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segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Programa PAPO LIVRE é destaque na edição 29 da Revista Geração Sustentável

Sigiloso e imparcial, atendimento promove ambiente de trabalho com menos conflitos, faltas e afastamentos e, consequentemente, melhor desempenho

Uma gestora empresarial conta que não sabe como lidar com tantos funcionários que a procuram para conversar: "Estou aqui para resolver outras questões e as pessoas vêm me falar de problemas pessoais, não tenho tempo!" Os funcionários dessa gestora estavam precisando de uma pessoa isenta que pudesse ouvi-los para que se sentissem melhor para trabalhar, porque não levar os problemas pessoais para o trabalho e não deixá-los interferir na produtividade pode ser muito difícil.

O desabafo daquela gestora e a carência dos funcionários dela permaneceram com a psicóloga e coaching pessoal e profissional Lucia Fernandes. Com MBA em Gestão Estratégica de Pessoas pela FGV e Avaliação Psicológica e Consultoria Empresarial pela SOCIESC e Personal & Professional Coaching pela SBC (Sociedade Brasileira de Coaching), Lucia teve a ideia de desenvolver um atendimento individual para colaboradores em empresas - oferecer profissionais que estariam à disposição dos funcionários para um Papo Livre - e este se tornou o nome do programa - sobre o assunto que desejassem.

Lucia convidou para ajudá-la na elaboração a educadora e empreendedora social Vera Brito, com pós-graduação em Gestão de Instituições Educacionais pela OPET/PR. Em seguida, juntaram-se à ideia outros profissionais, como a especialista em Planejamento e Gestão de Negócios com formação em Dinâmica dos Grupos Cristina Beerends, formando um time experiente e multidisciplinar das áreas de serviço social, psicologia, farmácia, administração, educação, gestão de pessoas, educação social e prestadores de atendimento a pessoas e a comunidades em situação de vulnerabilidade, por meio de instituições sociais.

Assim nasceu e foi desenvolvido o programa Papo Livre, com slogan "bem estar dentro e fora da empresa", pela Atitude Consultoria. Inédito no Paraná, o programa consiste em atendimentos semanais, individuais e sigilosos de 20 minutos, dependendo do tempo contratado, abrangendo questões pessoais dentro de dez áreas: bem-estar emocional, cultura, direitos humanos, economia doméstica, empreendedorismo interno, empregabilidade, família, lazer e esporte, meio ambiente e saúde. A questão mais abordada nos atendimentos é família: "É um programa que colabora de forma inovadora para que o funcionário tenha seu bem-estar emocional e, consequentemente, profissional, pela simplicidade da sua base: uma boa conversa".

A mesma carência da gestora mencionada acima sentia o gerente de RH da American Glass Products do Brasil, AGP - em São José dos Pinhais, no Paraná -, Andrei Moreno. Quando entrou em contato com a Atitude Consultoria, ele identificou que o Papo Livre seria uma ótima oportunidade para a AGP. Moreno diz que oferecer apoio aos colaboradores em problemas pessoais é fundamental em uma empresa, mas nem sempre gestores, líderes e RH podem contribuir adequadamente e o ideal é que alguém externo supra essa necessidade. "No ambiente empresarial, há uma necessidade cada vez maior de um olhar holístico, que vise a atender o colaborador além do aspecto profissional, buscando alternativas de boas práticas que possam suprir anseios pessoais e emocionais", afirma. "O Papo Livre faz muito bem esse papel porque, da forma como são tratados os assuntos, com discrição e confidencialidade, as pessoas se sentem seguras e confiantes, o que facilita a resolução de problemas."

O líder de Treinamento da AGP Edmilto Lopes é da mesma opinião: "Sempre vamos ouvir o que os funcionários têm a dizer, mas talvez não tenhamos as soluções e os recursos que os consultores podem indicar".

Para a área de Segurança do Trabalho da AGP, o Papo Livre tem feito diferença positivamente, segundo o técnico em Segurança Alexandre Guimarães Galinari: "Quando conseguimos identificar que o colaborador não está em seu melhor momento por questões pessoais, o que pode originar atos inseguros, fazemos o encaminhamento para a equipe de consultoria", diz. Para ele, um fator importante é que o tempo de atendimento, de 20 minutos, não tira tempo da produção, nem o foco do trabalho. "Pessoalmente também tem me trazido excelentes resultados, me ajudando a dedicar mais tempo a minha família e a trabalhar de forma mais leve e não tão estressada."

Família foi também uma área em que outro colaborador da AGP, o operador de Produção Marcio Miranda Santos, diz que o Papo Livre lhe trouxe resultados positivos: "Minha esposa está feliz, perguntando o que aconteceu comigo, por que mudei tanto assim. O pensamento que eu tinha antigamente, hoje penso diferente. O que eu fazia antigamente, hoje eu faço diferente. Eu esbanjava dinheiro, hoje eu economizo, hoje eu posso aproveitar aquilo que eu jogava fora. Acho muito interessante essa empresa trabalhar pensando no povo, nas pessoas. Valeu a pena".

Pessoas e qualidade de vida: Lucia Fernandes diz que o programa Papo Livre, ao ser apresentado aos empresários, mostra o que eles pensam sobre pessoas, ou seja, se olham para seus colaboradores e veem somente produtividade ou se entendem que, dando importância à vida pessoal de seus colaboradores, estão fazendo um investimento. "Desta forma, o empresário terá um funcionário feliz, equilibrado emocionalmente, que consegue lidar com seus problemas, mantendo o ritmo de trabalho", afirma. "Do contrário, o custo é alto, pois, a partir do momento em que não damos conta dos problemas pessoais, estes podem se tornar doenças que afastam do trabalho e afetam a produtividade. É uma realidade, hoje, que o empresário que entende consegue formar uma base operacional forte".

Segundo Vera Brito, quando empresário investe em seu funcionário, este vai reconhecer o investimento, produzir e dar um retorno até para a imagem e a visibilidade da empresa, e na retenção dos talentos. A consultora diz que os participantes demonstram melhora em áreas como qualificação, voltando a estudar, saem mais para lazer e cultura e até se alimentam melhor.

O diretor de Produção Industrial da AGP Luiz Rogério Stella conta que, no começo, o programa sofreu alguma resistência e preconceito em sua área, mas depois não somente foi aceito como se tornou algo natural e positivo: “Os funcionários pediram que continuasse e a adesão tem sido bastante grande", informa. Para ele, a grande vantagem do Papo Livre está em que quem conversa com o colaborador não tem um pré-julgamento dele. "Uma pessoa da família talvez não dissesse em que realmente preciso mudar. Falando com uma pessoa externa, fica mais evidente a necessidade de mudança".

Escuta ativa: As técnicas utilizadas pelos consultores da Atitude no Papo Livre são escuta ativa e psicologia positiva (ver quadro). "O objetivo é escutar o colaborador de forma plena e atenta até que ele ponha todas as emoções para fora e, com o profissional, chegue a uma indicação de alternativa para o problema", afirma Vera Brito.

Ninguém é obrigado a participar, mas, durante a primeira fase de implantação do projeto - que aconteceu de 2010 a 2011, na AGP, empresa que permanece cliente da Atitude, e na Casa Fiesta Supermercados, em Curitiba - 93% dos participantes consideraram ótima a decisão da empresa em implantar o programa. Na segunda fase, de 2011 a fevereiro de 2012, na AGP, 96% afirmaram que o projeto atendeu suas expectativas.

Cristina Beerends conta que alguns colaboradores afirmam que só de saber que há alguém na empresa para ouvi-los quando precisarem trabalham mais tranquilos.

Ela explica que o projeto está em lançamento e teve uma fase de experimentação que durou dois anos. A consultora se diz extremamente otimista em relação à receptividade do mercado ao programa e também pelo comprometimento de todos os consultores envolvidos. "Por ser algo inovador, tivemos o cuidado desses dois anos de implantação e de trabalhar bem os indicadores", afirma. "Temos que agradecer muito à Casa Fiesta e à AGP que abriram as portas e se tornaram nossos parceiros. É muito bom trabalhar em uma área em que se melhora a qualidade de vida das pessoas."

Segundo Cristina, o projeto, certificado pelo programa Sesi de Empreendedorismo Social, não é estruturado para ser permanente, mas tem um prazo de execução mínimo de três meses e, ao final, indicadores permitem avaliar mudanças observadas em cada empresa, área ou departamento. Se necessário, esse período pode ser renovado ou repetido em outro momento. "Esse ciclo de vida é necessário para que o atendimento não se torne uma espécie de bengala, já que há uma meta. Também não é algo efêmero, mas que traz a oportunidade de a pessoa atendida buscar internamente a solução de seu problema", afirma.


Escuta ativa e psicologia positiva


Por Cristina Beerends, Debora Oliveira, Lucia Fernandes e Vera Brito

Na psicologia positiva, o modelo não é a doença, mas o bem-estar e a felicidade do indivíduo. Em julho de 2011, em sua 65ª Assembleia Geral, a ONU listou em sua agenda o tema felicidade, incluído na promoção do avanço econômico e do progresso social de todos os povos. A organização reconhece a importância da felicidade como meta fundamental humana.

Já a Escuta Ativa implica em:
• Aprender e compreender conteúdo e sentimentos.
• Responder aos sentimentos expressados.
• Aceitar as expressões e sentimentos, tanto positivos quanto negativos.
• Não fazer julgamentos.
• Perceber o tom de voz, a fluidez do discurso, as pausas, as vacilações, a construção das frases.
• Observar a linguagem não verbal (postura, expressão facial, gestos, olhar, movimentação das mãos, pernas e pés, respiração).


A empresa

A Atitude Cooperativa de Consultores é formada atualmente por 38 profissionais que atuam no Paraná e em São Paulo. Criada em 2006, presta serviços para empresas dos três setores nas áreas de assessoria empresarial, treinamentos, auditoria, coaching, planejamento e desenvolvimento de projetos, em empresas dos três setores.

Dentro dessas áreas, a empresa desenvolve produtos para finanças, administração, marketing/vendas, comunicação empresarial, educação, organização de eventos, infraestrutura de redes elétricas e telefonia, avaliações patrimoniais, recursos humanos, compras, produção, logística, organizações e métodos, psicologia, sistemas da qualidade e responsabilidade social empresarial.

Os consultores dividem-se em Núcleos de Trabalho com o fim de valorizar a união entre expertise e multidisciplinaridade: Desenvolvimento Humano Organizacional, DHO, Produção e Operação, Governança Corporativa e Familiar, e Responsabilidade Socioambiental.

Foto: Da esq.: Débora Oliveira, Silvia Rocio, Magali Mouraleite e Cristina Beerends. Abaixo: Lucia Fernandes, Marta Farina e Vera Brito

Serviço:
Atitude Consultoria
Fone: (41) 3078-0483

Jornalista: Letícia Ferreira
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ARTIGO: Inovação na forma de promover qualidade de vida nas empresas

Silvia R. Silva (Enfermeira do trabalho pela UFPR, com formação em dinâmica de grupos pela SBDG e Consultora em implantação de programas de qualidade de vida)

A metodologia que delineia e sustenta as práticas de escuta ativa é baseada em duas vertentes teóricas que tem em comum a visão otimista do homem. São elas a abordagem centrada na pessoa de Carl Rogers e a Psicologia Positiva, que nasceu na década de 90.

Dentro da perspectiva Rogeriana, em que a saúde mental e o desenvolvimento das potencialidades do homem são processos inerentes e naturais da evolução humana. O homem tem dentro de si uma força vital para a vida. O que não impede que enfrentemos caminhos de difícil acesso. A escuta ativa se coloca como uma ferramenta facilitadora da travessia desses obstáculos. A abordagem é não diretiva e centrada no cliente. Ao consultor cabe facilitar o processo de mudança e ao cliente a responsabilidade pela condução e sucesso da intervenção. O foco é nas potencialidades do individuo e não apenas na eliminação do sofrimento ou superação de déficits.

É importante salientar que está metodologia de trabalho se constitui inovadora enquanto ação preventiva no que diz respeito à saúde mental e qualidade de vida do trabalhador, pois seu foco de atuação é amplo e contempla não só a esfera biológica do sujeito, mas também a esfera social e emocional. Propostas que tem como referência o modelo biopsicossocial, promovem a melhoria da saúde e qualidade de vida em todas as dimensões: física, emocional, social, profissional, intelectual e espiritual. A integração dessas esferas potencializa a efetividade das intervenções, levando a um menor adoecimento e consequente redução do afastamento do trabalho, bem como o aumento da produtividade das pessoas que passam a ser mais autônomas no gerenciamento da sua vida. Iniciativas como essa superam um grande obstáculo enfrentado por algumas empresas na implantação de programas de qualidade de vida. A baixa adesão dos trabalhadores. Isso ocorre devido a não identidade com as propostas, muitas vezes o que é oferecido não atende as reais necessidades do trabalhador.

A partir da demanda definida pelo trabalhador aumenta a motivação para participar, pois ele será atendido em sua singularidade. Como consequência há um aumento na retenção de talentos, melhoria no clima organizacional, além de os colaboradores reconhecerem o empenho da empresa em cuidar do capital humano de modo integral e consistente.

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Veja outros conteúdos dessa edição:

Matérias:

Capa: Instituto HSBC Solidariedade - Sintonia com demandas socioambientais e econômicas do Brasil
Tecnologia e Sustentabilidade: Proteção e segurança para o consumidor
Visão Sustentável:
Responsabilidade Social Corportativa: Lançado programa empresarial em que funcionários podem desabafar e buscar o autodesenvolvimento
Desenvolvimento Local: Conscientização empresarial e compromisso com o futuro do planeta

Artigos:

Gastão Octávio Franco da Luz: Resquícios de sustentabilidade. Um registro de viagem
Giuliano Moretti: Da ego à Ecossustentabilidade: O caminho da percepção
Jeronimo Mendes: Empreendedor ou Empregado: Umdesafio interior

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