Em pouco mais de três anos, a Teoria X foi do céu ao inferno, desacreditada pelos mesmos criadores que a colocaram em evidência: o mercado financeiro. A teoria nasceu da ambição desmedida de um empresário que compartilhou publicamente a visão de se tornar o homem mais rico do mundo até 2015. Com o tempo, a visão foi esticada para 2020 e, por enquanto, não existe a mínima perspectiva de que ela se concretize.
No início, a Teoria X ganhou adeptos de todas as partes do mundo e apoio maciço do Governo Federal, por meio do seu principal banco de desenvolvimento. Alicerçado por interesses predominantemente políticos, o poder público despejou a maior parte dos seus recursos disponíveis numa aposta perigosa sem a menor preocupação com as consequênciasde médio e longo prazo.
Durante o período de desenvolvimento da teoria, o governo despejou mais de 10 bilhões de reais via BNDES para colocar em prática uma ideia que, desde o início, foi concebida em bases duvidosas, a despeito de todas as críticas bem fundamentadas pelos analistas de mercado, mas alguém bateu o pé com bravatas do tipo “deixe o homem trabalhar” e “oposição frustrada não quer o bem do país”, entre outras.
Durante muito tempo, a Teoria X funcionou da seguinte maneira: você deve criar várias empresas, colocar a letra X para dar um aspecto de prosperidade e de multiplicação dos lucros, emprestar a maior quantidade de dinheiro público possível com juros de pai para filho, convidar um grande número de políticos para a festa de inauguração dos empreendimentos e rezar para que a economia mundial não pare de crescer.
Quando se trata de economia, os ambiciosos e simpatizantes da teoria desprezam uma variável fundamental para a sua comprovação: o apetite insaciável do mercado por resultados de curto prazo. Em meados de 2012, quando a economia do país começou a dar sinais visíveis de desaquecimento, as empresas do Império X estremeceram, em especial a petroleira, menina dos olhos do grupo, que foi obrigada a comunicara redução brutal das suas expectativas de produção, o que, por sua vez, frustrou também a expectativa dos investidores.
O valor das empresas criadas na expectativa de sucesso da Teoria X despencou de quase R$ 100 bilhões para menos de R$ 6 bilhões nos últimos três anos, obrigando o seu principal mentor e ex-candidato a bilionário a se desfazer dos ativos e buscar investidores para retomar o estudo da teoria com bases e princípios mais sólidos.
Em mercados essencialmente competitivos, de bases capitalistas, todas as teorias são válidas, porém, a aplicação continua sendo um perigo na mão dos aventureiros que brincam com o dinheiro público como se estivessem brincando com a sua própria conta bancária. Aliás, ninguém em sã consciência faz isso com as suas próprias finanças.
O mais intrigante de tudo isso é que a derrocada da Teoria X não deixou apenas vítimas na Bolsa de Valores. Com base nas expectativas de ganhos no mercado futuro, alguns dos seus defensores, travestidos de executivos e de prestadores de serviços de consultoria, receberam mais de R$ 300 milhões em salários, bônus, ações e doações sem trazer um centavo de retorno para as empresas órfãs da mesma teoria que os beneficiou.
Criar e colocar em prática teorias baseadas em egocentrismo, risco financeiro, venda de ilusões e dinheiro público é a prova de que o capitalismo e as diretrizes públicas têm muito para evoluir, ao contrário do que pensam a maioria dos políticos e empresários brasileiros vislumbrados com o poder.
Apesar do estrago, torço para que a Teoria X não se dissolva por completo, afinal, se isso ocorrer, a conta será transferida mais uma vez para o povo brasileiro, em troca de menos estradas, hospitais, ferrovias e saúde, todos em estado terminal.
JERÔNIMO MENDES
Administrador, Coach Empreendedor, Escritor e Palestrante
Mestre em Organizações e Desenvolvimento Local pela UNIFAE
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