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sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

2011: Sustentabilidade levada a sério

O ano que se inicia deverá contar com o engajamento dos líderes e executivos para que os valores sustentáveis saiam do papel para o dia a dia das organizações

Por muito tempo estivemos preocupados com ganhos em escala e lucros em detrimento do meio ambiente. Hoje, de modo prepotente, pensamos em “salvar” o planeta Terra. A verdade é que a humanidade é um cisco na história do mundo. A Terra existe há 100 milhões de anos. Eu disse milhões. E a humanidade possui alguns poucos milhares de anos. Ou seja, o planeta não irá acabar, o que pode acabar é a humanidade, extinta por sua própria imprevidência e desequilíbrios causados ao meio ambiente.

Portanto, não é necessário se preocupar com o futuro da Terra, afinal, os dinossauros já passaram por aqui, várias espécies foram extintas e novas formas de vida surgiram e surgirão no futuro. A preocupação deve estar focada no futuro da humanidade e com a herança que pretendemos deixar aos nossos filhos e netos.

Sendo assim, costumo definir sustentabilidade de uma forma direta: sustentável é durável, se possível permanente. E por isso mesmo as táticas de curto prazo que causam prejuízos futuros não podem ser sustentáveis.

A preocupação inicial sobre as práticas agressoras do homem foi em relação ao meio ambiente. Posteriormente, em uma segunda onda, surgiu a preocupação social. E hoje eu apelidaria de sustentabilidade 3.0 a base para um mundo sustentável, alicerçada em premissas de conscientização, educação e ética.

Aguçar a visão

No último 33º Fórum de Líderes, realizado em São Paulo, a preocupação com os conceitos sustentáveis foi apresentada pelos palestrantes para mais de 1.200 líderes reunidos. Um dos questionamentos foi do Dr. Ozires Silva, que abriu sua palestra dizendo aos líderes: “Onde estaríamos hoje se não fosse a Escola?”. Wow! Já parou para pensar nisso? Pois é, toda a nossa capacidade criativa e de inteligência precisam ser direcionadas, estimuladas e incentivadas.

A preocupação com a capacitação desses gestores está sendo amplamente discutida em todas as capitais brasileiras e por diversos especialistas, como Cesar Souza que discorreu suas preocupações com os aspectos sustentáveis em sua palestra no 1º Fórum de Líderes Nordeste, realizado em Recife, e, recentemente, publiquei um artigo em que discorro a falta de líderes, reforçada por uma pesquisa realizada pela HSM em conjunto com a Empreenda.net.

Outro evento recente foi o CEO Fórum 2010, realizado pela AMCHAM em Recife. O tema foi “Gestão Estratégica para a Competitividade” e os palestrantes trataram bastante o tema sustentabilidade, o que nos faz perceber o quão importante é essa temática para as organizações atualmente. Na ocasião, o presidente da Dell Brasil, Raymundo Peixoto, apresentou a caminhada “verde” da empresa para o desenvolvimento de produtos e serviços sustentáveis e ecologicamente corretos.

Entre as iniciativas está a utilização de embalagens feitas de fibra de bambu e o uso mais racional das embalagens, matérias-primas e insumos sustentáveis e, por fim, a importância da inovação para criar produtos mais eficientes e de menor consumo energético.

Também tivemos uma palestra muito legal de André Vercelli, da Kraft Foods Nordeste, que apresentou um case da empresa sobre o apoio à comunidades carentes e o desenvolvimento e capacitação de sua mão-de-obra própria para a instalação da fábrica de Vitória de Santo Antão.

Em todos esses eventos que une os principais líderes, executivos e gestores do país, a educação e capacitação desses brasileiros é o calcanhar de Aquiles para promover conceitos de sustentabilidade em 2011. Não é apenas meio ambiente, o social ou o econômico. O problema da (in) sustentabilidade está na (falta de) educação.

Ética é a palavra de ordem e a conscientização é o único caminho. Um exemplo muito bom é a Lipor, empresa portuguesa que criou um Plano de Educação Ambiental 2009/2011, tendo como objetivo a promoção da educação e sensibilização dos cidadãos para a sua mobilização em relação às iniciativas de proteção ao meio ambiente.

Ou seja, como apresentado por Cesar Souza, colunista da HSM que esteve presente no 33º Fórum de Líderes, o triple bottom line precisa ser entendido para englobar as pessoas. E neste sentido, 2011 é um ano em que precisaremos de lideranças preocupadas com a sustentabilidade, se é que as empresas querem se perpetuar, incluindo ao trinômio ambiental-social-econômico uma visão holística de negócio + sociedade + planeta.

O próprio posicionamento dos negócios é um item essencial de sustentabilidade dentro das organizações e precisa fazer parte do pensamento estratégico e não apenas de um documento em papel realizado uma vez por ano chamado de “plano estratégico”. O pensamento estratégico é um ser e fazer do dia a dia.

Concluímos que o próximo passo da sustentabilidade é conscientizar, educar e liderar o pensamento sustentável e sua implementação. Será que estamos preparados?

Mário Henrique Trentim (Diretor da iPM Consult – Consultoria Inteligente, professor e coordenador dos cursos de MBA da CEDEPE Business School em gerenciamento de projetos e membro voluntário do PMI Pernambuco da Diretoria Adjunta do Chapter)

Fonte: HSM Online

2 comentários:

  1. A pergunta que eu faço é: como realizar essa tremenda tarefa se as prioridades dos governantes são diferentes?

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  2. Realmente a política e a área pública precisa ainda avançar muito no tema sustentabilidade!

    Particularmente não acredito em sustentabilidade nessa área... Mas também não dá pra dizer que está tudo errado. Até porque algumas políticas pública são sérias, principalmente aquelas que colocam limites ambientais e as que contemplam diferentes classes sociais. Outrro detalhe que o longo prazo na área política é sd de 4 anos!

    Mas, sem dúvidas, o setor privado tem avançado e também se mobilizado mais!

    Pedro Salanek FIlho
    Editor Geração Sustentável

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