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domingo, 9 de outubro de 2011

Composteiras industrializadas facilitam aproveitamento de lixo orgânico



Reaproveitar resíduos orgânicos é bom tanto para quem o transforma em adubo quanto para quem protege a saúde do planeta e da humanidade

A fim de obter um adubo mais barato e natural para a horta caseira e o milharal da chácara, o psicólogo Nélio Pereira da Silva começou a fazer compostagem - transformação do lixo orgânico em adubo - há cerca de cinco anos. A horta fica no quintal da casa em Curitiba e, o milharal, em uma chácara em Campo Largo, no Paraná. “Gosto de lidar com planta e usar o lixo orgânico para fazer adubo caseiro é um jeito de contribuir com o meio ambiente, transformando o que iria parar em sacos lixo em um produto que me ajuda a cuidar da horta, da grama e do milharal”, diz Silva.
Há quatro meses, ele descobriu um jeito mais prático e organizado de fazer a compostagem e adquiriu duas composteiras manuais industrializadas: uma pequena, para a casa, onde vivem quatro pessoas, e outra, um pouco maior, para a chácara, onde os sabugos do milho produzido também são utilizados no composto. Silva se diz muito satisfeito com as novas composteiras: “É muito melhor porque antes tinha passarinho revirando e dava muito mais trabalho. O custo benefício vale a pena”.

Como a composteira não libera odor ou libera um odor mínimo e não atrai insetos, a da casa dos Silva fica a cerca de seis metros da cozinha. O que é prático para depositar os restos de comida todos os dias. Qualquer pessoa da família pode alimentar a composteira: depois de depositar o lixo e fechar a tampa, é só acrescentar um pouco de serragem ou pellets de madeira (ver quadro) e girar a composteira algumas vezes. Depois de seis semanas, o composto – ou adubo – está pronto para ser retirado e utilizado.


Compostagem traz benefícios em curto e longo prazo



A relação custo-benefício da compostagem, tanto em residências individuais, quanto em condomínios e empresas, é positiva não apenas levando-se em conta o futuro do meio ambiente, mas pensando no retorno imediato para a saúde humana. Eduardo C. Schreiber, diretor comercial da JORABrasil (representante exclusiva da sueca JORAForm que, desde 1990, desenvolve tecnologia para a compostagem), afirma que, no Paraná, os resíduos orgânicos são mais de 50% do lixo doméstico são descartados em aterros ou lixões – dados da Secretaria da Saúde do Estado. Porém, somente entram nessa estatística os aterros licenciados para receber Resíduos Sólidos Urbanos.

“O que poucos sabem, é que 60% dos municípios brasileiros não têm seus resíduos descartados em aterros licenciados, mas em lixões e terrenos baldios”, afirma Schreiber, baseado em dados da Abrelpe (Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais). “Sem o devido controle, acontece proliferação de ratos e outros animais que podem causar diversas doenças, além dos gases e do chorume produzidos pela decomposição que, quando não tratados adequadamente, podem contaminar rios e lençóis freáticos.” Por consequência, podem contaminar a saúde humana mesmo de quem não reside em suas proximidades.

Schreiber lembra ainda que o lixo descartado em aterros é decomposto anaerobicamente, ou seja, sem a presença de oxigênio – o que não acontece na compostagem, em que o processo é aeróbico. “No Brasil, em poucos aterros sanitários o gás gerado nessa decomposição – metano – é aproveitado. Porém, o potencial de aquecimento global desse gás gerado nos aterros é 21 vezes maior que o do dióxido de carbono gerado no processo aeróbico da compostagem.” Esses e outros dados importantes podem ser encontrados no site do projeto Mudanças Climáticas e Mídia (www.mudancasclimaticas.andi.org.br), da Andi (Agência de Notícias dos Direitos da Infância), com o apoio do Programa de Comunicação em Mudanças Climáticas da Embaixada Britânica no Brasil e do Conselho Britânico.

A JORABrasil comercializa composteiras manuais, como as adquiridas por Silva, e automáticas, para uma quantidade maior de produção de resíduos orgânicos. Estas podem ser usadas em condomínios, indústrias, empresas, hotéis, escolas, restaurantes e outros ambientes. Para os restaurantes, é uma ótima solução para o desperdício das sobras de comida. Por medo de causar qualquer intoxicação alimentar, restaurantes não podem doar, mas são obrigados a descartar, toda sobra de alimento não servido.


“A compostagem ainda é menos popular, no Brasil, que a reciclagem de lixo sólido porque esta é mais lucrativa”, diz Schreiber. “Um excelente exemplo disso é o Brasil ter sido líder mundial na reciclagem de alumínio por nove anos seguidos. Em 2009, 98,2% de todas as latas produzidas foram recicladas. Isso é possível, pois é um negócio muito lucrativo”, ele afirma, novamente com base em dados da Abrelpe.

A reciclagem é muito positiva, mas a compostagem também, além de ser lucrativa, mas em longo prazo. Assim, Schreiber sugere políticas públicas que beneficiem cidadãos que reduzam seu volume de resíduos descartados: “Poderia ser, por exemplo, redução do IPTU já que, diminuindo o volume do lixo, deverão diminuir também os custos com coleta, transporte e descarte de resíduos”.

Há maneiras caseiras de se fazer compostagem, como leiras ou pilhas que podem ser reviradas manual ou mecanicamente, com ou sem aeração forçada, e processos realizados em caixas de madeira, tijolos, tela e até buracos no chão. Entretanto, segundo Schreiber, além de serem mais trabalhosos e exigirem mais espaço, esses métodos levam mais tempo para realizar a compostagem e podem atrair transmissores de doenças.


Educação para a sustentabilidade

Fatima Tsutsumi, gestora de Sustentabilidade da EcoCuritiba, que desenvolve projetos de educação ambiental para empresas, condomínios e comunidade em geral, acredita que a população deve ser informada a respeito da importância da compostagem.
“Segundo dados da UNIFESP (2010), cada pessoa produz em média 1 kg de lixo por dia”, diz ela. “Multiplicando isso pelo número de moradores de um condomínio o volume de resíduos gerados diariamente é muito grande.”

Visando a esse público, a EcoCuritiba desenvolve o projeto EcoCondomínio, que tem a gestão de resíduos como um dos pilares. A compostagem é recomendada: “Como em condomínios há uma reunião de pessoas e famílias, um grande número de indivíduos é atingido, principalmente se o síndico adotar a ideia”.

Fatima explica que, para angariar o engajamento necessário, é importante disponibilizar as informações corretas: “Num segundo momento, quando os moradores estão empenhados no programa, praticando a separação do lixo, realiza-se a adequação física dos espaços do condomínio, a sinalização e a comunicação ambiental, e a seleção do sistema geral de disposição dos resíduos mais apropriados às particularidades e necessidades do condomínio. Aqui entra a sugestão da adoção das composteiras adequadas”.

Em seguida, vem o monitoramento e a manutenção para que não haja desmotivação dos envolvidos e o projeto se deteriore. “Viver em condomínio exige um espírito diferenciado, adequado às novas necessidades do mundo, com pessoas que saibam abrir mão de algumas individualidades em prol da coletividade”, conclui Fatima.


Isto é sustentabilidade

A compostagem é um processo biológico que utiliza oxigênio para decompor resíduos orgânicos produzindo adubo rico em nutrientes. Desse processo participam carbono, nitrogênio e microorganismos, além da umidade. A decomposição de resíduos orgânicos acontece espontaneamente na natureza. Entretanto, com a compostagem, o resultado dessa decomposição pode ser aproveitado de maneira a evitar desperdícios.

Funciona assim: o lixo orgânico é colocado dentro da composteira e, quando a tampa é fechada, a quantidade correta de carbono é adicionada manual ou automaticamente em forma de serragem ou pellets de madeira (serragem de madeira prensada e seca). Também de forma manual ou automática, a composteira remove o conteúdo para oxigená-lo. Depois do tempo correto (cerca de seis semanas), o material é coletado e pode ser usado em áreas verdes, vasos, jardins, hortas.

A compostagem é útil porque reduz o volume dos resíduos em até 85% e também o trânsito de caminhões e custos de coleta; possibilita o reaproveitamento de qualquer resíduo orgânico; facilita a reciclagem dos demais resíduos; reduz a utilização de aterros sanitários; devolve nutrientes à natureza; evita a contaminação de solos e água e é fácil de ser implantada; reduz odores e produz adubo de excelente qualidade.*
*Informações da JORAForm


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Matéria publicada originalmente na edição 24 da Revista Geração Sustentável
Jornalista: Letícia Ferreira
Fotos: divulgação


Veja os outros conteúdos dessa edição!

Matérias:
Capa: Usipar - Transformando entulho da construção civil em novos produtos
Qualidade de Vida: Academias ao ar livre
Visão Sustentável: Os projetos florestais do Grupo Ecoverdi
Responsabilidade Social: Ações e Projetos CPCE
Desenvolvimento Local: Os desafios da Construção Civil

Artigos:
Fabrício Campos: Círculo Virtuoso e os Caminhos da Sustentabilidade
Gastão F. da Luz: De cógidos, fatos e acontecimentos
Jeronimo Mendes: A nova Ordem Econômica
Evandro Razzoto: Marketing Verde como ferramenta estratégica de negócio

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Um comentário:

  1. A COMPO, composteira com minhocas para uso em apartamentos ou residências é simples e prática www.migre.me/5S7oC

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