Faz exatamente quatro anos que a economia mundial se deparou com uma nova crise, deflagrada com a falência do tradicional Banco de Investimentos Lehman Brothers e com a falência técnica da maior empresa de seguros dos Estados Unidos, a AIG – American InternationalGroup, endossadas pelo uso indiscriminado e irresponsável do subprime – política de concessão de créditos sem garantia.
O fato é que uma crise dessa proporção afeta, como sempre, as camadas menos favorecidas da população:os pobres, os miseravelmente pobres, os emergentes e, em parte, a classe média. Nessa hora, há uma tendência de todos tentarem se proteger do reflexo, principalmente aqueles que têm pouco a perder. Como diria o célebre escritor La Fontaine, há mais de trezentos anos, “os pequenos sofrem com a tolice dos grandes”.
No Brasil, somos todos doutores em crises econômicas e financeiras. Sobrevivemos aos Planos Cruzado, Cruzado Novo, Bresser, Verão, Collor I, Collor II e Real, tablitas, URV, maxidesvalorização do real, apagão e, assim, nada mais nos assusta.Essa nossa capacidade de conviver com a incerteza e de prosperar diante das crises é um dos motivos pelos quais os executivos brasileiros são cada vez mais requisitados no exterior.
Isso não nos isenta da prevenção necessária para evitar problemas no futuro, portanto, falar em crise não basta; esconder-se debaixo da mesa, também não; antecipar o sofrimento para ver se passa mais rápido, menos ainda.
Os gregos, os espanhóis e os italianos têm seus próprios problemas e não querem saber dos problemas alheios. Antes que uma nova crise entre de cabeça na sua vida para subtrair o pouco que você conquistou com muito esforço, aqui vão algumas reflexões úteis para momentos de incerteza:
1. Não ignore a crise. Nas sábias palavras de Arkad, o homem mais rico da Babilônia, “uma pequena cautela é melhor do que um grande remorso”.Pare de sonhar e acreditar no governo que afirma ter tudo sob controle enquanto o mundo inteiro desaba.Não seja um otimista irresponsável. É óbvio que a crise vai passar; mas, a que custo e em quanto tempo nenhum espertalhão se atreve a dizer.
2. Não superestime a crise. O mundo não acabou na crise de 1929 nem durante a grande depressão dos anos subsequentes; também não implodiu durante a crise do petróleo, em 1973. Da mesma forma, o Brasil não acabou quando o Presidente Sarney decretou a Moratória, em 1987 nem quando umex-metalúrgicoassumiu o governo e passoua contrariaras previsões mais pessimistasdos empresários na época.
3. Aperte o cinto.Não é hora de fazer dívidas ou assumir compromissos a perder de vista. O momento requer sabedoria. Vivemos um período de total incerteza em relação ao futuro econômico do mundo; enquanto as coisas não se acalmam, procure conter o impulso do consumo. A velha máxima continua a mesma: poupar em tempo de vacas gordas para sobreviver em tempo de vacas magras.
4. Continue trabalhando. Nada de berço esplêndido, a despeito de todo o dinheiro que você possa ter no banco. Quer seja empresário, quer seja empregado, lembre-se: nada supera o trabalho. É na crise que a oportunidade aparece. São mais de 3 trilhões de dólares circulando diariamente pelo mundo à espera de novas ideias, pessoas motivadas e empresas arrojadas.
Por razões já conhecidas, o socialismo se mostrou tão ineficiente quanto o capitalismo está se mostrando agora, portanto, não existe modelo econômico e político ideal que possa garantir o futuro das nações com a tranquilidade que todos gostariam.
Existem três espécies que se destacam na crise: as que pensam que o mundo vai acabar e se deprimem; as que sentam e esperam para ver se o mundo vai acabarmesmo e sobrevivem; as que lutam para o mundo não acabar e saem fortalecidas. O sofrimento é proporcional à energia e ao posicionamento que você assumeem momentos de crise.
Se a crise na Europa está tirando o seu sono, relaxe, pois é bem provável que o mundo sobreviva depois dela. Além do mais, estamos no Brasil e o que não falta nesse país é trabalho. Em períodos de crise econômica, somente os otimistas responsáveis prosperam.
Jerônimo Mendes
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