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segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Entrevista Edição 29 - Claudia Malschitzky (Instituto HSBC)


Claudia Malschitzky, superintendente executiva de Sustentabilidade e diretora executiva do Instituto HSBC Solidariedade, fala dos colaboradores do banco, do apoio da ONU e do Natal no Palácio Avenida, em Curitiba

Há 15 anos no grupo HSBC, Claudia Malschitzky não imaginava que sua carreira seguiria caminhos tão diversos, assim como sua vida: filha de um funcionário da ONU, Organização das Nações Unidas, quando criança, morou em países ricos e pobres, como Itália, Gana e Madagascar, o que lhe deu muita bagagem cultural e a fluência em diversos idiomas.

Essa fluência garantiu à Claudia, graduada em Jornalismo com MBA em Marketing e pós-graduação em Recursos Humanos e Gestão Empresarial, o convite para assessorar o então presidente do grupo que acabava de chegar ao Brasil, Michael Geoghegan, na difícil tarefa de se comunicar com as diversas governanças e áreas da empresa. Graças não somente à facilidade em falar várias línguas, mas em se relacionar com os vários níveis hierárquicos da empresa, Claudia ocupou essa posição durante 5 anos em que Geoghegan comandou as operações do HSBC no Brasil. Depois passou pelas equipes de Marketing e Varejo do banco. Ela lembra que uma das coisas que mais impressionaram o presidente e a esposa assim que chegaram ao Brasil foi o Natal do Palácio Avenida, projeto que o casal logo quis saber do seu caráter social e, solicitaram que fosse desenvolvido, sem modificar o espírito inicial.

Fazendo a interface entre o casal e os responsáveis pelo projeto, Claudia teve contato com o primeiro projeto oficial do HSBC para a comunidade, nascido do Natal do Palácio Avenida, que progride até hoje: o HSBC Educação. Foi o primeiro passo que levou Claudia a ser superintendente executiva de Sustentabilidade e diretora executiva do Instituto HSBC Solidariedade, com sede em Curitiba, no Paraná. Ela afirma que o Instituto pertence aos 23 mil funcionários do grupo HSBC no Brasil, e não somente a sua equipe de especialistas, e ressalta o status associativo do Departamento de Informações Públicas da ONU.


O que significa, para o Instituto HSBC de Solidariedade, o status associativo da ONU?

ONGs filiadas à ONU há milhares. Corporativas, não. O Instituto HSBC Solidariedade foi a primeira a ser credenciada no mundo. A ONU define a agenda mundial e esse reconhecimento nos traz, com a responsabilidade, informações preciosas para focarmos ainda mais nossa atuação.

As Nações Unidas estavam buscando uma aproximação com o segundo setor porque perceberam a importância dele e, quando nos contataram através do Instituto Humanitare (organização que tem como objetivo aproximar a sociedade civil das Nações Unidas), precisavam de uma primeira empresa global para esse início de aproximação. Uma quebra de paradigma.

Depois de seis meses de um processo de credenciamento bastante rigoroso, praticamente uma auditoria, fomos aprovados.

O convite veio em um momento em que estávamos procurando uma forma de trazer para o Instituto HSBC Solidariedade a mesma credibilidade e o mesmo reconhecimento público e internacional, merecidos, de outras instituições semelhantes. O maior ganho desse status associativo, entretanto, foi a reação do nosso colaborador, de orgulho pela conquista. Recebemos dezenas de felicitações parabenizando a equipe do Instituto.


Como é o relacionamento do Instituto com os colaboradores do HSBC?

O engajamento do nosso colaborador é grande parte do sucesso do Instituto. Desenvolvemos estratégias de engajamento, investimos em formação, escolhemos muito bem nossos parceiros e sempre trabalhamos com ONGs muito sérias. O legado que quero deixar é esse e brinco, dizendo que preciso me aposentar, mas só posso fazer isso quando os 23 mil colaboradores, no Brasil, sentirem-se donos do Instituto.

Acredito também que essa integração é facilitada pelas estratégias do próprio HSBC, pelo seu jeito de ser que está nos valores do grupo: sermos confiáveis e fazendo a coisa certa, sermos abertos a diferentes culturas e conectados a clientes, comunidades, órgãos reguladores e uns aos outros. Nosso maior desafio é mostrar para nosso colaborador que, para trabalhar no HSBC, você não tem que ser simplesmente um bom funcionário, você também tem que ser ético e ter princípios de sustentabilidade.

Temos ainda alguns mecanismos práticos para motivar o colaborador. Por exemplo, dentro do BSC (Balance Score Card), uma metodologia de estratégia, estabelecemos um índice mínimo de voluntariado para a organização. Esse desafio foi firmada porque, olhando para ela, os outros colaboradores se sentiriam incentivados e motivados, transformando o voluntariado de algo apenas legal, a algo que precisa ser considerado. Assim, colaboradores de todas as áreas começaram a pensar em como se conectar. Hoje, o Instituto fala alto ao colaborador, que aprecia muito fazer parte dessa instituição que humaniza o banco.


O Instituto consegue traduzir para seus stakeholders como o HSBC une lucro e sustentabilidade sem conflito?

Sim, nossos stakeholders começaram a entender que o trabalho do Instituto não é importante somente porque está beneficiando mais de 190 mil pessoas, mas também porque significa a solidez de todo o grupo, de seus relacionamentos e o comprometimento de estar presente nas comunidades onde o HSBC atua. Uma das principais mensagens que recebemos da nossa matriz, na Inglaterra, é que a meta do HSBC é negócios e relacionamento com o cliente em longo prazo. A empresa que não desenvolve um trabalho que a aproxima das comunidades no país em que está, não mostra que está contribuindo para o desenvolvimento daquele país, não conseguirá desenvolver ali um trabalho em longo prazo. O trabalho do Instituto HSBC Solidariedade realmente vem contribuindo para o desenvolvimento do Brasil e isso nos aproxima da comunidade, o país quer que fiquemos. E, se o país quer que você fique, você ganha o olhar positivo do cliente.

No Brasil, o cliente não costuma comprar o produto de um banco somente porque é verde ou social, ele não vai pagar mais por isso. Mas vai deixar, sim, de operar com o banco que não tiver um comportamento condizente com as necessidades ambientais e sociais. Todos os bancos desenvolvem produtos chamados sustentáveis, verdes, etc., mas, pela minha experiência, os clientes estão mais interessados em linhas de crédito que sejam competitivas dentro do mercado. Entretanto, junto com esses produtos, querem que o banco tenha um comportamento diferenciado. Nossos clientes são exigentes - e devem ser - e, no final do dia, podem fazer as contas e verificar com quanto contribuíram. Aliás, devemos ter isso sempre em mente até para sabermos que serviços e produtos vamos ofertar, de que maneira e em que momento. No HSBC, não queremos somente produtos verdes, mas que nossos produtos atendam a critérios, que entendemos mínimos, de sustentabilidade. Estamos trabalhando para que a sustentabilidade esteja integrada na essência dos negócios.


Como está atualmente o voluntariado entre os colaboradores do HSBC?

Nosso trabalho de voluntariado funciona muito bem porque nele investimos tempo, equipe e orçamento. Temos 17 comitês de voluntários espalhados pelo país, que se formam de maneira independente e são coordenados por uma pessoa da equipe do Instituto, dentro de um programa em que diversas possibilidades são ofertadas ao voluntário, de acordo com seu perfil e disponibilidade.

Não há nenhum projeto financiado pelo HSBC que não tenha um colaborador responsável, que chamamos de padrinho ou madrinha. Em sua regional, em sua cidade, é ele quem define o relacionamento que o HSBC vai ter com a comunidade. São treinados sobre o que é ser um líder social e um padrinho de projeto do HSBC.

Selecionamos projetos em todas as 46 regionais do HSBC no Brasil porque queremos que o Instituto esteja presente onde o HSBC está. Temos muitos depoimentos de colaboradores que passam pelo treinamento de que isso mudou sua vida, mudou seus princípios, seus valores. Eles percebem que a empresa propicia a eles oportunidades de se desenvolverem não somente como profissionais, mas como pessoas e como agentes de mudança positiva na comunidade.


Que importância você dá ao Natal do Palácio Avenida?

O Natal do Palácio Avenida é muito maior do que o Espetáculo de Natal. Começa no dia 1º de janeiro e vai até 31 de dezembro. Por trás do show está o projeto HSBC Educação com crianças institucionalizadas, que não moram com pai e mãe biológicos por motivos legais e vivem em casas lares e abrigos. Trabalhamos com elas o ano inteiro. O Natal é o momento de celebração.

Esse projeto, consistente e forte, é o único totalmente desenvolvido pelo Instituto. É dividido em faixas etárias e o atendimento, feito no contraturno da escola e dentro do que detectamos serem as necessidades, vai desde estimulação precoce para crianças de colo até preparação para o mercado de trabalho do jovem aprendiz. Por meio de ONGs parceiras, há pessoas e projetos que trabalham o psicoemocional das crianças, reforço escolar, leitura, etc.

Nossos colaboradores se envolvem no projeto quando vão participar conosco nos dias de espetáculo porque, atrás de cada criança, nas janelas, fica um colaborador, que chamamos de anjo, para cuidar dela. Apesar de a criança estar com todo o equipamento de segurança, o anjo fica lá para dar todo o apoio necessário. Já tivemos dois casos de anjos que adotaram a criança.

Jornalista: Letícia Ferreira

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Veja outros conteúdos dessa edição:

Matérias:

Capa: Instituto HSBC Solidariedade - Sintonia com demandas socioambientais e econômicas do Brasil
Tecnologia e Sustentabilidade: Proteção e segurança para o consumidor
Visão Sustentável:
Responsabilidade Social Corportativa: Lançado programa empresarial em que funcionários podem desabafar e buscar o autodesenvolvimento
Desenvolvimento Local: Conscientização empresarial e compromisso com o futuro do planeta

Artigos:

Gastão Octávio Franco da Luz: Resquícios de sustentabilidade. Um registro de viagem
Giuliano Moretti: Da ego à Ecossustentabilidade: O caminho da percepção
Jeronimo Mendes: Empreendedor ou Empregado: Umdesafio interior

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