Por Fernando de Barros
Já em
2007, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), grupo dos
mais reconhecidos especialistas de todo o mundo no âmbito da Organização das Nações
Unidas (ONU), concluiu que o aumento a partir de 2°C na temperatura média do
planeta já ocasionaria mudanças significativas no clima global.
Efeitos como
o degelo nas áreas polares e o aumento do nível dos oceanos, até a maior
frequência e gravidade de eventos climáticos extremos e por consequência refugiados
ambientais, seriam então sentidos – principalmente pelos países e pessoas mais
pobres, sem recursos para prevenir e remediar tais problemas.
A
elevação da temperatura média do planeta revela inúmeras implicações, como a
migração de quem vive nas regiões costeiras, por conta do aumento do nível dos
oceanos; a suspensão do abastecimento regular de água nos períodos de estiagem
em países como China, Índia e Peru, devido ao degelo das cordilheiras dos Andes
e Himalaias; perdas de espécies marinhas pela acidificação e aumento de
temperatura dos oceanos – com reflexos sociais e econômicos àqueles que
sobrevivem da pesca.
Além
disso, a recorrência de fenômenos como furacões, ciclones, tornados e secas provavelmente
evidenciará a urgência na definição de medidas de controle e redução das
emissões, tais como protocolos de segurança e alertas meteorológicos. No
Brasil, imagine quantos prejuízos não causaria a alteração do regime de chuvas.
Para que tudo
isso ocorra, basta, concluíram os cientistas, que a concentração de gás
carbônico (CO²) na atmosfera atinja 400ppm (partes por milhão)! A partir desse
marco, passa a ser certo o aumento de no mínimo 2ºC. Pois, adivinhem: a
humanidade atingiu o número alarmante, no último dia 9 de maio, conforme
anunciou a ONU! Isto quer dizer que a cada 1 milhão de moléculas na atmosfera,
400 são de dióxido de carbono. O indicador deveria ser ouvido como um grito de
socorro.
Segundo o
IPCC, permanecer nesse ritmo progressivo de emissões pode vir a significar um
aumento de até 6,4 ºC graus na temperatura média do planeta até o final do
século. Os 10 anos mais quentes desde 1880, ocorreram, justamente, a partir de
1996.
Os
céticos do clima diriam que a Terra já passou por outros momentos de mudanças
climáticas. Ainda que a discussão possa parecer legítima (dependendo da
intenção de quem defende que o aquecimento global não existe), é fato
reconhecido pelo IPCC que a rapidez das mudanças do clima de agora nunca antes
foram registradas e que as causas – pasmem! - são as atividades humana.
A
humanidade não se satisfaz com a capacidade do planeta em absorver 5 bilhões de
toneladas por ano de gases de efeito estufa. A quantidade de gases emitidos em
2008, por exemplo, foi de 7,9 bilhões de toneladas pela queima de combustíveis
fósseis e 1,5 bilhão de toneladas por desmatamentos. O excedente de 4,4 bilhões
de toneladas está acumulado, intensificando a retenção de calor.
Enquanto
na atmosfera terrestre se acumulam os 400 ppm, as emissões não estão
diminuindo, pelo contrário, só aumentam. E, o Protocolo de Quioto (1997)... Esse
alerta continuará a ser, simplesmente, ignorado? O que os governos, empresas e
cidadãos estão efetivamente fazendo para reduzir suas emissões de Gases de Efeito
Estufa?
Chegou-se a
um ponto irreversível, já se sabe que efeitos serão sentidos. A questão passou
a ser minimizar a gravidade da situação e as providências precisam caminhar em
direção à adaptação da sociedade ao novo contexto. Aprender a fazer mais com
menos e cultivar novos padrões de consumo são lições importantes para a geração
atual aprender e talvez o maior legado para as futuras gerações, já
prejudicadas pelas ações de seus antepassados.
Justamente
quando deveria acabar, a lacuna entre discurso e prática se mostra mais
evidente. Governos, é essencial adotar medidas imediatas, como a criação de
restrições quanto às altas emissões, a imposição obrigatória de gases de efeito
estufa, o incremento de áreas verdes, o desestímulo ao automóvel, planejamento
urbano, estímulo às fontes alternativas de energia, entre outros inúmeros
ingredientes que possam garantir mais qualidade ambiental (e vida) no planeta.
Com a receita em mãos, o próximo passo é arregaçar as mangas.
Fernando de Barros é engenheiro civil,
especialista em Planejamento e Gestão Ambiental, mestre em Engenharia de
Edificações e Saneamento e responsável técnico da Master Ambiental. www.masterambiental.com.br
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