Loïc Fauchon participou da criação e do desenvolvimento do Conselho Mundial da Água. É membro do Conselho Mundial da Água, desde 2000, primeiramente como Conselheiro Especial do Presidente e do Vice-Presidente, e finalmente como presidente desde 2005. Atualmente, ele é o CEO do Groupe des Eaux de Marselha. Ele também passou grande parte da sua carreira profissional no sector público, na Prefeitura e no Conselho Regional, antes de se tornar diretor de Gabinete do Prefeito, e do Secretário Geral da Cidade de Marselha. Loïc Fauchon foi também presidente da Câmara Municipal de Trets durante 8 anos. Em 1977, criou a associação humanitária "Transahara", que organiza missões de ajuda de emergência e a assistência ao desenvolvimento na África Subsaariana e na Europa Oriental. É graduado pelo Instituto de Estudos Políticos e da Faculdade de Economia, Loïc Fauchon também tem um doutorado em Economia e Direito. Ele falou com exclusividade para a revista GERAÇÃO SUSTENTÁVEL, a entrevista teve a colaboração do Sr. Joseph Galiano Cônsul Honorário da França em Curitiba. (Contato e tradução: Eliane Luzia Kowalski Secretária da Agência Consular da França em Curitiba)
Como gerir melhor a água?
Convém mencionar que os dois primeiros indicadores geralmente citados hoje são: mais de 1,5 bilhões de pessoas não têm acesso a água limpa e praticamente duplica, ou seja, 2,5 bilhões não têm saneamento básico.
Um grande número de pessoas, dentro dessas necessidades, obviamente merece uma política estabelecida com duração e objetivos específicos. A água doce do planeta está presente em quantidades enormes, mas não necessariamente nos lugares onde as pessoas mais necessitam.
Sucessivamente vamos descobrindo os problemas que o homem criou ao longo do século passado: o crescimento demográfico muito rápido uma taxa de urbanização crescente e mudança climática são os fatores para o nosso frágil planeta e para a água, causados pelo homem.
Tudo isso vem criando, com a escassez e a poluição, portanto, tensão para controlar os recursos hídricos e valorizar a sua utilização.
O que é o CMA (Conselho Mundial da Água)?
Conselho Mundial da Água, com sede em Marselha desde 1996, tem aproximadamente 350 organizações e Estados-membros em mais de 60 países. Inclui 70 Estados e municípios, grandes organizações profissionais, bancos de apoio ao desenvolvimento, associações de comunidades locais, agências da ONU e um grande número de ONGs locais e internacionais.
Promover a implantação de uma politica mundial da água: essa é a razão de ser do Conselho mesmo nome criado em 1996. O Conselho: pretende criar a idéia de que não há desenvolvimento humano sem água e todos os gestores de todos devem registrar o seu controle e a sua distribuição como uma das principais prioridades para as próximas décadas. Daí o slogan "torneiras antes de armas" e manifestando essa maneira de forma particularmente forte.
No mês de novembro será realizado o V Fórum “Cultivando Água Boa” na cidade de Foz do Iguaçu no Brasil. Quais são as expectativas para este encontro?
O Fórum "Cultivando Água Boa” será um passo fundamental na preparação do 5º Fórum Mundial da Água. Irá tanto enriquecer a discussão do ponto de vista temático, como também ajudar a fornecer soluções ao nível local. Temos muito a aprender com os gestores da água na América Latina, incluindo o Brasil que é uma nação de água.
Quais são as principais diretrizes para a realização do V Fórum Mundial da Água na Turquia em março de 2009? Como são definidas as sessões temáticas para os debates?
O CMA organiza, de três em três anos, o Fórum Mundial da Água (Marrakech, em 1997, em Haye, em 2000, Kyoto, em 2003, México em 2006). Esses fóruns reúnem, inclusive, toda a “família de água” para se chegar a um consenso político e encontrar soluções concretas para as principais questões que estão sujeitas (finanças, direito à água, a gestão, o conhecimento, etc). Na Cidade do México, 20.000 participantes, cerca de 150 delegações ministeriais e 1.500 jornalistas estavam presentes.
Organizado com o governo turco, o próximo Fórum a ser realizado em Istambul de 16 a 22 de Março de 2009, são esperados 22.000 participantes, será o momento de soluções sobre temas tão essenciais como: a água e a energia, água e os alimentos, água e as alterações climáticas e assim por diante. A crise financeira e a situação econômica serão também centro das nossas reflexões.
Um dos maiores causadores de doenças no mundo é a contaminação da água potável. Como definir estratégias para promover a gestão da água e o acesso ao saneamento básico?
Sim, é verdade. A realidade é muitas vezes esquecida a ausência ou insuficiência de água potável mata dez vezes mais do que todos os conflitos armados. Doenças oriundas de água contaminada causam 25.000 mortes por ano, são, de longe, a principal causa de morte em todo o mundo. É preciso implantar uma política mundial da água e de saneamento. Este ano, 2008, é o Ano Internacional do Saneamento. É necessário aproveitar este período para chamar a atenção para o mundo fato de que um habitante do planeta, em cada dois, ainda não tem acesso a instalações sanitárias assegurando simultaneamente higiene e privacidade. Fazer o saneamento é uma prioridade e tanto um direito como um dever. Também não se deveria limitar um âmbito demasiadamente pequeno para o acesso a instalações sanitárias.
Á água é um bem finito e essencial para o ser humano tanto para as questões de consumo e produtivas, a sua escassez é um fato preocupante e que deve se intensificar cada vez mais. Na opinião do senhor, a água será considerada uma espécie de petróleo nas próximas décadas?
"Água é vida", dito em todas as línguas do mundo. "Tudo era água", dizem os hindus. "A água é "wou-ki"(o grande imponderável) ditado chinês. E no Alcorão, ele diz que "Deus criou todas as coisas a partir da água."
A água precisa de financiamentos ampliados e diversificados, de instituições democráticas e descentralizadas, com conhecimento adequado e barato. As causas são complexas, mas as soluções são simples. Elas solicitam que os homens e as mulheres reunir em volta da água para o diálogo. Existe uma necessidade urgente de uma diplomacia da água e um acordo de equilíbrio de grandes massas de águas continentais, a flexibilização dos conflitos fronteiriços e o reinvestimento preferencial para o domínio da água.
Sob estas condições, a causa da água avança. Esta questão necessita de forma rápida e que permite uma longa aceleração de eficiência e de desenvolvimento de uma estratégia global com uma hidropolítica através da afirmação de uma verdadeira responsabilidade coletiva. A "Água é Paz" e a paz não tem preço, e tem uma valor inestimável. Juntos, podemos construí-la.
Que mensagem final o senhor gostaria de deixar aos leitores da Revista GERAÇÃO SUSTENTÁVEL?
A água é um motivo de utilidade pública mundial e isso inclui a sua reorganização. A causa global pública significa prioridade absoluta para a água, o ar e a energia renovável. É sobre este tripé, e só sobre ele, que pode centrar-se a nossa capacidade futura de desenvolvimento, de alimentação, de saúde, de educação, são os três fatores essenciais para uma convivência pacífica entre os povos.
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