“Sustentabilidade” é um termo que ouvimos diariamente. Representantes de nações se encontram para decidir sobre estratégias para um desenvolvimento mais sustentável. Empresas divulgam em seus sites boas práticas socioambientais. Governos discutem políticas de redução de impactos ambientais e diminuição da desigualdade social. Crises aquecem o questionamento sobre os limites do atual modelo econômico. Por encontrar-se de alguma forma ligado a todas essas e a muitas outras questões, o termo “sustentabilidade” aparece com frequência em nossas vidas.
No entanto, se sustentabilidade é algo tão amplo e pluridimensional, o que dizer, então, do “profissional de sustentabilidade”? Quem é ele? Onde trabalha? Qual o seu perfil?
Em primeiro lugar, importante destacar que: quando utilizo o termo “profissionais”, refiro-me àqueles que exercem sua atividade profissional na área, e não àqueles que, no seu dia a dia, agem de forma compatível com o que considero uma “vida mais sustentável”, embora, é claro, acredite que deva existir uma coerência entre a atuação e o cotidiano desse tipo de profissional (a nossa prática, ou seja, a forma como fazemos o que fazemos não pode ser dissociada de quem somos, e está intimamente ligada aos nossos valores; em sustentabilidade, não há espaço para profissionais do tipo “faça o que eu digo, mas não o que eu faço”); acredito que muitos profissionais contribuem enormemente para a sustentabilidade, como, por exemplo, profissionais da área ambiental ou aqueles que atuam com desenvolvimento social; entretanto, o que apresento aqui é um novo perfil de profissional, que atua dentro de um conceito mais amplo e transversal.
Os profissionais de sustentabilidade não têm formação específica. Podem ser engenheiros, educadores, advogados, gestores, biólogos, entre inúmeras outras possibilidades. Podem atuar no setor público ou no privado, em instituições de ensino ou no terceiro setor. Podem atuar, ainda, como autônomos ou em consultorias. Podem ter em seu currículo inúmeros cursos na área ou, mesmo sem ter se formado em um curso específico, compreender inteiramente o conceito e ter praticado a sustentabilidade em seu dia a dia, no seu trabalho, de forma a se tornar especialista no assunto. Podem ocupar cargos diversos, em departamentos diversos, não estando necessariamente dentro de uma Diretoria ou Gerência de Sustentabilidade.
Mas reconheço um profissional de sustentabilidade quando encontro alguém com uma visão de um mundo mais sustentável, reconhecido dentro da instituição onde atua como um dos responsáveis por fazer com que essa instituição trilhe um caminho compatível com essa visão. Esse profissional deve ter compreensão profunda sobre conceitos, assuntos, princípios e ferramentas relacionados ao tema, e deve criar espaços para que esses temas permeiem a instituição onde atua.
Além das características descritas, esse profissional tem valores firmes e sólidos, atuando com ética e transparência, construindo em sua instituição um caminho para a sustentabilidade de forma colaborativa, participativa, inclusiva e tolerante perante a diversidade. Ele deve ser capaz de pensar de forma sistêmica, compreendendo as inter-relações entre os diversos atores e aspectos que regem e influenciam sua atuação e sua instituição.
Hoje já ouvimos falar em CSOs, ou Chief Sustainability Officers. Esta terminologia, mais utilizada dentro das empresas, segue o padrão de outras já conhecidas como CEO (Chief Executive Officer) ou CFO (Chief Financial Officer) e refere-se aos Diretores de Sustentabilidade, que têm como missão desenvolver estratégias de sustentabilidade dentro de uma empresa.
Em outubro de 2011, foi formalizada a ABRAPS – Associação Brasileira dos Profissionais de Sustentabilidade, com a missão de representar, conectar e fortalecer a atuação do profissional de sustentabilidade. Com isso, percebemos o crescimento inegável desse novo perfil profissional e permanecemos com a esperança da melhoria da qualidade nas inter-relações entre indivíduos, empresas, mercado, sociedade e o planeta.
Daniella Mac Dowell - Mestre em Saúde Ambiental pela Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo. Consultora e facilitadora de processos em sustentabilidade
Artigo publicado na Revista Geração Sustentável, Edição 27.
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Matérias:
Visão Sustentável: Excesso de iimpostos e importações ameaça a indústria têxtil brasileira
Responsabilidade Social: Pelo Futuro das Empresas
Empreendedorismo: Iniciativa de inclusão transforma a vida das pessoas por meio do empreendedorismo
Artigos:
Julianna Antunes: A sustentabilidade corportaiva ainda é uma escolha?
Jeronimo Mendes: O que é ser sustentável
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