----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

segunda-feira, 18 de março de 2013

Desenvolvimento Local - Edição 31


Associados do WTC contam de que forma aplicam esse conceito em seus negócios

Jornalista Bruna Robassa

Não é de hoje que o tema sustentabilidade faz parte dos grupos de discussões do mercado corporativo. Além de ser discutida, a temática já serve de inspiração para criação de novos negócios. É o caso da Madeplast – Madeira Ecológica, que surgiu depois de ser incubada em uma universidade de Curitiba em 2008. “Desde sempre o que motivou o desenvolvimento da empresa foi a sustentabilidade”, conta Guilherme Bampi, superintendente da empresa.

O empresário relata que a equipe responsável pela ideia tinha em mente desenvolver um produto ecológico substituto da madeira nobre extrativa. “Como a Madeplast faz parte de um grupo de empresas que surgiu no ramo florestal em 1945, já possuíamos o conhecimento sobre a madeira e sobre a quantidade de resíduos que sobra na serraria. Nossa ideia era plastificar os resíduos e dar a durabilidade do plástico à madeira. Tudo isso com resíduos tanto da m¬adeira quanto do plástico”, conta.

A Madeplast é uma das 54 empresas e mais de 200 empresários que fazem parte do World Trade Center Business Club (WTC) em Curitiba, entidade que tem como objetivo aproximar pessoas e empresas para o desenvolvimento de novos negócios. Entre as atividades realizadas pelo WTC para possibilitar o networking e a troca de ideias estão workshops, mesas redondas, minicursos, ações culturais e atividades lúdicas. A entidade também possui a preocupação de disseminar conceitos que permeiam o mercado corporativo, entre eles a sustentabilidade.

Organizações como a TOTVS (software), o IBQP (produtividade e qualidade), a Itaipu Binacional, AG7 Partners (construção civil) e a Madeplast estão entre as empresas de destaque no quesito sustentabilidade, segundo Luiz Alberto de Paula Lenz Cesar, diretor regional do World Trade Center. “Não somos uma consultoria, trabalhamos para aproximar empresas com o objetivo de promover a integração e a troca de ideias. Para isso, criamos fóruns e espaços para que os associados apresentem seus cases financeiros, alternativas de mercado, sustentabilidade, entre outros, para que sirvam de exemplo e inspiração uns para os outros”, relata.

Madeira + Plástico

Depois de incubada na universidade, a ideia de criação da Madeplast foi submetida na forma de projeto para diversas entidades que fomentam a inovação no Brasil. “Em 2009, fomos agraciados com três prêmios: PRIME FINEP do Ministério de Ciência e Tecnologia, SENAI Inovação e CNPq RHAE Pesquisador na Empresa. Esses prêmios viabilizaram a concretização da empresa. Fomos graduados na incubadora e começamos a comercializar as primeiras peças no final daquele mesmo ano”, conta o superintendente da empresa.

Entre 2010 e 2012, a Madeplast desenvolveu seis linhas de produtos com aplicações para deck modular, deck básico, deck estruturado, passarela, pergolado e revestimento. O alvo da empresa é atender o segmento de construção civil de alto padrão. Os principais clientes da fábrica são as construtoras e as revendas, tanto os revendedores especializados que vendem o produto instalado quanto as revendas de materiais de construção (bricolagem).

O público-alvo dos produtos são os consumidores de produtos sustentáveis e de alto padrão. “Atualmente, os consumidores têm cada vez mais buscado soluções sustentáveis e muitas construtoras têm procurado atingir esse público, adquirindo produtos ecológicos para seus empreendimentos. A conscientização sobre a sustentabilidade é feita por meio dos materiais de divulgação do produto, da publicidade espontânea e do boca a boca”, conta.

Sustentabilidade além do produto

Além de desenvolver um produto sustentável, a Madeplast desenvolve um trabalho social importante por meio da aquisição da matéria-prima 100% reciclada, fomentando assim cooperativas de catadores e de separação dos resíduos. “A Prefeitura Municipal de Curitiba há décadas tem um programa de separação do lixo que é referência no Brasil e no mundo. Aproveitamos essa cadeia de reciclagem e utilizamos os insumos reciclados, em especial o plástico que é obtido das embalagens de produtos de limpeza. Essa matéria-prima, somada à madeira moída, é o principal componente da Madeplast. Geramos um produto sustentável com responsabilidade social”, explica. Para este ano, a empresa planeja maior investimento em cooperativos focado em capacitação ou em integração com a sociedade.

Conquistas

A atuação inteligente da empresa rendeu dois importantes prêmios no quesito sustentabilidade no último ano, o Selo Verde da Master Ambiental, que consiste em ampla auditoria efetuada na fábrica e nos fornecedores, para assegurar que o produto seja 100% ecológico, e o Prêmio Selo Verde do Instituto Chico Mendes, um reconhecimento público de que a Madeplast atua com um substituto ecológico da madeira. “Além disso, tivemos a honra de representar o Paraná no maior evento de sustentabilidade do mundo, o Rio+20, a convite do Sebrae Nacional”, conta.

Desafios

O grande desafio da empresa é baixar o custo do produto mantendo a mesma qualidade. “Não temos escala de produção suficiente para fazer frente ao custo da madeira extrativa que ainda existe no mercado, então o produto acaba saindo mais caro do que a madeira natural. Para bater o preço, precisamos sacrificar nossa pequena margem de resultado ou até mesmo baixar o preço abaixo do nosso custo para entrar em obras referenciais”, conta Bampi. Ele também reclama que ainda não há incentivo fiscal por parte do Governo Federal em relação aos tributos.

Outros exemplos

O Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade (IBQP) é outra entidade de destaque no quesito sustentabilidade, segundo o WTC. “O IBQP vem evoluindo ao longo dos últimos anos na articulação de projetos e programas que tem como orientadores estratégicos a sustentabilidade e responsabilidade social. De forma mais intensa, nos últimos cinco anos, por intermédio do programa Movimento Paraná Competitivo, realizado pelo IBQP em parceria com diversas organizações, o tema de responsabilidade social tem sido mais apropriadamente desenvolvido”, conta Sandro Nelson Vieira, do IBQP.

As ações diretas em sustentabilidade e responsabilidade social do IBQP têm sido executadas em parcerias e alianças estratégicas com entidades do terceiro setor, tais como o Instituto Arayara, que é focado na educação para sustentabilidade e IPD – Instituto de Promoção do Desenvolvimento, onde ações de desenvolvimento local, ORBIS (Observatório de Indicadores de Sustentabilidade) e ODMs (Objetivos de Desenvolvimento do Milênio) que são executados em cooperação com o SESI. “A principal conquista do IBQP, como entidade mobilizadora/estimuladora desses temas tem sido o interesse que outras empresas e organizações têm mostrado em relação ao assunto”, comemora.

A empresa de software, serviços e tecnologia TOTVS também é considerada um destaque em sustentabilidade para o WTC. Segundo conta o CEO da TOTVS Curitiba, Claudinei Benzi, a empresa tem suas ações voltadas à sustentabilidade e responsabilidade social desde 1998. “Em Curitiba, iniciamos os trabalhos em 2009, em formato adaptado à realidade regional. Nosso alvo é a inserção de jovens no mercado de trabalho, com formação básica de conceitos e práticas tecnológicas em sistemas de gestão. Nesse sentido, obtivemos nos últimos três anos em nossa região o índice de mais de 50% de jovens formados inseridos no mercado de trabalho. Os principais beneficiados do projeto, além dos jovens, são nossos clientes e a própria unidade da TOTVS em Curitiba”, conta.

WTC

O Clube de Negócios WTC é integrante da rede internacional da World Trade Centers Association, que se estende por mais de 300 cidades, em mais de 100 países. Fazer parte desse seleto clube tem como principal benefício “a oportunidade de relacionamentos profissionais que o clube fomenta”, segundo diz o superintendente da Madeplast. “Surgem ideias e negócios das conversas. O grupo da WTC é bastante seleto e envolve grandes empresários, isso é excelente para o networking. Os temas abordados nas reuniões também são muito relevantes para os negócios”, relata Bampi.

Para Sandro Vieira do IBQP, “a possibilidade de estar conectado diretamente em uma rede de relacionamento forte que o WTC estabelece é o principal benefício de ser um associado. O fato de o IBQP estar conectado a um espectro amplo de empresas e organizações, que fortalecem nossa cadeia de valor, é fator fundamental para sermos associados”, conta.

O CEO da TOTVS Curitiba conta que o WTC tem apoiado a empresa na busca de sinergia entre instituições de ensino associadas e o mercado. “O que nos ajuda a multiplicar nossas ações, buscando a manutenção do índice de inserção, porém com aumento do número de participantes nas diversas camadas, jovens, empresas contratantes e instituições de apoio”, comemora.






===================================
Veja outros conteúdos dessa edição:


Matérias:

- Capa: O Desafio da destinação dos resíduos sólidos
- Entrevista: Marina Silva
- Visão Sustentável: Cativa Natureza promote beleza de forma sustentável
- Tecnologia e Sustentabilidade: Parana Metrologia - Da teoria para a prática
- Responsabilidade Social Corporativa - Relembre quais foram as ações mais importantes de 2012 para o CPCE e conheça os novos projetos.

Artigos:

- Artigo: O " Pibão" da Presidente Dilma ( Jerônimo Mendes)
- Artigo: O Marketing e o ciclo de vida sustentável de produto (Hugo Weber Jr)
- Artigo: Turismo Sustentável - Have you heard about it? (Rosimery de Fátima Oliveira)

===================================

Seja assinante da Geração Sustentável

Com o valor de R$ 59,90 (parcela anual única) você receberá seis exemplares da revista Geração Sustentável e terá acesso ao melhor conteúdo sobre sustentabilidade corporativa.

Assine já!




Nenhum comentário:

Postar um comentário