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segunda-feira, 9 de abril de 2012

Sustentabilidade comprovada em rótulo

Selo foi criado para reconhecer produtos sustentáveis de acordo com regras preestabelecidas

O tema sustentabilidade tem sido cada vez mais comentado e difundido pela mídia, pelas empresas, autoridades, governo e sociedade, refletindo as crescentes preocupações com os impactos de nossas atividades. Mas, afinal, o que significa ser sustentável?

Quais são as práticas que comprovam se uma empresa ou produto são sustentáveis? De acordo com Newton Figueiredo, fundador e presidente do Grupo SustentaX, organização que teve a iniciativa de criar um selo que comprova a sustentabilidade, produto sustentável é aquele que respeita o consumidor, a sociedade e o meio ambiente. “É um produto competitivo, que não faz mal à saúde, tem qualidade comprovada para o que se propõe, e é desenvolvido, fabricado e comercializado de forma socioambientalmente responsável”, diz.

Figueiredo conta que 65% dos consumidores brasileiros têm interesse em obter mais informações sobre produtos sustentáveis, contra 20% da média mundial, dado que foi constatado em uma pesquisa realizada em 2010. De acordo com a mesma pesquisa, divulgada pela empresa GS&MD Gouveia de Souza, os consumidores já estão dispostos a pagar 8% a mais por produtos sustentáveis.

De acordo com Rômulo Viel, coordenador do Comitê de Sustentabilidade da Rede Paranaense de Metrologia e Ensaios — Paraná Metrologia, para um produto ser considerado sustentável ele deve ser “economicamente viável, socialmente justo e ambientalmente correto”, seguindo a conceituação clássica de sustentabilidade. O comitê coordenado por Viel foi criado em abril de 2011 com o objetivo de difundir ideias sustentáveis aqui no estado. Segundo ele, a rede tem como foco atuar de modo a dar suporte a ações que garantam a qualidade dos processos. “Ao garantir a qualidade conquistamos a confiança do cliente, o que é um diferenciador tecnológico e comercial para as empresas”, explica.

Diante dos amplos e distintos conceitos que existem acerca do termo sustentabilidade, a busca pela rotulagem surge como uma forma de comprovar tecnicamente, de acordo com critérios preestabelecidos, se um produto é comprovadamente sustentável. Além disso, segundo o presidente do Grupo SustentaX, a busca pela rotulagem está relacionada com a intenção de comprovar ao consumidor a qualidade das iniciativas e dos produtos de uma empresa. “Por meio de selos confiáveis, os consumidores podem comparar melhor os produtos que desejam adquirir. Para citar um exemplo, no caso de eletrodomésticos, 40% dos consumidores já estão dispostos a pagar até 10% a mais para produtos que têm o selo Procel. Só depois de confirmarem a existência do selo é que se voltam para a marca. É uma quebra de paradigma, pois até há alguns anos se comprava por marca”, conta.

Outro segmento que tem se interessado por rotulagem de sustentabilidade é o de materiais de reforma, decoração, construção e operação de edificações. Exemplo disso é a manta de proteção para pisos fabricada pela empresa Promaflex, que acaba de conquistar o selo de sustentabilidade.

O material é desenvolvido para reduzir custos e desperdícios de materiais e aumentar a produtividade em obras e reformas. A manta é capaz de proteger, durante os trabalhos, superfícies e pisos já instalados. O “Promapiso” é uma manta laminada que possui as características necessárias para substituir com eficácia sacos de aniagem com gesso e também a proteção de papelão e resina.

Para a arquiteta Andrea Velletri Martins, gerente de marketing da Promaflex, a conquista do Selo SustentaX para o Promapiso demonstra a preocupação da empresa em oferecer soluções inovadoras para um mercado que busca produtos que gerem menos impactos sobre as pessoas e o meio ambiente, com garantia de qualidade e sustentabilidade. “O processo para obtenção do selo foi mais uma comprovação de que cumprir os preceitos de nosso sistema da qualidade com benefícios para a empresa e para toda a cadeia que nos cerca é sempre o melhor caminho”, afirma.

O processo de rotulagem trouxe melhorias no processo de fabricação da manta, como explica a arquiteta. “Eliminou-se o uso de adesivo de contato para a laminação dos materiais, substituindo-o por calor. Foi necessário o investimento em maquinário, mas, por outro lado, reduzimos o custo com matéria-prima, aumentamos a velocidade de produção e atendemos a outros requisitos da rotulagem”, explica a gerente.

Certificação X Rotulagem

É muito comum termos técnicos como esses serem confundidos. No entanto, para que fiquem mais claros, os termos certificação, rotulagem, assim como inspeção e declaração de fornecedor são tipos de “avaliação de conformidade”, segundo explica Rômulo Viel. Um processo de certificação refere-se a processos, como por exemplo, a ISO 9001, norma internacional de gestão da qualidade. No caso, o processo de produção é certificado e não o produto em si. É utilizada, normalmente, entre empresas. Uma certificação pode ser compulsória (obrigatória) ou não compulsória (voluntária).

A certificação é obrigatória para produtos que, por suas características, podem colocar em risco a saúde e a segurança do usuário e também o meio ambiente, caso sejam fabricados de maneira inadequada. É o caso de produtos como extintores de incêndio, botijões, fios e cabos elétricos, preservativos, entre outros, que têm seu processo de fabricação regulamentado pelo INMETRO.
Como forma de controle, equipes técnicas visitam periodicamente os locais em que se encontram à venda esses produtos, verificando suas condições. Os fabricantes e importadores que não cumprem as normas e os regulamentos são multados e os produtos irregulares são retirados de comercialização.

A certificação voluntária, que tem como objetivo garantir a conformidade de processos, produtos e serviços às normas elaboradas, é decisão da empresa que fabrica produtos ou fornece serviços. Nesses casos, a certificação é um diferencial de mercado em favor das empresas que a adotam.

No caso da rotulagem ou etiquetagem, entende-se como o resultado de uma avaliação que analisou características do produto em relação a determinados parâmetros. A rotulagem visa informar o consumidor sobre determinadas características que diferenciam o produto, enquanto a certificação trata, normalmente, do seu processo de fabricação.

O Selo SustentaX enquadra-se na rotulagem ambiental do tipo I, em conformidade à Norma ISO NBR 14024:2004, sendo um programa de terceira parte voluntário, onde não há envolvimento com fabricação ou comercialização.

Processo de análise para rotulagem de produto

Para que um produto conquiste o Selo SustentaX, o fabricante deve comprovar a existência dos atributos essenciais de sustentabilidade, aqueles que não podem faltar em um produto para que ele possa ser considerado, minimamente, como sustentável. São eles: salubridade (não pode fazer mal a quem fabrica nem a quem instala ou utiliza), qualidade (funcional e ambiental) e as responsabilidades socioambiental e de comunicação com o consumidor do fabricante.

Após essa primeira etapa, se a empresa comprovou todos os atributos essenciais do produto, são analisados os complementares de sustentabilidade, referentes a como o produto foi concebido (sustentabilidade do design), fabricado (sustentabilidade na fabricação) e comercializado (sustentabilidade na comercialização). Nessa fase, são analisados: utilização de conteúdo reciclado, biodegrabilidade, regionalidade dos materiais, desmaterialização, contribuição para a economia de água, eficiência energética, entre muitos outros aspectos. Quanto mais atributos complementares tiver, mais sustentável o produto será. O processo para rotulagem leva, no mínimo, 6 meses.

De acordo com Paola Figueiredo, vice presidente executiva do Grupo SustentaX, os produtos com o selo de sustentabilidade, em geral, atendem aos principais requisitos para comercialização de “produtos verdes” nos mercados internacionais. Quando um produto recebe o selo, nada mais importante que essa informação seja difundida. Por isso, folhetos com informações sobre o diferencial do produto são disponibilizados com inúmeras informações úteis, tanto para vendedores desses produtos como para especificadores e compradores públicos e privados.

No folheto explicativo de cada produto é possível encontrar informações sobre sua salubridade, qualidade assegurada, produtividade, e como os produtos podem contribuir para certificações ambientais. “O desenvolvimento de um folheto com essas características é único no mundo e só foi possível pela existência, na SustentaX, de uma equipe multidisciplinar permanente de profissionais de várias especialidades de engenharia (civil, elétrica, mecânica, meio ambiente e naval), arquitetura, geografia, química, marketing, jornalismo, relações públicas, entre outras”, enfatiza Paola Figueiredo.

A sustentabilidade no Paraná

A sustentabilidade está ganhando força no Paraná. A Rede Paranaense de Metrologia e Ensaios — Paraná Metrologia - criou recentemente um comitê voltado à sustentabilidade que tem o objetivo de difundir ideias sustentáveis aqui no estado.

De acordo com Rômulo Viel, coordenador do Comitê, a rede apoia a iniciativa do Grupo SustentaX em criar uma rotulagem de sustentabilidade. “O comitê foi criado recentemente, em abril de 2011, e o nosso objetivo é desenvolver atividades voltadas à sustentabilidade, assim como difundir o conceito. A criação desse selo está bem enquadrada nos assuntos que pretendemos discutir no comitê. “É algo muito novo, que está sujeito a críticas, mas o nosso objetivo é exatamente esse, discutir tudo que existe sobre sustentabilidade, especialmente no Paraná”, diz Viel.

O coordenador ainda fala sobre a ligação do conceito de sustentabilidade com a economia. “No fundo, o que impacta a decisão empresarial ainda é a questão financeira, por isso, é importante dizermos que, para um produto ser sustentável ele tem que ser economicamente viável, socialmente justo e ambientalmente correto, de modo que as atividades econômicas reflitam melhor as preocupações da sociedade”, declara. Viel conta que um dos projetos do comitê é promover ainda este ano um seminário sobre sustentabilidade, o qual deve reunir representantes de empresas que se interessam pelo tema para discutir e difundir o assunto.

Sobre a Paraná Metrologia

A atuação da Rede Paranaense de Metrologia e Ensaios ainda é recente na área de sustentabilidade. No entanto, a rede já atua há mais tempo na difusão da cultura metrológica aqui no Estado. Trata-se de uma rede que congrega diversas entidades de ensino, pesquisa, tecnologia e laboratórios de maneira associativa, visando promover a infraestrutura tecnológica e de apoio às empresas instaladas no Paraná.

Principais objetivos da ONG

- Identificar as necessidades de treinamento e capacitação técnica das instituições e laboratórios que atuam na área de metrologia e ensaios no Paraná.
- Promover atividades de capacitação de recursos humanos e organizar e promover eventos técnicos nas áreas de metrologia e ensaios.
- Promover programas de avaliação, acompanhamento e orientação à implantação de técnicas de melhoria da qualidade da prestação de serviços tecnológicos, bem como a disponibilização de tais serviços.
- Estabelecer e manter estreito vínculo com o Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e
Qualidade Industrial (INMETRO), seguindo as orientações daquele Órgão bem como o apoiando em suas atividades, a fim de colaborar de maneira efetiva para o fortalecimento da estrutura da metrologia e os ensaios no Brasil.
- Promover a conscientização da sociedade, dirigentes empresariais e atividades de ensino, pesquisa e desenvolvimento do Estado para a necessidade e importância da metrologia e ensaios.

Matéria publicada originalmente na Edição 27 - Jornalista Bruna Robassa


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Veja outros conteúdos dessa edição:

Matérias:
Visão Sustentável: Excesso de iimpostos e importações ameaça a indústria têxtil brasileira
Responsabilidade Social: Pelo Futuro das Empresas
Empreendedorismo: Iniciativa de inclusão transforma a vida das pessoas por meio do empreendedorismo


Artigos:
Julianna Antunes: A sustentabilidade corportaiva ainda é uma escolha?
Daniella MacDowell: Quem é o profisisonal de sustentabilidade?
Jeronimo Mendes: O que é ser sustentável

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