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segunda-feira, 4 de março de 2013

Artigo Gestão Sustentável - Edição 31

O “PIBÃO” DA PRESIDENTE DILMA

Em cerimônia realizada no Palácio do Planalto, Brasília, em dezembro, a Presidente Dilma Rousseff afirmou querer um “pibão grandão” para o Brasil em 2013, depois de o Ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciar uma projeção de crescimento pífio, em torno de 1% em 2012.

A expectativa de um crescimento de 4% para o PIB em 2013 foi manifestada no mesmo dia em que o Banco Central reduziu, pela quarta vez no decorrer do ano, a projeção de crescimento, de 1,6% para 1%, apesar de o Ministro ter anunciado uma projeção otimista de 4,5% no início do ano.

Ao se confirmar o prognóstico do Banco Central, a Presidente Dilma encerra 2012 com um “pibinho” acumulado de 1,8% desde que assumiu a presidência, mesmo tendo alcançado um índice de popularidade de 77%, segundo pesquisa do IBOPE, bem superior aos índices alcançados por seus antecessores, Lula e Fernando Henrique Cardoso, com 58% e 56%, respectivamente.

Na tentativa de garantir os 4% de crescimento para 2013, o Executivo recorre mais uma vez à sua receita preferida, um pacote de incentivos com desonerações na ordem de R$ 6,8 bilhões, o qual, até o momento, tem se mostrado ineficaz, a exemplo do alardeados PAC-1 e PAC-2.

Com as sucessivas prorrogações do IPI para incentivar o consumo de bens duráveis, a extensão da desoneração da folha de pagamento para o governo varejista e a prometida redução na tarifa de energia elétrica, o Governo deixará de arrecadar mais de R$ 40 bilhões em 2013.

Aliado a isso, o Ministro da Fazenda anunciou para breve a simplificação do PIS/Cofins e a reforma do ICMS, a fim de colocar em discussão a guerra fiscal entre unidades da Federação com o nivelamento gradativo das alíquotas interestaduais, até chegar a 4% em 2025.

Em troca, o Governo Federal se propõe a reduzir os juros das dívidas dos Estados e a formar um fundo para compensar os Estados que tiverem perdas, entretanto, a transição de doze anos é longa demais, um indicador da dificuldade política de mudar o status quo entre os governos estaduais.

Há também o plano de investimentos em aeroportos anunciado na ordem de 7,3 bilhões de reais, que inclui investimentos na aviação regional, além da concessão dos aeroportos do Galeão, no Rio de Janeiro, e de Confins, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, a qual exigirá investimentos na ordem de 11,4 bilhões de reais. É esperar para ver, e torcer.

Em termos práticos, na falta de uma estratégia mais adequada aos interesses do setor privado, o qual, de fato, movimenta o país, há dúvidas quanto ao fôlego e à eficácia das medidas anunciadas para mudar o padrão de crescimento pretendido em vez de apenas impulsioná-lo, temporariamente.

Ainda que os juros mais baixos, mantidos sob estreita vigilância do Banco Central, auxiliem no incentivo aos investimentos e na redução do risco empresarial, as restrições continuam. Uma delas é o fato de que o Governo depende do setor privado para alcançar a meta de investimentos, embora seja difícil admitir o fato.

A mais preocupante de todas é a inflação, esse fantasma que insiste em se posicionar acima de 5% e pode subir ainda mais, em caso de desaceleração do PIB, em 2013. Então, temos algo do tipo “se correr o bicho pega, se ficar o bicho come”. Não há milagre nisso.

Na prática, queremos crescer mais, o que significa consumir mais e competir por recursos mais escassos sem os investimentos necessários para o crescimento sustentado. A baixa capacidade de investimentos exerce forte impacto no resultado da economia. Consequência: PIB baixo, pressão inflacionária.

A expectativa do Banco Central para o PIB em 2013 gira em torno de 3,3%, ligeiramente inferior à expectativa do Ministro Guido Mantega, o qual vem desgastando a própria imagem em decorrência das sucessivas reduções de expectativa do crescimento anunciadas.

Dia desses, ouvi dizer que o pessimista é um otimista bem informado, portanto, nesse caso, prefiro ser realista. Um “pibão grandão”, como almeja a Presidente Dilma, requer muito mais do que pacotes estimulados temporariamente para provocar a alegria do consumidor desinformado.

“Pibão Grandão” requer medidas consistentes e duradouras que vão além do seu mandato e que demonstrem a seriedade de um país que ainda luta para se livrar da pecha de emergente. Esse é o desejo não somente da classe política, mas da classe econômica e da classe empresarial, além de ser uma necessidade permanente da classe trabalhadora.

Jerônimo Mendes

Administrador, Coach Empreendedor, Escritor e Palestrante
Mestre em Organizações e Desenvolvimento Local pela UNIFAE








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Veja outros conteúdos dessa edição:

Matérias:
- Capa: O Desafio da destinação dos resíduos sólidos
- Entrevista: Marina Silva
- Visão Sustentável: Cativa Natureza promote beleza de forma sustentável
- Tecnologia e Sustentabilidade: Parana Metrologia - Da teoria para a prática
- Responsabilidade Social Corporativa: (Cpce Conselho Paranaense de Cidadania Empresarial) Realização de 2012 e Projetos 2013
- Desenvolvimento Local: A sustentabilidade como inspiração (WTC)
Artigos:
- Artigo: O Marketing e o ciclo de vida sustentável de produto (Hugo Weber Jr)
- Artigo: Turismo Sustentável - Have you heard about it? (Rosimery de Fátima Oliveira)

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