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segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Artigo: Política Nacional de Mudanças do Clima

Política Nacional de Mudanças do Clima

Uma no cravo....

A recém-encerrada Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas, realizada em Cancun – Cop 16, foi marcada pela firmeza do Brasil com relação aos compromissos assumidos nas “Cops” anteriores. A ministra do meio ambiente foi enfática ao registrar publicamente os cumprimentos que o Brasil recebeu de outros participantes pela assinatura, durante o período da Conferência de Cancun, do decreto que regulamenta a Política Nacional de Mudanças Climáticas. Por este decreto, o Brasil se compromete a reduzir entre 36,1% e 38,9% a emissão de gases que provocam o efeito estufa, até 2020.

Descontando a jogada de marketing do governo brasileiro, nosso país tem se portado com muita seriedade, tanto na elaboração de metas vinculadas a um modelo de desenvolvimento mais sustentável, quanto na perseguição e superação a essas metas. Já se sabe que superaremos, com bastante antecedência, o compromisso assumido com a redução em 80% do desmatamento da Região Amazônica até 2020. Já, há dois anos, a área desmatada na Amazônia brasileira equivale àquela do final da década de 1970, quando o país estava economicamente estagnado e vivia os reflexos da crise de energia mundial provocada pela Revolução Islâmica do Irã e pela guerra Irã-Iraque.



...e outra na ferradura!

É bem verdade que, no caso do Brasil, alguns fatores muito específicos contribuem para o alcance das metas propostas, tais como a íntima relação entre as queimadas das áreas desmatadas e o grande volume de CO2 que emitimos na atmosfera. Evidentemente que quando se ataca um lado, o outro se beneficia diretamente. Outro aspecto importante é que o grande vilão na emissão de GEE no nosso caso, não é a queima de combustíveis fósseis, tão como ocorre nos países desenvolvidos e sim, as queimadas de atividades ligadas à agricultura e à pecuária. Em parte, isto se deve ao atraso nos processos agropecuários, mas uma parcela resulta da nossa conquista da tecnologia dos motores de automóveis movidos a etanol.


Seria lógico pensarmos, então, que nosso programa de biocombustíveis, reconhecido internacionalmente como sendo avançado, deveria receber maior atenção e divulgação, por parte das políticas públicas brasileiras. Esse é um grande guerreiro no processo de descarbonização da atmosfera. Mas já deveríamos ter, há muito tempo, rodando nas ruas e estradas brasileiras, veículos de transporte coletivo e de cargas movidos a biocombustível.


Deveríamos, também, ter massificado – até mesmo subsidiado – a utilização da energia solar na construção civil, tão aquecida nos últimos anos. Deveríamos investir mais em energia eólica, já que somos um dos países com maior incidência de ventos no planeta.


Entretanto, todos os principais focos dos governos brasileiros continuam voltados para a exploração do petróleo sob a camada de pré-sal do litoral brasileira. Não tenho a visão purista dos ambientalistas mais radicais e nem pretendo interromper discursos do nosso futuro vice-presidente, mas esse movimento é estranho. Tem algo de contraditório em nossas política energética.


Enfim, resta-nos esperar que o aumento da produção de petróleo no Brasil, pela exploração da camada de pré-sal, não signifique o atraso ou mesmo abandono de políticas de biocombustíveis e do desenvolvimento de fontes alternativas de energia. E que os “deuses” iluminem nossos representantes nos governos para que, nem de longe, se cogite a redução interna do preço da gasolina.


** Ivan de Melo Dutra: Arquiteto e Urbanista e Mestre em Organizações e Desenvolvimento

Artigo publicado originalmente na edição 21 da revista Geração Sustentável

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