A cultura da inovação, sustentabilidade e “mão na massa” é o diferencial de associação que promove desenvolvimento com o apoio de microempreendedores em todo o Brasil
“Unir forças e viabilizar acessos para que pessoas e comunidades de baixa renda possam ser empreendedoras, promovendo a inclusão e os desenvolvimentos econômico e social.” É com essa missão que está em cena, desde 2005, a Aliança Empreendedora, uma associação sem fins lucrativos que trabalha com projetos de geração de renda e empreendedorismo com o viés da sustentabilidade aplicado às iniciativas.
Com sede na capital paranaense, a Aliança realiza projetos com empresas, governos e ONGs em todo o Brasil, valendo-se de iniciativas e equipes no Paraná, em São Paulo, em Pernambuco e na Bahia. Também conta com uma rede de organizações sociais capacitadas nas metodologias desenvolvidas por ela própria em mais 11 estados. São mais de 40 projetos e serviços para empresas e governos de diversos municípios orientados para o acesso ao conhecimento, ao crédito e à comercialização, resultando no apoio direto a cerca de seis mil microempreendedores de diferentes setores.
Rodrigo de Mello Brito Silva, diretor de Parcerias e Oportunidades de Impacto da Aliança Empreendedora, explica que a associação atua na prestação de serviços e parcerias com grandes empresas que queiram criar modelos de negócios inclusivos junto aos públicos de baixa renda, colocando os microempreendedores como parte de sua estratégia e cadeia de valor. “O objetivo é realizar programas de geração de renda e empreendedorismo para ampliar a escala de impacto e, ao mesmo tempo, tornar as ações sustentáveis”, justifica.
Inovação e sustentabilidade
Algumas das empresas clientes e parceiras da Aliança Empreendedora são conhecidas por imprimir inovação aos projetos. Um deles é o Reciclagem Inclusiva – parceria entre a Aliança, Gerdau (líder no segmento de aços longos nas Américas e um dos maiores fornecedores do mundo), e GIZ (Agência de Cooperação Internacional do Governo da Alemanha) – que visa beneficiar catadores de materiais recicláveis em seis estados brasileiros.
De acordo com Marcel de Souza, coordenador do Reciclagem Inclusiva pela Aliança Empreendedora, esse projeto faz parte de uma parceria público-privada entre Brasil e Alemanha, cujo objetivo é integrar o setor informal na cadeia de valor do aço. “A iniciativa busca apoiar e fortalecer as organizações de catadores de materiais recicláveis dentro das áreas de atuação e de influência da Gerdau. Além disso, propõe o aprimoramento dos processos de gestão, produção e comercialização das organizações de catadores de materiais recicláveis dentro da cadeia produtiva e de valor da Gerdau, em todo o território brasileiro”, conta.
O projeto iniciou em janeiro de 2011 e dura até julho de 2013, com suporte a nove organizações de catadores no Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Pernambuco. Neste ano, retoma o apoio às redes de comercialização organizadas pelos catadores. “O grande legado do projeto será a metodologia Caminhos da Reciclagem, uma ferramenta de profissionalização a ser validada por diversos stakeholders que atuam na cadeia produtiva e de valor da reciclagem, servindo como ponto de partida para apoiar as associações e cooperativas de catadores em todo o Brasil”, informa Marcel.
O projeto “feminino”
Outra união da Aliança Empreendedora é com o Grupo Santander Brasil, que lançou em 2011 o programa Parceiras em Ação, destinado a organizações sociais que executam projetos de apoio a microempreendimentos e a grupos produtivos comunitários constituídos e liderados majoritariamente por mulheres de baixa renda.
Para 2012, foram selecionadas cinco organizações entre mais de 200 projetos que, ao longo do período, receberão apoios financeiro e metodológico para acompanhar 14 grupos produtivos. Segundo a coordenadora de Gestão do Conhecimento da Associação Aliança Empreendedora, Caroline Maria Appel, existem alguns critérios específicos relacionados à triagem. Os concorrentes devem prever o apoio desde dois até quatro grupos produtivos, liderados em sua maioria por mulheres.
Quanto ao “item” sustentabilidade, Appel explica que não é norma para a seleção. “No entanto, ao longo do tempo de apoio aos grupos, são trabalhados o conceito e as questões relacionadas ao negócio como o aproveitamento e a destinação correta de resíduos, envolvimento com a comunidade, entre outros.”
Desde o primeiro edital (2009), receberam apoio a Fundação Brasil Cidadão (Ceará), Fundação Apaeb (Bahia), Instituto de Desenvolvimento do Artesanato Maranhense (Maranhão), Avesol, Associação do Voluntariado e da Solidariedade (Rio Grande do Sul) e Apesp (Associação de Pescadores no Espírito Santo). Entre essas organizações, destaca-se o trabalho da Fundação Brasil Cidadão, que trabalha as sustentabilidades econômica, ambiental e social em todas as suas ações.
Destaca-se, também, o Mulheres de Corpo e Algas, que buscou durante o projeto eliminar a exploração predatória dos bancos de algas de Icapuí/CE, por meio de cultivo e esporulação de algas, sem agredir o meio ambiente.
“Todas as cinco organizações apoiaram diretamente 17 grupos produtivos, que construíram seus planos de negócio, receberam máquinas e, com isso, aumentaram a renda dos participantes”, finaliza a coordenadora. As parcerias para a aplicação dos projetos também se estendem a outras empresas, como Natura, Danone, Walmart, Sebrae e HP.
Alguns indicadores do Projeto Parceiras em Ação
Indicadores do edital atual (2011):
- 237 projetos inscritos;
- Cinco projetos apoiados;
- 14 grupos produtivos beneficiados.
Sobre o edital passado (Dois anos de apoio: 2009 e 2010):
- 239 projetos inscritos;
- Cinco projetos apoiados;
- 14 grupos produtivos beneficiados;
- 212 pessoas beneficiadas;
- R$ 235.190,25 investidos nos projetos;
- Dois encontros de integração entre os projetos.
Os resultados das organizações de catadores
As organizações de catadores são empreendimentos cuja característica é agregar, no mesmo ramo de atividade, o tripé da sustentabilidade (Triple Bottom Line). Elas operam com as chamadas commodities secundárias e, como resultado, geram postos de trabalho e renda (dimensão econômica), reduzem a exploração de recursos naturais, o consumo de energia nos setores primário e secundário da economia (dimensão ambiental) e criam oportunidades para a inclusão social, uma vez que são constituídas por trabalhadores da base da pirâmide. Também convergem para o engajamento multistakeholder, pois se relacionam com o poder público municipal, estadual e federal, com a iniciativa privada, o terceiro setor, os movimentos sociais e com a sociedade de forma geral.
Indicadores do Projeto Reciclagem Inclusiva (2011)
Abrangência:
- Seis estados do Brasil: RS (Esteio e Charqueadas), PR (Araucária), SP (São Paulo e Pindamonhangaba), RJ (Rio de Janeiro), MG (Divinópolis e Barão de Cocais) e PE (Recife),
Impacto:
- Nove organizações de catadores de materiais recicláveis receberam suporte relacionado à gestão, produção e comercialização e a parcerias;
- Elaboração da metodologia "Caminhos da Reciclagem" composta de 15 módulos para assessorar diretores e público interno das organizações de catadores;
- Quatro organizações sociais aliadas (ONGs) estão replicando para a base a metodologia "Caminhos da Reciclagem", o que leva à promoção do terceiro setor local.
Indicadores Econômicos:
- Nove organizações formalizadas; três emitem nota fiscal, cinco comercializam para a indústria;
- 175 toneladas de sucata foram comercializadas diretamente com a Gerdau em apenas seis meses, gerando a quantia de R$ 113.202,00.
Indicadores Ambientais:
- Nove associações receberam assessoria para operar em conformidade com a legislação ambiental;
- Melhoria na qualidade da relação com as Secretarias Municipais de Meio Ambiente;
- Sensibilização das nove organizações de catadores sobre os impactos ambientais dos empreendimentos;
- Orientação sobre o manejo e a destinação correta de resíduos perigosos.
Indicadores Sociais:
- 201 catadores beneficiados diretamente e cerca de 600 pessoas beneficiadas indiretamente;
- 48 catadores estão contribuindo para o INSS - Instituto Nacional de Seguro Social.
Saiba mais sobre a Aliança Empreendedora
O que aconteceria se a sua empresa atuasse de forma inclusiva e ao mesmo tempo lucrativa junto ao mercado de baixa renda? Imagine, então, se cada ONG promovesse a geração de trabalho e renda nas comunidades em que atua com metodologias de impacto? Isso acontecendo em uma rede que articula multiplicadores, parceiros e investidores? E se cada prefeitura tivesse programas de incentivo, formação e apoio a microempreendedores de baixa renda como estratégia para a redução da pobreza de forma consistente e com indicadores de impacto e resultado. Imaginou?
Transformar isso em realidade é o que a Aliança Empreendedora faz com os projetos, serviços e formação de multiplicadores em todo o Brasil.
Foco e atuação
Negócios inclusivos: Desenho, planejamento, implantação e avaliação de modelos de negócios inclusivos para empresas que queiram atuar junto a públicos de baixa renda por meio de mecanismos de mercado.
Projetos e programas de incentivo e apoio ao empreendedorismo de baixa renda: Desenho, planejamento, implantação e avaliação de projetos, programas e editais de incentivo e apoio a microempreendedores para a geração de trabalho e renda.
Geração de conteúdo e disseminação da cultura empreendedora: Premiações, eventos, geração e disseminação de mídia e conteúdo educativo e inspirador para o empreendedorismo. Desenvolvimento e repasse de metodologias de apoio e educação empreendedora para ONGs, governos, institutos e fundações empresariais.
Foco: públicos de empreendedores individuais, grupos produtivos comunitários urbanos e rurais, jovens empreendedores, negócios sociais comunitários e catadores de materiais recicláveis.
Cursos, oficinas e treinamentos: Relacionados aos temas de gestão, empreendedorismo, inovação, negócios inclusivos e geração de trabalho e renda na base da pirâmide.
Mais informações:
http://www.aliancaempreendedora.org.br/
contato@aliancaempreendedora.org.br
(41) 3013 2409 – Curitiba, Paraná.
Matéria publicada na Revista Geração Sustentável - Edição 27 - Jornalista Karla Ramonda
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Veja outros conteúdos dessa edição:
Matérias:Visão Sustentável: Excesso de iimpostos e importações ameaça a indústria têxtil brasileira
Responsabilidade Social: Pelo Futuro das Empresas
Artigos:
Julianna Antunes: A sustentabilidade corportaiva ainda é uma escolha?
Jeronimo Mendes: O que é ser sustentável
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