Jornalista Bruna Robassa
Foto José Paulo Fagnani
A adesão de mais de 20 empresas de Maringá ao Pacto Global no
final de 2013 tornou o município referência nacional e internacional em
engajamento. Durante evento de mobilização, as organizações interessadas
assinaram uma carta de compromisso proposta pela Organização das Nações Unidas
(ONU) que visa à incorporação de práticas de responsabilidade social, como
valores fundamentais em todas as áreas de trabalho e de relacionamento. Após
essa iniciativa, o Paraná contabiliza mais de 100 empresas signatárias, sendo
apenas 37 em Maringá. Ao todo, no Brasil, são 593 instituições.
Segundo o diretor regional do Conselho Paranaense de
Cidadania Empresarial (CPCE), instituição ligada à Federação das Indústrias do
Estado do Paraná (Fiep), Sergio Baccarim, a campanha de incentivo à adesão ao
Pacto Global partiu de iniciativas do comitê gestor do CPCE, que tem como missão
articular as competências de Responsabilidade Socioambiental Corporativa. De
acordo com Baccarim, para mobilizar as empresas da cidade, foi estabelecida uma
linha de comunicação com a Associação Comercial e Industrial de Maringá (Acim)
para divulgação dos princípios do Pacto Global, que foram apresentados para os
diversos conselhos da associação.
Ainda segundo o diretor, Maringá tem uma característica de
integração das diversas atividades socioeconômicas, em que há grande
permeabilidade de novas ações e ideias. “É relevante destacar o bom relacionamento
e engajamento dos empresários maringaenses e o trânsito livre que o CPCE/Fiep
em Maringá tem entre a Associação Comercial, instituições de ensino, terceiro
setor e Prefeitura. O apoio da administração pública municipal tem sido de suma
importância”, relata. Baccarin destaca também o trabalho e a dedicação de uma
articuladora do CPCE em Maringá, Debora Regina Irie, “sem a qual não teríamos atingido
os resultados até aqui conquistados”, ressalta.
Norman de Paula Arruda Filho, presidente do ISAE/FGV, diretor
do Comitê Brasileiro do Pacto Global (CBPG) e presidente do PRME Chapter Brazil
também atua na busca de novos signatários. Como diretor do CBPG, ele tem
desenvolvido um trabalho de sensibilização para atração de novos signatários,
ministrando palestras e workshops, com a finalidade de dar visibilidade e
ampliar a rede do Pacto Global.
“Em parceria com o CPCE e com Associação Comercial e
Industrial de Maringá, temos desenvolvido um trabalho intensivo para que as
empresas e instituições de ensino da região de Maringá se engajem com as questões
ligadas à sustentabilidade e se tornem signatárias do movimento. Por conta desse
trabalho, mais de 40 empresas locais já assinaram o termo de intenção ao Pacto e
sabemos que uma série de outras organizações já demonstrou interesse em fazer
parte desse grupo”, destaca.
Segundo Arruda Filho, esse é um exemplo inspirador de ações
integradas com resultados sinérgicos, que também busca a despolarização das
empresas signatárias do Sudeste, como fator de ampliação da área regional de
influência. “Dessa forma, as instituições buscam alcançar o
que a Unesco chama de 5.° Pilar da Aprendizagem: ‘Aprender a
se transformar e a transformar a sociedade’.”
Adesão • Entre
as empresas que recém aderiram ao Pacto Global estão a Engeblock Planejamento e
Construções Ltda. e a Cahetel – TG Comércio de Alimentos Ltda., franqueada do McDonald’s.
Segundo o socioproprietário da Engeblock, Paulo Pereira Lima,
a assinatura é bem importante para a empresa, pois confirma o compromisso e os
objetivos da construtora em acreditar e seguir os 10 princípios. “Orgulhamo-nos
de participar deste grupo seleto de empresas com as mesmas
intenções, contribuindo para um futuro melhor.
Visando um futuro melhor para todos, nós da Engeblock apoiamos
a ideia do ‘viver bem’, como estampa a nossa marca, qualidade de vida, onde as
pessoas possam conviver umas com as outras em perfeita harmonia, e os dez
princípios do Pacto Global, que compreendem: direitos humanos, trabalho, meio
ambiente e contra a corrupção, está totalmente relacionado com esses objetivos.
Acreditamos e apoiamos que, se todos aderirem à iniciativa do Pacto Global, com
certeza haverá um futuro justo e melhor para todos”, relata.
O empresário relata que a Engeblock têm em seu histórico
diversas iniciativas que seguem os princípios do Pacto Global, e que, a partir
de agora, com essas mudanças, serão mais incisivos nas melhorias que o pacto
proporciona. “Temos em mente e prática que devemos trabalhar a favor do próximo,
sempre com qualidade de vida, respeitando os direitos, apoiando e aplicando
iniciativas de responsabilidade ambiental, incentivando para que todos façam
parte de um mundo mais sustentável”, ressalta. Nas obras da empresa, por exemplo,
já são utilizados os 3 Rs (reduzir, reutilizar e reciclar), além da transparência
nos relatórios e laudos ambientais.
Para Lima, o grande diferencial em ser um signatário é demonstrar
cada vez mais que os seres humanos podem viver em um mundo melhor, onde existe o
respeito ao próximo e ao meio ambiente. “Para o futuro não visamos
exclusivamente o lucro, mas sim a promoção do crescimento sustentável da
cidadania”, destaca.
O empresário Gilmar Leal Santos Cahetel, proprietário da TG
Comércio de Alimentos Ltda., franqueado de cinco lojas McDonald's em Maringá, conta
que entre os motivos que levaram a empresa a aderir ao pacto está o fato de
enxergar os princípios como próprios da empresa. “Todos que trabalham aqui
acham que devemos fazer algo, portanto assinar o pacto é reforçar esse
engajamento e progredir ao longo do tempo”, diz. Segundo ele, o que muda com a
assinatura é a comunicação contínua do progresso.
Santos, que é engenheiro e trabalhou na IBM antes de fundar a
sua própria empresa, destaca que trouxe dessa experiência profissional anterior
as missões e os credos que lá eram muito presentes, entre eles, respeito ao
indivíduo, respeito ao cliente e busca pela excelência. “Sempre tive como base
esses princípios que, de certa forma, também estão alinhados com os 10 princípios
do Pacto Global, os quais a empresa já seguia antes de engajar-se oficialmente”,
relata.
Além das empresas que recém aderiram ao pacto, a cidade já
tinha organizações signatárias que divulgaram seus relatórios de
sustentabilidade, publicação necessária após as signatárias completarem um ano
do Pacto Global. Uma delas é a Lightsweet/Lowçucar, que em quase 21 anos de
fundação tem se destacado no mercado brasileiro com a produção de alimentos
Diet / Light e Zero Açúcar.
Segundo conta Aurieliza Hernandes Takizawa, técnica de qualidade
do setor de Garantia da Qualidade da empresa, o primeiro relatório de sustentabilidade
foi feito em dezembro de 2010, mês em que a Lightsweet/Lowçucar fez a
assinatura do Pacto Global. De acordo com ela, como a empresa já praticava os princípios,
continuou a desenvolver suas atividades como fazia antes da assinatura. “No
entanto, a adesão ao pacto reforçou o compromisso e tem estimulado novas iniciativas
voltadas para a multiplicação dos princípios na comunidade”, ressalta.
Para a empresa, o diferencial de ser signatária é reforçar o
compromisso com os princípios e ser exemplo para a comunidade como uma
organização que respeita o cidadão e estimula iniciativas de desenvolvimento,
solidariedade e sustentabilidade.
O Instituto Cidade Canção também já faz o relatório social há
três anos. Para Keity Oliveira Novais, gestora da entidade, o processo de elaboração
do relatório é muito tranquilo para a instituição, principalmente pelo fato de
ser ONG. “Em relação ao que mudou é que agora trabalhamos
mais focados nos princípios, o diferencial é fazer parte de
um grupo que trabalha em prol de um planeta melhor, com metas e resultados. Os
benefícios são as trocas de experiências nos eventos e encontros relacionados
às práticas das empresas e ONGs envolvidas com o Pacto Global e poder contribuir
para uma sociedade mais justa e um futuro sustentável”, relata.
Além das empresas citadas acima, também assinaram o Pacto
Global a Associação Comercial e Industrial de Maringá (ACIM); Alvo Consultoria,
Assessoria e Treinamentos Empresariais; Dinâmica Ecosolution Ltda.; Dinâmica
Lavanderia Industrial; FA Maringá; Farol Brasil Ltda.; Rocha; Ingaville Comércio
Imobiliários; Laboratório São Camilo; Maringá Medicina Nuclear Ltda.; Moreira
Suzuki Lemes & Fujita Sociedade de Advogados; Uniformes Paraná e Zubioli
Ltda.
Rede Brasileira • Segundo
a secretária-executiva da Rede Brasileira do Pacto Global, Renata Welinski da
Silva Seabra, o Comitê Brasileiro do Pacto Global (GBPG) prioriza parcerias com
instituições que possuam alcance e capilaridade regional. Esse é o caso da
parceria que a Rede tem com o Sesi-PR (signatário do Pacto Global e membro do
Comitê Brasileiro do Pacto Global), que tem mais de 30 unidades em todo o
Paraná, e por meio do trabalho realizado via Conselho Paranaense de Cidadania
Empresarial, que possui alcance considerável no interior do
estado. “O CPCE tem conduzido muito a campanha de adesão ao
Pacto Global em Maringá, o que tem gerado resultados interessantes. Por ser um
movimento ainda novo, Maringá demonstrou maturidade do empresariado em relação
a uma iniciativa que trabalha a sustentabilidade corporativa”, ressalta.
Segundo ela, no entanto, isso não significa que outras cidades
não possam se engajar de forma similar. “Como tudo que envolve a palavra sustentabilidade,
esse trabalho de sensibilização é um processo em avanço contínuo, mas ele não
acontece de um dia para outro”, lembra.
Capacitação • A
Secretaria da Rede Brasileira do Pacto Global entra em contato com toda nova
empresa que adere ao Pacto Global no Brasil, e promove diversas atividades de
internalização dos princípios como workshops e webinars de capacitação. Além de
treinamentos mais específicos sobre as plataformas de engajamento globais do
Programa, bem como treinamentos em como produzir COPs – sigla em inglês para Communication
on Progress, que é o relatório que as empresas signatárias são demandadas por
enviar anualmente.
“Assim, esperamos que as empresas entrantes participem dessas
atividades e procurem implementar da melhor forma possível os 10 princípios do
Pacto Global. Além disso, encorajamos as empresas que compõem a rede a
ingressar em um dos Grupos de Interesse que existem no Comitê Brasileiro do
Pacto Global hoje, participando das iniciativas e dos projetos em cada área específica,
sempre respeitando o Planejamento Estratégico e estrutura de cada organização”,
destaca Renata.
Hoje os grupos existentes são: GT Educação; GT Anticorrupção;
GT Erradicação da Pobreza e Economia Inclusiva; GT Energia e Clima; GT Produção
e Consumo Sustentáveis; GT Finanças Sustentáveis; GT Água e Saneamento; GT
Saúde, GT Agricultura Sustentável e GT Direitos Humanos. Outra oportunidade de
engajamento são as Plataformas Globais que são coordenadas pelo Escritório do
Pacto Global em Nova Iorque, que também trabalham temas específicos como a questão
da Água pelo “CEO Water Mandate” ou a temática das crianças pelo “Childrens
Rights”, entre outras.
Segundo explica Renata, todas as possibilidades de
engajamento são diferenciais e oportunidades para as empresas, que, ao aderirem
o maior programa global de cidadania empresarial que existe, estão entrando
para um grupo seleto de empresas que trabalham seriamente a sustentabilidade corporativa
em sua estratégia. “Esse envolvimento com uma comunidade empresarial ativa
nesse tema, dependendo, claro, da participação proativa de cada organização,
pode ser uma fonte rica de experiências e benchmarking, parcerias, ideias e
iniciativas promissoras, tanto em áreas onde a organização em questão já
desenvolve um trabalho significativo, quanto em assuntos nos quais, por questão
de sobrevivência, ela precisa se desenvolver”, relata.
Outra vantagem é o acesso a informações, estudos, tendências
e contatos internacionais, que trabalham temas específicos sobre
sustentabilidade, além da própria interação com as Nações Unidas, inclusive no
que tange a interação com outras agências que trabalham a agenda global da ONU.
http://issuu.com/revistageracaosustentavel/docs/gs_37_protagonismo_sustentabilidade
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