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terça-feira, 13 de agosto de 2013

Artigo: Ser Sustentável - Edição 33

Arquitetura sustentável: um processo

Quando nos referimos à arquitetura sustentável, na maioria das vezes e para a maioria das pessoas, chegam-nos à mente imagens de construções de madeira reciclada integradas a ecossistemas ou camufladas sob grandes tetos-jardins. Fato normal, uma vez que as primeiras associações da arquitetura com a sustentabilidade em nosso país confundiam-se com o caos da arquitetura e com a desordem das grandes cidades brasileiras.

Da arquitetura modernista dos anos 30 aos 60 do século passado aos dias de hoje, a ideia de arquitetura sustentável se expandiu, assim como o conceito de sustentabilidade, que, a partir de Strong e Sachs ganhou novas dimensões, além da ambiental e da econômica. Em todo o mundo, percebeu-se, com o passar dos anos, que a ideia da utilização de grandes caixas de vidro nas construções favoreciam a beleza arquitetônica na mesma proporção em que implicavam grande aumento no consumo de energia, principalmente por sistemas de refrigeração do ar. Importante registrar que nada tenho contra o international style das caixas de vidro, mas que elas sejam projetadas e construídas em países menos privilegiados pela energia solar que o nosso. Nossa arquitetura colonial já nos ensinava isso, ao empregar alvenaria e coberturas de barro, em construções bem ventiladas, com seus pés direitos generosos.

No Brasil, desde o período da arquitetura bioclimática e do conforto ambiental proporcionados pelos cobogós cerâmicos de Lúcio Costa ou dos sheds de Lelé Filgueiras aos dias atuais, a noção de sustentabilidade em arquitetura transportou- -se do uso de determinada tecnologia ou do emprego de determinado material reciclado para uma visão de um processo construtivo sustentável. Para isso, vale desde a economia de papel na fase do projeto à redução do deslocamento das pessoas, principalmente nos centros urbanos. 

Sustentabilidade em todas as etapas -

Independentemente do estilo arquitetônico ou do local onde esteja localizada a construção, cada vez mais os profissionais de arquitetura buscam selos de processos produtivos sustentáveis junto aos fornecedores de materiais de construção. A preocupação com a distância entre o endereço do fornecedor e a obra também tem sido uma constante, assim como a contribuição que seus produtos, considerados em toda a sua cadeia produtiva, dão para a sustentabilidade do planeta. Essa é uma tendência mundial e irreversível.

Em alguns países, como a Austrália, há muitos anos, todas as prefeituras exigem que os projetos arquitetônicos sigam normas visando o que chamam de edificações ambientalmente sustentáveis ou do eco design. Há alguns meses, essa preocupação tomou ares mais urbanos, com o planejamento ‘Sidnei 2030’.

É bem verdade que, atendendo a apelos do mercado imobiliário, muitos projetos e construções se dizem sustentáveis apenas por armazenar água pluvial, sem que tenham a menor preocupação com outras dimensões da sustentabilidade. É apenas a presença da lógica do capital e a agilidade do capitalismo em capturar demandas da sociedade se manifestando, mais uma vez, ora na dimensão social da sustentabilidade, como no Programa Minha Casa Minha Vida do governo brasileiro, ora na dimensão ambiental, como no caso de condomínios concebidos como verdadeiros parques.

Uma nova construção, para ser sustentável, deve ter ou oferecer bem mais do que a canalização de águas de chuva para caixas de água de serviço, uso de elementos de vedação feitos a partir das reciclagens de materiais descartados ou mesmo o emprego de painéis solares ou fotovoltaicos para geração de parte da energia. A ideia da sustentabilidade deve estar presente em todas as etapas, desde a concepção do projeto até a liberação da obra para o uso das pessoas.

A atividade dos arquitetos, aliás, já traz grande vantagem nesse aspecto, pois esses profissionais lidam essencialmente com o planejamento, que é um dos pilares da sustentabilidade. A arquitetura sustentável, segundo a arquiteta e professora Joana Gonçalves, é aquela que busca a igualdade social por meio da valorização da eficiência econômica e da maior redução do desperdício e do impacto ambiental causado pela construção, nas soluções encontradas tanto na fase de projeto quanto de construção, garantindo competitividade e melhoria de qualidade de vida aos homens e às cidades. Enfim, que contribua para o desenvolvimento da sociedade.


IVAN DE MELO DUTRA
Arquiteto e Urbanista e
Mestre em Organizações e
Desenvolvimento






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Veja os conteúdos dessa edição:

Matérias:
- Capa: Arquiteto Empreendedor
- Entrevista: Jeferson Navolar
- Espaço Arquitetura
- Construções Sustentáveis: Integração e Sustentabilidade desde a concepção do projeto
- Responsabilidade Social Corporativa: (CPCE Conselho Paranaense de Cidadania Empresarial) Implantação de projetos socioambientais requer planejamento
- Responsabilidade Ambiental: Cultivando Água Boa
- Desenvolvimento Local: Aliança Paraná Sustentável
- Desenvolvimento Social: CEF apoia empreendimentos habitacionais sustentáveis



Artigos:
- Artigo: Vamos de carro ou de metrô? (Jerônimo Mendes)
- Artigo: Engajando e cultivando talentos (Rafael Giuliano)

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