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quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Ressuscitaram a arqueologia no Brasil


Fernando de Barros

É comum que pesquisadores de vários ramos tenham dificuldade de obter inserção no mercado de trabalho no Brasil. Porém, os que se dedicam à arqueologia não têm tido do que reclamar. O ritmo acelerado do setor de construção civil vem multiplicando o número de consultorias arqueológicas no país.

As oportunidades para esse ramo da ciência estão sendo impulsionadas pela aplicação de portaria do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), em vigor desde 2002, segundo a qual toda obra civil de médio ou grande porte precisa de avaliação arqueológica do terreno e acompanhamento das escavações.

Com o constante crescimento do PIB do setor de construção civil, o potencial de expansão do setor de arqueologia no mercado de consultoria nos últimos 20 anos é evidente. Ao passo que em 1991, o Iphan liberou apenas seis investigações arqueológicas no país, em 2011 foram 1018 liberadas.

De acordo com a arqueóloga Lucia Juliani, entrevistada pelo site G1 em 29 de dezembro de 2012, na região de Pinheiros, zona oeste de São Paulo, descobertas interessantes sobre o estilo de vida no local entre o fim do século 19 e início do século 20 estão sendo reveladas, como hábitos de consumo da época.

Para as construtoras, os estudos compõem uma forma de interagir com a comunidade pela compreensão da história do bairro. Mas quando o assunto são negócios, o planejamento é fundamental, já que em geral os estudos são longos e exigem previsão para evitar atrasos no cronograma de implantação dos empreendimentos.

Segundo o professor da Universidade de São Paulo (USP) Eduardo Neves, entrevistado na mesma matéria do site G1, em pesquisa conduzida por ele foram identificados 43 sítios arqueológicos durante a construção de um gasoduto da Petrobras no Amazonas, gerando informações sobre a cultura de tribos indígenas anteriores ao período colonial.

É evidente que obras como essas podem gerar impactos irreversíveis sobre o patrimônio histórico cultural. Por isso, é preciso prever no orçamento das obras os custos e o tempo destinado aos estudos de arqueologia. Não adianta espernear, ressuscitaram - pra valer - a arqueologia no Brasil.

Fernando de Barros é engenheiro civil, especialista em Planejamento e Gestão Ambiental e responsável técnico da Master Ambiental.



Um comentário:

  1. A dignidade do passado arqueológico é fonte e base para o futuro tecnológico. A recuperação das camadas de conhecimento antigo reforçam os paradigmas de sustentabilidade, dentre os quais um dos mais importantes é de conhecer a si mesmo, para evitar soterrar a ignorância com novas levas de arrogância. Boa notícia.

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