas universidades, principalmente em cursos de Design e especializações na área. Afinal, é daí que saem a maioria dos profissionais que atuarão no design de embalagens. A professora Sieglinde Piper Roede, que é graduada em Desenho Industrial, com mestrado em Tecnologia, atua no curso de Design das Faculdades Integradas do Brasil, de Curitiba, e conta que na área de Design há disciplinas que tratam do desenvolvimento de novos produtos, priorizando a sustentabilidade. É o caso da Gestão Ambiental em que se realizam estudos sobre o ciclo de vida de cada produto existente, quando se leva em consideração todo impacto ambiental, desde a extração até o descarte. “Na nova solução busca-se escolher matérias-primas que causem menor impacto ambiental”, explica.

Nas disciplinas de Design Gráfico, Sieglinde ressalta que se procura aplicar os conhecimentos adquiridos durante o desenvolvimento dos projetos, avaliando sempre o custo-benefício de cada escolha de materiais e também para que contexto ele está sendo projetado. Em 2008, ela e seus alunos desenvolveram embalagens e rótulos para produtos alimentícios preparados pelos participantes Projeto Empório Metropolitano de Curitiba, da Fundação de Ação Social (FAS), que são comercializados em lojas do Mercado Municipal. Segundo ela, tais produtos alimentícios não possuem aditivos químicos (como conservantes e estabilizantes), pois têm a proposta de serem artesanalmente produzidos e naturais. “Dentro desse contexto não combina utilizar um material como uma bandeja de isopor para acondicionar biscoitos, pois trata-se de uma embalagem altamente poluente, que está na corrente oposta (produção industrial) do conceito que os produtos querem passar (produção artesanal)”, explica.

Durante as pesquisas para a concretização do projeto, os estudantes levaram em conta a necessidade do produto ter uma embalagem. “Num primeiro momento foi estudado o que pode ser reduzido em termos de matéria-prima. Num segundo momento vários alunos escolheram desenvolver as embalagens em cartão kraft que é produzido com polpa de fibras de madeira que não sofreram branqueamento químico, processo altamente poluente na fabricação de papel”, exemplifica. Na impressão da embalagem evitaram também o uso exagerado de cores e de áreas coloridas que prejudicam a reciclagem póstuma do material.

Algumas embalagens receberam apenas etiquetas com impressões localizadas para que o cartão kraft ficasse isento de impressão. “Em alguns casos o uso do plástico é importante para a conservação dos alimentos e também para não encarecer tanto o produto. Então optou-se pela criação de etiquetas impressas em papel que possam ser retiradas na separação do lixo reciclável”, conta. Sieglinde ressalta que o design é uma área que reúne múltiplos fatores (mercadológicos, tecnológicos, ambientais, sociais, culturais), assim, todas as estratégias utilizadas têm que equilibrar esses fatores. “É necessário avaliar cada ideia desenvolvida levando em conta esses fatores. De nada adianta também tirar a embalagem se o produto deixa de aparecer na gôndola e o consumidor deixa de visualizá-lo”, enfatiza.



Plástico: envolto em benefícios e males
Vale lembrar que entre as matérias-primas das embalagens, o plástico está presente na maioria delas. Sua decomposição leva cerca de cem anos. O produto já surgiu como resíduo, pois é o excedente do petróleo. Relativamente novo – se comparado ao vidro e ao papel – o plástico registrou um desenvolvimento acelerado a partir de 1920.

O Brasil produz cerca de 3 milhões de toneladas de plástico, segundo dados de 2009 do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT). Desse total, apenas 10% são reciclados anualmente (cerca de 300 mil toneladas). O consumo per capita de plásticos no Brasil é de 21 quilos, por habitante, ao ano. Nos Estados Unidos, este índice quase quadruplica.
O agravante é que, em geral, os materiais plásticos ocupam muito espaço nos aterros devido a dificuldades de compactação e por sua baixa degradabilidade. Além disso, as embalagens plásticas lançadas indevidamente no ambiente contribuem para entupimentos, propiciam condições de proliferação de vetores, prejudicam a navegação marítima e agridem a fauna aquática, além de causarem poluição visual.

No Brasil, eles já representam cerca de 20% dos resíduos. Basta verificar que alguns produtos têm excesso de embalagens plásticas. A atitude do consumidor, neste sentido, é fundamental para a mudança de hábito. No caso das embalagens desenvolvidas pelos alunos do 6º período de Design da UniBrasil, em 2008, o plástico não foi totalmente substituído, mas seu uso foi minimizado. Naotake Fukushima, que é mestre em Design, com aperfeiçoamento em Design de Embalagem e Graduação em Design Gráfico, lembra que, no momento, há um abuso no uso do plástico. Fukushima preside a Associação Profissional de Design do Paraná (Pro Design) e atua como diretor do Centro de Design do Paraná, que está organizando a Bienal de Design 2010, em Curitiba. Ele é pesquisador do Núcleo de Design e Sustentabilidade da Universidade Federal do Paraná (UFPR), onde é professor. O designer pondera sobre a substituição do plástico. Para ele, existe uma lenda que trocar é bom por si só. “De fato, substituir o plástico atende a diretriz da sustentabilidade no requisito da conservação e biocompatibilidade mas, muitas vezes, entra em conflito com outras diretrizes, como minimização do consumo e do transporte ou otimização da vida do sistema", sublinha.

O designer destaca que na atualidade não existe um material que ofereça, ao mesmo tempo, resistência, durabilidade, estrutura, proteção e custo. “Ao se realizar uma avaliação mais criteriosa utilizando a análise de ciclo de vida, o plástico tem seu valor. Assim, por exemplo, consumir menos produtos que utilizam plástico é bem melhor que trocar o plástico por um outro material e continuar consumindo tanto”, salienta.



Alternativas
A professora Alice Maria Ribeiro da Silva, mestre em Design, com especialização em Design de Embalagens e graduação em Desenho Industrial, pesquisou sobre o uso do grés (material obtido da argila) no design cerâmico de embalagens para cosméticos. Ela atua como docente no curso de Design da UniBrasil.

Alice ressalta que há um polo cerâmico em Campo Largo, região próxima a Curitiba, onde estão instaladas diversas empresas produtoras de louça de mesa e objetos de adorno. Além disso, o Paraná tem uma grande concentração de indústrias produtoras de cosméticos e perfumaria e está situado entre o terceiro e quarto lugar em números de indústrias no Brasil neste segmento. Estes foram os motivos que originaram sua pesquisa sobre a cerâmica do tipo grés como alternativa ao plástico e ao vidro, amplamente utilizados para a área de cosméticos.

Em seu experimento, Alice fez um estudo comparativo de uma embalagem existente em vidro com a sua reprodução em material cerâmico. “O resultado foi satisfatório, pois, de acordo com as avaliações realizadas, laboratorial, mercadológica e industrial, os resultados apontaram para a possibilidade de utilização no setor de perfumaria e cosméticos desde que atenda às especificações de normatização de mercado e adaptações técnicas para produção industrial”, conta.

Para ela, a indústria de embalagens deve estar preocupada com a sustentabilidade. “Os aspectos ambientais devem ser considerados, pois a preocupação com o descarte de material e seu reaproveitamento é cada vez maior”. Em seu projeto de mestrado esta questão foi abordada com a possibilidade de utilização de refil para reaproveitamento do mesmo pote cerâmico ou sua reutilização com outra função depois de conter e embalar o produto inicial. Desta forma, a embalagem terá um maior valor agragado, além de contribuir para o prolongamento do seu uso.
No caso da pesquisa de Alice, o uso do material cerâmico como alternativa ao vidro é viável, pois o processo produtivo da cerâmica, ao contrário do vidro, permite que se produzam pequenas quantidades, com custo acessível. “Mostrando-se adequado para séries especiais, datas comemorativas, funcionando como chamariz da empresa e contribuindo para seu posicionamento estratégico”, ressalta.



Planejamento: o “papel” das embalagens
O designer Cláudio Pereira, mestre em Design, professor do curso de Design Gráfico da Universidade Estadual de Londrina (UEL), coordenador do curso de especialização em Ecodesign da Universidade Positivo, e também pesquisador do Núcleo de Design e Sustentabilidade da UFPR, pesquisou sobre diretrizes para o design de embalagens em papelão ondulado.

“Nos últimos cinco anos de pesquisa em design e sustentabilidade, tem ficado cada vez mais evidente, para mim, que já não basta pesquisarmos novas soluções tecnológicas para os problemas ambientais e sociais. Antes disso, é preciso um questionamento sobre como consumimos produtos e serviços, pois é extremamente necessária a necessidade de atendermos as nossas necessidades utilizando uma proporção de recursos muito menor do que se utilizou até agora”, comenta. Ele sustenta que só assim as gerações futuras conseguirão também atender às necessidades delas.

Por isso, sua pesquisa consiste em definir diretrizes que orientem os designers e projetistas de embalagens, entre outros profisisonais envolvidos em sistemas logísticos B2B (business to business), no planejamento de sistemas de proteção e transporte mais eficientes utilizando o papelão ondulado como matéria-prima principal das embalagens. Segundo ele, apesar desse recorte, várias das diretrizes, notadamente aquelas com foco no sistema, são aplicáveis a sistemas que utilizem embalagens feitas com outros materiais.

Pereira esclarece que as diretrizes são organizadas em dois grupos: o primeiro com foco na embalagem, que traz recomendações para o projeto das embalagens de papelão em si, incluindo, por exemplo, a seleção de materiais, o uso de energia e água, a forma de desmontagem e descarte, etc.; e o segundo com foco no sistema, que traz recomendações para o planejamento do ciclo de vida do sistema, incluindo por exemplo, o tipo de transporte, armazenamento e controle logístico, entre outros aspectos.

“As conclusões foram surpreendentes, pois constatamos, no caso estudado, que o grande impacto das embalagens B2B (ou seja, voltadas à logistica entre empresas, e não ao consumidor final) está no transporte, e não na embalagem em si”, conta. Por meio da análise do ciclo de vida, percebeu-se que mais de 60% do impacto ambiental relacionava-se ao transporte com caminhão a diesel por um trecho de cerca de 500 quilômetros, enquanto que a embalagem em si, incluindo os resíduos gerados, representava apenas 30% do impacto. “Com isso, notamos que não basta apenas o designer criar embalagens ditas ‘ecológicas’, um termo aliás, bastante inadequado. É importante que o designer tenha um papel mais estratégico no planejamento do sistema, atuando junto com outros profissionais no planejamento”.

Para Pereira, o mercado de embalagens funciona como um termômetro do mercado em geral, pois quando há uma tendência recessiva este é um dos primeiros mercados a sofrer. Com isso, a busca por abordagens inovadoras de negócios é muito importante para o setor. O designer destaca que o mercado de embalagens ainda está focado no paradigma de produção-consumo-descarte, ou seja, uma abordagem industrial linear, incompatível com os graves problemas ambientais enfrentados hoje. “Esse modelo vê apenas a produção de bens tangíveis (no caso as embalagens) como unidade rentável de negócio. No entanto, para conciliar as necessidades de sobreviência econômica das empresas com a necessidade de reduzir drasticamente o consumo de recursos (materiais, água, energia, etc) faz-se necessária a busca por novos paradigmas de negócio, que foquem, por exemplo, os benefícios finais para o consumidor como unidade de valor, e não a posse do bem em si”.

Isso vale para diversos produtos que não precisam necessariamente ser “possuídos” pelo usuário. Pereira acredita que as embalagens podem entrar nessa abordagem, bem como automóveis, ferramentas, máquinas de lavar, roupas e outros produtos.


Descarte de embalagens
O professor Cláudio Pereira esclarece que há uma oportunidade de aliar inovação e sustentabilidade no mercado de embalagens, mas as empresas devem estar preparadas para novas abordagens de negócios, mais desmaterializadas, focadas nas necessidades dos consumidores e usuários em vez da posse dos produtos.

Ele lembra que no setor de embalagens B2B, por exemplo, as empresas já utilizam embalagens retornáveis há bastante tempo, mas não necessariamente com foco ambiental, e sim de redução de custos e otimização logística. “Se é mais interessante economicamente o uso de uma embalagem retornável em vez de descartável, a empresa a utiliza, sem levar em conta se será menos impactante ambientalmente ou não. No setor B2B, o uso de materiais mais avançados tecnologicamente, notadamente os plásticos, também tem aumentado”, adverte.

De acordo com o professor, a redução do impacto ambiental causado pelo descarte inadequado de embalagens é hoje um dos problemas ambientais mais graves. Ele acredita que se houvesse um sistema de recolhimento e destinação adequada destas embalagens, o problema ambiental causado seria bastante reduzido. “No Brasil, muitas cidades ainda sequer têm um sistema de gestão de resíduos sólidos, e as embalagens plásticas acabam sendo descartadas de forma irresponsável. E mesmo nas que têm esses sistemas, a população ainda não está suficientemente educada para colaborar com a destinação correta”.

Entretanto, o Congresso Nacional aprovou, depois de muitos anos de discussão, a Lei Nacional de Resíduos, que traz para os fabricantes um novo nível de responsabilidade pelos resíduos que geram, entre eles os de embalagens. Atenta a esta necessidade, a professora Dulce de Meira Albach sempre se envolveu em projetos na área de embalagens. Graduada em Desenho Industrial pela UFPR, ela possui mestrado em Gestão Ambiental.

Um de seus principais projetos é o Caixa Ecológico. Tudo começou com suas pesquisas sobre recicladoras de embalagens, pois estava preparando para atuar no processo de reciclagem. “Nesta pesquisa pude observar que o problema já acontecia anteriormente à recicladora, na forma como os resíduos são separados e descartados.Foi aí que surgiu a ideia de atuar na forma de descarte. O supermercado foi escolhido por ser um lugar de grande concentração de embalagens e que saem para o local de consumo (casas, empresas, etc.) e assim o consumidor fica o responsável pelo descarte”, conta.

Então teve que escolher o supermercado. “O Festval já chamava minha atenção por ter um programa social de contratação de pessoas surdas ou com deficiências mentais leves. E assim, imaginou-se que talvez também pudessem estar interessados em ter um programa na área de sustentabilidade ambiental. E foi o que aconteceu. Quando fizemos o contato com eles, estavam construindo uma nova loja - o Festval Barigui (em Curitiba) - e desta forma, o Caixa Ecológico foi incluído no projeto e inaugurado no momento de sua abertura, 10 de outubro de 2006”, conta.

A professora Dulce – que também é pesquisadora na área de embalagens e gerenciamento de resíduos – explica que o Caixa Ecológico é um check-out (local onde se paga as compras) diferenciado dos demais pela cor verde e identificação própria, onde os consumidores podem fazer um descarte antecipado de embalagens que, segundo seu próprio critério, não precisam ser levadas embora. “Por exemplo, uma pasta de dente. O consumidor leva o tubo e descarta a caixinha; ou um congelado o qual não há mais necessidade de ler as instruções; ou embalagens que embalam outras”.

Estas embalagens são descartadas em conteiners apropriados ao lado do caixa e são encaminhadas para a reciclagem. A cada quatro meses, o valor obtido com esta reciclagem é revertido para uma instituição filantrópica. “Juntamente com a proposta, sugere-se que os consumidores utilizem sacolas próprias retornáveis para suas compras, reduzindo desta forma o uso excessivo de sacolas plásticas”, completa.

A rede de supermercados Pão de Açúcar também se interessou pelo projeto e o implantou. “No Pão de Açúcar chama-se Caixa Verde e quem se responsabiliza pela destinação são cooperativas de catadores cadastradas pela rede. Teve início em uma loja em São Paulo e agora já se estende para toda a rede, inclusive em todas as lojas de Curitiba”. Segundo Dulce, o que pude concluir até o momento é que o Caixa Ecológico é um passo importante na discussão do grave problema que envolve os resíduos sólidos caracterizados por embalagens (neste caso de uso doméstico), no entanto há necessidade de mais divulgação e conscientização do cenário atual e das formas e atitudes que podem ser tomadas visando a minimização de impactos ambientais negativos. “E isto envolvendo toda a sociedade desde os próprios pontos de venda, seus funcionários, fornecedores e os consumidores. É um trabalho lento e que requer muita persistência”, considera.



Atores envolvidos
Quando se trata de minimizar o impacto ambiental das embalagens, é preciso lembrar de todos os atores envolvidos durante o ciclo de vida do material, pois cada um tem a sua responsabilidade. O projeto do Caixa Ecológico, por exemplo, identifica três importantes personagens em seu contexto: o fabricante, o ponto de venda e o consumidor. No entanto, o formato aplicado até o momento se destina apenas ao ponto de venda a ao consumidor. “Para que este ciclo seja mais abrangente, tenho a intenção de (provavelmente em um doutorado) explorar as questões que envolvem o fabricante. Da mesma forma que fiz um caminho inverso quando visitei as recicladoras e acabei chegando ao descarte, agora ‘retornari’ mais ainda, tentando chegar na ‘primeira’ fonte: o fabricante”, revela Dulce.

Ela ressalta que o imenso universo de embalagens com o qual convivemos merece discussão, atenção e análises aprofundadas no campo da sustentabilidade. “Os fabricantes têm uma grande responsabilidade e o desafio de encontrar saídas sustentáveis para materiais e processos de fabricação e embalamento ecologicamente sustentáveis em associação à viabilidade econômica. Porém, acredito que muito deste esforço envolve mudanças de hábitos de consumo, e neste caso uma relação mútua entre consumidores e fabricantes, onde ambos têm que estar dispostos e se preparar para estas mudanças”, defende.

A pesquisadora observa alguns casos onde empresas tentam abordar a questão de embalagens sustentáveis, utilizando o princípio da troca apenas de refil, por exemplo. Outras investem em materiais classificados como sustentáveis. “Infelizmente, em alguns casos, empresas estão se apoiando nesta onda e utilizando selos que identificam o produto como ‘sustentável’, mas, no entanto, estes selos são criados pela própria empresa, sem reconhecimento de algum órgão competente para tal. Neste caso, até o consumidor bem intencionado acaba sendo enganado”, adverte.

Dulce lembra de uma dura realidade: a sociedade atual gera muito lixo e as embalagens formam um montante considerável nesta pilha. “A sociedade como um todo precisa questionar a forma e a validade do volume de seu consumo e juntos buscarmos saídas para satisfazermos nossas necessidades sem desequilibrarmos o tripé da sustentabilidade: socialmente justo, ambientalmente correto e economicamente viável”, defende.


Matéria publicada na edição 19 da revista Geração Sustentável
Criselli Montipó

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