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segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Palestra - Espetáculo em Gestão - com Alexander Baer & Maestro Carlos Domingues

Cativa Natureza promete beleza de forma sustentável - Visão Sustentável - Edição 31


Fabricante nacional oferece cosméticos com altas concentrações de insumos orgânicos

Sabonetes, desodorantes, xampus, cremes para a pele, maquiagem, tintura para cabelo e outros produtos formam um arsenal que a maioria das pessoas usa todos os dias ou com frequência para higiene, conforto e cuidados com a aparência. Provavelmente, a maioria dessas pessoas não gasta tempo olhando os rótulos desses produtos e comparando-os com listas de substâncias de uso restrito, como conservantes, formol, derivados de petróleo, chumbo, parabenos e ureia. Muitas pessoas, no entanto, se preocupam, pois sabem que as leis que protegem os consumidores podem não ser tão amplas quanto deveriam e não levar em conta, por exemplo, que a quantidade de uma substância potencialmente tóxica é segura em um produto, mas que a avaliação da quantidade cumulativa dessa mesma substância em vários produtos de uso diário ou frequente talvez não seja tão simples.

Uma opção para quem se preocupa e busca informação são produtos de higiene pessoal e cosméticos com rastreabilidade orgânica como os da Cativa Natureza que, segundo sua idealizadora, a empresária Rose Bezecry Oliveira, é a primeira franquia nacional a comercializar cosméticos com insumos orgânicos rastreados no Brasil. A primeira loja, fundada em 2008, em Curitiba, é localizada no Setor de Orgânicos do Mercado Municipal de Curitiba, e a franquia tem lojas também em São Paulo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Distrito Federal e outras cidades do Paraná e, com novas lojas que serão abertas este ano, chegará também ao Rio de Janeiro.

Rose conta que a marca oferece produtos livres de substâncias agressoras à saúde e ao meio ambiente, não testados em animais, cujos processos de produção, extração e processamento de matérias-primas são rastreados por institutos nacionais e internacionais de credibilidade. São também processos comercial e socialmente justos, que priorizam produções locais. Ela explica que um adulto utiliza em média nove produtos de higiene pessoal por dia, expondo-se a 126 substâncias químicas diariamente, entre as quais 1/3 com potencial cancerígeno; e que 89% dos 10.500 ingredientes utilizados em produtos de higiene pessoal não foram totalmente avaliados quanto à segurança.

Já os produtos Cativa Natureza, afirma, contam com o mínimo de 70% de insumos orgânicos rastreados pelo IBD - Instituto Biodinamico. Óleos vegetais e essenciais têm 95% e até 100% de organicidade creditados pelo Sisorg (Sistema Brasileiro de Conformidade Orgânica) do Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento). Além disso, todos os produtos de outras marcas comercializados nas lojas são certificados por outras certificadoras.

O rastreamento segue até o descarte das embalagens. Após a utilização de qualquer produto Cativa Natureza, o cliente leva a embalagem até uma das lojas, a deposita na urna e ganha na hora descontos na compra do mesmo produto ou qualquer outro das linhas da marca.

Lacuna: Rose conta que sempre quis investir em algo ligado à sustentabilidade e qualidade de vida e se decidiu pelos cosméticos ao perceber a lacuna nesse setor no mercado brasileiro. "Quando me estabeleci em Curitiba, por ser uma cidade comprovadamente com alto nível de exigência e consciência ecológica, vi que o rastreamento daria um bom suporte para a comprovação da sustentabilidade dos produtos, porque conceito não se vende, constrói-se". Segundo a empresária, quando ela começou o negócio, as empresas brasileiras especializadas nesse tipo de produto não investiam no mercado nacional, preferindo exportar, mas, com o advento da Cativa Natureza e seu trabalho conceitual, algumas estão se voltando para o consumidor brasileiro.

"Nesses quatro anos, ampliamos nossa abrangência em 30%, com perspectivas de maior expansão", diz. Hoje, a empresa tem parcerias com a Itaipu Binacional, na Cooperativa Gran Lago, que investe na formação de APLs (Arranjo Produtivo Local) de plantas medicinais; com produtores locais da Grande Curitiba, com a Via Sustentis, fabricante de insumos orgânicos e naturais; com a Sociedade Vegetariana Brasileira e com o Programa Gols pela Vida do Instituto Pequeno Príncipe, que tem o rei Pelé como padrinho.

Além das franquias, a marca tem a Cativa Móvel, que nasceu com o propósito de levá-la a feiras e eventos. O sucesso da ideia motivou Rose a disponibilizar essa modalidade de negócio mesmo a quem não é licenciado com loja física, o que facilita para os pequenos empreendedores.

Eficácia: Rose afirma também que os produtos são eficazes, o que é 90% comprovado, principalmente, pelo retorno dos clientes que seguem voltando, e são pessoas que buscam qualidade de vida ou dependem desse tipo de produto porque já têm algum problema de saúde. Além disso, os preços não são mais altos do que a média dos cosméticos comuns no mercado, considerados de qualidade, e os que têm o preço um pouco mais elevado, além da compensação com tudo o que já foi mencionado, são duráveis, mesmo não contendo conservantes, corantes e fragrâncias sintéticas.

O preço um pouco mais elevado dos orgânicos se deve ao custo de produção maior e à produtividade menor. Os biofertilizantes usados para o combate de pragas na produção de orgânicos apresentam uma eficiência menor em relação aos fertilizantes químicos, porém, esses produtos deixam resíduos. Além disso, na agricultura orgânica, não se usam herbicidas para eliminar as ervas daninhas, o que exige maior utilização de mão de obra. O que pode favorecer uma redução gradual dos preços dos orgânicos é o aumento do mercado consumidor. Ou seja, quanto mais pessoas os consumirem, mais se aumentará a área produzida e, assim, os custos baixarão.

Outro diferencial da Cativa Natureza, explica Rose, é o atendimento especializado e personalizado de que a empresária faz questão em todas as lojas da rede, assim como exige que o proprietário de cada loja esteja presente por pelo menos um período diário, atendendo os clientes. Todos os franqueados recebem treinamento para que as informações sobre os produtos, inclusive as técnicas, estejam sempre disponíveis para os clientes, e para que todas as lojas da marca tenham a mesma filosofia de qualidade de vida. Algumas lojas dispõem de espaços para tratamento estético e terapêutico, com utilização exclusiva dos cosméticos rastreáveis.

A Cativa Natureza oferece linhas de produtos para o corpo, cabelos e rosto, o que inclui os de uso diário e óleos, sabonetes e máscaras de argila, esfoliantes, loções de limpeza, linha anti aging e até tinturas de cabelo e maquiagem. Os clientes são informados não somente do conceito dos produtos rastreáveis, como também dos ingredientes de cada um e dos resultados esperados.


CONHEÇA AS SUBSTÂNCIAS

Fabricantes afirmam que, nas quantidades em que são usadas em cada produto, as substâncias apontadas como vilãs não oferecem risco. Para quem quer saber quais são essas substâncias, no entanto, estudos publicados em periódicos científicos comprovaram a associação das seguintes e o aparecimento de doenças como câncer, dermatites e alergias:

• Ureia: proibida para mulheres grávidas;
• Parabenos (parabens, methylparaben, ethylparaben, propylparaben e butylparaben);
• Conservantes liberadores de formol(quatérnium-15, diazolidinil hora, imidazolidinil uréia e DMDM hidantoína);
• Propilenoglicol (propyleneglycol);
• Óleo mineral e outros derivados do petróleo(paraffin oil e mineral oil,1,4-dioxano);
• Filtros solares com benzofenonas e derivados da cânfora(benzophenone e/ou 3-(4-methyl-benzylidene);
• Corantes e essências artificiais
• Lanolina ou lanolin, ácido sórbico e bronopol.

Como saber que o produto é realmente orgânico?
Para Rose, da Cativa Natureza, a melhor forma é verificar os rótulos e se o produto é rastreado. Há duas formas de certificação para garantir a origem orgânica do produto: a vertical e a horizontal. Na certificação vertical, uma instituição especializada é credenciada para inspeção e certificação, como, no caso dos produtores da empresa, o TecPar (Instituto de Tecnologia do Paraná), a Ecovida e o IBD. Normalmente a inspeção é feita duas vezes por ano, mas podem ser feitas inspeções surpresa.

No caso da certificação horizontal, um grupo de agricultores orgânicos organiza-se para se ajudarem mutuamente e, com visitas regulares, verificam a produção de cada um.



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Veja outros conteúdos dessa edição:


Matérias:
- Capa: O Desafio da destinação dos resíduos sólidos
- Entrevista: Marina Silva
- Tecnologia e Sustentabilidade: Parana Metrologia - Da teoria para a prática
- Responsabilidade Social Corporativa: (Cpce Conselho Paranaense de Cidadania Empresarial) Realização de 2012 e Projetos 2013
- Desenvolvimento Local: A sustentabilidade como inspiração (WTC)

Artigos:
- Artigo: O "Pibão" da Presidenta Dilma (Jerônimo Mendes)
- Artigo: O Marketing e o ciclo de vida sustentável de produto (Hugo Weber Jr)
- Artigo: Turismo Sustentável - Have you heard about it? (Rosimery de Fátima Oliveira)
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O desafio da destinação dos resíduos sólidos - Matéria Capa Edição 31

Comprometimento com a logística reversa é o primeiro passo para que Governo, entidades e empresas se ajustem à política nacional e avancem quanto à sustentabilidade de seus processos.

Jornalista Bruna Robassa

No dia 23 de novembro de 2012, indústrias dos mais diversos setores e representantes do comércio paranaense deram um importante passo para a correta destinação de seus resíduos sólidos e, consequentemente, avançaram em relação à busca e ao aprimoramento da sustentabilidade para seus processos e negócios.

Convocados pelo edital de chamamento 01/2012, da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema), fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes de produtos de significativo impacto ambiental têm como missão “implantar um programa de responsabilidade pós-consumo para fins de recolhimento, tratamento e destinação final de resíduos sólidos, indicando o conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a destinação dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para que sejam reaproveitados em seu ciclo, ou em outro ciclo produtivo, ou então para outra destinação final ambientalmente adequada”.

É o que explica Luciano Henrique Busato, analista técnico da coordenação de desenvolvimento do setor de Fomento e Desenvolvimento do Sistema FIEP, entidade que, junto a sindicatos e outras associações, como a Associação Comercial do Paraná, (ACP) está envolvida com a mobilização que visa a elaboração de um plano estadual setorial de logística reversa.

Após diversas reuniões e discussões sobre medidas setoriais de médio e longo prazos, foi que, no dia 23 de novembro, 62 sindicatos patronais e a Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), representando outros 37 sindicatos de um total de 99 sindicatos representados, assinaram um termo de compromisso vinculado à agenda setorial para o ano de 2013. “O termo é um documento que formaliza a intenção dos setores e empresas a aderir a uma agenda de comprometimento para a realização de um plano setorial de logística reversa. Uma vez que o sindicato tem a função de articular junto aos seus associados a construção de um plano de logística reversa setorial para ser discutido pela cadeia produtiva a partir do primeiro semestre de 2013”, relata o analista.

Plano Estadual

Tanto o edital de chamamento quanto a assinatura desse termo de compromisso fazem parte do Plano Estadual de Resíduos Sólidos (PERS), que busca modificar, de forma gradual, o comportamento e os hábitos da sociedade paranaense, no que se refere à destinação ambientalmente adequada dos resíduos sólidos. É importante lembrar-se de que o plano estadual está alinhado à política nacional (Lei n.º 12.305/2010). De acordo com o coordenador de Resíduos Sólidos da Sema, Carlos Garcez, o PERS é condição para que os estados tenham acesso a recursos da União destinados a empreendimentos e serviços relacionados à gestão de resíduos sólidos a partir de 2 de agosto de 2012.

“O PERS deverá abranger todo o território do estado, para um horizonte de vinte anos com revisões a cada quatro anos, observando o conteúdo mínimo definido pelo Art. 17 da Lei. Além disso, o PERS deve estar em consonância, principalmente, com os objetivos e as diretrizes dos planos plurianuais (PPA) e de saneamento básico, e com a legislação ambiental, de saúde e de educação ambiental, entre outras”, conta Garcez.

Redação da lei

O professor universitário e advogado paranaense Rafael Favetti, que fez parte do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Governo Federal por 8 e 5 anos, respectivamente, participou da redação da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) e conta que a temática dos resíduos sólidos foi um dos assuntos que necessitaram da participação do Ministério da Justiça, em especial quanto à verificação da legalidade do novo ordenamento proposto, enquanto o advogado lá atuava. Segundo ele, por tratar de tema atual, a lei apresenta conceitos bastante modernos em relação ao assunto.

“Um destaque interessante é que a aplicação da lei ocorre tanto para pessoas físicas quanto jurídicas. Dessa forma, todos estão envolvidos e devem observância às diretrizes estabelecidas”, ressalta. Para o advogado, além deste, os maiores destaques da lei são exatamente a elaboração de um plano de logística reversa e a assinatura do acordo setorial. Favetti também conta que a lei contempla a criação de um Sistema de Informações sobre a Gestão dos Resíduos Sólidos, conhecido como SINIR, que visa o auxílio das organizações na gestão dos resíduos, propiciando maior atendimento às diretrizes do plano.

A discussão sobre resíduos sólidos é tema relativamente recente para o Governo. “Em 1999, foi proposto projeto de lei que objetivava regular o acondicionamento, a coleta, o tratamento, o transporte e a destinação dos resíduos de serviços de saúde. Pode-se destacar, porém, como marco inicial da criação de diretrizes sobre o assunto o ano de 2004, ocasião em que o Ministério do Meio Ambiente instituiu um grupo técnico de pesquisa sobre o tema. Então, após inúmeros fóruns de discussão e audiências públicas realizadas, foi aprovada a Lei nº 12.305, em 2 de agosto de 2010”, lembra o jurista.

Muitos pontos foram ponderados durante a elaboração da lei. A principal dificuldade, segundo conta Rafael Favetti, foi justamente procurar estabelecer diretrizes que tivessem como objetivo a prática de bons hábitos ambientais, mas sem prejudicar os destinatários dela. “A adequação às diretrizes traçadas pela lei deve transpor a mera obediência, mas se tornar efetiva conscientização ambiental. Note-se que as empresas, para adequação à lei, poderão ser obrigadas a desenvolver novas práticas de atuação, no sentido de observar o que consta dos planos de resíduos sólidos”, lembra.

Nicolau Leopoldo Obladen, engenheiro civil e sanitarista, ex-professor de saneamento ambiental, hoje diretor técnico da empresa Habitat Ecológico – Consultores Associados, também destaca como principais temas envolvidos com a PNRS o ciclo de vida dos produtos, correspondente ao processo de planejamento, desenvolvimento do produto, obtenção da matéria-prima e descarte final, a coleta seletiva de materiais recicláveis com a participação das associações/cooperativas de catadores, o encerramento dos lixões até agosto de 2014, e a formalização de consórcios públicos intermunicipais.

Como se organizar

Na opinião de Favetti, as empresas, inicialmente, devem analisar seu atual modelo de gestão de resíduos sólidos. Para tanto, é necessário coletar dados sobre a geração de resíduos e determinar seus principais destinos. Por fim, é necessário estabelecer metas de redução e diretrizes para a implantação de um plano de gerenciamento que se adeque à realidade e às necessidades da empresa.

O professor universitário ainda defende que, apesar de ser importante o compartilhamento de informações tanto com entidades representativas bem como com os respectivos setores para que haja convergência de opiniões e ideias, é essencial cada empresa elaborar minuciosamente seu próprio plano de gerenciamento.

É como pensa também Nicolau Leopoldo Obladen. “As empresas deverão enfrentar a elaboração de seus próprios PGRS (Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos), por iniciativa própria e individualmente. Não existem possibilidades de união entre empresas, em virtude da tipicidade variada dos resíduos gerados em cada empresa com características específicas, sob a supervisão dos órgãos ambientais”, diz.

Nas discussões e reuniões realizadas por conta do edital de chamamento da Sema, inclusive, atitudes das empresas que já tinham preocupação com a destinação de seus resíduos acabaram virando uma regra para outras indústrias do setor, como é o caso das indústrias de alimentos, especialmente as avícolas.

Exemplos

O investimento em cooperativas de reciclagem e a educação ambiental foram as melhores alternativas encontradas pelas indústrias do setor para o plano de logística reversa. Para Fábio Guerlles, biólogo responsável pela área ambiental do Grupo GTFoods, indústria avícola de Maringá, e um dos integrantes do grupo que representa o setor de alimentos, o retorno de embalagens provenientes das indústrias de alimentos, especialmente as avícolas é muito difícil de acontecer. “No caso da indústria de bebidas, o retorno é facilitado com a instalação de pontos de entrega voluntário, no entanto, para embalagens de isopor e plástico, como é o nosso caso, a melhor solução para viabilizar a logística reversa é o investimento em cooperativas”, explica.

O Grupo GTFoods, como diversos outros abatedouros avícolas, já costuma prestar incentivo às cooperativas, trabalhando em parceria na doação de materiais recicláveis para coleta. “Ao incentivar que as cooperativas utilizem nossos materiais no processo de reciclagem, com investimentos na melhoria de sua estrutura e em equipamentos de coleta, estamos criando uma alternativa para aumentar a retirada de materiais com potencial de reutilização do meio ambiente, ou seja, estamos proporcionando a logística reversa”, explica.

A Associação Brasileira das Empresas de Filtros e seus Sistemas - Automotivos e Industriais – Abrafiltros também já tem seu plano de logística reversa. De acordo com João Moura, presidente da entidade, desde a fundação da associação, em 2006, “já antevíamos que o Brasil adotaria um modelo de ação voltado à logística reversa em função das discussões mundiais em torno da preservação do meio ambiente”, conta.

Moura ainda relata que a associação acompanhou o desenvolvimento e posterior publicação da PNRS, ao mesmo tempo em que foi buscando conhecimento acerca dos aspectos envolvidos para a instituição de um programa de responsabilidade pós-consumo para os filtros do óleo lubrificante automotivo.

Por ser uma entidade nacional representativa do setor, a Abrafiltros buscou inicialmente por meio de comunicados e anúncios, alertar e conscientizar as empresas da cadeia de filtros automotivos acerca da necessidade de estabelecer um programa de responsabilidade pós-consumo, o qual a entidade denomina de “Descarte Consciente Abrafiltros”. A associação atua na gestão do programa, que iniciou em julho de 2012, e os custos são compartilhados entre as empresas participantes.

O programa principiou no estado de São Paulo e será iniciado a partir de fevereiro no Paraná, conforme os termos de compromisso assinados com os governos estaduais. “Nosso programa consiste na coleta dos filtros usados diretamente nos geradores (locais onde é feita a troca dos filtros), como os postos de combustível, uma vez que o consumidor brasileiro não tem por hábito realizar a substituição em casa. Por questão de proporcionalidade, fabricantes e importadores compartilham os custos de coleta conforme o volume comercializado com marca própria em cada estado, de acordo com as metas gradativas de coleta para o setor”, explica.

Em função dos aspectos logísticos e econômicos envolvidos, o projeto está sendo realizado na condição de programa-piloto para que seja possível analisar os resultados e buscar minimizar os impactos, tanto para as empresas quanto para os consumidores. “Entendemos que a logística reversa é necessária e que as empresas deverão se adaptar a essa nova realidade, ainda incipiente no Brasil, que certamente demandará uma série de ajustes entre o poder público e a iniciativa privada. Entendemos que será de grande importância que o governo federal e os governos estaduais atuem como parceiros na instituição de políticas de incentivo às empresas engajadas com a logística reversa pós-consumo”, reflete.

Dificuldades do setor

Ainda de acordo com João Moura, a principal dificuldade do setor em elaborar e cumprir um plano de logística reversa é que “diferente de outros tipos de resíduos, os filtros do óleo lubrificante automotivo não podem ser reaproveitados, por isso, tudo o que se relacione à logística reversa acaba resultando em custo e não há retorno direto para a cadeia de filtros”, relata. Mesmo assim, 13 empresas do setor já aderiram simultaneamente ao projeto na assinatura do termo de compromisso. “Outras empresas estão em processo de filiação à Abrafiltros para participar do programa, que está aberto a novas adesões”, convida o presidente.

Responsabilidade compartilhada

Tania Kamienski, da Associação Comercial do Paraná (ACP), defende e ressalta que tanto a ACP como a indústria e os próprios consumidores têm responsabilidade pelo destino final dos resíduos sólidos. Ela destaca, inclusive, que a responsabilidade compartilhada está prevista em lei. “A relação do comércio é direta com o consumidor, por isso teremos que atender a política em respeito ao nosso consumidor e ao meio ambiente. Levaremos algum tempo para acostumar, mas logo será rotina nas empresas”, diz.

É como pensa também um dos redatores da lei. “Acredito que sempre deve haver o diálogo entre a iniciativa pública e a privada, bem como a participação de uma sociedade interessada e capaz de exprimir seus anseios. Devemos nos conscientizar que as empresas, o governo e a sociedade são interdependentes e precisam dialogar sobre temas relevantes”, defende Favetti.

A responsabilidade deve ser compartilhada no momento de colocar o plano em prática, assim como foi na elaboração da política estadual e do plano setorial de logística reversa. Segundo conta Carlos Garcez da Sema, o plano estadual foi elaborado em um processo de discussão conjunta em oito encontros regionais com municípios, setor produtivo, sociedade civil organizada e outros atores.

Custo

Tania ainda conta que desde que a lei foi aprovada, a ACP tem participado junto à Fiep e aos sindicatos de todos os setores para que seja possível encontrar soluções que viabilizem o cumprimento da PNRS. Ela destaca, também, que o processo de logística reversa tem um preço alto. “O preço da logística reversa e o local para armazenagem dos resíduos no comércio são certamente nosso maior desafio. Muitos pequenos comerciantes não têm espaço nem para os estoques deles”, conta.

O engenheiro Nicolau Obladen também aponta o alto custo como um dos principais desafios para implantação dos processos. “A lei foi muito bem trabalhada por cerca de 20 anos, mediante ampla participação da sociedade, de técnicos da área, acadêmicos e representantes de instituições públicas e privadas envolvidas no tema em questão. Não vejo falhas, vejo dificuldades em sua implementação e, principalmente, a sustentabilidade financeira dos sistemas a serem implementados ou complementados”, analisa.

Apesar do custo elevado, o comércio poderá fazer a sua parte, tanto que também firmou termo de compromisso com o Governo. “Nesse termo, estabelecemos que serão feitas parcerias com universidades para que cada comerciante possa elaborar seu plano de gerenciamento de resíduo a um custo menor. Também foi estabelecido que a ACP fará um levantamento da quantidade de resíduos e quais são eles para nortear os comerciantes a destiná-los corretamente”, conta ela.

Sanções

Segundo Favetti, não se tratam de sanções as consequências para as empresas que não se mobilizarem para a correta destinação de seus resíduos. Ele conta que no caso dos governos – estaduais ou municipais - a principal consequência da não adequação da lei (conforme os artigos 16 e 18) é a impossibilidade de “acesso a recursos da União, ou por ela controlados”.

Em relação às empresas, por exemplo – tendo em vista o que aponta o Art. 24 – o processo de licenciamento ambiental do empreendimento ou atividade deve conter o plano de gerenciamento de resíduos, sob pena de não ser aprovado.

“Ainda é interessante lembrar que conforme o parágrafo único do Art. 29, aqueles que forem responsáveis por evento lesivo ao meio ambiente ou à saúde pública relacionado ao gerenciamento de resíduos sólidos, deverão ressarcir integralmente o poder público pelos gastos decorrentes das ações empreendidas a fim de minimizar ou cessar o dano causado”, adverte.

Avaliação

A avaliação quanto à mobilização do Paraná para adequação ao plano é bastante otimista. As empresas, cada vez mais, exercem suas atividades com responsabilidades social e ambiental, isso é uma importante constatação. “A implementação da logística reversa é fato louvável, até porque contribui de forma significativa para o reaproveitamento de produtos e materiais, diminuindo os prejuízos causados ao meio ambiente. No entanto, ainda há muito para caminhar. O desconhecimento do tema e a lamentável ausência de conscientização ambiental ainda são obstáculos a serem transpassados”, analisa Favetti.

“Tenho participado da discussão nacional e acredito que no Paraná estamos avançados. Há uma união dos setores para que o PNRS aconteça de verdade e possamos dar o exemplo ao Brasil”, avalia Tania, da ACP. Ainda, segundo ela, a união de todo setor produtivo é essencial para barateamento dos custos. Ela também acredita que a PNRS vai ser uma grande oportunidade de geração de emprego e de criação de novas tecnologias para reciclar materiais. “Acredito que incentivos fiscais para as empresas que precisaram ser criadas para que a PNRS aconteça é essencial para toda a cadeia da reciclagem”, diz.

Próximos passos

Após a assinatura do termo de compromisso em 2012, o próximo passo para a logística reversa é o cumprimento da chamada Agenda 2013, conforme explica Luciano Busato da FIEP. “A FIEP, por meio da Coordenação de Desenvolvimento, articulará e dará apoio técnico para a realização das reuniões setoriais e cumprimento da Agenda 2013. Entre março e junho de 2013, acontecerão as primeiras 17 reuniões setoriais conforme agenda pré-definida, como resultados dessas reuniões, em 60 dias os setores apresentarão um cronograma de atividades para a elaboração, num prazo de 180 dias, de estudo e/ou plano setorial de logística reversa”, conta.

“Difícil prever quando observaremos resultados efetivos. O importante é que as empresas buscam, cada vez mais, atuar de forma responsável. A intenção da Lei nº 12.305/2010 é estabelecer diretrizes gerais aplicáveis aos resíduos sólidos para orientar as empresas, os estados e os municípios na adequada gestão desses resíduos”, analisa Favetti.


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Sustentando - Edição 31

Decoração solidária

Deixar a casa cheia de estilo pode contribuir para uma vida melhor a quem merece e precisa. As almofadas Solidarium são fabricadas por artesãos de fabriquetas ligadas à cooperativa Dedo de Gente, dirigidas por moças e rapazes do Vale do Jequitinhonha e norte de Minas Gerais. São dez fabriquetas: serralheria, marcenaria, bordados e arranjos florais, cartonagem, tinta de terra, casinhas para passarinhos livres e até doces e licores. Recentemente, foram incorporadas as fabriquetas de cultura e tecnologia, com serviços na área de audiovisual e softwares. O site (www.dedodegente.com.br) informa: "(o propósito é) gerar possibilidades inovadoras de desenvolvimento humano e profissional, comprometido com os valores de nossa cultura e o ambiente em que vivemos". Aproximadamente 2 mil produtos diferentes já foram criados e 200 estão no portfólio permanente. São 85 cooperados e cerca de 70% do orçamento da cooperativa provêm das vendas. Muitos foram recrutados por empresas da região e dois montaram negócios próprios.

Recarregador limpo

Uma escultura de pequenos painéis solares, desenvolvida pelo designer francês Vivien Muller (vivien-muller.fr), recarrega gadgets usando somente a energia do sol. O Electree+, em forma de bonsai – miniárvore japonesa -, é modular e suas 27 "folhas" são pequenas placas fotovoltaicas de silício numa superfície total de 1.400 cm², com altura de cerca de 40 cm. A energia produzida pelos painéis durante o dia é armazenada em uma bateria interna de 14 mil mAh, que alimenta uma saída USB. Quando completa, é capaz de recarregar, por exemplo, um iPhone 5 nove vezes, ou um Galaxy S3 três vezes ou ainda um iPad 2 duas vezes. Para conseguir a carga completa, é necessária a exposição ao sol por 36 horas. Isso significa que após quatro horas de exposição ele já é capaz de fornecer a recarga para um smartphone. O designer explica a escolha do formato de árvore: “A natureza tem selecionado ao longo de milhões de anos as estruturas mais eficientes de captação de energia solar. A forma de árvore é, portanto, a mais eficiente”. Com informações do Kickstarter (www.kickstarter.com).

Sustentabilidade embutida

Não é somente a madeira maciça que pode ser certificada, mas materiais derivados, como MDFs, MDPs, compensados e outros, produzidos com matéria-prima e processos certificados. Podem receber certificações como o selo FSC (Forest Stewardship Council ou Conselho de Manejo Florestal), uma iniciativa para a conservação e o uso racional das florestas do mundo inteiro. O móvel que recebe o selo FSC teve sua chamada Cadeia de Custódia, certificada por rastreamento desde a colheita da matéria-prima até a comercialização do produto acabado. A certificação de uma área florestal exige que os processos de produção, extração, etc. sejam ecologicamente corretos, socialmente justos e economicamente viáveis. Algumas empresas brasileiras que comercializam mobiliário feito com madeira ou derivados certificados são a Movelaria Paranista (www.movelariaparanista.com.br) , Meu Móvel de Madeira (www.meumoveldemadeira.com.br) , Tora Brasil (http://www.torabrasil.com.br)  e outras.

Rio 45 graus sustentáveis

Neste verão, a Princesinha do Mar do Rio de Janeiro ganha 32 duchas sustentáveis para refresco dos frequentadores. Movidas à bateria solar, bombas de sucção sob a areia levam a água do mar, além de filtrá-la por britas, até próximo ao calçadão de Copacabana. O processo garante limpeza e dessalinização suficientes para os banhos refrescantes, mas não a potabilidade, e a água jorra por cinco segundos após o acionamento do botão. A empresa responsável pelo projeto foi a Blue Sol Energia Solar, que doou os chuveiros à Secretaria Municipal de Meio Ambiente do Rio de Janeiro. Há um ano, uma ducha vem funcionando como teste, com sucesso, em Ipanema, e os mesmos modelos já são usados em praias do Nordeste.

Passaporte verde

A sustentabilidade também sai de férias com a Campanha Global Passaporte Verde, uma iniciativa da Força Tarefa Internacional para o Desenvolvimento do Turismo Sustentável, liderada pelo governo francês e composta por 20 países membros, entre eles o Brasil, representado pelos Ministérios do Turismo e do Meio Ambiente. Os ministérios brasileiros, com o PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) e o Ministério da Ecologia e Desenvolvimento Sustentável da França decidiram criar e implementar a campanha para promover um efeito multiplicador de metodologias e projetos estratégicos com base em padrões de consumo e produção sustentáveis entre os seus membros. Paraty, no Rio de Janeiro, foi selecionado como o destino-piloto no Brasil e será estruturado como referência para o turismo sustentável. Para a divulgação internacional foi criado o website Passaporte Verde que apresenta ao turista dicas de escolhas e comportamentos sustentáveis que respeitem e tragam benefício à comunidade visitada e ao meio ambiente.

Reciclagem de eletrônicos

Alguns serviços na internet indicam postos de reciclagem de lixo eletrônico no Brasil, como CEMPRE, Descarte Certo, eCycle e E-lixo Maps, este desenvolvido pelo Instituto Sergio Motta que mapeia as organizações que fazem esse tipo de reciclagem e tem quatro mil instituições cadastradas. A informação é importante porque, segundo o Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil, elaborado pela Abrelpe (Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais), 6,7 milhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos tiveram destino impróprio no país em 2010. O lixo tecnológico (celulares, computadores, TVs, etc.) pode conter metais pesados altamente tóxicos, como mercúrio, cádmio, berílio e chumbo que, liberados em um aterro, podem contaminar o lençol freático e, se queimados, poluir o ar. Além disso, muitos desses componentes eletrônicos podem ser reciclados. Os minerais presentes neles, por exemplo, são aproveitados e isso diminui a pressão por mineração, uma atividade econômica com potencial para causar grande dano ao meio ambiente. Com informações do Portal EcoD: www.ecodesenvolvimento.org/posts/2012/dezembro/descarte-correto-do-lixo-e-fundamental-para-o?tag=rrr



domingo, 24 de fevereiro de 2013

Artigo: Já passamos da sobrevivência, hoje lutamos pela sustentabilidade

Quando iniciei a Vivenda da Criança, em 1989, vivíamos uma luta diária para cumprir nossas obrigações. Todo contexto à minha volta era adverso e de muita escassez. Fazíamos de tudo para que nossas crianças tivessem o básico, mas faltava dinheiro para pagarmos salários, encargos, contas de telefone, entre outros.

Em vários momentos, achei que iria desistir, mas persisti fortemente. Levava as dificuldades com muita tranquilidade, sempre confiando na providência divina e nos amigos, que nunca nos abandonaram. Vivíamos com grandes dificuldades, mas sempre as contornamos com muita perseverança.

Assim, passaram-se 23 anos. A Vivenda cresceu e nosso trabalho social progrediu. Chegamos à profissionalização, com novos funcionários, ideias e desafios. Mas, a necessidade de prover o projeto ainda é constante e, certamente, muito mais desafiadora. Os quatro funcionários que comigo somavam toda a força de trabalho de que dispúnhamos no passado, se multiplicaram em 45 empregados diretos e prestadores de serviços em regime parcial, como nutricionista, oficineiros e outros.

Precisamos desses colaboradores e de recursos para atender às mil famílias assistidas, aos180 crianças e adolescentes que passam meio período do dia na Vivenda (onde recebem refeições equilibradas e completas, em vez de estarem nas ruas), aos jovens que buscam primeiro emprego e cursos profissionalizantes, aos adultos que se alfabetizam em nossas turmas. Além de uma série de outras atividades que transformaram a Vivenda em um ponto de referência social em Parelheiros (subprefeitura mais carente dentre as 31 da cidade de São Paulo).

Tudo isso me enche de esperança e motivação. Às vezes, diante de tantas mazelas e desequilíbrios sociais, acho que estamos enxugando gelo. Entretanto, cada vez que vejo o sorriso de uma criança, ou participo de uma de nossas formaturas, fico com a convicção de que somos uma esperança para elas, que vivem em ambientes e em situações tão adversas, e que precisam de um trampolim para saltar para uma vida digna e com oportunidades. Assim, renovo minhas forças para irmos em frente e crescer, para fazer mais!

Porém, crescer tem seu preço. As dificuldades não diminuíram – se modificaram. Hoje temos muito mais estrutura e projetos do que quando começamos. Em contrapartida, nossos custos subiram muito. É o preço para se fazer mais e melhor a cada dia, para atendermos muito mais famílias e levarmos mais dignidade e alento a um número maior de necessitados.

Agindo com responsabilidade e tendo como parâmetro as dificuldades de sempre para se obter doações (mesmo aquelas advindas de benefícios fiscais aproveitados pelas empresas, através de vantagens oferecidas pelo governo), estamos sempre em busca de alternativas para gerar renda para a Vivenda, pois precisamos manter nosso trabalho em pé. E, mais do que nunca, precisamos dos empresários, que podem nos ajudar não só com doações, mas dando oportunidades para nossos jovens.

Assim surgiu o projeto Oportunidades. Estamos autorizados pelo Ministério do Trabalho e Emprego para alocar jovens em empresas, dando condições – a partir de capacitação realizada na Vivenda – para que surjam profissionais em diversas áreas. Empresários, em parceria com a instituição, podem contratar em condições privilegiadas com gente disposta a mostrar seu valor, e cumprir, dessa forma, a Lei 10.097/2000 que obriga empresas de médio e grande porte a ter uma cota de jovens aprendizes em seu quadro de colaboradores.

Nossos jovens, antes de ingressarem nas empresas, (passam pelo curso preparatório que desenvolve competências para o mundo do trabalho e para o desenvolvimento de habilidades especificas, o curso é de Assistente Administrativo e possui dois módulos específicos – Auxiliar Administrativo e Informática- com certificado do SENAI e também possui oficinas do Projeto Raízes do Futuro em parceria com o UNICEF - Fundo das Nações Unidas para a Infância)

E, por conta do nosso empenho, as empresas parceiras mostram-se contentes com nossos jovens, pois eles já vão trabalhar com um diferencial: uma boa preparação inicial e acompanhamento semanal pela instituição para que o período de aprendizado seja feito de forma correta e adequada. Atualmente, são 26 oportunidades criadas, ou seja, jovens que estão aprendendo a trabalhar e a começar uma vida de sucesso em empresas como parceiros como a Livraria Selva, Columbia Trading, Classic Corretora de Seguros, SPRIMAG Brasil, Solventex, Deposito Zona Sul e XBA.

Por isso é tão importante que os empresários tenham consciência sobre a importância do projeto e contratem pelo menos um jovem preparado pela Vivenda – como já ocorreu com outros parceiros e que, depois de testarem, invariavelmente abriram as portas para outras contratações. Somos comprometidos com a excelência e não queremos apenas colocar as pessoas no mercado. Queremos que elas se desenvolvam e encontrem um caminho de crescimento profissional e pessoal.

Para nós, esse trabalho é muito importante, mas ainda precisamos de parcerias e doações para continuarmos a desenvolver nossos projetos. Pois assim, queremos, com nossa atuação e propostas, gerar cidadãos dignos e capazes de se reinventar. Seu amor somado ao nosso pode transformar o mundo.

Yvone Venditti é diretora educacional da Associação Beneficente Vivenda da Criança

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

INSCRIÇÕES DA EDIÇÃO INTERNACIONAL DO PRÊMIO NESTLÉ DE CRIAÇÃO DE VALOR COMPARTILHADO VÃO ATÉ 31 DE MARÇO

São Paulo, fevereiro de 2013 – Estão abertas as inscrições para a terceira edição internacional do Prêmio Nestlé de Criação de Valor Compartilhado. Podem concorrer projetos que tenham impacto significativo nas áreas de Nutrição, Água e Desenvolvimento Rural. Os interessados em participar terão até 31 de março para se inscreverem. O vencedor recebe um investimento de até 500 mil francos suíços para expandir ou replicar sua iniciativa. Informações, regulamento e ficha de inscrição estão disponíveis no site www.nestle.com/csv/nestle/nestleprize.

O Prêmio Nestlé de Criação de Valor Compartilhado é concedido a cada dois anos e apoia iniciativas inovadoras, comercialmente viáveis e de alto impacto, para que atinjam escala social e sustentabilidade financeira. No ano passado, foram recebidas mais de 600 inscrições de 76 países.

Na edição 2012, a organização paraguaia Fundación Paraguaya de Cooperatión y Desarrollo foi a grande vencedora com o projeto ‘Escola Agrícola Autossuficiente’, que oferece treinamento técnico e empresarial como parte do currículo acadêmico.

A Nestlé adota mundialmente a Criação de Valor Compartilhado para suas ações de Responsabilidade Social, conceito fundamentado na premissa de que para o sucesso dos negócios no longo prazo, tão importante quanto gerar valor para os acionistas é gerar valor para a sociedade em que a empresa está inserida.



Prêmio Ozires Silva reconhece empreendedores sustentáveis

No dia 20 de fevereiro no Palácio Garibaldi em Curitiba ocorreu a cerimônia de premiação dos empreendedores da 6ª edição do Prêmio Ozires Silva de Empreendedorismo Sustentável. O prêmio é uma iniciativa do ISAE/FGV, GRPCom e SEBRAE/PR com patrocíniuo da ITAIPU. 

Ozires Silva, considerado um ícone do empreendedorismo no Brasil, mencionou em seu dircurso a importância da iniciativa do prêmio e a necessidade em ampliar o apoio para novos empreendedores.

O prêmio reconheceu projetos direcionados para o desenvolvimento socioambiental da sociedade e gestão sustentável do negócio. Os concorrentes apresentaram seus projetos para uma banca de jurados formada por profisisonais de empresas e instituições voltadas ao tema sustentabilidade empresarial.

Abaixo, confira os projetos vencedores, em cada categoria:

EMPREENDEDORISMO NA EDUCAÇÃO
Empresa micro e pequeno porte: Inmed Brasil, Projeto - Ação Saudável;
Empresa médio-grande e grande porte: Senai Paraná, Projeto - Os Especialistas;
Estudante: Gabriela Noronha de Freitas, Projeto - Brinquedo Sustentável Para Escolas Públicas;
Plano de negócios: Nei Lucio Domiciano, Projeto - Plano de Negocio Eis: Método de Iniciação Científica para Ensino de Fundamentos Através de ''Hortas educacionais estruturadas”, no Ensino Fundamental II.

EMPREENDEDORISMO SOCIAL
Empresa micro e pequeno porte: ASID, Projeto - Desenvolvimento Institucional – Ação Social para Igualdade das Diferenças (ASID);
Empresa médio-grande e grande porte: Sesi Paraná, Projeto - Movimento Nós Podemos Paraná: uma tecnologia de mobilização e transformação social;
Estudante: Cindiliz Elaine Benedicto, Projeto - Marketing de Relacionamento: Os desafios do atendimento direcionado para o público surdo e/ou mudo.

EMPREENDEDORISMO ECONÔMICO
Empresa micro e pequeno porte: Golsat, Projeto A Política de Gestão de Frotas como Estratégia para Controle de Custos;
Empresa médio-grande e grande porte: Sofhar Gestão & Tecnologia, Projeto - Projeto de Inovação SOFHAR: Desenvolvimento de modelos e processos para produção sustentável.

EMPREENDEDORISMO AMBIENTAL
Empresa micro e pequeno porte: Economaster, Projeto - Reduza os custos e consumo de recursos naturais com geração de água quente nas industrias;
Empresa médio-grande e grande porte: Fundo Vale, Projeto - Programa Municípios Verdes do Fundo Vale: viabilizando economias sustentáveis na Amazônia;
Estudante: Rafael Rodrigues, Projeto - Exploração e Aproveitamento Energético de Biogás em Aterros Sanitários.

Os trabalhos foram analisados, os selecionados foram apresentados para uma banca avaliadora e foram premiados com o Troféu do Prêmio Ozires Silva de Empreendedorismo e o selo de certificação.

Fonte: ISAE/FGV
Fotos: Divulgação ISAE/Francisco Martins

Palestra - Empreendedorismo no Setor Automotivo

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Ressuscitaram a arqueologia no Brasil


Fernando de Barros

É comum que pesquisadores de vários ramos tenham dificuldade de obter inserção no mercado de trabalho no Brasil. Porém, os que se dedicam à arqueologia não têm tido do que reclamar. O ritmo acelerado do setor de construção civil vem multiplicando o número de consultorias arqueológicas no país.

As oportunidades para esse ramo da ciência estão sendo impulsionadas pela aplicação de portaria do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), em vigor desde 2002, segundo a qual toda obra civil de médio ou grande porte precisa de avaliação arqueológica do terreno e acompanhamento das escavações.

Com o constante crescimento do PIB do setor de construção civil, o potencial de expansão do setor de arqueologia no mercado de consultoria nos últimos 20 anos é evidente. Ao passo que em 1991, o Iphan liberou apenas seis investigações arqueológicas no país, em 2011 foram 1018 liberadas.

De acordo com a arqueóloga Lucia Juliani, entrevistada pelo site G1 em 29 de dezembro de 2012, na região de Pinheiros, zona oeste de São Paulo, descobertas interessantes sobre o estilo de vida no local entre o fim do século 19 e início do século 20 estão sendo reveladas, como hábitos de consumo da época.

Para as construtoras, os estudos compõem uma forma de interagir com a comunidade pela compreensão da história do bairro. Mas quando o assunto são negócios, o planejamento é fundamental, já que em geral os estudos são longos e exigem previsão para evitar atrasos no cronograma de implantação dos empreendimentos.

Segundo o professor da Universidade de São Paulo (USP) Eduardo Neves, entrevistado na mesma matéria do site G1, em pesquisa conduzida por ele foram identificados 43 sítios arqueológicos durante a construção de um gasoduto da Petrobras no Amazonas, gerando informações sobre a cultura de tribos indígenas anteriores ao período colonial.

É evidente que obras como essas podem gerar impactos irreversíveis sobre o patrimônio histórico cultural. Por isso, é preciso prever no orçamento das obras os custos e o tempo destinado aos estudos de arqueologia. Não adianta espernear, ressuscitaram - pra valer - a arqueologia no Brasil.

Fernando de Barros é engenheiro civil, especialista em Planejamento e Gestão Ambiental e responsável técnico da Master Ambiental.



segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Materiais escolares usados agora têm descarte correto

Estudantes podem enviar seu material escolar de qualquer marca gratuitamente para reciclagem.

Todo início de ano, estudantes do país inteiro voltam às aulas com materiais escolares novos. São milhares de lápis, canetas, borrachas e lapiseiras substituindo aqueles que não têm mais como serem usados e anualmente são jogados no lixo, indo parar em aterros e lixões. Pioneira em ações de sustentabilidade e preocupada com a destinação correta dos resíduos de instrumentos de escrita, a Faber-Castell, em parceria com a Terracycle, está lançando a promoção “Faxina nos Armários”.

Participar é fácil: basta algum responsável pela escola cadastrá-la na Brigada de Instrumentos de Escrita Faber-Castell no site da TerraCycle (http://www.terracycle.com.br/pt-BR/brigades/brigada-de-instrumentos-de-escrita-faber-castell.html). Os alunos e professores devem juntar os materiais de escrita e levá-los para as suas escolas no início do ano letivo. Podem ser enviados todos os instrumentos de escrita como lápis, lápis de cor, lapiseiras, canetas, canetinhas, borrachas, apontadores, destaca texto, marcadores permanentes e marcadores para quadro branco que não funcionam mais ou estejam quebrados. A escola que arrecadar mais resíduos ganha produtos upcycled e um prêmio oferecido pela Faber-Castell. O resultado final será divulgado em 15 de abril de 2013.

Além de colaborar com a redução de lixo através da reciclagem, o participante do programa “Faxina nos Armários”, ou dos times de coleta de Instrumentos de Escrita Faber-Castell junta pontos, que são revertidos em uma doação em dinheiro para as próprias escolas ou entidades sem fins lucrativas escolhidas pelos times.

As Brigadas

Qualquer pessoa pode montar um time de coleta de instrumentos de escrita para serem reciclados. Basta se cadastrar gratuitamente no site TerraCycle, juntar os resíduos de qualquer marca e enviar sem custo pelo correio. Quem se cadastra pode formar um time de coleta com outras pessoas em casa, na empresa, na escola ou com um grupo de amigos. Para cada 12g de produtos enviados, são doados R$0,02 para uma escola ou organização sem fins lucrativos, escolhida pelo próprio time de coleta.

Além de ser um programa gratuito de reciclagem as brigadas são uma excelente oportunidade para arrecadar fundos para as escolas, incentivar a coleta de resíduos é uma ótima oportunidade de inserir a educação ambiental na sala de aula. No site www.terracycle.com.br  e nas redes sociais, os professores podem encontrar o passo-a-passo de objetos feitos a partir daquilo que viraria lixo.

Sistema patenteado ajuda a poupar captação de água e contribui para a preservação ambiental

Economizar água potável que está cada vez mais escassa, sobretudo para abastecer os grandes centros urbanos do País, por meio de um sistema de tratamento mais simples do que as atuais complexas e caras estações de tratamento convencionais. É o que possibilita fazer um equipamento projetado e construído pela H2Life Brasil, empresa especializada no desenvolvimento de sistemas de purificação de água. Trata-se do Super H2Life, uma máquina móvel que é uma verdadeira estação de tratamento de água, com capacidade de purificar até 6 mil litros por hora.

Ele permite retirar todo tipo de impureza física, química ou biológica existente na água, tornando potáveis até mesmo as de córregos e rios poluídos. Seria possível, assim, aproveitar uma grande quantidade de água disponível próximo dos grandes centros consumidores, sem a necessidade se buscar água em locais distantes dos grandes centros urbanos, o que reduziria os custos e pouparia recursos naturais. A água consumida em São Paulo, por exemplo, já está sendo captada em bacias hidrográficas distantes até 100 quilômetros da capital paulista.

Por meio da utilização do equipamento da H2Life Brasil, a natureza sairia ganhando de duas formas: com o aproveitamento de uma água já bastante comprometida pela poluição, além da menor necessidade de se explorar fontes naturais. Concedido pela H2Life Brasil após seis anos de pesquisa e milhões de reais em investimento, o Super H2Life é um inédito e revolucionário purificador de água que usa nanotecnologia. Ele trata, filtra e desinfeta qualquer tipo de água, inclusive de lagoas, rios e poços artesianos. O sistema utilizado pelo Super H2Life, que já foi patenteado pela empresa, é automatizado, inteligente, permite auto-operação e não usa nenhum reagente químico.

O equipamento é modular, de fácil transporte e operação. Ele pode ser instalado de forma permanente em grandes pontos de consumo ou mesmo ser levado em caminhão para pontos remotos do município – em áreas rurais, por exemplo – para atender uma demanda específica ou emergencial, como aconteceu recentemente em Xerém (RJ), onde foi instalado um Super H2Life para captação de água de um dos rios que corta a comunidade, cujos moradores puderam se abastecer de água pura enquanto o sistema local ficou impossibilitado de funcionar em razão das enchentes que atingiram aquela região no início deste ano. Ele funciona ligado à rede local de energia, mas também opera por meio de um pequeno gerador, que pode ser incorporado ao sistema.

A H2Life Brasil garante total qualidade e segurança ás águas tratadas pelo sistema, além da comprovação de uma significativa redução do consumo de água e energia – entre 30% e 50%, conservadoramente falando - em relação aos sistemas convencionais de tratamento de água.

O Super H2Life foi concebido para resolver e melhorar o tratamento de águas das grandes, médias e pequenas comunidades, assim como nas indústrias, condomínios, hotéis, shoppings e outros estabelecimentos cujo consumo de água limpa seja vital. O equipamento é de fácil manutenção com disponibilidade imediata de peças e partes para reposição.

Sobre a H2Life Brasil – Integrante do Grupo Loeches, com cerca de 30 anos de atividade, a H2Life Brasil é uma empresa brasileira especializada no desenvolvimento de soluções tecnológicas voltadas para o tratamento e purificação de água. Atualmente, possui dois produtos inovadores: o Super H2Life, uma máquina que purifica água imprópria para o consumo, tornando-a potável; e o Life Tube, um canudo purificador de água portátil. Para ambos os produtos, a empresa desenvolveu e patenteou uma tecnologia a base de nanotecnologia. O Super H2Life pode ser usado em condomínios residenciais, shoppings, hospitais, indústrias, hospitais, empreendimentos agropecuários, prefeituras, etc.





Artigo: A vantagem de ser sustentável

A sustentabilidade ainda é hoje um termo amplo e diverso, e que por ter como base um tripé de considerações (econômico, ambiental e social) acaba sendo observada com focos diferentes e desta forma distorcida, tendo cada um de seus pilares mais destaque de acordo com o viés do observador.

Este, a meu ver, é um dos principais motivos por trás do mito de que só há despesas na busca pela sustentabilidade nas empresas. Gostaria de destacar o termo busca, pois certamente este é um adjetivo raro a ser empregado em sua plenitude e não conheceremos uma empresa 100% sustentável tão cedo.

Em um relatório recentemente publicado pela MIT Sloan Management Review & The Boston Consulting Group, foi demonstrado que as empresas têm cada vez mais lucrado com a sustentabilidade. No geral, a porcentagem de participantes que reportaram lucros a partir de estratégias sustentáveis subiu de 23% para 37%, e talvez o mais importante, quase 50% das empresas alteraram seus modelos de negócio como resultado de oportunidades surgidas na área da sustentabilidade - um aumento de 20% em relação ao ano passado.

As empresas que estão largando na frente estão hoje estudando suas atividades e tentando equilibrar suas iniciativas nos três campos do tripé. Buscam investir em qualidade de vida de seus funcionários, reduzir os impactos ambientais gerados por suas operações e procuram manter o resultado positivo em suas finanças. O desenvolvimento sustentável está emergindo como a “nova demanda pela qualidade” nas empresas, e se hoje ainda é um diferencial, em pouco tempo passará a ser um pré-requisito, a exemplo da tão conhecida série ISO 9000.

Através de índices econômicos como o ISE da Bovespa, fica mais fácil visualizar a tendência destas empresas em se destacar no mercado e ter suas ações mais valorizadas. Mas, em termos práticos, uma gestão com foco em sustentabilidade busca tornar a empresa mais eficiente. Compreender como suas atividades impactam no meio ambiente e qual parcela disto é desperdício, avaliar o quanto funcionários satisfeitos e comprometidos podem render em produtividade para a empresa em contrapartida a alta rotatividade e desinteresse em evoluir junto com o negócio, também fazem parte.

Estes são exemplos de um trabalho de conscientização muito maior que permeia a busca pela sustentabilidade. Uma das ferramentas de empresas que estão neste caminho é a elaboração do inventário de emissões de gases de efeito estufa (GEE), o qual faz um raio-x das operações da instituição e demonstra em indicadores e números absolutos o quanto de CO2 é gerado por unidade de produção. Com este controle a empresa consegue definir metas para emitir menos GEE e consequentemente consumir menos energia (combustíveis ou eletricidade) sendo esta uma das principais fontes de emissões de CO2 em uma indústria.

Seguindo nesta linha de raciocínio fica clara a relação de diminuição de custos, busca pela eficiência e redução no impacto ambiental. E em um mundo cada vez mais conectado, tratar das questões sociais como respeito aos funcionários e atenção com a comunidade em seu entorno são iniciativas que quando positivas rendem alguns comentários, mas em casos negativos se espalham como vírus na internet, deixando claro o custo de não cuidar desta haste do tripé. Com equilíbrio, ganha a sociedade, a empresa e principalmente o meio ambiente.

Henrique Mendes é bioquímico pela UFJF com MBA em gestão ambiental pela FIT. Gerente de Negócios da www.neutralizecarbono.com.br e Consultor na www.greendomus.com.br.

Entrevista Edição 31 - Marina Silva



Jornalista: Letícia Ferreira
Entrevista publicada na Edição 31 da Revista Geração Sustentável

Uma revolução na maneira de os seres humanos verem o mundo, a vida, uns aos outros e a si mesmos é o que propõe como modelo de desenvolvimento sustentável para o Brasil e o mundo a ativista, ex-ministra do Meio Ambiente e ex-senadora Marina Silva. Esse foi o tema da palestra que ela fez no Seminário Executivo de Sustentabilidade Empresarial, promovido pela Paraná Metrologia e pelo Tecpar, em dezembro, na Fesp (Faculdade de Educação Superior do Paraná), em Curitiba. Em entrevista exclusiva à Geração Sustentável, além de reafirmar esse posicionamento, disse estar se reunindo com várias lideranças para decidir se vai concorrer à presidência nas próximas eleições, acreditando na possibilidade de "desengessar" estruturas políticas enrijecidas.

Marina afirmou, durante a palestra, que se não mudarmos não apenas o padrão de produção e consumo, mas a visão do que cremos ser felicidade e prosperidade, não vamos sair da crise global, que acredita sem precedentes e a que chama de crise civilizatória. Lembrando o novo bordão ecológico, disse que o ainda tão almejado padrão dos americanos, japoneses e europeus não pode ser copiado pelos países em desenvolvimento, ainda que dentro das normas do desenvolvimento sustentável, pois o planeta não comportaria, e a mudança é urgente: "Vamos chegar em 2050 com nove bilhões de pessoas na Terra e não há como manter o padrão de produção e consumo de hoje, precisaríamos de cinco planetas".

A ex-ministra acredita que essa nova forma de ser, sentir e pensar gerará novas formas de conhecimento, novos produtos, materiais e empregos e, enfim, uma nova economia criativa. "Não há limites para ser mais solidário, criativo, erudito, mas há limites, sim, por exemplo, para cada um de nós termos um carro."

Para Marina, a base da crise civilizatória é uma crise de valores que separa a ética da política e a ecologia da economia. Entretanto, percebe que surge uma nova forma de ativismo, o autoral: "As pessoas não querem mais ser expectadoras, mas protagonistas: um protagonismo autoral que não pode descambar para o individualismo ou para a dualidade oposição - situação, mas para ter posição", afirmou.

Ela lembrou que não é errado ter interesse; todos têm, o problema é crer que o seu interesse deve prevalecer sobre o interesse do outro de forma ilegítima, pois há formas cada vez mais colaborativas em que interesses podem coexistir mediados pela ética.

Muito se fala do potencial de desenvolvimento sustentável do nosso país. Você acredita que corremos o risco de ficar só no potencial?
O risco é duplo - de ficar só potencial e de destruir o potencial -, e este talvez seja o mais grave. O Brasil é o país que reúne as melhores condições para sair do padrão de consumo elevadíssimo de recursos naturais. Já há muitas empresas e negócios, em todos os setores da economia brasileira, no caminho de competir respeitando as legislações trabalhista e ambiental, e promovendo qualidade tecnológica com base em pesquisa e inovação: é o aumento de produção por ganho de produtividade criando novos produtos, novos materiais, novas oportunidades. E existem aqueles que ainda estão presos ao final do século 19 e à economia predatória do século 20. Mas o mundo do século 21 será sustentável ou não será.

Você pode citar exemplos dessas empresas e negócios?
Costumo não citar porque não quero fazer propaganda, mas há empresas sérias que têm o desenvolvimento sustentável como um compromisso e uma visão estratégica, e não apenas um discurso, uma forma de propaganda. Temos três níveis: aquelas que resistem e se contrapõem a essa agenda, aquelas que preferem dourar a pílula como se fosse verde e aquelas que estão fazendo investimentos reais e se tornando referência de que boas práticas sem perda da competitividade são possíveis.

De modo geral, apesar de ser difícil generalizar num país tão grande e populoso como o Brasil, em que nível você colocaria o empresariado brasileiro?
Eu diria que temos uma parte pequena, de vanguarda, do empresariado que está fazendo seu dever de casa. E há uma maioria de espectadores observando para onde o pêndulo vai se movimentar que, infelizmente, pode estar interditando o que há de mais possibilitador nas condições do Brasil. Nosso país é uma potência ambiental e precisa sê-lo também pelas suas decisões políticas e pelos seus investimentos.

Você colocaria parte do poder público entre esses expectadores? Você já declarou que o governo é aquele que tem mais ferramentas e, portanto, pode mais e teria mais responsabilidade.
O governo tem muita responsabilidade. No decorrer dos anos, tivemos no Brasil uma agenda de avanços, em diferentes governos, graças a uma mobilização e uma consciência da sociedade que foi, paulatinamente, conquistando avanços na legislação ambiental e mesmo em sua implementação. Porém, nos últimos dois anos, tivemos um retrocesso muito grande porque, além de não se avançar, estão removendo as conquistas dos governos anteriores. Foi o que aconteceu com o Código Florestal, o que aconteceu quando retiraram as competências do Ibama para fiscalizar o desmatamento, e quando, por Medida Provisória, deram poderes à presidente para, por decreto, diminuir as áreas de preservação criadas nos governos anteriores. Eu poderia citar um rol de retrocessos que, infelizmente, trarão um custo muito pesado na realidade do Brasil em médio e longo prazos.

Você já mencionou também o poder do consumidor nas mudanças, porém, o que ainda se vê no Brasil é uma corrida consumista desordenada. Como se pode educar e motivar esse consumidor? E é nesse sentido que vai trabalhar o Instituto Marina Silva?
Isso é um paradoxo. Ao mesmo tempo em que as pessoas estão sensíveis aos problemas do planeta, parecem não conseguir perceber que é o consumo doentio e tóxico que está destruindo o planeta. Para dar uma ideia, um norte-americano emite uma quantidade de CO² equivalente a 25 chineses. Se o padrão desse americano for generalizado, não há planeta para supri-lo, e um modelo que não pode ser universalizado não pode ser defendido. O instituto está sendo iniciado agora e a ideia é trabalhar a educação e a mobilização para a sustentabilidade. Não educação formal, no entanto. O que queremos fazer é algo como o que você está fazendo, acredito, com seus leitores. Você está informando, é uma forma de educação. Ao mesmo tempo, queremos promover a mobilização, porque não basta a consciência. Já percebo que há uma receptividade muito grande, sobretudo nos jovens, crianças e adolescentes. Tenho um amigo que diz que a nossa geração lutou pela liberdade acreditando que, com ela, construiríamos o futuro que quiséssemos, e que os jovens, hoje, têm que usar essa liberdade conquistada para lutar para ter um futuro. Isso é dramático, mas realmente acredito na mutação possibilitadora. Há um grupo muito grande, no mundo todo, que começa a se deslocar da lógica do poder pelo poder, do dinheiro pelo dinheiro, e começa a criar uma nova superfície, o que, no meu entendimento, é essa mutação que vai acontecer na economia, nos negócios e na preferência das pessoas que precisam consumir.

Não podemos deixar de perguntar sobre suas intenções a respeito das eleições à presidência de 2014.
Estou conversando com uma série de pessoas, lideranças políticas, sociais, da academia, da juventude para me ajudar a tomar uma decisão quanto a como contribuo mais - no trabalho na sociedade ou dentro da política institucional. Essa decisão não é fácil para mim, mas não estou fazendo isso sozinha, e estou animada com o feedback que recebo deste Brasil em todos os lugares em que passo.

Você acredita que o fato de estar na presidência da República poderia engessar uma pessoa que traz propostas e alega ter valores como os seus?
Se você tem valores, ideais e propostas realmente vividos de forma legítima e comprometida, estes podem "desengessar" as estruturas que estão hoje engessadas.

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Veja outros conteúdos dessa edição:

Matérias:
- Capa: 2013: O ano da Logística Reversa
- Entrevista: Marina Silva
- Visão Sustentável: Cativa Natureza - beleza de forma sustentável
- Tecnologia e Sustentabilidade: Parana Metrologia - Da teoria para a prática
- Responsabilidade Social Corporativa: (Cpce Conselho Paranaense de Cidadania Empresarial) Realização de 2012 e Projetos 2013
- Desenvolvimento Local: A sustentabilidade como inspiração (WTC)

Artigos:
- Artigo: O "Pibão" da Presidenta Dilma (Jerônimo Mendes)
- Artigo: O Marketing e o ciclo de vida sustentável de produto (Hugo Weber Jr)
- Artigo: Turismo Sustentável - Have you heard about it? (Rosimery de Fátima Oliveira)

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