A logística reversa e o mercado
“Comece fazendo o necessário, depois o que é possível e de repente você estará fazendo o impossível”.
São Francisco de Assis
A instituição do Plano Nacional de Resíduos Sólidos está dando muito “pano pra manga” e está sobrando muito pano nisso. Onde vai parar tanto pano? No aterro? Ou existirá uma lei que faça com que esse pano volte para quem o produziu? Essa é a grande discussão. A política de Logística Reversa e de Responsabilidade Compartilhada está sendo discutida há muito tempo e ainda não se chegou a um consenso. Chegará ou não chegará? De um lado está o Poder Público, com sua vontade de instituir as leis de “cima para baixo”, de outro, estão os fabricantes que querem ouvir o mercado e muito mais,“ouvir suas planilhas de custos”. De outro, estão as Instituições que representam cada segmento da economia e da Sociedade e, ainda, de outro, está o consumidor final, que não quer pagar essa conta. Aonde chegará tudo isso?
Já existem produtos em que a Logística Reversa está funcionando muito bem. Exemplo? Os defensivos agrícolas e os agrotóxicos. Para se adquirir um novo produto é obrigatória a devolução das embalagens usadas. Existem outros produtos em que será fácil executar tal política, tais como embalagens de cartuchos para impressoras. Mas no caso de geladeiras? Como será possível devolver a antiga? Quem arcará com os custos de levá-la ao fabricante? E se já não existir mais o fabricante? Como levar uma geladeira em seu carro para a troca? Quando o produto for de tamanho reduzido, é fácil colocar no seu carro, no seu bolso e efetuar tranquilamente a troca, mas em produtos maiores? E o custo dessa operação ficará a cargo do fabricante ou do consumidor final? Esses são os maiores desafios para que a política de Logística Reversa funcione a contento.
Onde está a responsabilidade do consumidor final nessa questão? Assume o ônus de tal compromisso com o meio ambiente?
O Marketing já realiza campanhas e programas em que por meio de bônus ou troca por novos produtos já funcionam muito bem. Creio que aí é que está o “x” da questão. Cada produto ou embalagem que será devolvido ao supermercado ou ao fabricante seria pontuado e este realizaria troca por novos produtos dentro, por exemplo, de um supermercado. Devolvo uma embalagem de leite, duas de margarina, três garrafas de PET e uma sacola plástica e seria beneficiado por um número de pontos que poderia ser trocado por novos produtos, ou, ainda, ser agraciado com descontos por um elenco de produtos nesse mesmo supermercado. Isso estaria dentro de uma estratégia de marketing das empresas e o consumidor seria beneficiado por essas atitudes. É mais racional e todos ganham. O fabricante, o supermercado, o consumidor e, finalmente, o maior beneficiado de todos,o meio ambiente. O marketing já realiza esse tipo de campanhas e promoções em sua estratégia tradicional, basta acrescentá-lo em campanhas a favor do meio ambiente. O marketing pode muito bem estar a serviço da saúde ambiental. Basta ter espírito de iniciativa e vontade de querer.
HUGO WEBER JR.
Consultor em Gestão Verde. Diretor da AGRESSOR ZERO – Sustentabilidade Corporativa
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