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quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Resquícios de sustentabilidade. Um registro de viagem.

No Brasil, desde a homologação da última Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional/LDB, 1996, têm ocorrido esforços pontuais no sentido de se esboçar Políticas Públicas comprometidas com a Educação do Campo que se afastem dos erros e engodos que remontam ao início da República Velha, quando foi instalada a concepção de “ruralismo pedagógico”, mais interessada na fixação do homem na Zona Rural a qualquer custo, do que voltada para o desenvolvimento, a emancipação e o progresso das comunidades que permitem às Zonas Urbanas a dinâmica da Economia. Não fossem os cérebros e músculos que produzem alimentos, as cidades seriam mais insustentáveis do que hoje o são.
Desde 2008, tenho sido convidado para trabalhar junto a Projetos e Cursos de Pós-Graduação que, por iniciativas geralmente propiciadas por instituições privadas, suprem a necessidade de Formação de Formadores Rurais, em módulos que atendem às Práticas Pedagógicas de Educação do Campo. Com isso, além de tentar contribuir com a qualificação docente, tenho-me propiciado a realizar Estudos de Caso que, no mínimo, autorizam-me a algumas assertivas, em relação às minhas “andanças” nos Estados do Sul.

No mais das vezes, deparo-me com comunidades que, sob a égide da concentração e da centralidade, atendem às exigências de uma empresa que, comprometida com a monocultura, invariavelmente contribuem com a exaustão dos solos, a maxi-exploração de recursos hídricos, o uso e abuso de produtos químicos... e as decorrentes exclusões, desterritorializações, e demais insustentabilidades geradas pelo viés crescimentista, em detrimento de protocolos desenvolvimentistas. Nesses casos, pouco ou nada representam os saberes voltados às práticas pedagógicas da Educação do Campo, pois a praxe do dia a dia é a da sobrevivência e não a do Desenvolvimento Sustentável. Porém, há um mês, estive em um local que me descortinou uma realidade “utópica”, ao menos até hoje e dentro dos pressupostos de qualidade de vida. Refiro-me a Cruz Machado, cidade do Sudoeste do Paraná.

O Município chama a atenção por algumas variáveis que, salvo engano da literatura corrente sobre os ideais de vida com quantidade e qualidade suficientes, podem ser assim descritas: a) ausência de registros significativos em relação a atos de violência. A performance educada do cruz machadense, é destacável ao visitante; b) crianças e pessoas idosas em trânsito, o que sempre é um indicador de alguma segurança presumida, enfaticamente na Zona Urbana; c) não-utilização de agrotóxicos em escala, na produção agropecuária; d) 80% da população vivendo na Zona Rural, onde o cultivo do milho, do feijão e da erva-mate coexistem com a pecuária leiteira e a suinocultura, com base na Agricultura Familiar; e) salvo algumas manchas de Pinus elliotii (remanescentes de tentativas de monocultura crescimentista),  biossistemas íntegros, com fauna e flora preservadas, onde se destaca exemplar concentração de Pinheiro-do-Paraná; f) sistema hídrico não comprometido, apresentando rios piscosos isentos de contaminações, o que favorece a Economia Limpa.

Em síntese: diante de tantas evidências de insustentabilidades socioambientais, penso haver encontrado e sido confiscado por um lugar onde as utopias são vivenciáveis. Empiricamente, atribuo o fato a quatro intervenientes sistêmicas em Cruz Machado, que talvez respondam pelo “fenômeno”: 1) a região é acidentada, não permitindo o latifúndio de maquinarias, tão ao gosto de Economia de Escala; 2) a conjugação entre qualidade do solo, clima e preservação ambiental, associados à mudança da cultura local em relação à Agropecuária, há duas gerações, como relatam os informantes locais; 3) o cultivo da erva-mate, planta exigente de bioassociações, de preservação ecossistêmica e tratamento não impactante, da produção ao beneficiamento e consumo; 4) ao decorrente cuidado com os sistemas de Valores Sociais de uma comunidade urbano-rural que encontrou seu ponto de equilíbrio para o bem-viver. Minha única dúvida é sobre o compartilhar dessas informações, pois não gostaria de vir a ser responsabilizado por uma “invasão ao paraíso”.

Gastão Octávio Franco da Luz - Biólogo, Doutor em Meio Ambiente e Desenvolvimento e Consultor em Sustentabilidade.

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Veja outros conteúdos dessa edição:

Matérias:

Capa: Instituto HSBC Solidariedade - Sintonia com demandas socioambientais e econômicas do Brasil

Tecnologia e Sustentabilidade: Proteção e segurança para o consumidor

Responsabilidade Social Corportativa: Lançado programa empresarial em que funcionários podem desabafar e buscar o autodesenvolvimento

Responsabilidade Ambiental:Compromisso efetivo com o ambiente
Desenvolvimento Local: Conscientização empresarial e compromisso com o futuro do planeta




Artigos:


Giuliano Moretti: Da Ego à Ecossustentabilidade. O caminho da percepção.
Jerônimo Mendes: Empreendedor ou Empregado? Um desafio interior.


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terça-feira, 30 de outubro de 2012

Plastibras transforma embalagens de defensivos agrícolas em dutos de plástico reciclado

 
Fábrica recicladora de Cuiabá produz dutos, eletrodutos, drenos e polímeros de plástico reciclado retirado de embalagens de agrotóxicos;

Descrição da imagem
Adilson e os dutos reciclados

Vanessa Brito
A Plastibras Indústria Plástica, de Cuiabá (MT), é um exemplo de que questões ambientais preocupantes podem ser solucionadas e se transformar em oportunidade de negócio sustentável.

Neste caso as temíveis embalagens de defensivos agrícolas (ou agrotóxicos) se tornaram fonte de plástico, depois de lavadas e recicladas, para a fabricação de dutos, eletrodutos, drenos flexíveis e polímeros. Estes são os produtos dessa empresa recicladora, no mercado há quase dez anos.

Entre 2003 e final de 2011, a Plastibras retirou da natureza aproximadamente 24 mil toneladas de embalagens de defensivos agrícolas. Por dois anos consecutivos, recebeu o selo Floresta Viva por neutralizar seus processos industriais em termos de emissão de gás carbônico. A fábrica possui a certificação ISO 9001:2008, voltada à gestão da qualidade e ambiental das empresas. O reúso de água nos processos da Plastibras é de 100%, após passar por estação de tratamento de efluentes.

A empresa cuiabana é a única recicladora do material em Mato Grosso. Ela integra a cadeia de logística reversa de defensivos agrícolas, implantada com muito sucesso no país, há menos de dez anos. Esse segmento brasileiro se tornou referência mundial.

Cadeia

Os elos dessa cadeia começaram a se constituir a partir da Lei Federal 9.974/00, de autoria do senador Jonas Pinheiro (DEM/MT), promulgada em junho de 2000. Essa legislação disciplina e regulamenta o recolhimento e destinação final das embalagens de produtos fitossanitários, definindo responsabilidades dos agentes atuantes na agricultura do país, ou seja, de agricultores, dos canais de distribuição, da indústria e do poder público.

Adilson Valera Ruiz, diretor presidente da Plastibras, aponta a fundação do Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias (Inpev), em 2001, como outro passo importante para a consolidação da cadeia de logística reversa dos defensivos agrícolas no país. Atualmente 94 fabricantes do produto são associados do instituto, além de dez entidades de classe, que são sócias colaboradoras da entidade.

“Depois da criação do Inpev, ficou mais fácil os elos dessa cadeia deslancharem”, diz o empresário. A entidade construiu centrais e postos de recebimento de embalagens (lavadas e não lavadas), devidamente licenciados em termos ambientais; fornece orientações técnicas a produtores rurais e empresas recicladoras; entre outras ações. Prefeituras, engenheiros agrônomos e entidades agrícolas foram parceiros da montagem do eficiente sistema de entrega e recebimento do material em todo o território nacional.

Nas centrais de recebimento é feita a segregação das embalagens de defensivos agrícolas por cores e materiais (metais, papelão, plástico, etc). Os contaminados são separados e levados para serem incinerados em São Paulo e Minas Gerais. Os demais são prensados e encaminhados às empresas recicladoras, que pagam por quilo pelo insumo. No caso de escassez da ‘matéria-prima’, o Inpev encaminha o material de outro estado para a empresa recicladora.

Oportunidade

“Antes, a solução era enterrar ou incinerar as embalagens”, relata Adilson. “A Plastibras surgiu da constatação da abundância dessas embalagens na lavoura mato-grossense”, acrescenta. A empresa foi criada em 2003 e contava com 20 colaboradores. Em quase dez anos de atividades, o empreendimento cresceu 100% em produção, qualidade e aprendizado, avalia o empresário. Hoje, a Plastibras trabalha em regime de 24h, em três turnos e com equipe de 80 funcionários.

O fato de a empresa estar no centro do país possibilita atender todas as regiões com agilidade na entrega. A Plastibras dispõe de boa logística e está apta a atender clientes de todas as partes do Brasil com preços competitivos e fretes, que podem ser negociados, segundo o empresário. A meta da empresa é vender seus produtos para todos os estados, nos próximos anos. Sua clientela é constituída por atacadistas e lojistas de materiais de construção e construtoras.

Sustentabilidade

“Fomos a primeira empresa do setor de transformação a receber certificado de neutralização de carbono. Possuímos certificado ISO 9001: 2008, e buscamos atender todas as metas estabelecidas voltadas à sustentabilidade”, afirma Adilson. “Não há esgoto na fábrica. O reúso de água na fábrica é de 100%”, informa orgulhoso.

Outra ação ambiental da Plastibras, denominada “Carbono Zero”, é referente ao convênio firmado com o Instituto Ação Verde, desde 2011, voltada à neutralização da emissão de gás carbônico da empresa por meio do plantio de árvores às margens do rio Cuiabá no município de Santo Antônio de Leverger. Ribeirinhos são remunerados pelos serviços ambientais de cuidar de milhares de mudas e árvores plantadas à beira do rio. Outras empresas cuiabanas também participam da mesma iniciativa, segundo o empresário.

A empresa é parceira do Instituto Maria Stella (IMS) e do Sesi/MT em projeto educativo, que envolve 250 adolescentes, realizado no Distrito Industrial de Cuiabá. A eles são oferecidos cursos de informática, artes, palestras, biblioteca, entre outros. “Esse projeto tem gerado resultados interessantes na região”, ressalta Adilson. Recentemente a empresa contratou uma adolescente participante do projeto, que se destacou nos cursos.

Os funcionários da Plastibras recebem décimo quarto salário, referente à participação nos resultados anuais da empresa, ressalta o diretor da empresa. (www.plastibras.ind.com )

Whirlpool investe no uso sustentável da água


Em busca constante pela eficiência no consumo de água, a Whirlpool Latin America, dona das marcas Brastemp, Consul e KitchenAid, participa, no dia 07 de novembro, do Exame Fórum de Sustentabilidade. Durante o evento, serão realizados debates sobre a situação dos recursos hídricos no Brasil e no mundo.
 
A companhia economizou 141 m³ de água em 2011 nas Unidades Joinville, Manaus, Rio Claro e São Paulo. A redução do consumo de 843 mil m³ em 2010 para 693 mil m³ em 2011 representa uma economia de 17% dos recursos. Com o objetivo de registrar a mesma tendência em 2012, a empresa investe no uso sustentável da água por meio de sistemas de captação de água da chuva e Estações de Tratamento de Efluentes (ETE).
 
Há três meses, a Unidade Rio Claro inaugurou uma nova ETE, que deve gerar, em média, uma economia de 66 milhões de litros de água por ano. Os investimentos também passam por inovações nos produtos desenvolvidos pela empresa, que tem baixo consumo de água. As lava-louças Brastemp, por exemplo, consumem de 12 a 20 litros de água em cada operação, sendo menos da metade do volume utilizado na lavagem manual.
 
Para saber mais sobre a Whirlpool Latin America, acesse www.whirlpool.com.br
 
 

Implantação de ecotelhados exige análise estrutural para dar certo

Estruturas de madeira conferem durabilidade e segurança à base do telhado, garantindo benefícios ambientais a longo prazo

 Como forma de contribuir para redução dos impactos ambientais, os empresários têm apostado suas fichas em ações efetivas de sustentabilidade. A nova tendência que desponta nesse setor é a construção de ecotelhados. Entretanto, as estruturas originais do imóvel devem ser bem analisadas antes de colocar o projeto em prática.

O diretor da Emadel Engenharia, Luiz Alberto Langer, explica que a base do telhado deve ser estudada com cautela e, se necessário, reconstituída com novas estruturas que garantam o sucesso do empreendimento sustentável. “Para que o telhado verde possa ter o papel ecológico que promete, é necessário haver uma boa estrutura em madeira como base, de boa procedência, o que garante durabilidade e segurança ao investimento”, explica Langer.

A utilização da madeira na construção civil agrega benefícios a outros sustentáveis já conhecidos. Durabilidade, ação antioxidante, facilidade de manutenção e economia de energia estão entre os fatores determinantes para o uso da madeira na base dos telhados verdes. “De nada adianta o empresário investir num projeto ecológico se esquecer de avaliar os pontos estruturais. Gasta pouco, porém perde em qualidade a longo prazo”, avalia o engenheiro.

 “Fábrica verde” da SABB Coca-Cola

Entre as iniciativas nesse sentido, a Emadel atuou nas obras que geraram a nova cobertura vegetal da fábrica da SABB Coca-Cola, responsável pela produção dos produtos da Matte Leão, em Fazenda Rio Grande, na Região Metropolitana de Curitiba. A estrutura do telhado foi toda reformada em madeira e contou créditos importantes para que unidade fabril recebesse em abril de 2012 do Green Building Council Brasil (GBCB) a certificação Leed, sigla em inglês para “liderança em energia e design ambiental”.

A nova unidade da SABB Coca-Cola dá margem para a popularização dos ecotelhados e de um boom na construção civil para adoção dessas iniciativas mais sustentáveis, inclusive em operações industriais, o que, segundo Langer, traz benefícios não só para os empresários, que ganham empreendimentos com conceito verde, mas para todos os envolvidos que passam a contribuir para a preservação do meio ambiente de forma consciente e constante.

Conselho Paranaense de Cidadania Empresarial abre o Congresso Alianças Sociais

Será aberto às 19 horas desta terça-feira (30), na sede da Fiep do Jardim Botânico, o I Congresso CPCE Alianças Sociais, que irá reunir especialistas em temas de responsabilidade social corporativa, mostrará cases de indústrias e organizações sociais e terá a participação de empresas paranaenses signatárias do Pacto Global, da ONU.  A realização é do Conselho Paranaense de Cidadania Empresarial, que é articulado pela Federação das Indústrias do Paraná.

Na quarta-feira, ministrará palestra, entre outros, o empreendedor social e escritor Marcelo Estraviz, da Associação Brasileira de Captação de Recursos e conselheiro do Greenpeace.

A partir das 13h30 haverá apresentação de cases da Bosch, Fundação Banco do Brasil, Instituto Gerdau, GRPCOM, Emisa Plaenge Engenharia, além do Instituto HSBC Solidariedade, Aliança Nosso Paraná Sustentável, FAS e Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).

Às 18h30 começa o Diálogo de Parcerias Sustentáveis.

A programação completa está no site www.cpce.org.br


SERVIÇO
Congresso CPCE Alianças Sociais

Data: terça e quarta-feira (30 e 31)

Abertura: terça-feira - 19h

Local: Sede da Fiep no Jardim Botânico

Av. Comendador Franco, 1341)

 

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

3º Fórum Nacional Gestão para Sustentabilidade

Nos dias 04 e 05 de dezembro Brasília será palco de discussões sobre ferramentas e metodologias para promoção de ações de transformação na 3ª edição do Fórum Nacional Gestão para Sustentabilidade. O encontro tem como objetivo propor alternativas para alavancar resultados através da Sustentabilidade e estabelecimento de metas e indicadores para uma Gestão Organizacional Responsável.

O Fórum receberá um dos professores mais renomados do país na área de Sustentabilidade, Cláudio Boechat, pesquisador do Núcleo Petrobras de Sustentabilidade da Fundação Dom Cabral; apresentando o Workshop “Como Gerenciar uma Organização para o Caminho da Sustentabilidade”.

A programação do Fórum conta também com a exposição de Casos Práticos da SABESP, BANCO DO BRASIL, Prefeitura de São Paulo e PHILIPS, que irão expor quais os principais desafios para engajamento dos públicos interno e externo, planos e objetivos para conquistar o desenvolvimento sustentável, Agenda Ambiental na administração pública e parcerias colaborativas entre empresas.

Para completar o evento, 6 experts foram convidados para apresentar palestras: Christel Scholten,  ex-superintendente de Sustentabilidade do Banco Real; Reinaldo Bulgarelli, coordenador de cursos de Sustentabilidade da FGV;  Marcio Reis, especialista em Gestão para Sustentabilidade do Instituto Ethos; Marcelo Torres, consultor em sustentabilidade para as áreas de negócios e produtos; Ana Maria Santos Neto, diretora do Departamento de Produção e Consumo Sustentáveis do Ministério do Meio Ambiente e Raimundo Soares, cocriador do Núcleo de Sustentabilidade da FDC.

Confira a programação completa:

Artigo: Da Ego à Ecossustentabilidade - O caminho da percepção

Os movimentos rumo à sustentabilidade ambiental estão a todo vapor. Fala-se em Gestão Ambiental, Consumo Sustentável e Conservação do Meio Ambiente com uma naturalidade nunca antes vista, elencando-se uma miríade de práticas, métodos e indicadores que prometem resultados formidáveis em termos de inovação preservacionista. Planos, objetivos e metas parecem fazer parte do jargão estratégico de empresas e consultores, como uma panaceia para a crise dos ativos socioambientais que proveem a base da existência. Leis, normas, novas formas de se produzir com a mitigação sistemática dos impactos, maior eficiência e melhores alternativas energéticas, logística reversa e a contínua redução de rejeitos. Tudo isso em nome da emergência socioambiental que ameaça o ecossistema global.

Muito bem, parece um caminho necessário e sem volta que já vem trazendo importantes resultados. Entretanto, persiste a dúvida: até onde é possível “sustentabilizar”, considerando-se o modelo econômico que vende uma felicidade estruturada no consumo egotista per se?

Em primeiro lugar, qualquer pessoa com uma percepção minimamente aguçada intui que o crescimento do consumo, chamado sustentável ou não, tem limites. Questão de balanço energético e material. Se não renovável e em altíssima escala, a energia, base fundamental de tudo, faltará. Até aí, tudo bem: tecnologias estão sendo pesquisadas e paulatinamente implementadas para resolver isso. Se as soluções serão realizadas a tempo, é outra história.

Então, onde está o maior problema? Nos fluxos materiais. Com ou sem logística reversa, maior ou menor eficiência produtiva, o crescimento e a complexidade dos fluxos materiais advindos da produção e da aceleração do consumo continuarão sendo os vilões dessa odisseia. Fluxos que vão de encontro à sustentabilidade por uma única razão: existem leis fundamentais da Física, da Química e da Biologia, que estabelecem holisticamente as condições da vida como a conhecemos. E essas leis não se ajustam aos sabores da produção e do consumo  altamente velozes e em grande escala. A matemática já é velha conhecida: como a matéria não vêm do espaço, ao contrário da energia renovável, só se dispõe dos recursos que o Planeta oferece. Se a taxa de consumo material for maior que as taxas naturais de reinserção e de redistribuição dos recursos (considerando uma base in natura), a sustentabilidade se torna um sofisma.

Pessoas continuam sendo condicionadas para o consumo como requisito determinante para a satisfação última, para a realização plena que, obviamente, nunca chega. Do contrário, perversos mecanismos as aterrorizam com a possível marginalização social. Este é o pão estragado que alimenta todos. E o vazio continua, dia após dia.

Há solução? Seria pretensão demais afirmar categoricamente que há. O que se pode fazer é refletir acerca do comportamento individual, superficial e resultante da falácia de que a felicidade depende, sobretudo, do consumo. Urgente é superar esse estreito entendimento que nutre temporariamente o ego, mas esvazia a alma e as relações coletivas.

É necessário tanto? Eu realmente preciso disso? Quanto é suficiente? Alguma coisa, afora a sabedoria e a paz que vêm do silêncio mais profundo de mim, já proporcionou felicidade plena e perene a mim e aos outros?” Imprescindível é tentar responder a essas e outras perguntas, como um exercício diário de meditação. Provavelmente, poucas “coisas” contribuíram para a Felicidade Definitiva. A percepção de que o acúmulo demasiado é um veneno para si e para a organicidade do Todo, isto é, para a sustentabilidade tão sonhada, pode ser um primeiro passo para a simplificação dos fluxos materiais. Transformar profissionais e consumidores para que transcendam o caos frenético da produtividade, do consumismo e do crescimento que regem a ilusão coletiva talvez estimule o despertar dos valores intangíveis que nascem da essência de cada ser humano.

Giuliano Moretti Engenheiro Químico, Mestre em Gestão Ambiental,
consultor, palestrante e professor universitário
contato@preservaambiental.com





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Responsabilidade Ambiental:Compromisso efetivo com o ambiente
Desenvolvimento Local: Conscientização empresarial e compromisso com o futuro do planeta




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quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Congresso Paranaense de Direito Socioambiental


Pioneira em resinas no Brasil, Hydronorth une tecnologia e inovação sustentável a favor da qualidade de vida

Empresa investe R$ 1 milhão em produtos sustentáveis e firma parceria com a Dow Brasil

Com 31 anos de atuação, a Hydronorth, (www.hydronorth.com.br), líder nacional e pioneira na fabricação de resinas impermeabilizantes lança a linha Ecopintura. A proposta é oferecer aos construtores, empreiteiros, arquitetos e engenheiros, produtos que possam efetivamente agregar valor de sustentabilidade às construções, além de diminuir o impacto ao meio ambiente.

Entre os produtos da linha, o Telhado Branco é o carro-chefe. Um revestimento impermeabilizante para lajes, telhados e coberturas, que proporciona conforto térmico ao reduzir a temperatura interna da construção em até 5°C, diminuindo o uso do ar condicionado e a emissão de CO² na atmosfera retardando o aquecimento global. Também reflete até 90% do calor emitido pelos raios solares, enquanto os escuros apenas 20%. O produto atende os principais requesitos de qualidade e desempenho de acordo com as normas nacionais (ABNT:NBR 13321) e internacionais (ASTM E1980; California Energy Commission Title 24 page, Energy Star) de refletância e emissividade.

Além de todos os benefícios, o Telhado Branco e toda linha Ecopintura possui a tecnologia Bio-Pruf™, desenvolvida pela DOW® exclusivamente para a Hydronorth.  Essa tecnologia combate o crescimento de microorganismos, como mofo, algas e bactérias em superfícies externas e internas. Como consequência, a vida útil dos locais onde os produtos são aplicados é prolongada e o custo com manutenção diminuído.

Outros produtos que fazem parte da linha: Tinta Acrílica Ecológica Premium, Tinta Acrílica Ecológica Standard, Tinta Acrílica Ecológica Econômica, Tinta Acrílica Ecológica Pinta Gesso, Massa Corrida Ecológica, Massa Acrílica Ecológica, Selador Acrílico Ecológico, Revestimento Ecológico Graffiato, Esmalte Base Água Ecológico e Verniz Base Água Ecológico.

A Hydronorth também é membro do programa mundial “One Degree Less”, do Green Building Council (GBC), organização não governamental que visa fomentar a indústria de construção sustentável. O GBC foi o grande impulsionador para que a empresa desenvolvesse a linha sustentável.

A Hydronorth participou no Projeto Rio Cidade Sustentável, oferecendo  capacitação aos moradores das comunidades pacificadas da Babilônia e do Chapéu Mangueira, com o objetivo de Melhoria Habitacional Sustentável, para aplicação do Telhado Branco.

 

domingo, 21 de outubro de 2012

Seminário Gestão de Custo - Curitiba/PR



Antes e depois da AV : da estratégia ao consumidor

Manoel Teles Fernandes - Comitê Europeu de Análise do Valor / Portugal

O desafio dos custos em tempos de responsabilidade ambiental
Rui Fett da Conceição - Mercedes Benz do Brasil

Processos de otimização de custos na Whirlpool
Cintia A. Lopes e Torquato L. dos Santos - Whirlpool Latin America

Engenharia reversa e engenharia do valor: fatores de sucesso no desenvolvimento de produtos e processos da Fiat Automóveis
Natal Colli - Fiat Automóveis S.A

Prática de melhoria do valor - das melhores práticas à projetos mais competitivos
“Case Braskem” - Danusa Abramchuk - Braskem S.A

A engenharia do valor como contexto para a gestão do conhecimento
Roger Gama Veloso - Departamento de Estradas de Rodagem / Minas Gerais

Gerenciamento de programas com foco estratégico
Bruno Rafael Dias de Lucena - Petrobrás S.A

Engenharia e análise do valor: O que é? Para que serve? Como e quando aplicar?
Marcos A. Buzzato - Abeav

Engenharia do valor na Positivo Informática
Fernando Ceragioli - Positivo Informática

Gestão de custos e do valor na visão da engenharia de produção
Prof. Ney Cesar de Oliveira King - PUCPR

Faça já sua inscrição!
www.paranametrologia.org.br



sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Convite Hospital Municipal de Araucária


Programa de Apadrinhamento de Escolas em unidades de conservação do Amazonas


OLIMPÍADAS DE RECICLAGEM SÃO JOSÉ DOS PINHAIS

Terceira edição do Start-up Lab acontece em novembro

Evento é um provocativo convite ao risco; mais do que ter boas ideias ou negócios inovadores, é necessário pensar em colocá-las em prática

Nos dias 12 e 13 de novembro acontece em Curitiba a terceira edição do Start-up Lab, um evento pioneiro, idealizado pela Artemísia e pelo HUB Curitiba, que permite a empreendedores apresentar seus negócios ou ideias a uma banca de especialistas e interessados, com o objetivo de testar seus modelos, obter sugestões de melhoria e fazer contato com atores que possam contribuir para o empreendimento.

Esta edição será realizada pelo HUB Curitiba e pelo Sebrae/PR , durante a Semana Global do Empreendedorismo, com o objetivo de estimular o surgimento, a ampliação e a diversificação de novos empreendimentos, difundir o empreendedorismo e propiciar um espaço estimulante de troca.

“O Start-up Lab é uma oportunidade para empreendedores testarem aquela ideia que está na gaveta e dar aquela empurrada nos que ainda não se inspiraram para realmente colocarem as mãos a obra”, declara Jessica Maris Maciel, uma das articuladoras do HUB Curitiba.

Como funciona?

No Start-up Lab empreendedores apresentam sua ideia para uma banca formada por potenciais investidores, empreendedores, especialistas e profissionais de comunicação em falas objetivas de 5 minutos,o “pitch”. Os pitchers (ou apresentadores) recebem da banca, também em cinco minutos, críticas e sugestões de melhoria para o desenvolvimento dos seus empreendimentos.

Nesta edição, as bancas serão divididos entre Negócios Sociais e Negócios Inovadores. No dia 12, o HUB Curitiba recebe negócios ou ideias com foco em Negócios Sociais, organizações que combinam viabilidade econômica e impacto social/ambiental positivo. Nesta categoria, serão selecionados seis pitchers.

Já no dia 13, o foco são empresas com propostas inovadoras que tenham cadastro no Sebrae/PR. Caso o participante ainda não tenha o seu, poderá realizar sua inscrição pelo site: http://app.pr.sebrae.com.br/CRM/IncluirPessoaFisicaSimplificadoAuto.do Nesta categoria, serão selecionados oito pitchers e as apresentações acontecerão no auditório do Sebrae/PR.

Além de testar seus negócios e receber insumos para melhoria, outra grande oportunidade do evento é a possibilidade dos empreendedores conhecerem pessoas e iniciarem o relacionamento após a apresentação dos pitchs. É o momento para que potenciais investidores, sócios, clientes etc. iniciem uma conversa para futuros desdobramentos. Francisco Millarch, da rede de investidores C2i Anjos, e José Henrique Rodrigues, diretor presidente da Brain Box Design, já estão confirmados para as bancas. O Start-up Lab é realizado com seis a oito pitchers por edição e o evento total dura em torno de duas horas.

“Esperamos que esta edição traga ideias muito inovadoras e que ainda mais conexões de valor sejam criadas para os nossos pitchers. Estamos muito animados com a realização de uma das bancas em parceria com o Sebrae/PR”, finaliza Jessica.

O Start-up Lab é gratuito e aberto a ouvintes, pessoas que queiram conhecer os negócios e os empreendedores. Ao final haverá um espaço aberto com coffee para interação entre os participantes.

Inscrições:

Empreendedores interessados devem realizar a inscrição da sua ideia de negócio até o dia 28 de outubro. Ouvintes que queiram simplesmente assistir ao evento poderão se inscrever pelo mesmo link. As inscrições para participar como empreendedor do Start-Up Lab Curitiba são limitadas.

Serviço:

3ª edição Start-up Lab Curitiba

Quando: 12 e 13 de novembro. Inscrições até o dia 28 de outubro.

Local: 12/11 – HUB Curitiba. R. Comendador Macedo, 233 – Centro

13/11 – Auditório Sebrae/PR. Rua Caeté, 150 - Prado Velho

Horário: das 18h30 às 21h30


Mais informações: http://startuplabcuritiba.com/

Hub Curitiba

Telefone: (41) 3079.7233 | 3079-6233


Redes sociais: facebook.com/hub.curitiba   @hub_curitiba

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

EMPREENDEDOR OU EMPREGADO? UM DESAFIO INTERIOR

Uma das características marcantes nos empreendedores bem-sucedidos é a sua capacidade de reagir às dificuldades de qualquer natureza e sua extrema facilidade em conviver com a ambiguidade. Isso lhes permite participar de muitas atividades ao mesmo tempo, ainda que não tenham ideia formada a respeito de como as coisas se comportarão no futuro. Para quem empreende, a criação da empresa é a coisa mais importante.

Diferente dos empreendedores, os empregados oscilam constantemente entre a pseudossegurança proporcionada pelo emprego formal e o eterno desejo de ser o “dono do seu próprio nariz”. Eles seguem basicamente algumas regras bem estabelecidas com o advento da Revolução Industrial e consolidadas no início do século passado com a Escola da Administração Científica do Trabalho, liderada por Frederick Taylor, nos Estados Unidos, e Henry Fayol, na França.

Em geral, os filhos da Revolução Industrial tornaram-se adeptos da cultura da “devoção” a uma única organização ou instituição, a exemplo do que ocorreu no Brasil a partir da década de 1970, com os investimentos do governo direcionados para o crescimento econômico e com o surgimento de grandes obras que amealharam milhares de profissionais dispostos a investir na carreira pública.

Isso fazia sentido até a metade da década de 1990, quando as empresas passaram a enfrentar o fenômeno da globalização e os mercados sofreram uma completa reviravolta. As oportunidades surgiram na mesma proporção das dificuldades, a concorrência tornou-se mais acirrada, as margem de lucro foram reduzidas drasticamente e o número de vagas proporcionadas pelos empregos formais continuou minguando.

Apesar das inúmeras possibilidades que se abriram por conta da evolução tecnológica dos últimos cinquenta anos, ainda vivemos numa sociedade que busca freneticamente a opção da suposta segurança proporcionada pelo mercado formal de trabalho.

Decorridos mais de duzentos e cinquenta anos do início da Revolução Industrial, a maioria das pessoas ainda prefere “a escravidão na segurança ao risco na independência”, de acordo com o filósofo francês Emmanuel Mounier, o Pai do Personalismo. Significa dizer que, embora a opção empreendedora seja vista como um grande ideal de vida e realização, o trabalho formal continua sendo a opção da maioria das pessoas nos quatro cantos do mundo.

Em meio ao progresso, surgiram as demissões em massa, as doenças decorrentes do elevado esforço requerido pelas indústrias, das condições precárias do ambiente de trabalho, da ausência de férias, da necessidade recorrente de multiplicação do capital, dos interesses econômicos visivelmente acima dos interesses sociais, da concentração da riqueza e ampliação da pobreza.

Diante de tudo isso, algumas questões continuam intrigando milhões de pessoas ao redor do mundo, principalmente jovens que buscam um lugar ao sol no concorrido mercado de trabalho: ser empreender ou ser empregado? É possível substituir a escravidão na segurança pelo risco na independência? Vale a pena o esforço para criar o futuro desejado?

Não alimente a menor dúvida sobre isso. Os holofotes estão por toda parte, prontos para iluminar o caminho de quem se arrisca a dar a cara para bater em troca de uma vida mais desafiadora e mais próspera, em que o sentido de contribuição e o sentido de realização são importantes, desde que sejam conquistados com um mínimo de planejamento.

Por fim, se a pessoa confia em si mesma, consegue fazer sacrifícios, sabe lidar com imprevistos, sabe tomar decisões com facilidade e rapidez, sabe farejar oportunidades, tem energia de sobra e está disposto a liderar pelo exemplo, um futuro promissor a aguarda pacientemente.

Quanto mais cedo definir essa questão, melhor: ser empreendedor ou ser empregado? Qualquer um pode ser bem-sucedido em ambos os lados, entretanto, o sucesso dependerá basicamente do seu posicionamento e da concentração de esforços, seja qual for o lado escolhido. Pense nisso e seja feliz!
 
 
Jerônimo Mendes

Administrador, Coach Empreendedor, Escritor e Palestrante

Mestre em Organizações e Desenvolvimento Local pela UNIFAE
 

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terça-feira, 16 de outubro de 2012

Como será o amanhã?

Ausência de lideranças nacionais efetivas em sustentabilidade coloca em discussão a necessidade dessa atuação para posicionamento concreto do país no cenário mundial

A sustentabilidade, aliada às consciências ambiental e social, são conceitos que estão cada dia mais próximos das atividades cotidianas. Ao mesmo tempo, tomam proporções inigualáveis, que caminham para a construção de uma nova realidade quando se trata de meio ambiente e sociedade. No entanto, esse movimento mundial carece de representatividade brasileira nas discussões, pois o país não tem, ainda, líderes efetivos que atuem interna e externamente em prol de promover o debate sobre o desenvolvimento sustentável.

Para alguns especialistas, é lamentável que o Brasil, maior potência sustentável do planeta, ainda não tenha nomes que se destacam e defendem os interesses sob a ótica da sustentabilidade junto a outros países e mesmo junto à população brasileira. “Todo processo de amadurecimento requer disposição em atravessar para o outro lado ainda não alcançado; crescer para além; subir mais um degrau. Sustentabilidade, de fato e de verdade, tem relação com des_envolvimento, isto é, tirar o envolvimento; o invólucro de proteção; a zona de conforto - não importando a sua linha do tempo de vida”, comenta Cleuton Carrijo, administrador que há mais de 24 anos atua no setor de meio ambiente e sustentabilidade. Ele, que vem acompanhando efetivamente o desenvolvimento da sustentabilidade no país, afirma que ainda faltam protagonistas que lutem pela causa de todos, passando da esfera das necessidades individuais.

A formação desses líderes, no entanto, é tema de debate. Por ser uma realidade relativamente nova (que vem despontando nos últimos 20 anos), ainda não há um perfil definido dos profissionais que devem exercer a liderança em sustentabilidade. Há tentativas em diversas frentes, como a formação de líderes por meio da experiência e análise da conjuntura mundial, partindo de suas esferas corporativas. Há também a tentativa de formação por intermédio do ensino continuado, como cursos de  MBA e mestrado focados em inovações para a sustentabilidade. “A Organização das Nações Unidas (ONU), preocupada com essa situação, criou um braço do Pacto Global, ligado às instituições de ensino com cursos de Administração, para inserirem em seus currículos de ensino temas nessa área”, afirma Niazy Ramos Filho, médico e coordenador do Conselho de Ação para Sustentabilidade Empresarial (Casem), órgão ligado à Associação Comercial do Paraná (ACP). Ele, porém, reafirma que ainda faltam pessoas de destaque dentro dessa área no país. “Os líderes comprometidos com o tema e que sejam proativos ainda são raros, por isso a formação de líderes com essa postura é uma necessidade, sem dúvida”, comenta Ramos Filho.

A necessidade, pungente pelo rápido desenvolvimento a que toda a sociedade acompanha, pede que as ações não sejam isoladas. “Acredito que parceria público/privada seja indispensável para que ocorra o surgimento de líderes em sustentabilidade, uma vez que ela depende do equilíbrio entre o social, o econômico e o ambiental”, defende Marcus Brisolla, diretor técnico da Innatura, empresa de soluções ambientais.

Para ambos os lados, Brisolla defende mudanças a fim de estabelecer uma nova estrutura de atuação. “As lideranças no setor público devem aproximar os órgãos legislativos e executivos, do setor privado, buscando encontrar medidas que desenvolvam a sustentabilidade dentro das empresas e que sejam condizentes com a realidade delas. Entretanto, o setor privado ainda vê a sustentabilidade como custo, e o primeiro passo seria o convencimento das empresas sobre a importância da sustentabilidade do ponto de vista econômico (papel este de líderes e expoentes), posteriormente, dentro dos sindicatos e federações, discutindo o assunto justamente para facilitar o diálogo com o setor público”, argumenta.

Entretanto, Carrijo ressalta a importância de um posicionamento diferenciado em ambos os lados. “Eu não diria que devem ser adotadas novas "posturas" e, sim, princípios. O princípio está muito além da lei do certo e do errado. Pois princípio é onde tudo inicia; o começo; a essência; o ponto de partida para todo o restante. E os princípios se refletem nas posturas, criando assim uma nova forma de atuação”, sugere. Niazy Ramos Filho defende, ainda, uma ampliação na divulgação dos temas e lideranças que buscam realizar essa discussão. “Penso que o fator decisivo realmente seja fortalecer a divulgação e o apoio às questões relacionadas à sustentabilidade, tendo em foco a real força transformadora dos conceitos a ela ligados: sociedade ecologicamente correta, economicamente viável e socialmente justa”, aponta.

Os especialistas, diante dessa questão, concordam em um ponto importante: a atuação de institutos e entidades ligados a essa questão não tem posição de formação de líderes ou de assumir para si a liderança pelo desenvolvimento da sustentabilidade no país. “Eu não acredito em institutos. Eu acredito em pessoas, dos institutos. Porque organizações - com ou sem fins lucrativos - são feitas de pessoas; por pessoas e para pessoas”, afirma Carrijo. Em uma questão mais prática, Brisolla exemplifica como ainda algumas entidades do país não estão investindo em se aprofundar no assunto. “Não há hoje um instituto de renome no Brasil que estude a sustentabilidade, um exemplo disso é que as empresas brasileiras usam certificados estrangeiros quando querem atestar se possuem ou não uma gestão adequada de resíduos, qualidade, função social, etc.”, comenta.

Olhando para fora do país, a percepção é de que no quesito líderes ambientais, o Brasil está fora do compasso de outros países. “Vários nomes, de várias nacionalidades, contribuem para que seus países tenham posição efetiva quando se discute a sustentabilidade e os caminhos que dela surgem. Não apenas estudiosos, mas também empresários engajados na causa”, comenta Carrijo. Além disso, alguns países têm investido efetivamente em apoiar e desenvolver soluções para seus países já baseados no conceito de sustentabilidade. “Os norte-americanos possuem um selo verde para obras e construções que tem se espalhado pelo mundo, ao mesmo tempo existem selos franceses e alemães que não tiveram tanto sucesso fora de seus países mas, importante frisar, atendem às demandas locais”, comenta Brisolla. Na busca por um âmbito global, a ONU, por meio do Pacto Global, busca apoiar e disseminar essa realidade em alguns países para os demais. “O movimento do Pacto Global está presente em cerca de 150 países e tem algo em torno de 6000 empresas signatárias. No Brasil, o Comitê Brasileiro para o Pacto Global (CBPG)tem tentado ser esse agente”, aponta Ramos Filho.

Líderes em potencial

Entretanto, os especialistas acreditam no fortalecimento de potenciais ícones que podem fazer a diferença e assumir uma postura proativa diante da realidade que a sustentabilidade está inserida. Porém, o caminho ainda é longo. "Ainda não tenho percebido efetivamente nenhuma atuação além do expediente de trabalho, com continuidade do discurso do horário comercial. É importante levar isso adiante do reduto de sua atuação profissional, pois nenhum sucesso nos negócios compensa o fracasso no lar. Pois, nesse caso, a falha  estará justamente no ponto mais crucial de uma estratégia de continuidade de qualquer organização humana, que é o foco no processo sucessório.  O grande líder é aquele que deixa outros líderes formados, como sendo o seu grande legado”, sintetiza Carrijo.

Jornalista Lyane Martinelli

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