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segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Responsabilidade Social: Lições de cooperação e cidadania que formam cidadãos conscientes

Programas desenvolvidos por cooperativas em parceria com a comunidade local promovem a educação ambiental e despertam o espírito de solidariedade em crianças e adolescentes no interior do Paraná

No pequeno município de Jaboti, no Norte Pioneiro paranaense, os portões da Escola Municipal Professora Maria Lenira de Carvalho Oliveira estão abertos. Desde 2007, a instituição realiza atividades de conscientização ambiental que envolvem não somente professores e alunos, mas também a comunidade local. “A última edição da blitz ecológica, realizada em outubro do ano passado, foi um sucesso. O entusiasmo das crianças era tão grande que nenhum motorista se recusou a levar uma muda de árvore para a casa”, relembra Rosane Aparecida da Silva, diretora da escola. Por algumas horas, familiares, professores e alunos permaneceram na entrada da cidade sensibilizando os motoristas quanto à importância da conservação ambiental.

Além da blitz, gincanas ecológicas e produção de brinquedos a partir do lixo reciclável são atividades desenvolvidas pela instituição com um propósito que vai além do despertar da consciência ecológica nos alunos: vivenciar com eles as práticas da educação corporativa. “As atividades que envolvem alunos de diversas turmas e a comunidade visam despertar e desenvolver neles o sentimento de solidariedade e da compreensão do espírito coletivo”, explica a diretora da escola. De acordo com ela, a vivência do cooperativismo no dia-a-dia escolar traz resultados positivos para todos os agentes envolvidos. “Os alunos desenvolvem-se com atividades realizadas fora da sala de aula, a escola se beneficia com o reconhecimento de seu trabalho e, a comunidade, por sua vez, ganha uma geração de crianças mais conscientes, responsáveis e preocupados com o meio ambiente e com o próximo”, diz.

Projeto Horta Educativa – Também na região do Norte Pioneiro, no município de Itambaracá, educadores da Escola Municipal João Paulo II desenvolvem com alunos do Ensino Fundamental e Médio uma atividade pedagógica de conscientização sobre a importância do consumo de alimentos saudáveis. Batizado de Horta Educativa, o projeto consiste na criação de uma área verde produtiva na escola, pela qual todos os alunos são responsáveis. “A ideia surgiu após uma investigação que tem como objetivo mapear as potencialidades do local onde os alunos estão inseridos”, explica Haraon Cesar, assessor de programas sociais do Sicredi Parapanema, instituição gestora do projeto.

A atividade tem influenciado positivamente na qualidade alimentar dos alunos. “Desenvolvemos com eles oficinas de culinária utilizando os produtos da horta para a produção dos pratos. São alimentos que a maioria dos alunos se recusava a comer, mas como eles foram envolvidos em todo o processo, acabam experimentando e gostando”, diz Silvia Carvalho da Silva, diretora da escola.
Com a participação de funcionários da escola e parceiros na comunidade, a atividade busca desenvolver o valor do trabalho cooperativo nos jovens. “Graças ao entusiasmo e envolvimento deles, estamos colhendo hortaliças em grande quantidade, o que possibilita doações para outras escolas, instituições filantrópicas e familiares dos próprios alunos”, afirma Silvia. Além da melhoria da qualidade de vida dos alunos, a diretora destaca como resultados positivos a melhoria na aprendizagem – consequência da adoção de novas práticas educativas - e conscientização da conservação da própria escola e do meio ambiente.

União Faz a Vida - Tanto as atividades vivenciadas pelos alunos em Jaboti como em Itambaracá são iniciativas do programa de educação corporativa União Faz a Vida, que por meio de práticas de educação corporativa, busca construir e vivenciar atitudes e valores de cooperação e cidadania, a fim de contribuir para a educação integral de crianças e adolescentes. Atualmente, o programa é desenvolvido em mais de 145 municípios nos estados do Rio Grande do Sul, Paraná e Mato Grosso. No território paranaense o União Faz a Vida abrange 20 municípios, 143 escolas, 1,7 mil educadores e quase 22 mil alunos.

Quem responde pela autoria e desenvolvimento do programa é o Sicredi (Sistema de Crédito brasileiro), um dos principais sistemas de cooperativas de crédito do país que hoje conta com 1,5 milhão de associados e cerca de mil pontos de atendimento em dez estados brasileiros. Atualmente, o cooperativismo de crédito, um dos 13 ramos de atividade do cooperativismo, reúne 49 mil cooperativas e 177 milhões de associados no mundo. Deste total, o Brasil concentra 1,1 mil cooperativas e 3,2 milhões de associados, segundo dados do Sicredi.

Desenvolvimento - Para o seu desenvolvimento o programa União faz a Vida depende uma rede de cooperação. Neste contexto, o Sicredi assume o papel de um gestor que planeja as atividades e busca parceiros (secretarias de educação e assistência social), assessores pedagógicos (universidades e instituições especializadas) e apoiadores necessários (pessoas físicas e jurídicas). “O programa é de toda a comunidade, que propicia a vivência do cooperativismo por meio de práticas e ações desenvolvidas no dia a dia das escolas”, diz Rejane Farias, assessora de programa sociais da Central Sicredi PR.

O programa, explica ela, é dividido em três fases. “Na primeira etapa, o Sicredi, a comunidade escolar e assessores pedagógicos se unem pelo interesse em desenvolver o programa”. Essa fase é marcada também pela assinatura do termo de cooperação entre a cooperativa de crédito e a secretaria de educação do município. Num segundo momento, as assessorias pedagógicas realizam as oficinas de formação com os educadores para promover as práticas educativas e a criação de projetos que viabilizem aprendizagens de atitudes e valores de cooperação e cidadania no ambiente educacional. “É aí que as práticas de cooperação e cidadania são intensificadas e expandidas no universo escolar do município”, afirma a assessora do Sicredi. Na próxima etapa, segue ela, cabe às escolas apresentarem projetos coletivos que dialoguem com as estratégias propostas para a realização do programa. “Finalmente na fase de desenvolvimento, os projetos começam a ser executados, proporcionando a ação do empreender coletivamente com a participação de todos os agentes envolvidos no programa”, afirma.

Programa Escola no Campo – Outro exemplo concreto dos esforços de uma cooperativa para gerar resultados positivos na comunidade em que está inserida é o Programa Escola no Campo, que tem como objetivo treinar professores e alunos de 4ª séries quanto ao uso correto de agroquímicos, proteção ambiental e descarte de embalagens. O programa, que lança mão de uma cartilha composta por princípios do cooperativismo, teve início em 1997, no município da Lapa. Hoje contempla também as cidades de São Mateus do Sul, Quitandinha, Balsa Nova e Antonio Olinto.
“Nos 13 anos de existência, o programa beneficiou mais de 24 mil alunos da região”, afirma Helio Skiba Kujava Skiba, técnico agrícola da Cooperativa Agroindustrial Bom Jesus, instituição responsável pelo programa. Com sede no município da Lapa, a cooperativa criada em 1954 é composta por 3,6 mil associados e atua em 11 municípios paranaenses. “Muitas crianças que participaram do primeiro ano do programa, hoje com 18 e 20 anos de idade, estão trabalhando nas lavouras e aplicando o que aprenderam, formando uma nova geração de agricultores mais conscientes quanto à preservação do meio ambiente e proteção à própria saúde e da saúde da comunidade”, diz Helio.

Matéria publicada originalmente na edição 18 - Revista Geração Sustentável (Ana Leticia Genaro) Clique na imagem e tenha acesso às últimas edições

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