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terça-feira, 26 de março de 2013

Sustentabilidade no Varejo


*Por Ana Carolina Carpentieri da Onduline Brasil

Atualmente, os veículos de comunicação falam muito sobre sustentabilidade e construção verde, e todas as empresas comunicam ao público que são sustentáveis. Mas o que isso realmente significa?

Uma boa definição para sustentabilidade é o desenvolvimento que vai de encontro às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade das gerações futuras suprirem suas próprias necessidades. Ou seja, fazer algo no presente sem comprometer o futuro.

Essa definição carrega dois conceitos principais: o de necessidade, em particular as necessidades essenciais de todos os humanos; e o de limitações, impostas pelo estado da tecnologia, pela organização social e pela habilidade do meio ambiente em convergir as necessidades presentes e futuras.

Há alguns anos, na construção civil, a falta de mão de obra especializada e de materiais industrializados (que cheguem prontos para serem usados na obra) gerava uma quantidade de resíduos muito grande. Alguns estudos mostravam que, ao construir três casas iguais, você construiria uma quarta só com os resíduos – um desperdício de 33% de material. O destino final desses resíduos especiais também não era controlado. Muitos eram descartados em aterros não especializados e não havia iniciativas de reutilização.

Com o advento da ideia da sustentabilidade, a construção civil passou a ser uma categoria muito visada pela alta geração de resíduos. Começaram a aparecer vários estudos para a confecção de materiais de construção com resíduos da própria obra, por exemplo, a produção de blocos de concreto com a utilização de entulhos. Além disso, alguns materiais da obra, como vidro e metal, são infinitamente recicláveis e facilmente reaproveitados, gerando materiais completamente novos.

Da mesma forma, o varejo de materiais de construção passou a ver nos materiais sustentáveis ou ecológicos uma possibilidade de diferenciação perante a concorrência. De acordo com a Pesquisa Anamaco de 2012, cerca de 20% das revendas de materiais de construção adotam algum tipo de ação sustentável.

Os grandes home centers passaram a destacar os produtos sustentáveis, que usam algum tipo de reciclagem na composição ou cujas empresas têm iniciativas de cunho social. Materiais de ponto de venda comunicam o diferencial desses produtos e como, ao adquiri-lo, o consumidor estará ajudando o meio ambiente e a comunidade em que vive.

Os varejistas de materiais de construção também passaram a construir lojas somente com materiais sustentáveis e a divulgar essas iniciativas no mercado. Criaram centros de reciclagem em seus estacionamentos para receber papel, metal e vidro, além de oferecer o descarte correto de materiais perigosos, como pilhas, baterias e lâmpadas fluorescentes. Outros apoiam iniciativas de reflorestamento e projetos de casas ecológicas, ou adotam programas de racionalização de energia elétrica, água e combustível em suas lojas. Alguns construíram casas modelo, para mostrar esses materiais aplicados aos consumidores.

Infelizmente, muitas empresas se apoiam na causa da sustentabilidade apenas para fazer propaganda, comunicando ao consumidor que o produto é sustentável, mesmo utilizando de matéria-prima extraída da natureza sem reposição. Em consequência disso, os próprios fornecedores começaram a buscar certificações que comprovem que seus produtos e práticas são de fato sustentáveis.

Todas essas iniciativas do varejo e da indústria de materiais de construção só aconteceram porque se viu uma resposta positiva do mercado. Mais esclarecidos, os consumidores passaram a buscar por esse tipo de material, mas ainda há um longo caminho a percorrer. Não sabemos até que ponto o consumidor está disposto a pagar mais caro por um produto reciclado ou sustentável. Muitos acreditam que, por usarem matéria-prima reciclada, esses produtos deveriam ser mais baratos do que os tradicionais, sem pensar em todo o trabalho que a empresa tem em recolher esse material e processá-lo de forma ecologicamente correta.

Somente quando o consumidor estiver realmente consciente de todo diferencial de um material de construção sustentável, com procedência confiável, mesmo tendo que pagar a mais por isso, é que veremos os bons resultados das iniciativas da indústria e do varejo de construção civil.

*Ana Carolina Carpentieri é Supervisora de Marketing e Aplicações da Onduline Brasil, multinacional francesa fabricante de telhas ecológicas produzidas com fibras vegetais.



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