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quinta-feira, 23 de maio de 2013

ARTIGO: ESCASSEZ OU ABUNDÂNCIA? EIS A QUESTÃO! Edição 32

Em todas as cidades e países do mundo, alguns poucos privilegiados – menos de 10% da população – vivem de modo que contrasta demais com o modo de viver da maioria das pessoas. No decorrer de milhares de anos, essa disparidade mantém-se constante e, ao que tudo indica, parece difícil de ser anulada.

O mundo caminha para 10 bilhões de pessoas até o ano 2050. Em diferentes regiões do planeta, milhões de pessoas aguardam e algumas imploram pela ajuda de países mais abastados, considerando a máxima de que “enquanto dois terços da população mundial passa fome, um terço faz regime para emagrecer”. Isso nos leva a imaginar que a abundância existe. O que não existe é a distribuição justa e igualitária das coisas.

Se o mundo dispõe de recursos, então, onde está o problema? Acabei de ler (devorar) o livro Abundância: o futuro é melhor do que você imagina, Peter H. Diamandis, empreendedor que se tornou um inovador pioneiro no Vale do Silício, e Steven Kotler, premiado jornalista e escritor de ciências.

Durante uma agradável leitura, os autores documentam como o progresso nas áreas de inteligência artificial, robótica, computação infinita, redes de banda larga, manufatura digital, nanomateriais, biologia sintética e muitas tecnologias de crescimento exponencial permitirão que todo ser humano na face da Terra disponha, nas próximas duas décadas, de ganhos maiores que os ganhos obtidos nos últimos dois séculos, em termos de qualidade de vida.

Em mais de quatrocentas páginas enriquecidas por depoimentos, pesquisas e dados inquestionáveis, os autores exploram como quatro forças emergentes – tecnologias exponenciais, inovadores que seguem a filosofia faça-você-mesmo, tecnofilantropos e o bilhão ascendente – conspiram para resolver os maiores dilemas da humanidade.

Um dos principais exemplos citados pelos autores vem da cidade planejada de Masdar, nos Emirados Árabes Unidos, que está sendo construída pela Abu Dhabi Future Energy Company. Localizada na periferia de Abu Dhabi, depois da refinaria de petróleo e do aeroporto, Masdar foi projetada para abrigar 50 mil moradores, enquanto outros 40 mil trabalhadores se esforçam para colocar a cidade em pé.

O interessante nesse exemplo é que nenhum carro será permitido dentro do perímetro da cidade, e nenhum combustível fóssil será consumido dentro do seu território, apesar de Abu Dhabi ser considerada o quarto maior produtor de petróleo da OPEP, com 10% das reservas conhecidas.

Segundo os autores, a cidade inteira está sendo construída para um futuro pós-petróleo, ameaçado pela falta dessa matéria-prima fóssil, e pelos conflitos por água, entretanto, mesmo num mundo sem petróleo, Masdar continuará banhada por muita luz solar.

A quantidade de energia solar que atinge nossa atmosfera foi calculada em 174 petawatts, com variação de 3,5% para mais ou para menos. Desse fluxo solar total, cerca de metade atinge a superfície da Terra. Como a humanidade consome atualmente cerca de 16 terawatts anuais (2008), existe, portanto, mais de 5 mil vezes energia solar atingindo a superfície do planeta do que consumimos num ano.

Com base nessa constatação e em outros exemplos citados no livro, Diamandis e Kotler são enfáticos: o problema não é de escassez, mas de acessibilidade. Isso não é diferente com a água, considerando que Masdar fica no Golfo Pérsico, um grande corpo aquoso, entretanto, salgado demais para o consumo ou para a produção agrícola. Mas, e se uma nova tecnologia conseguisse dessalinizar uma pequena fração dos oceanos para resolver o problema da água, não apenas do Golfo Pérsico, mas de outros países também?

O “modelo da escassez” ganhou velocidade a partir dos estudos de Thomas Robert Malthus, economista inglês do século 18, o qual percebeu que enquanto a produção de alimentos expandia-se linearmente, a população mundial crescia exponencialmente.

Por conta disso, Malthus estava convencido de que chegaria o tempo em que o ser humano excederia a sua própria capacidade de se alimentar ou, como ele mesmo observou: “o poder da população é indefinidamente maior do que o poder da Terra de produzir subsistência para o homem”.

Contudo, de 1800 para cá, a população mundial cresceu 7 vezes, ao ritmo de 80 milhões de pessoas por ano, em média. Apesar de a fome ser ainda uma preocupação mundial, o mundo continua produzindo alimentos suficientes para alimentar em torno de duas vezes a população da Terra todos os anos. Mais uma vez, o problema não está na escassez, mas no desperdício.

O número de pessoas que vivem em pobreza extrema, com apenas USD 1,25 ao dia ou menos, caiu de 1,8 bilhões em 1990 para menos de 1,4 bilhões em 2010, entretanto, ainda é assustador. Em menos de trinta anos, a China retirou mais de 400 milhões de pessoas da miséria absoluta.

Ao contrário do que pensava Malthus, os recursos continuam aparecendo, as tecnologias e a boa vontade política também. Na prática, como dizem os autores, só existe uma opção: se não é possível livrar-se das pessoas, é preciso ampliar os recursos que essas pessoas consomem.

Com escassez ou abundância, construir um mundo melhor é o maior desafio da humanidade. Abundância é uma palavra mais otimista do que escassez e devemos torcer para que uma combinação adequada de tecnologia, pessoas sensatas e capital seja capaz de superar qualquer obstáculo.

Jerônimo Mendes

Administrador, Coach
Empreendedor, Escritor e
Palestrante.
Mestre em Organizações
e Desenvolvimento Local
pela UNIFAE

Lideranças Sustentáveis - Responsabilidade Social Corporativa - Edição 32









Trabalho dos vice-presidentes do CPCE é essencial para o sucesso dos projetos de responsabilidade social corporativa

Jornalista Bruna Robassa


O Conselho Paranaense de Cidadania Empresarial (CPCE), órgão consultivo da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (FIEP), tem nas regionais do estado empresários nomeados como vice-presidentes, os quais atuam de forma voluntária. Para eles, esse não é um impedimento para que realizem um trabalho de excelência e essencial para o desenvolvimento dos projetos e ações da entidade e para que contribuam com os desenvolvimentos econômico e social de suas regiões de atuação.

Para cada uma dessas regionais do conselho, há um articulador contratado pelo Sesi que atua junto aos empresários voluntários a fim de prestar um apoio mais eficiente às atividades desenvolvidas. O trabalho dessas unidades, estrategicamente divididas em Campos Gerais, Maringá, Londrina e Oeste, é focado nos objetivos e necessidades dos locais em que o CPCE atua, além do foco no fator econômico e no bem-estar de toda a comunidade da região, promovendo o meio ambiente equilibrado.

“O fato de ser uma atuação voluntária enobrece ainda mais a importância e o valor do trabalho desses empresários, mais do que essencial para o andamento e evolução dos projetos e ações do CPCE”, destaca Rosane Fontoura, coordenadora executiva do conselho.

Entre as ações articuladas por esses líderes da sustentabilidade, há a organização de projetos e atividades entre as empresas da região, o incentivo para que os empresários assinem o Pacto Global e trabalhem em busca da promoção de seus princípios na área dos direitos humanos, trabalhistas, ambientais e contra a corrupção e o alcance do Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM). Além disso, eles trabalham para a qualificação dos gestores, a promoção de eventos para as partes interessadas da indústria (fornecedores, colaboradores, comunidade e outros stakeholders), a inspiração de boas práticas de responsabilidade social corporativa e a viabilização do desenvolvimento sustentável.

O que esses quatro representantes escolhidos têm em comum é um histórico com a consciência de que as empresas devem ser responsáveis junto à sociedade e ao meio ambiente e com a manutenção de um ambiente de trabalho saudável. Para esses empresários, a troca de ideias entre os participantes do Conselho é essencial para a evolução das pessoas, das instituições, do meio ambiente e de toda a sociedade.

Londrina


Em Londrina, a regional é coordenada pela presidente do Instituto Atsushi e Kimiko Yoshii signatária do Pacto Global, Kimiko Yoshii, que atua em conjunto com a articuladora Fabiana Beatriz Dalberto Vasconcelos. Para Kimiko, participar do Conselho traz a oportunidade de novos aprendizados, da partilha de ideias e da construção de soluções conjuntas. Ela conta que foi o desejo de levar para as empresas da região a nova mentalidade voltada para a prática de responsabilidade socioambiental e para a cidadania que a motivou a aceitar o convite feito pelo CPCE para ser vice-presidente em Londrina.

“É uma oportunidade para levar a questionar o legado que estamos deixando para as futuras gerações, buscando as melhores soluções para a sustentabilidade, para ser agente multiplicador dos ODM e do Pacto Global bem como do Movimento Nós Podemos Paraná e também de mostrar ao empresariado que essa prática é possível por meio da otimização do uso do tempo em sua agenda”, relata.

A empresária conta que a responsabilidade socioambiental está fortemente presente em seu cotidiano e na sua empresa. Segundo ela, o grupo A. Yoshii, por intermédio do Instituto, há mais de seis anos possui projetos focados na área de educação, cultura, cidadania, saúde e meio ambiente. Todos os projetos estão alinhados com os ODM e com os princípios do Pacto Global.

Entre os projetos desenvolvidos pelo instituto, destaca-se o incentivo ao voluntariado com doação de sangue, plantio de árvores e coleta seletiva de lixo, a realização de palestras sobre cidadania, saúde, meio ambiente e ação social, o desenvolvimento de projetos com foco na inserção digital entre outras inúmeras atividades. Também são executadas ações em parceria com o Sesi, com o Senai e com a Guarda Mirim de Londrina para educação e profissionalização de jovens e adultos.

Para Kimiko, o desenvolvimento de atividades como essas pelas empresas, assim como a participação em reuniões e projetos do Conselho é fundamental. “Temos que ser agentes multiplicadores da Responsabilidade Socioambiental Corporativa em nossas instituições e, participando do Conselho, temos oportunidade de aprender uns com os outros, partilhar ideias e construir soluções conjuntas”, reflete.

A vice-presidente ainda destaca que a atuação das empresas junto ao CPCE pode ser percebida em melhoria da qualidade de vida dos funcionários e da comunidade ao redor. “O foco é fazer a lição de casa dentro e fora da empresa. Tratando os colaboradores com dignidade e ética, desenvolvendo ações de saúde e prevenção, respeitando as relações de gênero e dando oportunidade de crescimento pessoal e profissional. Além disso, as empresas estão tomando consciência ao dar retorno às comunidades onde estão inseridas no cuidado e preservação do meio ambiente. Isso deve estar presente na missão da empresa, visando à própria sobrevivência e qualidade de vida para todos”, destaca.

Hoje, a regional conta com o Conselho em fase de expansão e com a participação de várias instituições importantes no município. A Unimed de Londrina e a Central das Cooperativas de Crédito do Estado do Paraná (SICOOB) assinaram recentemente o Pacto Global.

Maringá

Para o vice-presidente da regional de Maringá, Sergio Luiz Baccarin, responsabilidade socioambiental é dever de todos. Bacarin é diretor administrativo da empresa signatária do Pacto Global Plant Bem Fertilizantes e atua em conjunto com a articuladora Débora Regina Irie. Ele relata que uma de suas atuações mais representativas em prol da sociedade e do meio ambiente foi quando era presidente de uma associação regional de empresas de comércio de insumos para agricultura e pecuária. “Lá, juntamente com a indústria, estruturamos um processo de recolhimento de embalagens vazias. Hoje, 10 anos depois, esse sistema está em todo o Brasil e é um sucesso e modelo para diversos países, inclusive os mais desenvolvidos, mostrando para o mundo que ações fundamentadas em princípios éticos de responsabilidade coletiva podem transformar para melhor o meio ambiente em que vivemos”, analisa.

A regional do CPCE de Maringá conseguiu, desde sua instalação, em 2010, grandes realizações e resultados importantes. Hoje, a regional conta com um conselho fortalecido e 62 instituições participantes, das quais mais de 22 assinaram o Pacto Global, que representa um comprometimento para a busca dos ODM. “Nestes objetivos estão contempladas as formas com as quais uma corporação pode e deve se desenvolver, tornando o capitalismo mais sustentável e equilibrado na relação próspera do capital com o meio”, explica.

Oeste

Inaugurada há pouco mais de um ano, a regional Oeste tem como vice-presidente Guido Bresolin, presidente da Bresolin Indústria e Comércio de Madeiras Ltda., que defende o poder transformador das empresas. Além de realizar ações em sua cidade sede, Cascavel, o Comitê Gestor também atuou em municípios da região oeste por meio de ações de sensibilização e articulação de empresas, indústrias, sindicatos e organizações do Terceiro Setor.

O empresário conta que a consciência sobre a importância da responsabilidade das empresas com a sociedade e o meio ambiente despertou nele quando ainda estava na faculdade. “Já pensava que a dívida das empresas com os clientes e a comunidade (mercado) que elas atuam ia muito além das obrigações fiscais e trabalhistas. Por isso, senti-me muito valorizado pelo convite do CPCE, pois estar no Conselho é a oportunidade de colocar em prática esta visão do papel do empresário e da empresa em sua comunidade”, lembra.

Para Bresolin, o Pacto Global e os ODM’s são ferramentas de mudança. “O empresário pode usar elas para gerar transformação em sua realidade, basta ele abrir seu campo de visão e incorporar essa cultura”, analisa. Para 2013 o planejamento da regional busca o fortalecimento do Conselho com a presença de mais empresas e com a realização de eventos que incentivem a assinatura do Pacto e dos ODM`s com o apoio da articuladora local Pamela Bortuluzzi.

Campos Gerais


Instalado em 2011, a regional dos Campos Gerais do CPCE atende toda a região e já conquistou reconhecimento com mais de 30 empresas em seu Comitê Gestor e outras no Conselho. Criado em Ponta Grossa pela localização geográfica estratégica, o Conselho de Campos Gerais tem como vice-presidente Ney da Nóbrega Ribas. Para ele, a região é um polo muito importante para a economia do estado e precisa de ações voltadas à responsabilidade socioambiental. “Precisamos de ações que propiciem visão de longo prazo e que contribuam para uma identidade regional onde os desequilíbrios sejam minimizados”, explica.

Ribas participa do CPCE desde sua fundação, em 2004, atendendo ao chamado da Fiep, que propunha uma ação integrada por parte das empresas que possuíam projetos de responsabilidade social. “Aceitei o convite para ser vice-presidente porque, além da honra em poder contribuir nesse processo, é uma oportunidade ímpar para inspirar outros líderes da região dos Campos Gerais sobre a importância de refletirmos e agirmos sobre o tema Responsabilidade Socioambiental Corporativa”, avalia.

Segundo ele, o Conselho é o fórum onde todos compartilham seus projetos e inspiram os demais por meio de suas boas práticas. “A troca de experiências facilita a implantação, amplia e integra os programas de cada organização. Numa outra perspectiva, esse ambiente nos motiva a agir em parceria”, conclui. Ribas atua junto à articuladora Glaucia Wesselovicz.

Plano 2013

A missão, a visão, as oportunidades, os objetivos estratégicos de cada uma das regionais estão previstos no plano estratégico anual do CPCE aprovado pelo presidente, Victor Barbosa. Além de reuniões periódicas com empresários das regiões estão previstos encontros entre diversos segmentos da sociedade e com temáticas variadas em torno da sustentabilidade, além de ações que visam conscientizar pessoas e empresas da região a atuar em consonância com o que prega o CPCE, com o apoio de todo o sistema da FIEP.

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Veja outros conteúdos dessa edição:

Matérias:

- Capa: Veículos elétricos: locomoção do futuro?
- Entrevista: Osório Trentini
- Visão Sustentável: Cativa Natureza – Expansão Orgânica
- Tecnologia e Sustentabilidade: Na medida da sustentabilidade (Paraná Metrologia)
- Desenvolvimento Local: Rede de crescimento (WTC)


Artigos:

- Artigo: Escassez ou abundânica? Eis a questão! (Jerônimo Mendes)
- Artigo: Voluntáriado: Desenvolvimento sustentável de pessoas e organizações (Rafael Giuliano)
- Artigo: Ultrapassando todos os limites (Clóvis Borges)
- Artigo: Reciclagem de vidro – Um mercado a descoberto (Hugo Weber Jr)

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quarta-feira, 22 de maio de 2013

Empresas de base florestal plantada seguem competitivas com políticas e práticas de sustentabilidade

O mercado florestal tem contribuído positivamente para uma cadeia produtiva cada vez mais integrada e competitiva. O setor brasileiro de florestas plantadas tem contribuído decisivamente com a balança comercial do país. Apenas o setor de papel e celulose tem gerado um superávit comercial anual superior a US$ 3 bilhões nos últimos anos, segundo a Associação Brasileira de Celulose e Papel (Bracelpa).

A Celulose Irani, empresa referência no setor de papel para embalagens e embalagem de papelão ondulado, conta com uma base florestal plantada de pinus e eucalipto, da qual extrai a madeira, usada na fabricação de celulose, papel e embalagem, e a resina, empregada na manufatura de breu e terebentina. A base florestal da IRANI está localizada em cinco municípios da região meio oeste do estado de Santa Catarina e em cinco municípios do litoral do Rio Grande do Sul e é composta de 46,5 mil ha de terras.

Para Tulio Gomes, diretor de negócios florestais da Celulose Irani, as florestas plantadas no Brasil e em outros países representam uma alternativa sustentável – sob os pontos de vista econômico, social e ambiental – para se reduzir o processo de desmatamento das florestas naturais do nosso planeta. “A produtividade das florestas plantadas no Brasil, por exemplo, é mais que 10 vezes superior ao das florestas naturais do País. Assim, ao contrário do que defendem algumas correntes ambientalistas, o estímulo ao plantio de florestas de rápido crescimento reduz a pressão por desmatamento das florestas naturais”, afirma.

O Brasil possui hoje cerca de 6,5 milhões de hectares de florestas plantadas (0,7% do território brasileiro). O conhecimento científico sobre o manejo destas florestas tem se acumulado ao longo do tempo, o que tem permitido a sua condução de acordo com princípios sustentáveis. “Além de ser viável economicamente, o manejo das florestas plantadas da IRANI tem procurado seguir as mais modernas práticas ambientais”, completa Tulio.

Para o diretor da IRANI é necessário aprofundar o contato com as comunidades do entorno das florestas e fábricas, como a IRANI faz com as populações de Vargem Bonita (SC) e Balneário Pinhal (RS). “É preciso mostrar-lhes o quanto elas participam dos nossos negócios e se beneficiam deles. Este contato precisa ser feito de forma direta e permanente com as principais lideranças – políticas, empresariais, educacionais e sociais – em cada município onde atuamos”, reforça.

PROSPERIDADE ECONÔMICA SEM CRESCIMENTO: É POSSÍVEL?

Marcus Eduardo de Oliveira (*)

Vivemos sob a era da publicidade (atualmente esse segmento é o segundo maior orçamento mundial depois da indústria de armamentos) que cria o desejo de consumir, consubstanciada pelo método da obsolescência programada dos produtos feitos para durarem pouco, forçando assim junto aos consumidores a incidência de novas compras.

Com isso, a sociedade de consumo cria cada vez mais demandas sobre bens de alta futilidade e “vende” à ideia de que a felicidade é fruto da aquisição material. É assim que a economia de mercado, grosso modo, vive: criando deliberadamente necessidades artificiais. Para manter esse “modelo”, o “modus economicus” emprega o meio mais usual: expande o crescimento da economia, promovendo a maximização do consumo, pouco se importando se essa maximização está apoiada na predação e na pilhagem das bases da natureza.

Esse é o paradigma econômico dominante que transformou a natureza em fonte de lucro. Diante disso, algumas indagações se apresentam como pertinentes: i) É possível quebrar a espinha dorsal desse paradigma?; ii) É possível fazer uma economia prosperar sem passar pela etapa do crescimento, sem produzir mais bens e serviços?; iii) É factível melhorar o padrão médio de vida da sociedade desfrutando de um equilíbrio ecológico com justiça social sem necessariamente passar pelo aumento do estoque de produtos à disposição do mercado de consumo?

Respostas a essas inquirições passam, primeiramente, pela necessidade em entender que a economia é limitada pelos ecossistemas. Portanto, há limites para o crescimento, uma vez que a Terra não é capaz de sustentar elevadas produções físicas além das consideradas normais e, crescer, nesse caso, se configura numa condição de destruição ambiental.

Contudo, se concordarmos com a prédica dos economistas convencionais de que os recursos naturais são meras ocorrências de externalidades, que todo e qualquer impacto na natureza em decorrência da atividade produtiva expansiva é uma questão tão somente de ordem periférica e que a inovação tecnológica, num belo dia qualquer, suprirá a atual limitação natural, crescer, nesse caso, é a única receita viável para se alcançar elevados padrões de bem-estar e de melhoria acentuada das condições de vida.

De toda sorte, o debate está posto à mesa. De um lado, os economistas ecológicos pontuam continuamente que os serviços ecossistêmicos não tem capacidade de sustentar a vida nesse ritmo avassalador de consumo, pois as mudanças climáticas, a perda da biodiversidade, o esgotamento dos recursos naturais estão a caminho da exaustão.

Quem está desse lado do debate pensa a economia no seio da biosfera e se posiciona de forma contrária ao crescimento sem limites, uma vez que isso é potencialmente emissor de gases que aquecem ainda mais o planeta, fruto do desrespeito aos limites biofísicos do meio ambiente, desfigurando assim o semblante da natureza e comprometendo sobremaneira a qualidade de vida humana. Desse lado do debate há o entendimento de que a capacidade de regeneração dos ecossistemas é limitada frente à atividade humana abusiva.

Quem está do outro lado defende que em breve será praticado com eficiência o uso dos recursos, preservando - e não destruindo - a riqueza natural. Para os que acreditam nisso, é justamente o crescimento econômico, vindo da inovação e de tecnologias avançadas, que fará a prosperidade aumentar e, uma vez ultrapassada as fronteiras ecossistêmicas, nada acontecerá de mais grave ao conjunto da vida social.

São muitos os temas mais candentes presente nesse debate: crescimento x desenvolvimento; prosperidade x degradação ambiental; economia equilibrada x ambiente natural desfigurado; necessidades ecológicas x atividade econômica expansiva.

Especificamente quanto ao primeiro confronto (crescimento versus desenvolvimento) somos partidários da ideia de que crescimento não significa (e nunca significou) desenvolvimento. Crescimento é a expansão das bases físicas da economia (fazer mais), o que significa aumentar a pressão sobre os recursos naturais, ao passo que desenvolvimento é assegurar e possibilitar substanciais melhorias nas condições de vida das pessoas (viver melhor).

O primeiro conceito - como é natural supor - se prende ao lado quantitativo; já o segundo se refere ao aspecto qualitativo.

Pois bem. Esses dados são corroborados pelos estudos recentes que indicam que a economia global tem hoje cinco vezes o tamanho de meio século atrás. Continuando com esse ritmo de produção, no ano de 2100 terá 80 vezes esse tamanho.

O fato mais proeminente, contudo, é que lamentavelmente esse exagerado crescimento econômico atingido até agora distribuiu pessimamente os recursos – além de dilapidar o planeta. Atualmente, um quinto da população mundial recebe meros 2% da renda global. Assim, a ideia de prosperar socialmente não encontra fundamento no princípio do crescimento econômico; de um crescimento dilapidador dos recursos naturais e da qualidade de vida.

Prosperar socialmente não pode então estar vinculado à ideia do crescimento da economia a partir do alcance de mais bens e serviços. Logo, não é o crescimento econômico que determina a prosperidade, até mesmo porque a distribuição nunca é feita de forma equitativa. O erro está localizado em dois aspectos: na produção excessiva e no consumo desigual.

Ao menos dois renomados especialistas fazem coro à essa ideia e constantemente tem recomendado modelos econômicos e estilos de vida que priorizam o lado qualitativo.

Peter Victor, o primeiro deles, é o autor de Managing Without Growth . Ao estudar o modelo de desenvolvimento para o Canadá, exposto nessa obra, no decorrer dos próximos 30 anos, Victor assegura que é possível prosperar sem crescer. De que forma? Criando um modelo econômico que seja capaz de equilibrar a capacidade produtiva da economia com o nível de gastos para que haja pleno emprego, sem necessariamente manter a economia expandindo ao longo do tempo. O que o modelo faz é empregar os benefícios de um aumento de produtividade na forma de mais lazer – vida melhor. Nas palavras de Victor: “Assim, podemos nos tornar mais produtivos sem ter de produzir mais, apenas trabalhar menos. Desde que haja distribuição, é possível ter muito menos desigualdade, sem crescimento”.

Outro renomado especialista nesse assunto é Tim Jackson, autor de Prosperity without Growth - Economics for a Finite Planet para quem “os dias de gastar dinheiro que não temos em coisas das quais não precisamos para impressionar as pessoas com as quais não nos importamos chegaram ao fim”.

Jackson afirma que “o mais importante é procurar viver bem, e não viver com mais”. Nas palavras de Jackson “(...) viver bem está ligado à nutrição, a moradias decentes, ao acesso a serviços de boa qualidade, a comunidades estáveis, a empregos satisfatórios. A prosperidade, em qualquer sentido da palavra, transcende as preocupações materiais. Ela reside em nosso amor por nossas famílias, ao apoio de nossos amigos e à força de nossas comunidades, à nossa capacidade de participar totalmente na vida da sociedade, em uma sensação de sentido e razão para nossas vidas”.

Pelo exposto, o debate continua candente. Que possa do confronto dessas ideias emergir soluções capazes de assegurar qualidade de vida a todos nós e ao planeta.

(*) Economista e professor. Mestre pela USP em Integração da América Latina. prof.marcuseduardo@bol.com.br

terça-feira, 21 de maio de 2013

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Catadores melhoram alimentação com cozinha comunitária

No espaço equipado com apoio da Eletrosul, grupo de trabalhadores recebem três refeições diárias

Os catadores de material reciclável do Projeto Mutirão Profeta Elias, no bairro Sítio Cercado, em Curitiba, estão conquistando qualidade de vida e melhoria na alimentação com a cozinha comunitária equipada com apoio da Eletrosul Centrais Elétricas. No espaço, os trabalhadores recebem três refeições diárias - café da manhã, almoço e lanche da tarde. Atualmente, mais de 20 pessoas se beneficiam com a estrutura.

“A cozinha é bem importante, porque acaba diminuindo a despesa em casa. Fora que, na correria, a gente nem comia, passava o dia todo sem colocar um pão na boca. Agora, a gente voltou a se alimentar direito. E melhora até no serviço, porque ficamos mais dispostos”, relata a presidente do grupo de catadores, Sandra Mara de Lemos.

A cozinha começou funcionar há cerca de seis meses e também é aberta aos familiares dos catadores. O
espaço se transformou em ponto de encontro e socialização da comunidade. “Este local ajuda muito. Com essa cozinha, a gente pode fazer um almoço, um café, a qualidade de vida dessas pessoas já melhorou muito”, reforçou a vice-presidente do Projeto Mutirão Profeta Elias, Rosane Aparecida Herbst Kummer.

Os equipamentos patrocinados pela Eletrosul incluem geladeira, fogão, armários, mesas, cadeiras, panelas, pratos, talheres, entre outros utensílios. Os alimentos preparados no espaço são obtidos por meio de doações. As cozinheiras são as próprias mulheres que participam do projeto e se revezam nas diversas atividades.

O grupo de catadores do Sítio Cercado reúne 12 famílias e já existe há 10 anos. Em 2011, a Eletrosul patrocinou uma prensa hidráulica com capacidade para 160 quilos, que aumentou a produtividade, e uma cobertura para o depósito dos materiais coletados. “Só uma prensa não dava conta de todo o material que a gente recolhia. Agora, duas pessoas podem trabalhar na prensagem ao mesmo tempo. E o volume de material que vendemos aumentou muito”, ressalta. Sandra ao lembrar que o grupo trabalhava com um equipamento de capacidade de processamento 50% menor. Segundo ela, só em relação ao papel comercializado, o aumento de produtividade e, consequentemente de renda, foi de aproximadamente 35%.

Talentos Voluntários - Artigo_Edição 32



Voluntariado - Desenvolvimento sustentável de pessoas e organizações.

Rafael Giuliano é voluntário e pesquisa novas interações de aprendizagem.

Olá! Quero falar um pouco mais sobre sustentabilidade como você, leitor, porém, a proposta desta coluna (ou destes artigos) é ir além dos conceitos, práticas e instrumentos aplicados por empresas, para dialogar um pouco mais sobre pessoas! Sim, pois, no final, estamos sempre tratando de pessoas e o potencial de gerar sustentabilidade por meio de seus talentos.

Daí a proposta de trazer novas reflexões sobre nossos Talentos Voluntários, resgatando iniciativas que ganham cada vez mais espaço em organizações, envolvendo colaboradores e outros stakeholders, na disseminação de valores que impactam na vida de pessoas, comunidades e até mesmo de todo o planeta.

Hoje, o voluntariado tem assumido um papel de destaque na criação dos sentimentos de pertencimento e engajamento de profissionais, influenciando, até mesmo, na retenção de alguns talentos em empresas de diferentes segmentos econômicos, chamando a atenção não apenas de áreas como Recursos Humanos e Responsabilidade Social, mas também de gestores e líderes de equipes.

O que chama, particularmente, a minha atenção é o desenvolvimento de novas habilidades e competências, relacionadas ao exercício das atividades voluntárias! As pessoas aprendem, ou passam a explorar melhor, uma série de conhecimentos, com o propósito de impactar na vida de pessoas que, muitas vezes, elas não conhecem. E o que começa como uma ação altruísta se torna uma nova oportunidade de aprendizagem e crescimento, tanto pessoal quanto profissional, pois envolve habilidades de relações humanas e, muitas vezes, também de conhecimento técnico.

Profissionais que atuam, ou não, nas mesmas equipes dentro da organização passam a colaborar uns com ou outros, em prol de uma mesma causa, o mesmo desafio, a meta de criar valor para outros indivíduos e grupos, dando novo sentido ao trabalho em equipe, percebendo-se parte de algo concreto e de significado.

São histórias que envolvem o desejo de fazer a diferença e a vontade de criar novas realidades! Porém, não se trata apenas de projetos gigantescos e caros, ou iniciativas muito complexas! Às vezes, basta um empurrãozinho, um pequeno incentivo, para que cada talento humano, cada pessoa, transforme-se numa iniciativa de valor!

Foi com base nessa perspectiva, em que cada um pode fazer sua parte, que há cerca de seis meses um grupo de profissionais, de diversas áreas de atuação, reuniu-se para organizar a AprendizATO, um coletivo de pessoas com o propósito de valorizar talentos e construir cidadania, por intermédio do exercício de aconselhamento e orientação de jovens, em especial àqueles que vivem em casas abrigo, retirados do ambiente familiar por diferentes razões, e que tem o desafio de se preparar para a vida adulta, o trabalho e os estudos, de maneira autônoma.

A proposta compartilha a ideia de que “quem ensina aprende em dobro”, e busca inspirar esses jovens por meio das histórias desses profissionais, nossos Conselheiros de Valor. Uma das ações para este primeiro semestre será o projeto Cartas de Valor, que envolve a realização do curso “Como escrever cartas inspiradoras”, oferecido de forma gratuita para toda pessoa que deseje contribuir com suas histórias e conselhos, por meio de cartas enviadas aos jovens, selecionados pela parceria com uma organização não governamental ligada à defesa da criança e jovens que receberam algum tipo de ameaça à vida.

Cada pessoa tem o potencial para tornar seu talento numa iniciativa voluntária, transformando histórias em inspiração e seu apoio em novas experiências de aprendizagem em que ganha o voluntário, que se desenvolve, a sociedade, que vê surgir novas soluções sustentáveis, e ganham as organizações, por incentivar o pleno desenvolvimento de pessoas e iniciativas inovadoras.

São histórias como essas que terei o orgulho de trazer em cada nova edição da Revista Geração Sustentável, apresentando sempre um novo Talento Voluntário!

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Veja outros conteúdos dessa edição:


Matérias:

- Capa: Veículos elétricos: locomoção do futuro?
- Entrevista: Osório Trentini
- Visão Sustentável: Cativa Natureza – Expansão Orgânica
- Tecnologia e Sustentabilidade: Na medida da sustentabilidade (Paraná Metrologia)
- Responsabilidade Social Corporativa: Lideranças Sustentáveis (Cpce Conselho Paranaense de Cidadania Empresarial
- Desenvolvimento Local: Rede de crescimento (WTC)

Artigos:

- Artigo: Escassez ou abundânica? Eis a questão! (Jerônimo Mendes)
- Artigo: Ultrapassando todos os limites (Clóvis Borges)
- Artigo: Reciclagem de vidro – Um mercado a descoberto (Hugo Weber Jr)

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