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quarta-feira, 22 de setembro de 2010

22 de setembro: Dia Internacional "sem carro"


Por que queremos tanto um carro?

Quanto você gasta por mês com o seu carro? Seja nas parcelas do financiamento, IPVA, seguro, combustível e manutenção, ou ainda nas horas parado no congestionamento, procurando vagas no estacionamento ou calibrando os pneus, o fato é que destinamos boa parte do nosso tempo e dinheiro no que deveria ser apenas um meio de deslocamento entre um local e outro.

Diversos fatores históricos, sociais e econômicos fizeram com que o carro deixasse de ser apenas um veículo para se tornar um símbolo da sociedade atual, onde a valorização dos bens materiais é mais importante que o respeito ao próximo e as questões individuais se sobrepõe ao bem coletivo.

Essa inversão de valores é uma das grandes responsáveis pelos problemas encontrados no trânsito das grandes cidades, afirma a professora Gislene Macedo, do curso de psicologia da UFC/Sobral, doutora em psicologia do trânsito e ex-membro titular da Câmara Temática de Educação e Cidadania do Contran. “Invertemos o valor do coletivo para o individual, o que causa um problema para todos já que, à medida que você investe mais em um, você deixa de investir no outro”, diz. Esse é apenas um dos fatores que transformou um simples meio de transporte em objeto de desejo e símbolo de valores mais profundos que a mera mobilidade.

Quem reforça essa perspectiva é o antropólogo Roberto Da Matta. Em entrevista à Revista Trip, ele justificou o comportamento dos brasileiros no trânsito com a incapacidade de sermos uma sociedade igualitária. Para ele, as pessoas não instituem a igualdade como um guia para as suas condutas, o que leva a um pensamento aristocrático de que uns podem mais do que outros. “É doentio, desumano e vergonhoso notar que 40 mil pessoas morrem por ano no trânsito de um país que se acredita cordial, hospitaleiro e carnavalesco. No Brasil, você se sente superior ao pedestre porque tem um carro. Ou superior a outro motorista porque tem um carro mais moderno ou mais caro” - Roberto Da Matta.

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