Quando Bill Hewlett e Dave Packard se reuniram, em 23 de agosto de 1937, para discutir a formação da Hewlett-Packard, eles não tinham a mínima ideia do que a empresa faria. A única coisa que sabiam é que queriam abrir uma empresa em sociedade no promissor campo da engenharia eletrônica.
Segundo James Collins e Jerry I. Porras, autores do best seller Feitas para durar, Hewlett e Packard decidiram primeiro abrir a empresa e depois resolveriam o que poderia ser feito. Eles simplesmente começaram a trabalhar, tentando tudo o que pudesse tirá-los da garagem e pagar as contas de luz.
No início, a HP fabricava de tudo, desde indicadores de linha de colisão para boliche, mecanismos de relógio para telescópios, mecanismos para acionamento automático de descargas em banheiros públicos até uma máquina de choques para fazer as pessoas perderem peso.
O indicador da linha de colisão para boliche não revolucionou o mercado. A descarga automática para mictórios e as máquinas de choque para emagrecimento também não chegaram a lugar nenhum. Na verdade, a empresa foi andando aos trancos e barrancos durante mais ou menos um ano antes da sua primeira grande venda: oito áudio-osciloscópios para uso no filme Fantasia, produzido pela Disney.
Apesar dos reveses e das poucas perspectivas de sucesso, a HP continuou meio sem direção, com dificuldades, com uma série de produtos, até receber o empurrão com contratos assinados durante a guerra no início da década de 1940 quando, finalmente, decolou.
Da mesma maneira que Hewlett e Packard, Sam Walton, fundador da rede de supermercados Wall Mart, também começou sem uma grande ideia. Ele abriu seu negócio com nada mais do que a vontade de trabalhar para ele mesmo, um pouco de conhecimento e muita paixão pelo varejo.
Walton começou em 1945, com a franquia de uma lojinha Ben Franklin na cidadezinha de Newport, no Estado do Arkansas e, segundo suas próprias palavras, não tinha a menor ideia do escopo do negócio que estava começando.
O negócio foi se desenvolvendo aos poucos, passo a passo, a partir daquela lojinha, até que a grande ideia de uma loja rural de descontos surgiu com uma etapa evolutiva natural quase duas décadas depois de ele ter aberto a sua empresa.
A 3M começou como uma mina falida de corundum, mineral utilizado na indústria de abrasivos, deixando seus investidores com ações cujo valor de venda era equivalente a “duas ações por uma dose de uísque barato”. Sem saber o que mais fazer, a empresa começou a fabricar lixas. A 3M começou tão mal que o seu segundo presidente não recebeu salário durante os seus primeiros onze anos de posse.
Entre os seus cinco fundadores, não havia nenhum inventor ou cientista renomado. Eram todos homens comuns: um médico, um açougueiro, um advogado e dois executivos ligados à indústria de ferrovias que identificaram a oportunidade de ganhar dinheiro vendendo o mineral.
Atualmente, a 3M - Mineraçao e Manufatura de Minesotta - é um exemplo de empresa que leva a estratégia da inovação ao patamar de prioridade absoluta, entretanto, já na década de 1930, uma série de decisões gerenciais promovidas por William McKnight, elegeu a inovação como foco principal da estratégia de negócios da empresa.
O que todas essas empresas têm em comum? Em primeiro lugar, nenhuma delas começou com uma “grande ideia”, ou seja, uma ideia inovadora e revolucionária do ponto de vista da tecnologia. Em segundo lugar, todas tiveram que mudar, de maneira radical, a sua forma de trabalhar para atingir o público-alvo desejado.
Na realidade, a combinação entre o espírito empreendedor e irrequieto de seus fundadores e a necessidade de inovar para sobreviver foi o que definiu o seu perfil de atuação no mercado. Ter uma grande ideia não significa ter sucesso. Colocá-la em prática e trabalhar consistentemente para a sua execução é a melhor ideia.
De acordo com Peter Drucker, o grande guru da administração moderna, “Empreendedores procuram por mudanças, portanto, olhe para cada janela perguntando-se: isso poderia ser uma oportunidade? Não perca algo somente porque não faz parte de seu planejamento. O inesperado é frequentemente a melhor fonte de inovação”.
Jerônimo Mendes
Administrador, Consultor, Professor Universitário e Palestrante
Mestre em Organizações e Desenvolvimento Local
** Artigo publicada originalmente na edição 26 da revista Geração Sustentável
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