Indicadores são criados, certificações são obtidas, materiais são substituídos por matérias-primas mais limpas, inventários de carbonos são feitos e marcas são valorizadas, mas será que só isso nos trará a sustentabilidade que devemos perseguir?
Neste cenário, o grande objetivo é trabalhar uma gestão harmônica, o famoso Triple bottom line, o tripé da sustentabilidade, em que os aspectos econômicos se fundem à preocupação com a comunidade e aos impactos ambientais, causados pelas atividades exercidas pelas pessoas e pelas empresas. Porém, invariavelmente, pensamos no macro, esquecemos pequenos detalhes, que fazem toda a diferença.
É por isso que quando vejo pesquisas de intenção de compra, tenho dois sentimentos. O primeiro bem otimista, ao perceber consumidores comprando cada vez mais produtos com menor impacto ambiental ou buscando comprarem de empresas socioambientalmente responsáveis, mesmo tendo de pagar mais por isso. Porém, meu segundo sentimento é de tristeza, pois apesar de procurarmos comprar produtos “verdes”, tão especiais, continuamos descartando de maneira errada. E o que é pior. O descarte inapropriado, não ocorre apenas dentro de casa. São realizados também por empresas e pelo setor público. Ou alguém deixou de reparar como nossas cidades estão cada vez mais sujas? Hoje, em boa parte delas, não é necessário chover muito para que a situação se torne preocupante para a segurança da população, já que o risco de alagamentos é constante, resultado de uso inapropriado do solo, construções irregulares e acúmulo de lixo, entre outros.
Como pensar num mundo sustentável, se não somos capazes de pequenos cuidados como esse que afetam nossa forma de vida e colocam em risco a vida nas cidades? Se ainda temos empresas que utilizam mão de obra escrava ou infantil? Se ainda agredimos o outro, porque é diferente, pensa diferente ou tem orientação sexual diferente? Se ainda não são poucos os irresponsáveis diante de um volante, encharcados pela bebida ou pelo prazer da simples velocidade?
Cobramos atitudes das empresas, mas precisamos cobrar de cada um de nós, a fim de que nossa sociedade não se autodestrua com práticas “canibalísticas” diversas. Precisamos mudar nossas atitudes, como indivíduos e cidadãos. Por que não cobramos ou fiscalizamos os princípios da sustentabilidade dos nossos governos? A crise mundial que estamos vivendo não é um grande exemplo do muito que temos feito de errado, a começar pela economia?
Não dá para negar que avançamos muito nos cuidados com o nosso planeta, mas chegou a hora de olharmos ainda mais profundamente para a questão e analisarmos qual a nossa contribuição para que possamos construir, de forma efetiva, um mundo sustentável. Sem esquecer a responsabilidade de nossos hábitos nessa equação. Atitudes que não considerem isso, esse processo de intensa transformação não passa do que se chama maquiagem verde (GreenWash). Não há como alcançarmos a sustentabilidade se não adotarmos atitudes e hábitos sustentáveis.

Yuri Beltramin
Profissional de Sustentabilidade, Consultor e Facilitador do Jogo Negócio Sustentável
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Matérias:
Capa: Saiba como andam as práticas de sustentabilidade dos bancos brasileiros
Entrevista com Manfred Alfonso Dasenbrock - Sicredi PR
Desenvolvimento Local: Iniciativa sustentável inova modelo de entregas
Responsabilidade Social: Sustentabilidade - da teoria à prática
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