A dimensão espacial, que completa o quadro das cinco preocupações centrais na busca por um desenvolvimento sustentável (social, econômica, ambiental e cultural), refere-se, basicamente, à adequação do crescimento demográfico à sua distribuição sobre o planeta, reduzindo a crescente concentração populacional nos grandes centros urbanos.
Desde o fim da Segunda Guerra Mundial, o mundo tem experimentado uma forte aceleração no crescimento industrial, implicando em um constante deslocamento de populações que, em busca de seu sustento, aglomeram-se nos centros urbanos. Este movimento migratório tem ocorrido tanto pelo deslocamento interno de pessoas da área rural para a urbana, quanto pela saída de trabalhadores de países menos desenvolvidos socioeconomicamente para os países ricos ou que apresentem forte potencial de desenvolvimento. O resultado deste deslocamento é o contínuo aumento de populações marginais em áreas industriais, o crescimento da pobreza urbana e seus reflexos no meio ambiente, na economia e na sociedade como um todo.
O rápido avanço de tecnologias aplicadas em atividades agropecuárias, a grande concentração de áreas rurais nas mãos de um pequeno número de pessoas, a percepção de maior facilidade de desenvolvimento social nos centros urbanos e a falta de políticas públicas voltadas para a permanência do homem no campo ou em seu local de origem podem ser apontadas, no Brasil, como as principais razões deste movimento migratório.
Assim como as outras dimensões do desenvolvimento sustentável, a dimensão espacial guarda uma relação de interdependência com as demais. Na medida em que os espaços urbanos planejados recebem populações oriundas de centros menores, menos favorecidos, ou do campo, todo o equilíbrio do ecossistema, pensado para a sustentabilidade daquele espaço, fica ameaçado. Sobrepõe-se, portanto, à dimensão ambiental. Deteriorando o ambiente urbano, as relações social e econômica também ficam afetadas, pois a criminalidade, a mendicância e a concentração de renda aumentam, tornando visíveis as diferenças sociais.
De acordo com Ignacy Sachs, o dimensionamento espacial, adequado ao desenvolvimento sustentável, deve ser fruto da descentralização do potencial para industrialização, do desenvolvimento tecnológico voltado para a instalação de indústrias de transformação de biomassa fora dos centros urbanos, de projetos de agricultura regenerativa e de agro-florestamento e do contínuo controle da ocupação humana em áreas metropolitanas. Todos os esforços devem se voltar para a criação de empregos rurais, agrícolas ou não, com o objetivo de desconcentrar as atividades econômicas dos centros urbanos e ampliar a infra-estrutura produtiva nas áreas rurais, possibilitando a melhoria da qualidade de vida em todas as regiões.
A dimensão espacial da sustentabilidade, portanto, passa necessariamente pelo estabelecimento de políticas voltadas para as áreas econômica e social, que privilegiem o desenvolvimento de todas as regiões, por meio do melhor aproveitamento produtivo dos recursos naturais locais.
(texto publicado originalmente na quinta edição da revista GERAÇÃO SUSTENTÁVEL)
Desde o fim da Segunda Guerra Mundial, o mundo tem experimentado uma forte aceleração no crescimento industrial, implicando em um constante deslocamento de populações que, em busca de seu sustento, aglomeram-se nos centros urbanos. Este movimento migratório tem ocorrido tanto pelo deslocamento interno de pessoas da área rural para a urbana, quanto pela saída de trabalhadores de países menos desenvolvidos socioeconomicamente para os países ricos ou que apresentem forte potencial de desenvolvimento. O resultado deste deslocamento é o contínuo aumento de populações marginais em áreas industriais, o crescimento da pobreza urbana e seus reflexos no meio ambiente, na economia e na sociedade como um todo.
O rápido avanço de tecnologias aplicadas em atividades agropecuárias, a grande concentração de áreas rurais nas mãos de um pequeno número de pessoas, a percepção de maior facilidade de desenvolvimento social nos centros urbanos e a falta de políticas públicas voltadas para a permanência do homem no campo ou em seu local de origem podem ser apontadas, no Brasil, como as principais razões deste movimento migratório.
Assim como as outras dimensões do desenvolvimento sustentável, a dimensão espacial guarda uma relação de interdependência com as demais. Na medida em que os espaços urbanos planejados recebem populações oriundas de centros menores, menos favorecidos, ou do campo, todo o equilíbrio do ecossistema, pensado para a sustentabilidade daquele espaço, fica ameaçado. Sobrepõe-se, portanto, à dimensão ambiental. Deteriorando o ambiente urbano, as relações social e econômica também ficam afetadas, pois a criminalidade, a mendicância e a concentração de renda aumentam, tornando visíveis as diferenças sociais.
De acordo com Ignacy Sachs, o dimensionamento espacial, adequado ao desenvolvimento sustentável, deve ser fruto da descentralização do potencial para industrialização, do desenvolvimento tecnológico voltado para a instalação de indústrias de transformação de biomassa fora dos centros urbanos, de projetos de agricultura regenerativa e de agro-florestamento e do contínuo controle da ocupação humana em áreas metropolitanas. Todos os esforços devem se voltar para a criação de empregos rurais, agrícolas ou não, com o objetivo de desconcentrar as atividades econômicas dos centros urbanos e ampliar a infra-estrutura produtiva nas áreas rurais, possibilitando a melhoria da qualidade de vida em todas as regiões.
A dimensão espacial da sustentabilidade, portanto, passa necessariamente pelo estabelecimento de políticas voltadas para as áreas econômica e social, que privilegiem o desenvolvimento de todas as regiões, por meio do melhor aproveitamento produtivo dos recursos naturais locais.
(texto publicado originalmente na quinta edição da revista GERAÇÃO SUSTENTÁVEL)
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