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segunda-feira, 19 de abril de 2010

Artigo: Gestão do Lixo

LIXO QUE NÃO É LIXO, É DINHEIRO

*João Paulo Maranhão

Nas últimas semanas, batalhas acirradas vêm sendo travadas na cidade de Curitiba e Região Metropolitana, em virtude da necessidade de se conseguir uma nova área para a destinação do lixo produzido pela nossa população. É evidente que o aterro do Caximba já está, há muito tempo, com sua capacidade de estocagem e armazenamento esgotada, sendo que a manutenção desse local como aterro sanitário pode causar e causará até o mês de novembro de 2010 – data limite para fechamento do mesmo – diversos danos ao meio ambiente e à saúde da população que reside na região.

Mas porque tanta discussão sobre esse assunto? Por que tantas medidas judiciais se não existem dúvidas de que outro local tem que ser escolhido? Por que tantos interesses particulares tentam se sobrepor aos interesses da coletividade, que tem como direitos fundamentais a saúde e o bem estar? A resposta para estas indagações é simples: atualmente o lixo é dinheiro. Não pensem que só porque o lixo é tido como algo que não presta, que é descartado, que ele não tem seu valor.

O que para a maioria da população é um mal, para alguns é um bem, ou melhor, uma mina de dinheiro inesgotável, na medida em que a tendência é a de que a cada dia que passa, mais lixo venha a ser produzido por nossa população que não pára de crescer, muito menos de consumir. Certo é também que dar a correta destinação ao lixo é medida necessária, sendo que não se tem mais dúvidas de que o Poder Público “prefere” delegar tal atribuição do que arcar com essa responsabilidade. Fala-se isso pois efetivamente são poucas as Prefeituras de nosso país que adotam políticas públicas específicas para o lixo, não sendo Curitiba uma delas.

A perpetuação da manutenção de aterros sanitários como o do Caximba, constitui-se em um sério problema sanitário, pois tal tipo de armazenamento de lixo expõe as pessoas a várias doenças, tais como parasitoses, além de contaminar o solo, as águas e os lençóis freáticos. Tanto isso é verdade que por diversas vezes já se teve notícias dessa condição em relação ao aterro do Caximba, em especial no que se refere a destinação do chorume em águas fluviais de rios da nossa Região Metropolitana.

Novas tecnologias devem ser implementadas, adotando-se sistemas de reciclagem e queima de resíduos, tais como os utilizados em outras capitais de nosso país, abdicando-se a prática hoje utilizada em nossa Capital. O tempo urge, sendo que Prefeitura não pode continuar perpetuando brigas judiciais visando corrigir um procedimento licitatório que ao que tudo indica já nasceu fadado ao insucesso, pois como dito anteriormente, interesses econômico-financeiros de particulares querem ser tidos como mais importantes dos que os interesses da coletividade.

Soluções para a destinação do lixo, que não aquela pleiteada na licitação que agora se encontra suspensa, existem, sendo medida salutar que a Prefeitura adote outra visão em relação a este tema, pois se isso não ocorrer, é provável que o caos se instale quando da chegada do esgotamento do aterro do Caximba.

*João Paulo Maranhão é sócio-advogado do Escritório Katzwinkel & Advogados Associados

4 comentários:

  1. Realmente a falta de interesse político é grande... há 7 anos desenvolvo uma alternativa de reutilização que beneficiaria o ambiente e as pessoas de baixa renda. Ja apresentei a muita "gente" influente e nunca tive retorno. Não espero resolver os problemas do mundo, mas acredito que pequenas atitudes podem gerar grandes transformações. Claro, se houver interesse em realmente beneficiar a população e não a economia e algumas cuecas.
    www.programaera.blogspot.com

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  2. Francis Mary Gomes de Oliveira Brante19 de abril de 2010 às 19:42

    Acredito que falta vontade de realmente resolver problemas com a falta de Gestão do Lixo. Além de trazer benefícios financeiros para as classes mais desprovidas os benefícios ambientais seriam enormes, porém a Responsabilidade Ambiental ainda é um compromisso de papel, sem muitas ações efetivas para agir com tal responsabilidade.

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  3. Os problemas relacionados ao lixo são muito sérios... Causam enormes impactos ambientais! As pessoas precisam se conscientizar que o lixo é materia-prima em lugar errado (frase de Carlos Minc). O processo de consumo não acaba quando uso todo o conteúdo de uma embalagem... O consumo acaba mesmo quando direciono essa embalagem para a reciclagem ou outro tipo de destino!

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  4. Acho que a gestão do brasil ta ótima , e que vocês não passam de um bando de intelectuaizinhos de esquerda que querem revolucionar a politica de gestão do lixo brasileiro...

    Deprimente ...

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