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quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Entrevista - Lourival dos Santos e Souza – Diretor de Energia e Florestas

Engenheiro Eletricista, formado pela Escola Federal de Engenharia de Itajubá EFEI, com especialização em Engenharia de Qualidade na PUC PR, pós-graduação em Gestão de Pessoas no ISAD-PR, pós-graduação em Gestão Florestal na UFPR. Exerceu diversos cargos na sua carreira na Companhia Paranaense de Energia - COPEL. (1976 a 1999). Foi Assistente da Diretoria de Operação da COPEL (1997 a 1999). Gerente de Operação e Manutenção do Sistema de Transmissão de Energia Elétrica Brasil Argentina da Companhia de Interconexão Energética CIEN (2000 a 2001), Consultor em Engenharia Especializada da Agência Nacional de Energia Elétrica ANEEL (2001 a 2005), Diretor de Engenharia e Diretor de Operação da Dobrevê Energia S/A (2006 a 2011). Desde abril de 2011, é Diretor de Energia e Florestas da Ibema Companhia Brasileira de Papel. Nesta edição, Lourival falou com exclusividade para a revista GERAÇÃO SUSTENTÁVEL sobre as estratégias e ações de sustentabilidade da Ibema.


1. O tema sustentabilidade vem fazendo parte da pauta estratégica da maioria das empresas,
como é o posicionamento estratégico da IBEMA em relação a esse tema?
Lourival Souza - O negócio da empresa está diretamente relacionado à utilização dos recursos naturais para a produção de seu produto, por isso, a sustentabilidade ocupa um lugar de destaque no posicionamento estratégico da Ibema. Buscamos constantemente integrar a fábrica e a natureza que está ao seu redor com ações de preservação, reciclagem, educação ambiental, entre outras. Anualmente, a Ibema publica um balanço social e ambiental com as ações desenvolvidas no período e seus respectivos resultados. O material está, também, disponível no site www.ibema.com.br.
2. Quais foram os principais projetos de sustentabilidade (social e ambiental) que a empresa tem desenvolvido?
Lourival Souza – A empresa investe continuamente no desenvolvimento de melhorias de mudas, técnicas de plantio e manejo florestal, o que reflete diretamente na alta qualidade de nossos produtos. As florestas estão em constante monitoramento realizado por uma equipe altamente especializada, a fim de desenvolvê-las de forma homogênea e mantê-las longe do ataque de pragas. Para isso, a Ibema, em parceria com a Embrapa, realiza controle biológico de combate às pragas e doenças, esterilizando-as, o que evita a sua proliferação, bem como. desenvolvimento de novas espécieis florestais em áreas experimentais.
Também na área ambiental, a Ibema promove ações importantes, como o trabalho de conservação do bosque Josefat Potereiko – nome dado em homenagem a um antigo colaborador da Ibema – e campanhas de coleta de material reciclável.
A empresa também atua expressivamente na área social, mantendo um centro comunitário que ajuda a desenvolver a região onde a empresa está inserida. A Vila Ibema, localizada no entorno da fábrica, oferece uma boa condição de vida aos colaboradores, familiares e população local. São cerca de 500 pessoas que moram em 130 casas com uma infraestrutura completa à disposição: luz, água em regime de comodato, creches e escolas municipal e estadual, um posto de saúde e comércios, como mercados, farmácias e lojas de roupas. O centro comunitário da Ibema, inaugurado em 2005, atua em quatro frentes sociais: ação social e voluntariado, capacitação profissional, educação ambiental, cultura e lazer.
3. Como ocorre a sustentabilidade na cadeia produtiva da IBEMA?
Lourival Souza - A organização respeita o ciclo sustentável que inicia no manejo consciente da floresta, passa pela produção certificada, pelas gráficas, pelo consumidor que recicla e retorna à floresta. A Ibema é exemplo de como uma empresa pode ser competitiva sem agredir o meio ambiente. A indústria conta com uma área de florestas plantadas de mais de 3.900 hectares de Pinus, localizados entre os municípios de Guarapuava, Turvo e Pitanga, no Paraná. A floresta abastece uma parte da produção própria de pasta mecânica que é complementada por outra parte da matéria-prima adquirida no mercado.

4. Quais são os principais indicadores de sustentabilidade utilizados e acompanhados pela empresa?
Lourival Souza - A Ibema é certificada pela ISO 9000 e pela FSC (Forest Stewardship Council) e seus produtos utilizam 100% de fibras virgens oriundas de florestas renováveis.
5. A empresa divulgou recentemente que está fazendo parte do mercado livre de energia, como funciona esse mercado?
Lourival Souza - O mercado livre de energia funciona quando as empresas são autoprodutoras e produzem energia além do que consomem e, então, comercializam o excedente. A Ibema produz energia a partir de duas Pequenas Centrais Hidrelétricas: a PCH Cachoeira, com capacidade instalada de 2,92 MW no Rio Cachoeira, e da PCH Boa Vista II, com capacidade instalada de 8,0 MW no Rio Marrecas, ambos no Paraná.
Para entrar nesse mercado, a empresa adequou a sua rede de transmissão para a conexão ao Sistema de Distribuição da Copel, Companhia Paranaense de Energia Elétrica. De fevereiro até maio, o total de geração de energia nas duas PCHs foi de pouco mais de 23,7 mil MWh e o consumido pela fábrica e pela Vila Ibema durante o mesmo período foi de 17,8 mil MWh. Dessa maneira, sobraram 5,8 mil MWh, energia que a Ibema comercializou no mercado livre.
6. Quais são as vantagens em atuar nesse tipo de mercado?
Lourival Souza - A vantagem é capitalizar para investir em novos projetos também na área de energia renovável.
7. A empresa classifica-se como autoprodutora, como ocorreu o processo de concessão e autorização junto à ANEEL?
Lourival Souza – A Ibema desde o início de sua operação consumiu energia produzida em suas PCHs por meio de concessão da Agência Nacional de Energia Elétrica ANEEL em sistema isolado. Em 2008, a ANEEL autorizou a Ibema a comercializar o excedente de energia e, em 2013, após as adequações necessárias, a Ibema iniciou o processo de comercialização do excedente.
8. Considerando um atual cenário turbulento no setor de energia, que benefícios com a participação nesse tipo de mercado a IBEMA pode proporcionar para a sociedade?
Lourival Souza Apesar das turbulências do mercado de energia, os resultados têm sido positivos e, nos primeiros quatro meses, já amortizamos quase 40% dos investimentos realizados no projeto da subestação e adequações. A intenção é que até o final de 2013 todo o investimento feito para esse projeto seja amortizado.  
O benefício está em oferecer essa energia renovável excedente, que não estava disponivel ao mercado, bem como permitir a ampliação das PCHs e atingir o aproveitamento ótimo do potencial do rio.
9. Que mensagem final gostaria de deixar para os leitores da revista Geração Sustentável?
Lourival Souza A otimização dos recursos renováveis da natureza é uma obrigação dos gestores das empresas sustentáveis. 

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Veja outros conteúdos dessa edição:


Matérias:

- Capa: Sustentabilidade além da matéria-prima
- Visão Sustentável: Gesso reciclado vira fertilizante para agricultura- Responsabilidade Social Corporativa: Educando na Sustentabilidade
- Desenvolvimento Local: Eficiência Energética no WTC

Artigos:
- Artigo: O sonho acabou? (Jerônimo Mendes)
- Artigo: Oportunidade e realização (Rafael Giuliano)
- Artigo: O mito do PIB (Daniel Thá)
- Artigo: Água: A crise e a inércia política global (Hugo Weber Jr)
  
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