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quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Empresa de confecção firma parceria com Instituto Brasileiro de Floresta à preservação da mata atlântica existente em Nova Friburgo


Por Alex Sandro Santos

Região beneficiada
Nova Friburgo é detentora de uma belíssima natureza, com a área total de 933km², onde mais de 50% da área territorial deste município, localizado na região serrana do Rio de Janeiro, é cercada pela majestosa e importante mata atlântica.
Friburgo foi também fortemente castigada pelo desastre climático ocorrido em janeiro de 2011, fato este que lamentavelmente originou a morte de mais de quinhentas pessoas e rendeu a mesma, neste período, os holofotes das mais diversas redes de televisão de todo o mundo. E até hoje ainda é possível identificar as marcas deixadas por este triste episódio, ou seja, algumas montanhas ainda estão desnudas de suas vegetações. Nesta mesma cidade também existe o polo de confecções que batiza a mesma como a capital da moda íntima do Brasil, e por conta disto existem muitas empresas de confecção, lojas de tecidos e acessórios, lojas especializadas em máquinas de costura industriais, empresas de estamparia, elásticos e bordados, entre outros. Segundo o IBGE, em pesquisa realizada em 2010, a população de Nova Friburgo é de 182,082 mil habitantes e os seus municípios limítrofes são Cachoeiras de Macacu, Silva Jardim, Casimiro de Abreu, Macaé Trajano de Morais, Bom Jardim, Duas Barras, Sumidouro e Teresópolis.
Breve história do projeto
Em 2010, o jovem casal Alex e Adriana Santos, cria a microempresa denominada Confecção Elas, no entanto os mesmos já possuíam experiência no ramo desde 2005. Com a legalização da Elas, eles firmam parceria com uma empresa de grande porte localizada nesta mesma cidade e passam a industrializar, por meio de terceirização, sutiãs de bojos. Para cada sutiã confeccionado era gerado uma sacola plástica que servia para embalar cada par de bojo – material este de espuma e que serve para sustentar os seios femininos. Cada sacola desta continha a marca do fabricante do bojo e o tamanho do mesmo, e, assim que o sutiã entrava no processo de fabricação, esta embalagem plástica era descartada. O casal de empreendedores adotam estas embalagens para dar início ao Projeto Ambiental denominado Elas Preservando, ou seja, as sacolas eram usadas para cultivar mudas de árvores.
Com a chegada do primeiro filho, eles encontraram uma nova direção à empresa e passam a fabricar, por produção própria, roupinhas de bebê personalizadas - tornando-se uma das primeiras neste segmento na região. E não havendo mais a existência das sacolas dos bojos, e existindo o forte desejo de não parar o projeto ambiental, eles encontram no lixo têxtil, novamente, o material para servir como base do projeto, ou seja, eles passam a reaproveitar os cones de linhas vazios da sua própria confecção e de outras fábricas para cultivar as mudas nativas da mata atlântica. Este material é feito de PVC (policloreto de vinila), muito comum de ser encontrado em Nova Friburgo, muito parecido com tubete de plantas e pode ser usado diversas vezes, ao contrário das sacolas plásticas.
Desde o início do projeto, muitos foram os desafios enfrentados por eles, já que não possuíam conhecimento na área de cultivo de mudas. Foram muitos testes e mudanças. Por sorte e determinação, eles foram criando parcerias com outras pessoas e empresas e assim melhorando a qualidade do projeto como um todo, e, com isso, cada participante contribui com a sua parte propiciando uma somatória incrível de conscientização e preservação ambiental nesta cidade. Atualmente, o Projeto Ambiental Elas Preservando conta com o apoio do Jornal A Voz da Serra; Revista Momento Ambiental; Horto Terra Viva; Sítio Terra Romã e Marcos Cunha; HD Imagem Digital; Expertise Consultoria; Hak e o estudante de engenharia florestal Flávio Monteiro.
Ao final de 2011 tiveram uma ideia que agregou um valor extraordinário ao projeto: parceria com unidades de ensino localizadas em Nova Friburgo. O que acontece é que a Confecção Elas instala dentro das escolas interessadas um pequeno viveiro de mudas e estimula os educadores e diretoria a trabalharem a educação ambiental na prática. Cada escola possui a sua particularidade em cogitar o projeto dentro da mesma, mas consiste basicamente em fazer com que os estudantes se responsabilizem pelas mudas, dediquem-se no cultivo seja irrigando e mantendo o viveiro sempre limpo. Alex e Adriana disponibilizam um manual de como utilizar o viveiro de mudas de forma simples dentro da escola e orienta para que se realizem pesquisas junto com os estudantes para que estes possam conhecer as mudas cultivadas na escola e o quanto elas são importantes à fauna e flora da mata atlântica. Mais de mil mudas já foram plantados na cidade de Friburgo por conta do projeto Elas Preservando, mais precisamente em parques ecológicos. Cerca de dois mil alunos são beneficiados, atualmente, pelo projeto.
“Nosso maior objetivo é se tornar uma confecção referencial em todo o país em termos de responsabilidade socioambiental e promover uma revolução na região onde estamos instalados em nível de conscientização ambiental, pois nossa maior missão não é somente plantar árvores, mais promover a educação ambiental tendo como princípio a reciclagem de lixo têxtil e a aproximação da juventude com o meio ambiente. Acreditamos que as novas gerações, sê submetidas à experiência da preservação ambiental de forma simples e prática, estas crescerão com uma visão ampla e muito mais conscientes sobre a importância da conservação do planeta” – explica Alex.
O pássaro beija-flor com uma gota no bico foi adotado como símbolo do projeto, se inspirando na reflexão já bastante conhecida onde o pequenino pássaro usa o seu próprio para apagar um incêndio na floresta. Enquanto todos os outros bichos fogem, o beija-flor recolhe a água de um riacho e arremessa sobre as labaredas. Ao ser indagado por um dos bichos, o pássaro responde estar fazendo apenas a sua parte mesmo que ainda de baixa dimensão.

Relevância ecológica
Para este ano o desafio deles é ainda maior não somente pelo número de mudas que se pretende ampliar como também a parte técnica, ou seja, aliar-se com a prefeitura e órgãos ambientais desta cidade para executar, nos próximos anos, a introdução das mudas cultivadas pelo projeto nas áreas que foram atingidas pelo desastre climático e/ou áreas específicas que necessitam urgentemente de árvores. Só para se ter uma ideia da importância ecológica deste trabalho da Elas, o município de Nova Friburgo localiza-se numa posição relevante dentro da mata atlântica, pois a mesma está situada na região montante das duas Bacias - Paraíba do Sul e Macaé – o que significa que todos os corpos d’água que passam pelo município têm suas nascentes em seu território. Desta forma, todas cidades que estão à jusante de Nova Friburgo dependem, além dos mesmos conservarem seus mananciais, que Nova Friburgo conserve bem as suas nascentes. Sabe-se, ainda, que a preservação da natureza e o plantio de novas árvores colaboram para que estas nascentes permaneçam proporcionando toda a sua vitalidade ao ser humano. Vale mencionar também que novas árvores realizam o sequestro de gás carbônico e liberam mais oxigênio ao planeta, e diversos outros benefícios.
Confira um pequeno trecho de uma matéria publicada no dia 29-02-12 pelo Jornal A Voz da Serra e perceba a importância deste projeto ao município de Nova Friburgo: “O Estado do Rio perdeu 247 hectares do Bioma no período de 2008 a 2010. Detectamos o desmatamento equivalente a 12 campos de futebol somente em Nova Friburgo. Esses números fazem do município a oitava cidade que mais desmatou a Mata Atlântica no Rio de Janeiro neste período. A população precisa ficar atenta, pois a cidade já perdeu 67% de sua cobertura original de Mata Atlântica. Não podemos permitir o desmatamento e devemos evitar a ocupação em áreas de risco ou inadequadas para moradias”, diz a diretora de Gestão do Conhecimento da Fundação SOS Mata Atlântica, Márcia Hirota.

Parceria com o Instituto Brasileiro de Floresta
E sabendo desta iniciativa exemplar, o IBF (Instituto Brasileiro de Florestas), localizado no estado do Paraná, se juntou à Confecção Elas para proporcionar ainda mais qualidade no Projeto Elas Preservando. O presidente do IBF, Solano Aquino, se mostrou grandemente entusiasmado com a proposta ambiental respectiva e prontamente se dispôs em entrar nesta parceria a favor da mata atlântica, já que o IBF está profundamente envolvido no que está relacionado com a preservação do planeta. No início de fevereiro, mais de cinco mil sementes de espécies nativas da mata atlântica já chegaram para atender a demanda inicial do projeto Elas Preservando, além de cursos ligados ao cultivo de mudas e elaboração de planos estratégicos.
Entre as sementes, estão: Pau Amendoim, Gurucaia, Paineira Rosa, Urucum, Araçá Goiaba, Aroeira Salsa, Canafístula, Aroeira Preta, Cedro Rosa, Pau Jangada Branco e Ipê Amarelo. O IBF mantém o site de vendas “Clique Mudas” onde são comercializados diversos produtos, assim como mudas, elaboração de projetos, cursos, livros, sementes e muitos outros.

Próximo passo. Mais ICMS-verde ao município
Para expandir as suas atividades, a Confecção Elas busca agora uma área localizada na Região Serrana do Rio de Janeiro para que possam montar um viveiro de mudas com maior capacidade para que este também possa servir de base aos viveiros menores montados nas escolas, de modo que tais mudas possam servir para conservar áreas específicas e proporcionar ao município as benfeitorias originárias deste trabalho ambiental, não somente com a introdução de mudas propiciando um aumento na área verde da região como também os recursos estaduais, assim como o ICMS- Verde, que de acordo com a lei estadual 5.100/2007 faz com que o Executivo receba valores cada vez maiores para ser investido nesta área, e a compensação de carbono que se tornou uma grande busca entre as indústrias que necessitam repor seus danos ao meio ambiente. O local ideal para eles seria Nova Friburgo, pois já estão inseridos nesta região, no entanto se outras prefeituras e/ou indústrias sentirem o desejo de formar parceria neste sentido, os idealizadores do programa respectivo se colocam disponíveis para estudar propostas.

Produtos do vestuário ecologicamente correto
E por estarem fortemente envolvidos com o conceito de sustentabilidade, a Confecção Elas que já produz roupas de bebê priorizando tecidos de menor impacto ao ambiente, a mesma também passou a fabricar camisas ecológicas para atender indústrias, bancos, redes de lojas e empresas de grande porte. Além de ser utilizado tecido que cause menos impacto no planeta, assim como 100% algodão, 100% garrafa pet ou 50% pet + 50% algodão, eles entregam ao cliente junto com as camisas um documento constando o cálculo dos gastos energéticos gerados a partir da fabricação de cada peça e, no mesmo, a sugestão de quantas mudas seriam necessárias para compensar o carbono emitido. “Este documento inovador, serve a instituição respectiva como ferramenta estratégica ao marketing, já que a mesma possuirá um mecanismo para se basear e elaborado com técnicos tanto na área ambiental como de energia. Fazendo isto, a empresa poderá mensurar com bastante fundamento ‘meus funcionários vestem ecologicamente correto. Minha empresa preserva o meio ambiente’. E se houver interesse do cliente, nós da Elas também nos responsabilizamos em plantar/doar parte das mudas que constar no relatório” – comenta Alex.

Para quem desejar conhecer melhor a Confecção Elas, fazer cotações e saber mais sobre as suas iniciativas que já foram premiadas, basta acessar www.elasecomodas.com, enviar email para elas.ecomodas@gmail.com ou ligar para (22) 4105 1071 ou 8157 9540. Quem desejar conhecer mais sobre o Instituto Brasileiro de Florestas pode acessar www.ibflorestas.org.br

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