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sexta-feira, 31 de maio de 2013

Artigo Gestão Ambiental - Edição 32

Ultrapassando todos os limites

Conservacionista ou não, para qualquer pessoa, mostra-se desafiador pensar em justificativas que fundamentem o novo ímpeto pela abertura de uma estrada com base em um significado prático mais relevante. Não existe razão para cortar ao meio o Parque Nacional do Iguaçu com base em argumentos sociais ou econômicos. Trata-se de uma situação pontual e inexpressiva, que constrange qualquer tentativa lúcida que tente explicar o movimento em curso.

No entanto, as sucessivas demonstrações de arrogância e falta de bom senso do legislativo – via de regra, com amplo amparo de governos e setores empresarias – desafiando praticamente qualquer impedimento no caminho do "desenvolvimento" podem ajudar a explicar esse perigoso fenômeno de porteira escancarada que estamos vivendo em nosso país. É evidente a sensação de poder absoluto que, em especial, o Congresso Nacional vem assumindo, sem, no entanto, garantir suficiente racionalidade nas discussões que são trazidas à luz de deputados e senadores.

Se por um lado a autonomia dos poderes é uma conquista de nossa sociedade e o respeito às decisões dos representantes do povo um sinal de que a democracia está plenamente efetivada, o escárnio explicitado por uma prática recorrente de troca de favores e acordos explícitos, sem qualquer consistência técnica ou moral, não podem ser admitidos por uma sociedade que tenha uma base de princípios minimamente coerente.

De governos que dividem cargos a esmo para poder dominar politicamente o legislativo, a deputados e senadores que assumem, sem qualquer constrangimento, cargos de representantes de interesses que não precisam ter apoio popular nenhum para ser validados, seguimos caminhando para uma situação que não pode resultar em boa coisa. Existe uma crise moral séria por trás de tudo isso, que se mantém velada possivelmente por conta da vacina de alienação que afeta a maioria de nós.

A volta da discussão sobre a medíocre questão da Estrada do Colono coloca em pauta muito mais uma demonstração de domínio efetivo e completo de um estado de imoralidade que não pretende abrir espaços para qualquer tipo de enfrentamento, do que, efetivamente, uma causa com algum valor social. As alegações demagógicas e recorrentes em pauta são um insulto à inteligência e uma pá de cal na luta pelo bem comum no campo da conservação.

Seremos capazes de manter nossa boa energia em prol do interesse público em nossas atividades diárias assimilando situações recorrentes dessa natureza? Ou estamos frente a uma questão inegociável?


Clóvis Ricardo Schrappe Borges
Médico Veterinário e Mestre em Zoologia, é diretor executivo da SPVS e fellow da Ashoka.



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Veja outros conteúdos dessa edição:


Matérias:

- Capa: Veículos elétricos: locomoção do futuro?
- Entrevista: Osório Trentini
- Visão Sustentável: Cativa Natureza – Expansão Orgânica
- Tecnologia e Sustentabilidade: Na medida da sustentabilidade (Paraná Metrologia)
- Responsabilidade Social Corporativa: Lideranças Sustentáveis (Cpce Conselho Paranaense de Cidadania Empresarial
- Desenvolvimento Local: Rede de crescimento (WTC)

Artigos:

- Artigo: Escassez ou abundânica? Eis a questão! (Jerônimo Mendes)
- Artigo: Voluntáriado: Desenvolvimento sustentável de pessoas e organizações (Rafael Giuliano)
- Artigo: Reciclagem de vidro – Um mercado a descoberto (Hugo Weber Jr)

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