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quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

A água também é verde


*Heloisa Bomfim

A eficiência energética vem se consolidando como uma das principais diretrizes que norteiam a construção de novos empreendimentos no Brasil. Mas, aos poucos, a economia de água também tem ganhado os holofotes de projetos sustentáveis. Isso faz todo o sentido uma vez que diariamente desperdiçamos litros e litros desse recurso. Uma simples torneira gotejando, por exemplo, é capaz de jogar fora mais de 32 litros em um dia. O que também aumenta a necessidade de ações preventivas contra o desperdício é o custo da água. Atualmente, paga-se entre R$ 16,00 e R$ 20,00 por metro cúbico de água potável, incluindo o tratamento de esgoto.

Segundo dados da Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Conservação de Energia (ABESCO), o mercado de eficiência energética pode movimentar até R$ 2 bilhões por ano. A partir de um bom plano, as médias de redução na conta de energia e água de uma indústria ficam entre 4% e 9%. No comércio, a economia pode alcançar entre 10% e 30%.
Portanto, para se considerar um projeto “verde”, ou seja, ecologicamente correto, o consumo e as formas de controle da água não podem ser ignorados. Em outras palavras, para ser “verde”, não se pode esquecer do “azul”.

Uma das ações possíveis e de fácil aplicação é o controle de vazamentos, que pode ser feito por meio de um monitoramento constante da curva de água do empreendimento. A partir desse princípio, é possível entrar com correção imediata caso haja alguma alteração. Para um empreendimento médio, que chega a gastar cerca de R$ 110 mil mensais com água, o monitoramento constante de vazamentos representa de 5% a 7% de redução na conta mensal.

Outra prática importante é a adequação dos equipamentos. Isso envolve a troca por aparelhos mais eficientes ou   a regulagem da vazão de água. Os pressurizadores nas torneiras, que distribuem melhor a água que chega ao usuário, diminuem a pressão e, consequentemente, a água usada para lavar as mãos, por exemplo. Também já podem ser encontrados mictórios a seco  , e caixas de descarga com apenas seis litros, em vez dos 12 litros que se utilizava há alguns anos.

A captação de água também gera uma boa economia, principalmente porque materializa o conceito de reciclagem da água. O tipo mais indicado é a captação de águas pluviais. Captada por uma cisterna instalada no telhado do empreendimento, a água passa pelo procedimento “first flush”, quando os primeiros 10 minutos de água são descartados, por serem geralmente mais ácidos (especificamente na cidade de São Paulo). O sistema então armazena a água, que fica pronta para receber um tratamento simples  . O único inconveniente dessa alternativa é o espaço para armazenar a água coletada. Se não um for um problema para o edifício, a técnica só traz bons resultados, com redução de 17% no consumo de água  .

Reciclagem de água. Também é possível reciclar para fins potáveis as chamadas “águas cinzas”, de lavatórios, chuveiros ou qualquer água que não tenha contato com bacia sanitária. O tratamento é um pouco mais caro, mas é facilmente compensado   com a estimulação do uso racional da água que essa técnica acaba proporcionando.

O reúso de “águas negras”, de esgoto, já apresenta um maior nível de complexidade no tratamento e tecnicidade, pela maior probabilidade de contaminação. Outras ações, como a opção por plantas nativas nos jardins, que consomem menor quantidade de água, e campanhas de conscientização dos usuários do empreendimento, também trazem reduções consideráveis.
Um bom projeto pode contemplar até 20% ou 25% na redução do consumo de água. Medidas como controle de vazamentos, instalação de redutores de pressão nas torneiras, substituição de válvulas de descarga e de boias de regulagem de nível podem gerar excelentes economias.

Para se ter uma ideia do montante de economia que é possível fazer com o controle de água, tomemos com exemplo um shopping center da cidade de São Paulo  . O empreendimento mantinha um consumo de água mensal de cerca de R$ 115   mil e após a adoção de um programa para controle de água conseguiu reduzir os gastos em 20%, ou mais de R$ 22 mil. As mesmas medidas, num empreendimento que gasta R$ 253 mil por mês com consumo de água, resultaram em economia de 24%, ou R$ 62 mil por  mês.

Seja qual for o projeto, é importante ter em mente que uma ação aparentemente simples já é capaz de trazer uma economia interessante. Quando se fala de um recurso tão indispensável quanto a água, todo e qualquer esforço para sua preservação torna a operação de um empreendimento mais  inteligente e mais eficiente.  
*Heloisa Bomfim é Business Developer da Dalkia Brasil

Sobre a Dalkia
Fundada há mais de 70 anos na França, a Dalkia é a divisão de energia da Veolia Environnement em parceria com a Electricité de France (EDF). É referência mundial em serviços de eficiência energética, utilidades e infraestrutura e está presente em 40 países. Em todo o mundo, os serviços da Dalkia têm como objetivo otimizar o consumo de energia e o uso das instalações, proporcionando o melhor aproveitamento dos recursos. No Brasil desde 1998, a Dalkia atua em instituições de saúde, instituições de ensino, empreendimentos comerciais, shopping centers e indústrias. Em 2011, a Dalkia registrou um faturamento de R$ 318 milhões no País.   

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